O documento discute o surgimento da filosofia na Grécia antiga e o papel do mito no desenvolvimento inicial do pensamento humano. Antes da razão, os gregos utilizavam mitos, narrativas fantásticas, para explicar fenômenos naturais e origens. Dois exemplos de mitos são o de Prometeu, sobre a origem do fogo, e a Teogonia de Hesíodo, sobre o nascimento dos deuses. Progressivamente, os gregos passaram a usar a razão, analisando causalidades, para compreender o mundo
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MITO E RAZÃO: O NASCIMENTO DA
FILOSOFIA
A filosofia tem importância fundamental para
a compreensão da herança cultural do
Ocidente. Alguns filósofos como Martin
Heiddeger dedicaram um livro inteiro para
responder a questão: o que é a filosofia?
Sejamos mais modestos e vamos entender
a filosofia como uma “atitude de
questionamento diante da realidade”. Em
outra palavras, o filósofo é aquele que
elabora perguntas sobre os objetos que
estão ao seu redor. Com o objetivo de
encontrar a causa dos fenômenos que
ocorrem a sua volta, o homem se pergunta
sobre a razão da existência, sobre a ordem
dos astros, sobre a vida, sobre a morte...
Quando nos referimos ao filósofo, muitas
vezes pensamos naquela pessoa que está
tão envolvida em seus pensamentos que
perde a noção da realidade. É isso mesmo,
o filósofo é aquele que está “absorto” em
seus pensamentos. ( pensativo, preocupado,
concentrado em pensamentos, extasiado.)
De fato o que importa na filosofia é a
pergunta que o pensador se propõe a
responder. As respostas serão diferentes e
variadas de acordo com o desenvolvimento
do pensamento no ocidente. Ou seja, na
verdade, as perguntas, as indagações são o
ponto fundamental na reflexão filosófica,
muitas vezes, mais importante que a própria
resposta, visto que é bastante comum que
filósofos diferentes apresentem respostas
diferentes para as mesmas questões.
Sim, o filósofo pergunta e apresenta uma
resposta que satisfaça sua curiosidade. E a
marca fundamental do pensamento filosófico
está no uso da racionalidade para a
investigação dos problemas por ele
propostos.
Como assim? O instrumento que o filósofo
possui para a análise e solução dos
problemas que são levantados é a razão.
Como devemos entender a palavra “razão”
nesse contexto? Devemos entendê-la como
uma faculdade especificamente humana que
analisa situações segundo o princípio de
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“causa e efeito”, ou seja, para todo efeito, há
uma causa.
Os seres humanos sempre utilizaram a
racionalidade como forma de compreender a
realidade? Não. Então, quando podemos
afirmar que os fatos começam a serem
analisados de forma racional? É possível
dizer que essa tarefa foi realizada de
maneira inigualável pelos gregos entre os
séculos VIII e VI a. C.
Se nem sempre a razão foi o instrumento de
análise e de construção do real, então como
eram solucionadas as dúvidas dos seres
humanos antes do aparecimento da
racionalidade? Para responder essa questão
precisamos compreender o papel do mito
no desenvolvimento do pensamento
humano.
MITO
O Mito pode ser compreendido como um
relato que utiliza a fantasia e a imaginação
para explicar a origem ou o nascimento das
coisas, ou melhor, de todas as coisas.
Quando usamos a expressão “todas as
coisas” nos referimos desde o crescimento
de uma planta ou do momento em que
nasce uma criança até a explicação sobre
uma motivo de uma chuva torrencial.
Quando presenciamos esses fatos nos
perguntamos: como isso é possível? Os
gregos antigos também se perguntavam a
respeito das coisas de seu tempo. A solução
dada pelos pensadores da época foi recorrer
ao mito, uma forma de explicação repleta de
fantasia.
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Deus Thor
Veja um exemplo explicação mítica muito
difundida na Grécia do século VIII a.C.
Como é possível o homem dominar a
técnica do fogo? Quem foram os primeiros a
dominar essa técnica? Se procurarmos a
resposta nos mitos gregos, encontraremos a
explicação no mito de Prometeu.
