A cobiça de Acabe por possuir a vinha de Nabote levou a uma série de ações imorais e ilegais, culminando no assassinato de Nabote e na apropriação indevida de sua propriedade. Acabe sofreu o julgamento divino, mas arrependeu-se, embora não tenha escapado das consequências de seus atos.
1. O ESPÍRITO DO MUNDO
Materialismo
É o ceticismo a respeito da existência daquilo que é
transcendental. Um estilo de vida pautado somente nas coisas
materiais. Após essa vida, dizem os materialistas, tudo acaba.
Hedonismo
Ética pautada na busca intensa pelo prazer inteiramente pessoal.
O sexo, a paz interior e a prosperidade são os sonhos de vida do ser
humano.
Pragmatismo
É o estilo de vida que objetiva o lucro pessoal. Os
relacionamentos de ordem sentimental, espiritual e profissional são
baseados numa perspectiva de barganha.
C O M E N T Á R I O
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Cobiça: Desejo veemente de possuir bens materiais; avidez,
cupidez.
O episódio envolvendo o rei Acabe e a vinha de Nabote é um dos
mais tristes do registro bíblico. Uma grande injustiça é cometida
contra um homem inocente. Triste porque vemos até onde pode
chegar um coração cobiçoso. Por outro lado, o fato é um dos que
melhor revela a manifestação da justiça divina ante as injustiças dos
homens. Acabe matou Nabote e apropriou-se de suas terras.
Todavia, não pôde usufruir do fruto de seu pecado, porque o Senhor,
através do profeta Elias, o denunciou e o disciplinou.
É triste saber que soberanos, governantes e reis injustos
governam, mas é mais maravilhoso saber que um Rei justo governa
todo o universo.
2. I. O OBJETO DA COBIÇA
1. O direito à propriedade no Antigo Israel. De acordo
com o livro de Levítico, a terra pertencia ao Senhor (Lv 25.23). O
israelita da Antiga Aliança estava consciente de que o Senhor lhe
havia dado o direito de explorar a terra como uma concessão. Assim
sendo, ele não poderia vender aquilo que lhe fora dado como
herança divina.
O livro de Números destaca esse fato: “Assim, a herança dos
filhos de Israel não passará de tribo em tribo; pois os filhos de Israel
se chegarão cada um à herança da tribo de seus pais” (Nm 36.7).
Com isso, o Senhor queria proteger seu povo da cobiça, além de
garantir-lhe o direito de cultivar a terra para sua subsistência.
Fica, pois, a lição de que não devemos cobiçar aquilo que é do
próximo, nem tampouco jogar fora aquilo que o Senhor nos confiou
como despenseiros.
2. A herança de Nabote. Acabe queria a vinha de Nabote de
qualquer jeito. Diante da insistência do rei, Nabote contra
argumentou: não poderia desfazer-se de sua herança (1Rs 21.3).
Nabote era obediente ao Senhor e invocou o poder da lei para
proteger-se. Diante desse fato, o rei cobiçoso ficou triste, pois sabia
que até mesmo um monarca hebreu precisava submeter-se à lei
divina (1Sm 10.25). Mas Jezabel, sua esposa, que viera de um reino
pagão, ficou escandalizada com esse fato, pois entre os reinos
gentios os governantes não eram apenas soberanos, eram também
tiranos (1Rs 21.5-7). Dessa forma, ela arquitetou um plano para
apossar-se da vinha de Nabote (1Rs 21.8-14).
Quantas pessoas têm consciência da ilegalidade de determinada
coisa, mas como Acabe ficam à procura de justificativas que a
tornem legal. Cuidado! Deus há de julgar os tiranos e malfeitores.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A cobiça transforma indivíduos comuns em criminosos.
3. II. AS CAUSAS DA COBIÇA
1. A casa de campo de Acabe. O livro de 1 Reis destaca que
Acabe possuía uma segunda residência em Jezreel (1 Rs 18.45,46).
Era uma casa de verão. A vinha de Nabote estava, pois, localizada
próxima à residência de Acabe (1Rs 21.1). O rei Acabe possuía uma
casa real, uma casa de campo, mas não estava satisfeito enquanto
não possuísse a pequena vinha do seu súdito, Nabote. É uma
verdade que muitas pessoas, mesmos sendo ricas, não se satisfazem
com o que têm. Querem mais e mais, e assim mesmo não conseguem
encontrar satisfação. Nenhum ser humano conseguirá satisfazer-se
plenamente se o centro da sua satisfação não estiver em Deus.
