1. CENTRO DE ESTUDOS E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
“O SÁBIO DE LAGO”
Curso de Cabeleireiro Unisexo
Organização do Trabalho, Higiene e Segurança
Doenças Profissionais
Formador: Rodrigo Corte-Real
Carga Horária: 8 Horas
3. Formação Profissional
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1- DOENÇAS PROFISSIONAIS
A actividade profissional pode ser responsável por alterações da saúde
se não for executada em condições adequadas.
Assim, doença profissional é aquela que resulta directamente das
condições de trabalho, consta da Lista de Doenças Profissionais (Decreto
Regulamentar n.º 76/2007, de 17 de Julho) e causa incapacidade para o
exercício da profissão ou morte. As doenças profissionais em nada se
distinguem das outras doenças, salvo pelo facto de terem origem em factores
de risco existentes no local de trabalho.
No caso de a doença não constar na Lista de Doenças Profissionais, a
Lei também considera que a lesão corporal, a perturbação funcional ou a
doença não incluídas na lista serão indemnizáveis, desde que se provem
serem consequência, necessária e directa, da actividade exercida e não
representem normal desgaste do organismo.
Qualquer médico, perante a suspeita fundada de doença profissional –
diagnóstico de presunção – tem obrigação de notificar o Centro Nacional de
Protecção contra Riscos Profissionais (CNPRP), mediante o envio de
participação obrigatória devidamente preenchida.
O Centro irá estudar a
situação e avaliar se se trata,
ou não, de doença
profissional, mediante
solicitação do próprio
trabalhador afectado.
O CNPRP, é uma
instituição que pertence ao
Ministério do Trabalho e
Segurança Social, que tem
por missão assegurar a
prevenção, tratamento,
recuperação e reparação de doenças ou incapacidades resultantes de riscos
profissionais (art. 29º da Lei 100/97 e 13/09 e art. 77 do DL 248/99 de 2/7).
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Reparação das doenças profissionais:
Há direito à reparação emergente de doenças profissionais quando se
verifiquem cumulativamente, as seguintes condições:
- Estar o trabalhador afectado da correspondente doença profissional;
- Ter estado o trabalhador exposto ao respectivo risco pela natureza da
indústria, actividade ou condições, ambiente e técnicas do trabalho habitual.
A protecção nas doenças profissionais é assegurada pelo
desenvolvimento articulado e sistemático das actuações no campo da
prevenção, pela atribuição de prestações pecuniárias e em espécie, tendo
como finalidade intervenções de reabilitação e recuperação profissional e a
reparação dos danos emergentes.
1.1- Alergias
As reacções alérgicas, também chamadas reacções de
hipersensibilidade, são reacções do sistema imunitário em que o tecido
corporal normal fica lesado. O mecanismo pelo qual o sistema imunitário
defende o corpo é semelhante àquele que produz uma reacção de
hipersensibilidade que pode prejudicá-lo. Como consequência, os anticorpos,
os linfócitos e outras células, que são componentes protectores do sistema
imunitário, participam nas reacções alérgicas tanto como nas reacções às
transfusões sanguíneas, na doença auto-imune e na rejeição de um órgão
transplantado.
Quando as pessoas falam de uma reacção alérgica, estão a fazer
referência às reacções que envolvem os anticorpos da classe imunoglobulina E
(IgE). Os anticorpos IgE unem-se a células especiais como os basófilos da
circulação e as células gordas dos tecidos. Quando os anticorpos IgE que
estão ligados a essas células encontram antigénios, neste caso chamados
alergénios, as células vêem-se obrigadas a libertar produtos químicos que
lesam os tecidos circundantes. Um alergénio pode ser qualquer coisa (uma
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partícula de pó, o pólen duma planta, um medicamento ou um alimento) que
actue como um antigénio para estimular uma resposta imune.
Por vezes utiliza-se o termo de doença atópica para descrever um grupo
de afecções, frequentemente hereditárias, que são mediadas pela IgE, como a
rinite alérgica e a asma alérgica. As doenças atópicas manifestam-se pela sua
tendência em produzir anticorpos de IgE face a inalantes inofensivos, como o
pólen, o bolor, os tegumentos animais e as partículas de pó. O eczema
(dermatite atópica) é também uma doença atópica, apesar de nesta
perturbação o papel dos anticorpos IgE ser menos claro. No entanto, um
indivíduo com uma doença atópica não corre riscos superiores aos outros
indivíduos de desenvolver anticorpos IgE face a alergénios injectados, tais
como medicamentos ou venenos de insectos.
As reacções alérgicas podem ser ligeiras ou graves. A maioria delas
consiste apenas no incómodo que representa o lacrimejar e o ardor nos olhos,
além de alguns espirros. No extremo oposto, as reacções alérgicas podem pôr
a vida em perigo se causarem uma dificuldade respiratória grave, um mau
funcionamento do coração e uma baixa acentuada da tensão arterial, que pode
acabar em choque. Este tipo de reacção, chamada anafilaxia, pode afectar as
pessoas fracas em situações distintas, como após ingerir certos alimentos,
depois de tomar determinados medicamentos ou pela picada de uma abelha.
1.1.1- Tratamento
Evitar um alergénio é melhor do que tentar tratar uma reacção alérgica.
Evitar uma substância pode implicar deixar de ingerir um determinado
medicamento, instalar ar condicionado com filtros, renunciar a ter um animal de
companhia em casa ou não consumir certo tipo de alimentos. Por vezes um
indivíduo alérgico a uma substância relacionada com um determinado trabalho
vê-se obrigado a mudar de emprego. As pessoas com alergias sazonais fortes
podem encarar a possibilidade de se transferir para uma região onde não
exista esse alergénio.
Outras medidas consistem em reduzir a exposição a um determinado
alergénio. Por exemplo, uma pessoa alérgica ao pó da casa pode eliminar todo
o mobiliário, tapetes e cortinas que acumulem pó; cobrir colchões e almofadas
com protecções plásticas; aspirar o pó e limpar os compartimentos com um
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pano húmido com bastante frequência; usar ar condicionado para reduzir a
elevada humidade interior que favorece a multiplicação dos ácaros do pó e
instalar filtros de ar extremamente eficientes.
Dado que alguns alergénios, em especial os transportados pelo ar, não
podem ser evitados, os médicos costumam utilizar métodos para bloquear a
resposta alérgica e prescrevem medicamentos para aliviar os sintomas.
1.1.2- Tipos de reacções alérgicas
Os diferentes tipos de reacções alérgicas são geralmente classificados
de acordo com a sua causa, a parte do corpo mais afectada e ainda alguns
outros factores. A rinite alérgica é uma reacção alérgica muito comum. Trata-
se de uma alergia às partículas que o ar transporta (em regra pólen e ervas,
mas por vezes bolores, pós e pêlo de animais) e que provocam espirros, ardor,
rinorreia ou congestão nasal, ardor cutâneo e irritação nos olhos. A rinite
alérgica pode ser estacional ou perenial (durante todo o ano).
Esta patologia apresenta a seguinte sintomatologia: quando começa a
estação do pólen, o nariz, o palato, a parte posterior da garganta e os olhos
começam a arder gradualmente ou de forma brusca. Geralmente os olhos
lacrimejam, começam os espirros e costuma cair uma aguadilha clara pelo
nariz. Algumas pessoas têm dores de cabeça, tosse e respiração ofegante;
estão irritáveis e deprimidas; perdem o apetite e têm dificuldade em conciliar o
sono. A face interna das pálpebras e o branco dos olhos podem inflamar-se
(conjuntivite). O revestimento do nariz pode inflamar-se e adoptar uma cor
vermelhoazulada, gotejando e mostrando congestão nasal.
A anafilaxia é uma reacção alérgica aguda, generalizada,
potencialmente grave e ocasionalmente mortal que se verifica em pessoas que
foram previamente sensibilizadas através da exposição a um alergénio e que
entram em contacto directo com o mesmo alergénio uma vez mais. A anafilaxia
pode ser causada por um alergénio. Os mais frequentes são os medicamentos,
as picadas de insectos, certos alimentos e as injecções de imunoterapia
alergénica. A anafilaxia nunca ocorre na primeira exposição a um alergénio.