Segundo a lenda, Prometeu juntamente com
seu irmão Epimeteu tinham a tarefa de criar
os homens e os animais. Epimeteu pegou
para ai a tarefa e deixou a supervisão a
cargo de Prometeu. Os animais criados por
Epimeteu receberam diversas qualidades:
coragem, rapidez, força, eles tinham
carapaça, asas, garras, etc. No entanto
quando chegou o momento de gerar o
homem, criou-o de barro, pois havia gastado
os recursos com os outros animais. Para
compensar a fragilidade do homem,
Prometeu roubou o fogo dos deuses e o deu
aos homens. O fogo trouxe ao homem uma
superioridade sobre os animais que ele até
então não tinha, mas isso causou a fúria dos
deuses, pois o fogo era de uso exclusivo
deles. Zeus, deus do céu e do trovão,
castigou Prometeu acorrentando-o ao cume
de uma montanha ordenando que uma
águia dilacerasse seu fígado todos os dias.
O castigo deveria durar 30.000 anos, mas
Hércules libertou Prometeu.
Você pode achar que o mito é uma forma de
explicação ingênua demais para dar conta
da curiosidade humana sobre a origem das
coisas. De certa forma, não está errada essa
percepção haja vista o avanço da tecnologia
nos dias atuais.
No entanto, tente lembrar de quando você
era criança e não conseguia explicar os
fatos de maneira racional. Como você os
explicava? Não era através da fantasia e da
imaginação?
É só lembrar que um dia acreditamos em
papai Noel, coelho da páscoa, a fada dos
dentes...
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Há uma informação muito importante que
precisa ser guardada na memória: o mito
representa a primeira forma de explicar a
realidade, ou seja, é a primeiro contato que
o ser humano tem com o mundo no sentido
de organizá-lo.
A força do mito está presente na sociedade
grega com as obras dos escritores Homero
e Hesíodo que viveram em torno do século
VIII a.C. Homero escreveu a Ilíada e a
Odisseia, poemas épicos que narram a
guerra de Tróia e a volta do herói Ulisses
para a ilha de Ítaca.
Hesíodo e a Musa.
Na aventura de retorno de Ulisses
percebemos a influência dos deuses tanto
impondo obstáculos para sua chegada a
Ítaca quanto o salvando dos perigos da
viagem. Qual a mensagem implícita nessas
narrativas? Ulisses não é senhor de seu
destino. Ele é mero espectador da vontade
dos deuses. As situações vividas pelo herói
grego mostram como os acontecimentos
tem sua causa no mundo sobrenatural, ou
seja, na esfera mítica.
A mesma leitura pode ser feita para a
origem da chuva e do sol, da bondade e da
maldade, do dia e da noite etc. Outros mitos
gregos tratam de justificar esses eventos por
meio do mito. A função do mito, deve ser
entendida não apenas como a explicação da
realidade, mas ele também tem a função de
tranquilizar e acomodar o homem em um
mundo assustador e instável, onde não há
segurança para todos os itens da vida.
Hesíodo, outro autor grego, escreveu uma
obra chamada Teogonia. Nela há o relato do
nascimento dos deuses segundo um nexo
de causalidade. Nessas obras citadas
podemos detectar a força do elemento
fantástico frente ao elemento racional
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demonstrando a importância dos mitos para
a sociedade grega. Tenha em mente essa
informação sobre Homero e Hesíodo pois
ela poderá ser útil na resolução de questões
do vestibular.
Assim, devemos pensar na seguinte
questão: qual a abrangência do mito na
sociedade? Em sociedades primitivas, por
exemplo, o mito tem significado fundamental
inclusive para a organização social da tribo.
O contato com a divindade sempre ocorre
segundo um intermediador (Pajé) que utiliza
rituais para que a colheita seja boa, que a
chuva ocorra em um período de estiagem,
que determinado componente do grupo seja
curado de uma doença... A realidade da
tribo está envolvida em um “ambiente
mágico”. Esse ambiente fantástico e
ritualístico é o ambiente mítico.
Na atualidade, alguns comportamentos
míticos ainda podem ser identificados e não
devemos entender que isso trate de uma
mentalidade antiga. Na verdade, alguns
aspectos e funções do mito ainda fazem
parte da mentalidade do ser humano e a
mídia é uma das formas de imposição de
estruturas míticas nas sociedades. Por
exemplo, para conquistar compradores, as
revendas de automóveis criam um clima em
torno de algumas marcas de carro, a Ferrari
é uma delas, assim como o mito criado em
torno do Iphone pode se considerado outro
exemplo.
Portanto, devemos entender que o mito não
deve esta preso a um certo momento da
humanidade, pois tanto no passado como na
atualidade o homem tem a necessidade de
responder a situações de sua existência no
mundo.
ANOTAÇÕES:
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