O documento discute a importância da criação de conhecimento no setor público, argumentando que debates sobre terceirização e tamanho do estado são "falsos problemas" que enfraquecem o setor público. Os autores acreditam que o foco deve ser em ter um estado forte que contribua para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, e que a criação e disseminação de conhecimento é essencial para evitar a ineficiência, independentemente do tamanho do estado ou nível de terceirização.
1. Conhecimento não se terceiriza
Roberto Meizi Agune1
José Antônio Carlos2
“Viva como se você fosse morrer amanhã. Aprenda como se fosse viver para sempre.”
Mahatma Gandhi
I. Introdução
Com freqüência, observamos debates acalorados sobre a conveniência da terceirização para
as atividades o setor público. Recorrentemente, vemos também discussões sobre o tamanho
ideal do estado. Os que defendem o estado grande, são “saudados” pela “torcida” adversária
como dinossauros da administração. Já os adeptos do estado mínimo são tachados pela
“galera” contrária como neoliberais a serviço de “tio sam”. Nesta interminável guerra de
torcidas, normalmente quem perde é o Estado.
Neste texto, dois funcionários públicos de carreira, procurarão oferecer a sua visão do
problema, formada ao longo de mais de 30 anos de trabalho em projetos de governo. A
premissa deste artigo é que a discussão de questões tais como se terceirizar é bom ou mal, ou
do adequado tamanho do estado constituem falsos problemas, que segundo nosso julgamento,
só servem para enfraquecer um setor público historicamente combalido, em um momento onde
mudanças complexas tendem a aprofundar o abismo entre o serviço público e as demandas
sociais.
A discussão que nos parece relevante deve procurar responder a seguinte pergunta: nós
queremos um estado burro, “maria vai com as outras” ou um setor público forte que
efetivamente contribua para a contínua melhoria das condições de vida da cidadania? O
tamanho do estado e a terceirização, nesta abordagem podem ser “bandidos” ou “mocinhos”.
Está distribuição de papeis, por sua vez, irá depender da importância que se vier a conferir ao
processo de criação de conhecimento no setor público. Este processo, sim, nos parece o
divisor de águas entre o atraso e o avanço. Grande ou pequeno, terceirizador ou operador, sem
um política estratégica voltada para a de criação de conhecimento e fomento a inovação, o
estado terá sempre um denominador comum, a ineficiência.
1
Superintendente do Núcleo de Capacitação em TIC, Compras Governamentais e Serviços
Terceirizados da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap).
2
Consultor da Fundap, coordenador dos cursos de Gestão do Conhecimento.