Por exemplo, a primeira exposição à penicilina ou a primeira picada de abelha
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não desencadeiam a anafilaxia, mas a seguinte já o pode fazer. Na realidade,
muitas pessoas não se recordam de ter sofrido uma primeira exposição.
Uma reacção anafiláctica começa quando o alergénio entra na corrente
sanguínea e reage com um anticorpo da classe imunoglobulina E (IgE). Essa
reacção incita as células a libertar histamina e outras substâncias que
participam nas reacções imunes inflamatórias. Como resposta, as vias
respiratórias dos pulmões podem fechar-se e provocar asfixia; os vasos
sanguíneos podem dilatar-se e fazer com que a tensão arterial desça; as
paredes dos vasos sanguíneos podem deixar sair líquido, provocando edema e
urticária. O coração pode funcionar mal, bater de forma irregular e bombear
sangue de forma inadequada. O indivíduo pode entrar em estado de choque.
A urticária é uma reacção da pele caracterizada pela presença de
pequenas elevações de cor clara ou então avermelhadas (pápulas).
Existe uma afecção chamada angioedema que está relacionada com a
urticária e que por vezes coexiste com esta; afecta zonas muito maiores e
tecidos mais profundos debaixo da pele. A urticária e o angioedema são
reacções de tipo anafiláctico que se limitam à pele e aos tecidos subjacentes.
Podem ser desencadeados por alergénios ou outros agentes, ou então não ter
causa conhecida. Os alergénios mais frequentes são os medicamentos, as
picadas de insectos, as injecções contra a alergia e certos alimentos, em
particular ovos, mariscos, nozes e frutas. Por vezes a urticária surge
subitamente pouco depois de a pessoa ingerir uma quantidade ínfima de um
determinado alimento. Noutros casos a urticária aparece apenas depois de se
comer grandes quantidades de um alimento em particular (por exemplo,
morangos). Em certas situações, a urticária pode aparecer após infecções
virais, como a hepatite, a mononucleose infecciosa e a rubéola.
A alergia física é uma doença em que os sintomas alérgicos aparecem
como resposta a um estímulo físico, como o frio, a luz solar, o calor ou uma
lesão pouco importante. O ardor, as manchas na pele e a urticária são os
sintomas mais comuns da alergia física. Em algumas pessoas, as vias
respiratórias que chegam aos pulmões apertam-se e torna-se então difícil
respirar. Uma reacção forte à luz solar (fotossensibilidade) pode causar
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fissõespodemaparecercasos.Tiveumdoentepolíciaqueeraalérgicoàborrachapretadocassetete",exemplifica.
omichõeseinflamações.
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urticária e manchas inabituais na pele. A fotossensibilidade também pode provir
do uso simultâneo de vários medicamentos ou substâncias aplicadas na pele.
As pessoas especialmente sensíveis ao calor podem contrair uma
doença chamada urticária colinérgica: pequenas zonas de urticária que
picam intensamente, rodeadas por um anel de pele avermelhada. A urticária
colinérgica também surge em virtude do exercício físico, do stress emocional
ou de qualquer outra actividade que provoque sudação. As pessoas
particularmente sensíveis ao frio podem apresentar urticária, inflamação da
pele, asma, rinorreia e congestão nasal quando se expõem ao frio.
1.2- Dermatoses
O eczema, também designado dermite ou dermatite, é uma reacção
inflamatória da pele, de evolução aguda, subaguda ou crónica, que resulta da
actuação de factores de natureza endógena ou exógena, actuando
isoladamente ou de forma combinada. As lesões são em geral muito
pruriginosas e o processo inflamatório assume intensidade maior ou menor em
conformidade com a agressividade do agente causal e da susceptibilidade
individual.
A manifestação clínica inicial consiste na ruborização da pele que se
designa de eritema. Se a reacção persistir a inflamação pode acentuar-se,
surgindo sucessivamente pequenas pápulas, vesículas de conteúdo líquido
claro ou purulento que podem rebentar e exsudar ou, por confluência, dar lugar
a bolhas de tamanhos variáveis. Com o rebentamento das bolhas formam-se
crostas e posteriormente a pele descama e finalmente cicatriza. A dermatose
pode não regredir e o processo inflamatório manter-se e evoluir para o
espessamento da pele, com acentuação das linhas cutâneas, constituindo-se
placas mal delimitadas, muitas vezes escoriadas. Nesta fase crónica, o eczema
diz-se liquenificado. A localização das lesões é muitas vezes sugestiva do tipo
de eczema em causa, mas outras vezes é manifestamente insuficiente para a
sua caracterização pelo que é necessário correlacionar os elementos da
história clínica e da observação, com antecedentes patológicos pessoais e
familiares e exames complementares de diagnóstico.
Existem diversos tipos de eczema, com características muito distintas,
relativamente à sua forma de apresentação, distribuição e tendência evolutiva,
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maisagressõessofremnapelepelasactividadesqueexercem,avançaoDiáriodeNotícias.
de20%dostrabalhadoresjámeterambaixaporcausadedoençasdermatológicasassociadasàprofissão.Oquetornaestesproblemasumadasprincipaiscausasdeabsentismo.
taAntónioPintoSoares.Asprofissõesqueexigemgrandetrabalhomanualsãoasmaisproblemáticaseaspessoasdeclassemédia-baixaasmaisatingidas."Noentanto,emtodasas
comosprodutosdelimpeza,oualérgicos,comoareacçãoquealgumasempregadasdesupermercadofazemaoníquelexistentenasmoedas.Mastambémresultamempigmentaçõ
toSoares."Mashácasosdramáticos,emqueissoéimpossível,equesetornamcrónicos",garante."Nessassituaçõeseducamosapessoaparaqueeviteaomáximoo
entedecortisona."(…)
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cujas designações foram consagradas pelo uso, pelo que, ora são chamadas
de dermite, ora são rotuladas de eczema. Assim se distinguem a dermite ou
eczema atópico, a dermite ou eczema de contacto, a dermite seborreica, o
eczema numular, o eczema desidrótico, o líquen simples crónico, o eczema
varicoso e a dermite asteatósica
Eczema e dermite (ou dermatite) não são rigorosamente sinónimos,
embora sejam usados genérica e correntemente como tal. Dermite significa
"inflamação da pele" e, nesta perspectiva, em rigor eczema é um tipo particular
de dermite.
Eczema de Contacto
Trata-se de um processo inflamatório pruriginoso, inicialmente limitado à
zona de contacto com o agente causal e que resulta de um efeito irritativo,
alérgico ou fotosensibilizante. O eczema de contacto irritativo é extremamente
comum e resulta da actuação de agentes irritantes da natureza química ou
física sobre o revestimento cutâneo-mucoso. Os alcalizantes e os detergentes
são as causas mais frequentes e as lesões predominam sobre as mãos,
como acontece nas donas de casa e em algumas dermatoses profissionais. Se
o eczema tem origem alérgica a expressão clínica resultante poderá ser
evocadora, como acontece na eczematização dos lóbulos das orelhas por
alergias aos objectos de adorno ou de fantasia, ou na face anterior do pulso,
por alergia ao níquel contido na fivela do relógio. Noutros casos é necessária
uma história clínica meticulosa e uma observação cuidadosa das lesões, assim
como o recurso a testes epicutâneos para despiste ou confirmação do
diagnóstico. Nos eczemas de causa profissional é por vezes necessário
inspeccionar as condições de trabalho dos doentes a fim de colher elementos
que poderão ser fundamentais para o diagnóstico. O contacto pode fazer-se
por forma directa ou através de uma superfície contaminada. Em muitos casos,
como acontece com os pólens, os perfumes e muitas substâncias voláteis, o
contacto pode efectuar-se por via aérea.