2. A horta de Acabe. Acabe estava dominado pelo desejo de
“ter”, de “possuir”. Somente a casa de verão, que sem dúvida era
majestosa, não lhe satisfazia, queria agora construir ao seu lado uma
horta para que seus desejos pudessem ser realizados. Não se
importava em quebrar o mandamento divino: “Não cobiçarás” (Êx
20.17). Mais do que qualquer motivação externa, Acabe estava
totalmente dominado pelos desejos cobiçosos de seu coração.
Jamais devemos incorrer no erro de achar que os fins justificam
os meios, e assim quebrar a Palavra do Senhor na busca de um
desejo meramente egoísta.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Acabe desejou a propriedade de Nabote, pois queria, ali,
construir uma horta.
III. O FRUTO DA COBIÇA
1. Falso testemunho. As atitudes de Acabe foram acontecendo
como reação em cadeia. É evidente que um desejo pecaminoso não
pode dar frutos bons. O problema agora não era somente Acabe, mas
4. também sua famigerada mulher, Jezabel (1Rs 21.7). Foi ela que
arquitetou um plano sórdido para apossar-se da propriedade de
Nabote. Diz o texto sagrado que ela envolveu várias pessoas nesse
intento, incluindo os nobres do reino (1Rs 21.8). Nobres sem
nenhuma nobreza! Escreveu uma carta e selou com o anel de Acabe.
Por conseguinte, com o pleno consentimento do marido, engendrou
o plano, a fim de que Nabote, o Jezreelita, fosse acusado de ter
blasfemado contra Deus e contra o rei (1Rs 21.10). Um simples
desejo que evoluiu para cobiça e falso testemunho.
2. Assassinato e apropriação indevida. A trama precisava
ser bem feita para não gerar desconfiança. E por isso um jejum
deveria ser proclamado, como sinal de lamento por haver Nabote
blasfemado contra o Deus de Israel (1Rs 21.9). Uma prática religiosa
foi usada para dar uma roupagem espiritual ao caso. Como foi
planejado, Nabote e sua família foram apedrejados e mortos
injustamente! (1Rs 21.13). Quantas vezes a Bíblia é usada para
justificar práticas pecaminosas! Resolvido o problema, agora o rei
apoderar-se-ia da vinha de Nabote (1Rs 21.16). Um abismo chama
outro abismo.
O pecado havia evoluído da cobiça para o assassinato!
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A cobiça origina o falso testemunho, assassinato e apropriação
indevida dos bens do outro.
IV. AS CONSEQUÊNCIAS DA COBIÇA
1. Julgamento divino. Tanto Acabe como a sua esposa,
Jezabel, estavam convencidos de que ninguém mais sabia dos seus
intentos. De fato, ninguém dentre o povo soube dos bastidores desse
estratagema diabólico, exceto Elias, o Tisbita. Tão logo Acabe
apossou-se da vinha de Nabote, ordena Deus ao profeta Elias que se
apresente ao rei e lhe proclame o juízo divino: “Falar-lhe-ás,
5. dizendo: Assim diz o Senhor: Porventura, não mataste e tomaste a
herança? Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim diz o Senhor: No lugar
em que os cães lamberam o sangue de Nabote, os cães lamberão o
teu sangue, o teu mesmo” (1Rs 21.19,20).
Alguém pode enganar aos homens, mas nunca ao Senhor. Diante
dEle todas as coisas estão patentes (Hb 4.13).
2. Arrependimento e morte. Duas atitudes podem ser
tomadas diante de uma sentença divina de julgamento: arrepender-
se ou rejeitar a correção. No caso de Acabe, o texto sagrado destaca
que logo após receber a profecia sentenciando a sua morte, ele
“rasgou as suas vestes, e cobriu a sua carne de pano de saco, e
jejuou; e dormia em cima de sacos e andava mansamente. Então,
veio a palavra do Senhor a Elias, o tisbita, dizendo: Não viste que
Acabe se humilha perante mim? Porquanto, pois, se humilha
perante mim, não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu
filho trarei este mal sobre a sua casa” (1 Rs 21.27-29). Acabe
arrependeu-se, mas mesmo assim não teve como se livrar das
consequências de suas ações (1Rs 22.29-40; 2 Rs 1.1-17). O pecado
sempre tem seu alto custo!