Se o agente causal é fotosensibilizante a reacção, que poderá ser de
natureza tóxica ou alérgica, só terá lugar em presença de luz. A lista de
substâncias fotosensibilizantes inclui algumas centenas de produtos de
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Umquintodasbaixasépordoençadepele
Sãoostrabalhadoresdaconstruçãocivil,indústria,metalúrgica,cabeleireiroseprofissionaisdosectordasaúde
SegundoestudospublicadosnasrevistasBritishJournalofDermatologyeJounalofInvestigativeDermatology,c
"Sãoaschamadasdermatosesprofissionais,dasmaiscomunsentreasdoençasdetrabalho",explicaodermatol
Estesproblemasmanifestam-senormalmenteemeczemas,quepodemserirritativos,comonocasodasdomésti
(…)"Jáaconselheialgunsdoentesamudaremdeambientedetrabalhoemesmodeprofissão",sublinhaAntónio
contactocomoagentequecriaairritaçãoeprocedemosaumaterapêuticacompomadasoucomprimidos,princi
Noticiaretiradadewww.rcmpharma.com
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utilização comum, como vegetais, cosméticos, medicamentos de aplicação
tópica e administrados por via oral.
O inquérito com vista à determinação da origem do eczema de
contacto, terá que ter em linha de conta as condições de trabalho do doente,
os passatempos, a higiene pessoal, os cosméticos (substâncias químicas
depilatórias, verniz das unhas, acetona, desodorizantes, hidratantes, loções
para depois do barbear, perfumes, filtros solares.) utilizados pelo próprio na sua
vida pessoal e profissional, a actividade doméstica, os medicamentos usados
ou simplesmente manipulados pelo doente a fim de os administrar a outrem, o
vestuário, o calçado, o contacto com animais e plantas, etc. O ritmo das crises
ao longo do dia, da semana, ou do ano, a sua relação com a permanência em
ambientes particulares como perfumarias, zonas arborizadas, etc., a influência
do Sol e outros factores ambientais, são igualmente de considerar.
A execução de testes epicutâneos é frequentemente determinante na
descoberta do factor causal.
A identificação e a remoção da substância em causa, infelizmente nem
sempre possível, são essenciais para a resolução do eczema. A protecção das
mãos com luvas impermeáveis é muitas vezes suficiente em certas actividades
mas não é bem tolerada quando usada durante muito tempo e dificulta a
agilidade manual para trabalhos mais minuciosos.
Eczema atópico
Calcula-se que cerca de 10% das crianças sofram desta dermite. Trata-
se de uma inflamação cutânea de evolução crónica, cujo mecanismo
patogénico se desconhece, admitindo-se que resulte da interacção de uma
susceptibilidade genética, uma desregulação imunológica e uma disfunção da
barreira epidémica.
Caracteriza-se por uma hipersensibilidade cutâneo-mucosa a estímulos
diversos que os indivíduos normais suportam perfeitamente.
A afecção manifesta-se habitualmente nos primeiros meses e vida e
mais raramente em adultos jovens.
Em cerca de 80% dos casos, no doente ou nos familiares às
manifestações cutâneas associam-se asma e/ou rinite alérgica. A esta
tendência familiar para se sofrer destas afecções denomina-se atopia.
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Os atópicos têm a pele seca e áspera, em consequência de alguma
incapacidade para reter a água na camada córnea da epiderme, mas também
devido a uma insuficiente produção de sebo e suor.
Caracteristicamente sentem prurido quando transpiram, facto que, aliado
à já referida secura cutânea e a uma típica diminuição do seu limiar de
sensibilidade para o prurido os leva a coçar permanentemente o corpo, pelo
que a pele é frequentemente escoriada. Ainda como consequência deste facto,
as crianças tornam-se impertinentes e têm perturbações do sono.
As características clínicas da afecção variam em função da idade dos
doentes, particularmente no que diz respeito à morfologia e distribuição das
lesões. Clinicamente podemos considerar três fases evolutivas mais ou menos
distintas. Quando a afecção se manifesta na fase de lactente, predomina na
face, em especial nas regiões genianas e fonte, poupando tipicamente as
regiões peri-oculares e peri-bucal. Posteriormente podem ser atingidos o couro
cabeludo, as partes laterais externas das pernas e tronco. Em casos
excepcionais e eczema pode generalizar a todo o corpo. As lesões são
avermelhadas e ásperas, mas podem progredir em pequenas pápulas e
vesiculação, com exsudação, crosta e descamação. Em muitos casos segue-se
infecção secundária.
A evolução é irregular, alternando períodos de agravamento e melhoria e
a afecção pode regredir totalmente durante o segundo ano de vida ou
prosseguir durante a infância, com características algo diferentes.
Na vida adulta as lesões são mais disseminadas e afectam em geral a
fronte, as pálpebras, o pescoço, as pregas dos cotovelos e joelhos, os pulsos e
a parte dorsal das mãos e pés.
Embora como foi referido, a maioria destes dentes se tornem
assintomáticos durante a infância. A susceptibilidade para a inflamação
cutânea mantém-se em muitos deles, pelo que os atópicos contribuem para
cerca de 80% das dermatoses profissionais na vida adulta.
1.3- Asma, Distúrbios Respiratórios
Os brônquios e os bronquíolos são basicamente tubos com paredes
musculares. O seu revestimento interno é uma membrana mucosa que contém
células que produzem mucosidade. As outras células que revestem os
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brônquios têm três tipos principais de receptores de superfície especializados
que detectam a presença de substâncias e estimulam a contracção e o
relaxamento dos músculos subjacentes. Quando recebem os estímulos, os
receptores beta-adrenérgicos fazem com que os músculos se relaxem e que,
por conseguinte, as vias aéreas inferiores se dilatem e facilitem a entrada e a
saída do ar. Os receptores colinérgicos estimulados pela acetilcolina e os
receptores peptidérgicos estimulados pela neuroquinina fazem com que os
músculos se contraiam; como consequência, as vias aéreas inferiores
estreitam-se e a ventilação é dificultada.
A obstrução de uma via respiratória pode ser reversível ou irreversível.
No caso da asma, a obstrução é completamente reversível. Na doença
pulmonar crónica obstrutiva, a obstrução é parcialmente reversível,
enquanto a provocada pelo enfisema
é irreversível.
As doenças pulmonares de
origem ocupacional devem-se à
inalação de partículas nocivas, nuvens,
vapores ou gases no local de trabalho.
O local exacto das vias aéreas ou dos
pulmões aonde chega a substância
inalada e o tipo de doença pulmonar
que desencadeia dependem do
tamanho e do tipo das partículas. As
maiores podem ficar retidas no nariz
ou nas vias aéreas superiores, mas as
mais pequenas atingem os pulmões. Uma vez ali, algumas partículas
dissolvem-se e podem passar para a corrente sanguínea; as defesas do corpo
eliminam as mais sólidas que não se dissolvem.
O organismo tem vários mecanismos para eliminar as partículas
aspiradas. Nas vias respiratórias, o muco cobre as partículas de modo que seja
fácil expulsá-las através da tosse. Nos pulmões, existem células depuradoras
especiais que engolem a maioria das partículas e as tornam inofensivas.
Diversos tipos de partículas produzem diferentes acções no organismo.
Algumas causam reacções alérgicas, como o pólen das plantas, responsável
pela febre do feno ou por um tipo de asma. As partículas como o pó de carvão,
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o carvão e o óxido de estanho não produzem muita reacção nos pulmões.
Outras, como o pó de quartzo e de amianto podem causar cicatrizes
permanentes no tecido pulmonar (fibrose pulmonar). Em quantidades
importantes, certas partículas, como o amianto, podem causar cancro nos
fumadores.
1.3.1- Asma
A asma profissional é um espasmo reversível das vias aéreas
pulmonares causado pela aspiração, no local de trabalho, de partículas ou de
vapores que actuam como irritantes ou causam uma reacção alérgica.
Muitas substâncias, no local de trabalho, podem provocar espasmos das
vias aéreas que dificultam a respiração. Algumas pessoas são particularmente
sensíveis aos agentes irritantes que se encontram no ar.
Sintomas
A asma profissional pode causar dispneia, opressão no peito, respiração
sibilante, tosse, rinorreia e lacrimejo. Em algumas pessoas, a respiração
sibilante é o único sintoma.
Os sintomas podem verificar-se durante a jornada de trabalho, mas,
muitas vezes, começam algumas horas depois de ela ter terminado. Em
algumas pessoas, os sintomas começam até 24 horas depois da exposição.
Além disso, os sintomas podem aparecer e desaparecer durante umas semana
ou mais depois da exposição. Deste modo é difícil estabelecer a relação entre
o local de trabalho e os sintomas. Muitas vezes, os sintomas diminuem ou
desaparecem durante o fim-de-semana ou nas férias. Os sintomas pioram com
a exposição repetida aos agentes irritantes.
1.4- Distúrbios digestivos
O interior do estômago e do duodeno é marcadamente resistente às
lesões pelo ácido e pelos enzimas digestivos que contém. No entanto, pode
ficar irritado, desenvolver úlceras, obstruir-se e formar tumores.
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1.4.1- Gastrite
A gastrite é a inflamação do revestimento mucoso do estômago.
A mucosa do estômago oferece resistência à irritação e normalmente
pode suportar um elevado conteúdo ácido.
No entanto, pode irritar-se e inflamar-se por diferentes motivos.
A gastrite bacteriana segue-se normalmente a uma infecção por
organismos como o Helicobacter pylori (bactérias que crescem nas células
secretoras de muco do revestimento do estômago). Não se conhecem outras
bactérias que se desenvolvam em ambientes normalmente ácidos como o do
estômago, embora muitos tipos possam fazê-lo no caso de o estômago não
produzir ácido. Tal crescimento bacteriano pode provocar gastrite de forma
transitória ou persistente.
A gastrite aguda por stress, o tipo mais grave de gastrite, é provocada
por uma doença ou lesão graves de aparecimento rápido. A lesão pode não
afectar o estômago. Por exemplo, são causas frequentes as queimaduras
extensas e as lesões que provocam hemorragias maciças.
A gastrite erosiva crónica pode ser secundária a substâncias irritantes
como os medicamentos, sobretudo a aspirina e outros anti-inflamatórios não
esteróides (AINE), à doença de Crohn e a infecções bacterianas e virais. Com
este tipo de gastrite, que se desenvolve lentamente em pessoas que, por outro
lado, gozam de boa saúde, podem verificar-se hemorragias ou ulcerações. É
mais frequente em pessoas que abusam de álcool.
Os sintomas variam conforme o tipo de gastrite. No entanto,
normalmente uma pessoa com gastrite sofre de indigestão e de queixas ligeiras
na parte alta do abdómen.
Na gastrite aguda por stress, a doença subjacente, os traumatismos
ou as queimaduras em geral camuflam os sintomas gástricos. No entanto,
podem sentir-se queixas moderadas na parte alta do abdómen. Pouco depois
dum traumatismo, no revestimento do estômago podem surgir pequenos
pontos hemorrágicos. Em poucas horas, estas pequenas lesões hemorrágicas
podem converter-se em úlceras. As úlceras e a gastrite podem desaparecer se
a pessoa recuperar rapidamente do traumatismo. Se assim não for, as úlceras
podem tornar-se maiores e começar a sangrar, normalmente entre 2 e 5 dias
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depois da lesão. A hemorragia pode fazer com que as fezes sejam de cor
negro-alcatrão, tingir de vermelho o líquido do estômago ou, se for muito
abundante, fazer baixar a tensão arterial. A hemorragia pode ser maciça e
mortal.
A maioria das pessoas com gastrite aguda por stress cura-se por
completo quando se consegue controlar a doença subjacente, a lesão ou a
hemorragia.
1.4.2- Úlcera
Uma úlcera péptica é uma ferida bem definida, circular ou oval,
causada por o revestimento do estômago ou do duodeno ter sofrido lesão ou
simples erosão pelos ácidos gástricos ou pelos sucos duodenais. Quando a
úlcera é pouco profunda, denomina-se erosão.
A pepsina é um enzima que trabalha juntamente com o ácido clorídrico
produzido pela mucosa gástrica para digerir os alimentos, sobretudo as
proteínas. A úlcera péptica forma-se no revestimento do tracto gastrointestinal
exposto ao ácido e aos enzimas digestivos (principalmente do estômago e do
duodeno). Os nomes das úlceras identificam a sua localização anatómica ou as
circunstâncias em que se desenvolvem.
A úlcera duodenal, o tipo mais comum de úlcera péptica, surge no
duodeno (os primeiros centímetros de intestino delgado imediatamente a seguir
ao estômago). As úlceras gástricas, que são as menos frequentes,
normalmente situam-se na parte alta da curvatura do estômago. Se for
extirpada cirurgicamente parte do estômago, podem desenvolver-se úlceras
marginais na zona em que o estômago remanescente voltou a ligar-se ao
intestino. A repetida regurgitação de ácido procedente do estômago para o
segmento inferior do esófago pode provocar inflamação (esofagite) e úlceras
esofágicas. As úlceras que aparecem como consequência do stress derivado
duma doença grave, queimaduras ou traumatismos, denominam-se úlceras de
stress.
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1.4.3- Dispepsia
A dispepsia é uma dor ou um mal-estar na parte alta do abdómen ou no
peito que muitas vezes é descrita como ter gases, sensação de estar cheio ou
como uma dor corrosiva ou urgente (ardor).
A dispepsia tem muitas causas. Algumas são perturbações importantes,
como úlceras do estômago, úlceras duodenais, inflamação do estômago
(gastrite) e cancro gástrico. A ansiedade pode provocar dispepsia
(possivelmente porque uma pessoa ansiosa tende a suspirar ou a inspirar e
engolir ar, o que pode provocar distensão gástrica ou intestinal, bem como
flatulência e meteorismo). A ansiedade também pode aumentar a percepção de
sensações desagradáveis por parte da pessoa, ao ponto de o mais pequeno
incómodo se tornar muito stressante.
1.5- Distúrbios osteoarticulares
As lesões músculo-esqueléticas (LME) podem afectar diferentes
partes do corpo, como, por exemplo, o ombro e o pescoço; o cotovelo, a mão e
o punho; o joelho e a coluna vertebral. São síndromes de dor crónica que
ocorrem no exercício de uma dada actividade profissional e, por isso, se
designam “ligadas ao trabalho”. As lesões músculo-esqueléticas dos membros
superiores relacionadas (ou ligadas) com o trabalho são as que são referidas
com maior insistência em certas condições de trabalho como, por exemplo, as
actividades implicando tarefas repetitivas, a aplicação de força ou o trabalho
que requeira posições das articulações muito “exigentes”.
A designação lesões músculo-esqueléticas relacionadas ou ligadas ao
trabalho (LMERT ou LMELT) inclui um conjunto de doenças inflamatórias e
degenerativas do sistema locomotor. Designam-se LMERT ou LMELT (lesões
músculo-esqueléticas relacionadas ou ligadas ao trabalho) as lesões que
resultam da acção de factores de risco profissionais como a repetitividade, a
sobrecarga e/ou a postura adoptada durante o trabalho. As LMERT
geralmente localizam-se no membro superior (LMEMSRT) e na coluna
vertebral, mas podem ter outras localizações, como os joelhos ou os
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tornozelos, dependendo a área do corpo afectada, da actividade de risco
desenvolvida pelo trabalhador.
As LMERT caracterizam-se por sintomas como:
• Dor, a maior parte das vezes localizada, mas que pode irradiar
para áreas corporais;
• Sensação de dormência ou de “formigueiros” na área afectada
ou em área próxima;
• Sensação de peso;
• Fadiga ou desconforto localizado;
• Sensação de perda ou mesmo perda de força.
Na grande maioria dos casos, os sintomas surgem gradualmente,
agravam-se no final do dia de trabalho ou durante os picos de produção e
aliviam com as pausas ou o repouso e nas férias.
Se a exposição aos factores de risco se mantiver, os sintomas, que
inicialmente são intermitentes, tornam-se gradualmente persistentes,
prolongando-se muitas vezes pela noite, mantendo-se mesmo nos períodos de
repouso e interferindo não só com a capacidade de trabalho, mas também,
com as actividades do dia-a-dia. Quando as situações clínicas evoluem para a
doença crónica, pode surgir também edema (inchaço) da zona afectada e
mesmo uma hipersensibilidade a todos os estímulos, como, por exemplo, o
“toque”, o esforço, mesmo que ligeiro, ou as diferenças de temperatura.
Factores de risco
De causa
ergonómica
Movimentos repetitivos que requerem aplicação de
força;
Choque mecânico;
Força de preensão e carga palmar;
Carga externa e muscular estática;
Stress mecânico;
Vibrações e temperaturas extremas;
Posições desadequadas que podem decorrer do
equipamento mal desenhado, das ferramentas ou do
posto de trabalho.
De causa Horas e ritmo de trabalho excessivos;
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organizacional
Trabalho com ritmo externo imposto – por exemplo,
linhas de montagem;
Pausas e descanso insuficientes;
Insegurança ou insatisfação laboral;
Monitorização excessiva, por exemplo, com câmaras de
vídeo.
De risco
individual
Tabagismo:
Ingestão de bebidas alcoólicas em excesso;
Obesidade.
O aspecto mais importante de qualquer programa de prevenção das
LMERT é a participação de todos os trabalhadores da empresa, incluindo os
órgãos da administração/gestão e as chefias intermédias. É ainda
indispensável a partilha total de informação sobre os elementos das situações
de trabalho, partindo do conhecimento existente e integrando os resultados da
avaliação do risco. A prevenção das LMERT é um problema de todos e não
dos médicos e dos trabalhadores com doenças ou lesões.
A prevenção das LMERT passa sempre pela existência de um conjunto
de procedimentos que reduzam o risco de lesões. Esses procedimentos
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constituem o modelo de gestão do risco de LMERT, também na perspectiva
ergonómica, que integra as seguintes principais componentes: a análise do
trabalho; a avaliação do risco de LMERT; a vigilância médica (ou da saúde) do
trabalhador e a informação e formação dos trabalhadores.
As LMERT podem ser agrupadas de acordo com a estrutura afectada:
○ Tendinites ou tenossinovites são lesões localizadas ao nível
dos tendões e bainhas tendinosas, de que são exemplo a
tendinite do punho, a epicondilite e os quistos das bainhas dos
tendões;
○ Síndrome canalicular, em que há lesão de um nervo, como
acontece na Síndrome do Túnel Cárpico e na Síndrome do canal
de Guyon;
○ Raquialgias, em que há lesão osteoarticular e/ou muscular ao
longo de toda a coluna vertebral ou em alguma parte desta;
○ Síndromes neurovasculares, em que há lesão nervosa e
vascular em simultâneo.
1.6- Distúrbios venosos
As veias levam o sangue de todos os órgãos até ao coração. Os
problemas principais das veias são a inflamação, a coagulação e os defeitos
que conduzem à dilatação e às varizes. As pernas contêm dois grupos
principais de veias: as superficiais, localizadas na camada gorda por debaixo
da pele, e as profundas, localizadas nos músculos. Existem veias curtas que
ligam as superficiais com as profundas. Normalmente, a pressão do sangue em
todas as veias é baixa; e nas pernas, esta pressão baixa pode representar um
problema. Quando uma pessoa está de pé, o sangue deve circular das veias
das pernas para cima até chegar ao coração. As veias profundas
desempenham um papel crucial na propulsão do sangue para cima, uma vez
que ao estarem localizadas dentro dos poderosos músculos da barriga da
perna, estas veias são profundamente comprimidas em cada passada. Tal
como quando se aperta um tubo de pasta dentífrica, assim a compressão das
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veias profundas empurra o sangue para cima. Estas veias transportam 90 % ou
mais do sangue que vai das pernas para o coração.
Para manter este sentido ascendente do fluxo sanguíneo, as veias
profundas contêm válvulas de uma só direcção. Cada válvula é formada por
duas metades (cúspides) cujos bordos fazem contacto entre si. O sangue
empurra as cúspides, que se abrem como um par de portas giratórias; mas
quando o sangue tende a regressar na direcção oposta, forçado pela
gravidade, empurra as cúspides de modo que estas se fechem.
As veias superficiais têm o mesmo tipo de válvulas, mas não estão
sujeitas a nenhuma pressão porque não estão rodeadas por músculos. Por
isso, o sangue das veias superficiais flui mais lentamente do que o sangue das
veias profundas. Grande parte do fluxo sanguíneo que circula pelas veias
superficiais é desviado para as profundas através de veias curtas que ligam os
dois sistemas.
1.6.1- Varizes
As varizes, ou veias varicosas, são veias superficiais dilatadas das
pernas. A causa principal das varizes é desconhecida, mas provavelmente
deve-se a uma debilidade nas paredes das veias superficiais, que pode ser
hereditária. Com o passar dos anos, a debilidade faz com que as veias percam
a sua elasticidade. Distendem-se e tornam-se compridas e mais largas. Para
que possam caber no mesmo espaço que ocupavam quando eram normais, as
veias aumentadas tornam-se tortuosas, com um aspecto serpenteante quando
sobressaem da pele. Mais importante que o alargamento é a dilatação que faz
com que as valvas da válvula se separem. Como resultado disso, as veias
enchem-se rapidamente de sangue quando a pessoa pára e as veias tortuosas
e de paredes finas aumentam ainda mais. A dilatação também afecta algumas
veias comunicantes, que normalmente permitem que o sangue flua numa só
direcção, das veias superficiais para as veias profundas. Se as válvulas das
veias comunicantes falham, o sangue reflui às veias superficiais quando os
músculos apertam as veias profundas e causam um alongamento adicional das
veias superficiais.
Além de serem antiestéticas, as varizes, frequentemente, doem e fazem
sentir as pernas cansadas. Muitas pessoas, no entanto, mesmo quando as
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veias são muito grandes, podem não sentir dor. Pode sentir-se ardor na parte
inferior da perna e no tornozelo, sobretudo quando a perna está quente, como
acontece depois de se retirar as peúgas ou as meias. O ardor pode levar à
coceira e causar arranhões, rubor ou erupções, que muitas vezes se atribuem,
erradamente, à secura da pele. Por vezes os sintomas são piores quando as
varizes se estão a desenvolver do que quando estão completamente formadas.
Só uma pequena percentagem de pessoas com varizes tem
complicações, como dermatites, flebites ou hemorragias. A dermatite causa
uma erupção avermelhada com escamas e ardor, ou então uma zona de cor
castanha na parte interna da perna por cima do tornozelo. Um arranhão ou
uma ferida menor podem causar uma úlcera dolorosa que não se cura. A flebite
pode surgir espontaneamente ou ser devida a uma ferida. Embora, de modo
geral, seja dolorosa, a flebite que se manifesta numa variz raramente provoca
problemas graves. Se a pele que cobre uma variz ou as veias aracniformes é
fina, uma ferida mínima, produzida ao barbear-se ou ao coçar-se, pode causar
uma hemorragia. As úlceras também podem causar hemorragia.
Um dos principais factores para o desenvolvimento das varizes é o
factor familiar ou hereditário (genético), que ocasiona uma diminuição da
resistência das paredes das veias tornando-as mais frágeis e menos
resistentes. Mas há outros factores que desempenham, também, um papel
importante no seu aparecimento ou agravamento, tais como: o tabaco, a
ingestão exagerada de bebidas alcoólicas, o excesso de peso, a
permanência prolongada na posição de pé ou sentada e actividades em que
é necessário realizar grandes esforços, tal como sucede em muitas profissões
A prevenção é fundamental e deverá ser feita o mais cedo possível. Os
cuidados preventivos facilitam o retorno venoso, diminuem as queixas, o
sofrimento, evitam a dilatação das veias e atrasam a evolução da doença,
podendo evitar a necessidade de uma intervenção cirúrgica. Alguns conselhos
importantes:
- Usar meias elásticas principalmente durante a gravidez, ou durante
actividades em que permaneça muitas horas de pé. São o principal meio de
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prevenção para o aparecimento de varizes. Os seus resultados são melhores
se as calçar logo de manhã, mesmo antes de se levantar da cama.
- Manter um peso corporal adequado evitando o excesso de peso.
Fazer uma alimentação equilibrada rica em fibras e fruta. O tabaco prejudica a
fluidez do sangue no retorno venoso para o coração, agravando o problema a
quem sofre de varizes.
- Usar roupas e sapatos confortáveis. Quando apertados dificultam a
circulação e o retorno do sangue. Os saltos altos são prejudiciais.
- Evitar a exposição prolongada dos membros inferiores a elevadas
temperaturas tipo sauna, sessões de bronzeamento, banhos quentes,
radiadores, exposição solar, braseiras, lareiras, depilação com cera muito
quente, porque provocam dilatação das veias, o aparecimento de novos vasos,
o edema e dificultam o retorno venoso.
- Evitar estar muito tempo sentado. Se tiver que o fazer use meias
elásticas, mobilize as pernas e mexa os tornozelos e os dedos dos pés com
frequência. Evitar cruzar as pernas quando se senta Ao fazê-lo está a
aumentar a pressão na perna, que fica por baixo dificultando ainda mais a
circulação do sangue.
- Durante o repouso, manter as pernas ligeiramente levantadas, ou
pelo menos esticadas em cima de um banco, após um dia de actividades mais
intensas ou após o exercício físico, de forma a favorecer o retorno venoso e
melhorar a circulação do sangue. Se tiver cãibras durante a noite dormir com o
colchão um pouco elevado na zona dos pés (10 a 15 centímetros).
- Praticar regularmente exercícios físicos moderados, evitando peso
excessivo nas pernas. Andar a pé, de bicicleta, correr, dançar, caminhar na
praia junto à água, banho de mar, natação. Se costuma levar o carro para o
emprego ou utiliza outros meios de transporte, autocarros ou metro desça uma
estação antes e aproveite para andar algumas dezenas de metros a pé. Evitar
transportar pesos em excesso, ou realizar actividades físicas do tipo
musculação, ou de grande impacto, porque provocam uma grande tensão nos
vasos e, por conseguinte, a sua dilatação, ou a formação de novas varizes. Em
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casa, realizar alguns exercícios simples que poderão ser indicados pelo seu
médico assistente.
1.7- Doenças infecto-contagiosas
1.7.1- SIDA
A infecção causada pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) é
uma doença provocada por um ou dois vírus que progressivamente destroem
uns glóbulos brancos chamados linfócitos, causando a síndroma da
imunodeficiência adquirida (SIDA) e outras doenças derivadas de uma
imunidade deficiente.
No início dos anos 80 os epidemiologistas (pessoas que estudam os
factores que afectam a frequência e a distribuição das doenças) reconheceram
um aumento brusco de duas doenças entre os homens homossexuais
americanos. Uma era o sarcoma de Kaposi, uma variedade de cancro pouco
frequente; a outra era a pneumonia que ocorre apenas em pessoas com um
sistema imunitário comprometido.
A insuficiência do sistema imunitário que permitiu o desenvolvimento de
cancros raros e de infecções pouco comuns recebeu o nome de SIDA.
Também se descobriram insuficiências nos sistemas imunológicos das pessoas
que se injectavam com drogas, em hemofílicos, naqueles que recebiam
transfusões de sangue e em homens bissexuais. Pouco depois, a síndroma
começou a ser detectada em heterossexuais que não consumiam drogas, em
hemofílicos e em doentes que recebiam transfusões de sangue.
Os investigadores em breve descobriram que era um vírus o
responsável pela SIDA. Os dois vírus que causam a SIDA são o VIH-1 e o
VIH-2. O VIH-1 é mais frequente no hemisfério ocidental, na Europa, na África
e na Ásia Central, do Sul e Oriental. O VIH-2 é o principal vírus causador de
SIDA da África Ocidental, apesar de ali muitas pessoas estarem também
infectadas com o tipo VIH-1.
Para infectar uma pessoa, o vírus tem de entrar em células como os
linfócitos, uma variedade de glóbulos brancos. O material genético do vírus
incorpora-se no ADN de uma célula infectada. O vírus reproduz-se dentro da
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célula, chegando a destruí-la finalmente e libertando novas partículas do
mesmo. Depois essas novas partículas infectam outros linfócitos e podem
também destruí-los.
O contágio do VIH requer um contacto com fluidos corporais que
contenham células infectadas ou partículas do vírus; os referidos humores
incluem sangue, sémen, secreções vaginais, líquido do cérebro e da
espinal medula.
O VIH também está presente nas lágrimas, na urina e na saliva, mas em
concentrações ínfimas.
O VIH transmite-se das seguintes maneiras:
• Através das relações sexuais com uma pessoa infectada, durante as
quais a membrana mucosa que reveste a boca, a vagina ou o recto fica
exposta aos fluidos corporais contaminados.
• Pela injecção ou infusão de sangue contaminado, como sucede ao
fazer uma transfusão, por partilhar seringas ou picar-se acidentalmente
com uma agulha contaminada com VIH.
• Transmissão do vírus a partir de uma mãe infectada para o seu filho
antes do nascimento ou durante o mesmo, ou então através do leite
materno.
• A susceptibilidade à infecção por VIH aumenta quando a pele ou uma
membrana mucosa é lesada, como pode acontecer durante uma
relação sexual enérgica via vaginal ou anal. Muitos estudos
demonstraram que a transmissão sexual do VIH é mais provável se um
dos membros do casal tem herpes, sífilis ou outras doenças de
transmissão sexual que podem provocar lesões na pele. Contudo, o VIH
pode ser transmitido por uma pessoa infectada a outra durante uma
relação sexual vaginal ou anal, ainda que nenhuma das duas tenha
outras doenças de transmissão sexual ou lesões visíveis na pele. A
transmissão também pode ter lugar durante o sexo oral, apesar de ser
menos frequente.
Estratégias para evitar a transmissão do VIH
Para as pessoas não infectadas
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• Abstinência.
• Sexo seguro (com protecção).
Para as pessoas VIH-positivas
• Abstinência.
• Sexo seguro (com protecção).
• Não efectuar doações de órgãos nem de sangue.
• Evitar a gravidez.
• Notificar os parceiros anteriores e futuros.
Para aqueles que consomem drogas
• Evitar partilhar agulhas ou utilizá-las várias vezes.
• Começar programas de recuperação.
Para profissionais
• Usar luvas de borracha cada vez que exista a possibilidade de
contacto com fluidos corporais.
• Usar e eliminar correctamente as agulhas e outros objectos
cortantes.
1.7.2- Hepatite
A hepatite é uma inflamação do fígado por qualquer causa.
Em geral, é resultado da acção de um vírus, particularmente um dos
cinco vírus da hepatite A, B, C, D ou E.
Menos frequentemente, a hepatite pode dever-se a outras infecções
virais, tais como a mononucleose infecciosa, febre-amarela e infecção por
citomegalovírus. As principais causas da hepatite não viral são o álcool e os
medicamentos. A hepatite pode ser aguda (dura menos de 6 meses) ou
crónica; esta doença apresenta-se habitualmente em todo o mundo.
O vírus da hepatite A propaga-se fundamentalmente das fezes de uma
pessoa para a boca de outra. Essa transmissão é, em geral, consequência de
uma higiene deficiente. As epidemias que se propagam através da água e dos
alimentos são frequentes, especialmente nos países em desenvolvimento. Por
vezes a causa é a ingestão de mariscos crus contaminados. Também são
frequentes os casos isolados, em geral originados pelo contacto de pessoa a
pessoa. A maioria das infecções por hepatite A não causa sintomas e passam
despercebidas.
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A transmissão da hepatite B é mais difícil que a do vírus da hepatite A.
Um dos meios de transmissão é o sangue ou os produtos sanguíneos
contaminados. Contudo, graças às precauções adoptadas, as transfusões
raramente são as responsáveis da transmissão deste vírus. Em geral, a
transmissão produz-se entre consumidores de drogas injectáveis que partilham
as seringas e também entre casais heterossexuais ou homossexuais
masculinos. Uma mulher grávida, se estiver infectada com hepatite B, pode
transmitir o vírus ao seu bebé ao nascer.
As pessoas sãs, portadoras crónicas do vírus, podem transmitir a
hepatite B. Não está comprovado que as picadas de insectos possam transmiti-
la. Muitos casos de hepatite B provêm de fontes desconhecidas. Em algumas
partes do mundo, como o Extremo Oriente e algumas regiões de África, este
vírus é responsável de muitos casos de hepatite crónica, cirrose e cancro
hepático.
O vírus da hepatite C é a causa de, pelo menos, 80 % dos casos de
hepatite originados por transfusões de sangue, além de muitos casos isolados
de hepatite aguda. A doença transmite-se habitualmente entre consumidores
de drogas que partilham as seringas, enquanto, neste caso, a transmissão
sexual não é frequente. Este vírus é responsável por muitos casos de hepatite
crónica e alguns casos de cirrose e de cancro hepático. Por razões
desconhecidas, as pessoas com doenças hepáticas causadas pelo álcool
apresentam frequentemente hepatite C. A combinação de ambas as doenças
conduz, por vezes, a uma maior perda da função hepática que a que poderia
ser causada por cada uma destas, em separado. Parece que existe um
reduzido número de pessoas sãs que são portadoras crónicas do vírus da
hepatite C.
O vírus da hepatite D manifesta-se unicamente como uma co-infecção
com o vírus da hepatite B; esta coinfecção agrava a infecção da hepatite B. O
risco entre os consumidores de drogas é relativamente alto.
O vírus da hepatite E causa epidemias ocasionais, semelhantes às
causadas pelo vírus da hepatite A. Até agora, estas epidemias foram
desencadeadas apenas em alguns países em desenvolvimento.
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Uma adequada higiene ajuda a prevenir a difusão do vírus da hepatite
A. Como as fezes das pessoas com hepatite A são infectantes, o pessoal
sanitário deve redobrar as precauções ao manipulá-las. As mesmas
precauções deverão ser tomadas na manipulação do sangue dos afectados
com qualquer tipo de hepatite aguda. Contudo, as pessoas infectadas não
necessitam de isolamento; seria de pouca utilidade para prevenir a transmissão
da hepatite A e inútil para prevenir a da hepatite B e C.
A vacinação contra a hepatite B estimula as defesas imunitárias do
organismo e protege a maior parte das pessoas. Contudo, a vacinação é
menos eficaz para os pacientes em tratamento por diálise, nas pessoas com
cirrose e naquelas com um sistema imunitário deficiente. A vacinação é
especialmente importante para as pessoas com risco de contrair a hepatite B,
embora esta não seja eficaz nos casos em que a doença já está desenvolvida.
Por estas razões, é cada vez mais recomendável para todos a vacinação
universal contra a hepatite B.
A vacinação contra a hepatite A administra-se a grupos com um risco
alto de contrair a infecção, tais como pessoas que viajem para lugares do
mundo em que a doença tenha uma ampla difusão. Não há vacinas disponíveis
contra os vírus da hepatite C, D e E.
1.7.3- Viroses
Um vírus é um minúsculo organismo infeccioso (muito menor que um
fungo ou uma bactéria) que necessita de uma célula viva para se reproduzir. O
vírus adere a uma célula, geralmente de um tipo específico. Uma vez dentro
dela, liberta o seu ADN ou ARN (que contém a informação necessária para
criar novas partículas de vírus) e assume o controlo de alguns processos
metabólicos da mesma. Como consequência, os componentes do vírus são
fabricados dentro da célula e reunidos adequadamente para que o vírus seja
libertado e continue a manter a sua capacidade infectante.
O que sucede à célula depende do tipo de vírus. Alguns matam as
células que infectam. Outros alteram a função celular ao ponto de a mesma
perder o controlo sobre a sua divisão normal e tornar-se cancerosa. Alguns
vírus incorporam uma parte da sua informação genética no ADN da célula
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hospedeira, mas permanecem inactivos (ou latentes) até que a mesma seja
alterada, permitindo então que o vírus emerja de novo.
Geralmente os vírus possuem um hospedeiro preferido. Alguns, como o
da gripe, podem infectar os humanos e uma variedade de outros animais. De
qualquer modo, algumas variedades de gripe adaptaram-se de tal forma que
conseguem infectar uma espécie de animal mais eficientemente do que outras.
Quase todos os vírus que se encontram frequentemente nos seres humanos
são transmitidos de pessoa a pessoa. Alguns, como o da raiva ou o da
encefalite, infectam principalmente os animais e só ocasionalmente os homens.
O organismo possui um número de defesas específicas e não
específicas contra os vírus. As barreiras físicas, como a pele e as
membranas mucosas, impedem-nos de chegar facilmente ao interior do
corpo. As células afectadas produzem interferão (ou interferões), uma família
de glucoproteínas capazes de fazer com que as células não afectadas se
tornem mais resistentes à infecção desencadeada por muitos vírus.
Pode-se gerar imunidade administrando vacinas. Estas são
preparadas de forma tal que se assemelhem a um vírus específico, como o
vírus que causa a gripe ou o sarampo, para que seja administrado às pessoas
sem provocar doença. Em resposta a uma vacina, o organismo aumenta o
número de linfócitos B e T, que são capazes de reconhecer o vírus específico.
Desta forma, as vacinas podem produzir imunidade face a um vírus específico.
Actualmente existem muitas vacinas que evitam infecções frequentes e graves,
tais como a gripe, o sarampo, a poliomielite, a varicela, a raiva, a rubéola
(sarampo alemão), as hepatites A e B, a encefalite japonesa e a febre-amarela.
Todavia, por vezes, um vírus altera-se (sofre mutação) para evitar o anticorpo
da vacina e então é necessário repetir a vacinação.
É possível adquirir protecção imediata contra uma infecção viral,
recebendo uma injecção ou uma infusão de imunoglobulinas. A referida infusão
contém anticorpos que foram produzidos por outra pessoa ou então por um
animal. Por exemplo, quem viaja para uma zona com prevalência de hepatite A
pode receber uma injecção de imunoglobulina contra este tipo de hepatite.
Contudo, a imunoglobulina pode fazer com que algumas vacinas, como a do
sarampo ou a da poliomielite, sejam menos eficazes se forem aplicadas ao
mesmo tempo.
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Os medicamentos que combatem as infecções virais recebem o nome
de fármacos antivirais. Existem muito menos fármacos antivirais do que
antibacterianos (antibióticos). Em comparação com a maioria dos antibióticos,
os fármacos antivirais costumam ser mais difíceis de produzir, mais específicos
para o organismo contra o qual estão destinados a agir e, em regra, mais
tóxicos. Os antibióticos não são eficazes contra as infecções virais, mas,
se alguém tiver uma infecção por bactérias além da viral, costuma ser
necessário administrar um antibiótico.
Complicações da gripe
Apesar de a gripe ser uma doença grave em todas as pessoas, a
maioria dos indivíduos saudáveis começa a sentir-se bem aos 7 a 10 dias. As
complicações podem fazer com que a gripe se torne mesmo mais grave. Os
muito jovens, os de idade avançada e as pessoas com alguma doença
cardíaca, pulmonar ou do sistema nervoso correm um risco particularmente
elevado de apresentar complicações e morrer.
Certos casos raros de gripe evoluem com uma grave inflamação dos
canais respiratórios com secreções sanguinolentas (bronquite hemorrágica). A
pneumonia viral é a complicação mais grave; pode progredir rapidamente e
causar a morte num lapso de tempo tão breve como 48 horas. Não se sabe
com certeza o que determina que a pneumonia se desencadeie ou não, mas é
mais provável que tenha lugar durante uma epidemia de gripe causada pelo
vírus influenza A, para o qual muito poucas pessoas têm imunidade; por
consequência, ele ataca aqueles que correm um risco maior. A pneumonia
bacteriana também pode complicar a gripe, porque fica afectada a capacidade
que os pulmões têm de eliminar ou controlar as bactérias localizadas no
aparelho respiratório.
Prevenção do resfriado comum
Dado que há tantos vírus diferentes que causam resfriados, e atendendo
a que a taxa de anticorpos produzidos contra um vírus destes diminui com o
passar do tempo, a maioria das pessoas pode constipar-se durante toda a sua
vida. Até ao momento não foi ainda criada uma vacina eficaz contra cada um
dos vírus respiratórios, mas todos os anos se actualiza uma vacina contra a
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gripe para que actue sobre novas variedades de vírus, e além disso estão a
criar-se vacinas para outros vírus, como o vírus sincicial respiratório e o vírus
parainfluenza.
As melhores medidas preventivas consistem numa boa higiene.
Como muitos vírus que produzem catarros se transmitem por contacto com
secreções infectadas, lavar as mãos com frequência, rejeitar os lenços usados
e limpar todos os elementos e superfícies pode ajudar a reduzir a sua
propagação.
Foram propostos e experimentados muitos tratamentos para evitar os
resfriados, mas nenhum demonstrou ser fiável e eficaz. Não se demonstrou
que as grandes doses de vitamina C (até 2000 mg por dia) reduzam o risco de
constipação, nem a quantidade de vírus que a pessoa infectada transmite.
Prevenção da Gripe
Um indivíduo exposto ao vírus da gripe produz anticorpos contra o
mesmo, que o protegem contra uma nova infecção por esse vírus em especial.
De qualquer modo, vacinar-se contra a gripe todos os anos é a melhor forma
de evitar contraí-la. As vacinas contêm variedades do vírus da influenza
inactivados (ou «mortos») ou então partículas virais. Uma vacina pode ser
monovalente (uma só variedade de vírus) ou polivalente (geralmente três
variedades). A monovalente permite administrar uma dose maior contra uma
variedade nova de vírus, enquanto uma polivalente cria resistências contra
mais de uma variedade. Cada ano é criada uma nova vacina baseada nas
previsões de quais os vírus que têm mais probabilidades de causar gripe. As
previsões têm em conta qual a variedade de vírus que predominou durante a
temporada anterior e qual a que está a causar doença noutras partes do
mundo nesse momento.
A vacinação é particularmente importante para aqueles que têm
probabilidade de adoecer gravemente se se infectarem. A vacinação deve ter
lugar durante o Outono, de maneira que as taxas de anticorpos cheguem ao
máximo durante os meses-chave para a gripe, geralmente o Inverno. Para a
maioria dos vacinados, devem decorrer duas semanas até que a vacina
comece a oferecer protecção. No entanto, as crianças e outras pessoas que
nunca estiveram expostas a um vírus da influenza necessitam de receber duas
doses do produto para assim conseguirem uma imunidade adequada.
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1.7.4- Tuberculose
Tuberculose é uma infecção contagiosa, potencialmente mortal,
causada por uma bactéria que se encontra no ar chamada Mycobacterium
tuberculosis, M. bovis ou M. africanum.
O termo «tuberculose» faz referência à doença mais frequentemente
causada pelo Mycobacterium tuberculosis, mas que, por vezes, também pode
ser devida à acção do M. bovis ou do M. africanum. Apesar de outras
micobactérias provocarem afecções semelhantes à tuberculose, essas
infecções não são contagiosas e a maioria delas não responde aos
medicamentos que, em contrapartida, se revelam muito eficazes contra a
tuberculose.
Esta doença é mais frequente entre as pessoas de idade avançada.
Existem três razões básicas para que se verifiquem mais casos entre os
indivíduos de provecta idade: 1) muitos foram infectados quando a tuberculose
era mais frequente; 2) com a passagem dos anos, a eficiência do sistema
imunitário do organismo reduz-se, o que possibilita que as bactérias inactivas
sejam reactivadas, e 3) os idosos que se encontram em centros de cuidados
crónicos têm maior probabilidade de estar mais em contacto com adultos da
mesma idade, correndo o risco de contrair a doença.
Actualmente nos países desenvolvidos, a tuberculose só se transmite
inalando ar contaminado com Mycobacterium tuberculosis num ambiente
fechado. Para que o ar se contamine, uma pessoa com tuberculose activa terá
de expelir as bactérias com a tosse e estas poderão permanecer no ar durante
várias horas. No entanto, um feto pode adquirir tuberculose através da mãe,
antes ou durante o nascimento, por respirar ou engolir líquido amniótico
infectado, e um lactente pode contrair a doença, depois de nascer, ao respirar
ar que contenha gotículas infectadas. Nos países em vias de desenvolvimento,
as crianças podem infectar-se com outra micobactéria que cause tuberculose.
Este organismo, chamado Mycobacterium bovis, pode ser transmitido através
do leite não pasteurizado.
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O sistema imunitário de uma pessoa afectada com tuberculose destrói
habitualmente as bactérias ou então encerra-as no local da infecção. De facto,
cerca de 90 % a 95 % de todas as infecções por tuberculose saram sem que a
pessoa sequer o note.
Todavia, por vezes as bactérias não são destruídas, antes
permanecendo inactivas dentro de determinados glóbulos brancos (chamados
macrófagos) durante muitos anos. Aproximadamente 80 % das infecções
tuberculosas são causadas pela activação de bactérias inactivas. As bactérias
que vivem nas cicatrizes que a infecção inicial deixa (localizadas geralmente na
parte superior de um ou de ambos os pulmões) podem começar a multiplicar-
se. A activação de bactérias inactivas pode ter lugar quando o sistema
imunitário do indivíduo não funciona bem (por exemplo, em virtude da SIDA, do
uso de corticosteróides ou da idade avançada), caso em que a afecção pode
pôr a sua vida em perigo.
Geralmente uma pessoa infectada com tuberculose tem uns 5 % de
probabilidades de vir a desenvolver uma infecção activa num período de um a
dois anos. A eclosão da tuberculose varia em grande medida de pessoa para
pessoa, dependendo de diversos factores, como a origem étnica.
A tuberculose activa começa habitualmente nos pulmões (tuberculose
pulmonar). A tuberculose que afecta outras partes do organismo (tuberculose
extrapulmonar) costuma provir de uma infecção tuberculosa pulmonar que se
disseminou através do sangue. Como no caso dos pulmões, a infecção pode
não causar doença, dado que as bactérias podem permanecer inactivas
acantonadas numa pequena cicatriz.
Existem várias formas de prevenir a tuberculose. Por exemplo, pode
utilizar-se a luz ultravioleta, pelo seu poder germicida, naqueles sítios onde
pessoas diversas com afecções distintas possam ter de estar sentadas juntas
durante várias horas, como nos hospitais ou nas salas de espera dos serviços
de urgência. Aquela luz destrói as bactérias que se encontrem no ar.
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As pessoas com tuberculose pulmonar que estejam a receber
tratamento não precisam de estar isoladas durante mais do que alguns dias,
porque os fármacos reduzem rapidamente a capacidade infectante das
bactérias. De qualquer modo, os indivíduos que tossem e não tomam a sua
medicação correctamente podem necessitar de um isolamento mais
prolongado para que não transmitam a doença. Um doente costuma deixar de
ser contagioso ao fim de 10 a 14 dias de tratamento farmacológico. Contudo,
se uma pessoa trabalha com outras muito expostas à doença, como os
pacientes com SIDA ou as crianças pequenas, o médico pode necessitar de
repetir as análises de uma amostra de expectoração para determinar quando já
não existe perigo de transmissão da infecção.
• Órgãos reprodutores:
Homens, Mulheres
• Volume no escroto. Esterilidade
• Coluna
• Dor, possível ruptura de vértebras e paralisia das
pernas
1- BIBLIOGRAFIA
VIALE, Simone (2007)
Biologia para cabeleireiro
Edições Romano
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34. Formação Profissional
Curso de Cabeleireiro Unisexo
ANTUNES, Cristina, et al (2008)
Descobrir a Terra 9
Areal Editores
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www.rcmpharma.com
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