SINOPSE DO TÓPICO (IV)
Na cobiça que dominou Acabe, vemos o julgamento divino, e
também arrependimento e morte.
CONCLUSÃO
Lendo a história de Acabe, constatamos logo que o pecado não
compensa. Todas as nossas ações terão consequências, e algumas
delas extremamente amargosas. Deveríamos medir nossas intenções
primeiramente pela Palavra de Deus e somente assim evitaríamos
dar vazão aos nossos instintos. Nossas ações glorificariam a Deus em
vez de satisfazer nossos egos. Acabe fracassou porque esqueceu-se
da Palavra de Deus, preferindo ouvir e seguir a orientação de uma
6. pagã que nada sabia sobre a Lei do Senhor. Quando alguém quebra a
Palavra de Deus, na verdade é ele quem está se quebrando!
V O C A B U L Á R I O
Obsequioso: Que presta obséquios; serviçal, benévolo; afável no
trato.
Tirano: Governante injusto e cruel.
Famigerada: Tristemente afamada.
Sórdido: Que fere a decência, os bons princípios; indecente,
indigno, vergonhoso.
Engendrou: Dar existência a; formar, gerar.
Estratagema: Plano, esquema, previamente estudado e posto em
prática para atingir determinado objetivo.
B I B L I O G R A F I A S U G E R I D A
Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009.
HENRY, M. Comentário Bíblico do Antigo Testamento: Josué
a Ester. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
E X E R C Í C I O S
1. De acordo com a lição, por que Nabote recusou vender a sua
vinha?
R. Porque a terra era dada como uma concessão e como tal não
poderia ser vendida. A lei mosaica ainda proibia um israelita
vender a herança de seus pais.
2. Explique o porquê do desejo de Acabe em se apossar da vinha de
Nabote.
R. Acabe possuía uma casa de verão e queria construir ao seu lado
uma horta.
3. Destaque alguns frutos da cobiça de Acabe.
R. Falso testemunho, apropriação indébita e assassinato.
7. 4. Como Acabe reagiu à sentença de julgamento dada pelo profeta
Elias?
R. Com arrependimento.
5. Lendo a história de Acabe, o que podemos constatar?
R. Que o pecado não compensa.
A U X Í L I O B I B L I O G R Á F I C O I
Subsídio Teológico
“Base legal
O „dia de jejum‟ que Jezabel proclamou sugere que ela havia
convocado os anciãos em assembleia para identificar a causa de
algum recente desastre ou dificuldade (cf. Jl 1.14-18). Alguns
sugerem que a acusação feita pelos dois vilões era que Nabote
abandonara a promessa feita em nome de Deus para vender sua
terra ao rei. O fracasso em manter um juramento feito em nome de
Deus seria blasfêmia. Nesse caso, após a execução de Nabote, o rei
podia legalmente tomar posse da propriedade em disputa. 2 Reis
9.26 acrescenta que os filhos de Nabote foram assassinados ao
mesmo tempo. Com nenhum herdeiro vivo, aparentemente não
havia ficado ninguém para disputar a reclamação de Acabe pela
terra” (RICHARDS, L. O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise
de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 1 ed., RJ: CPAD,
2010, p.238),
A U X Í L I O B I B L I O G R Á F I C O I I
Subsídio Bíblico
“Tendo Nabote sido tirado do caminho, Acabe toma
posse da vinha.
Os anciãos de Jezreel enviaram despreocupadamente a notícia a
Jezabel, como se fosse uma notícia agradável: Nabote foi apedrejado
e morreu (v.14). Aqui observamos que: tão obsequiosos estavam os
anciãos de Jezreel para obedecer as ordens de Jezabel, que ela
8. enviara de Samaria para assassinar Nabote, quanto estavam
obsequiosos os anciãos de Samaria para obedecer as ordens de Jeú
para assassinar os setenta filhos de Acabe, embora nada fosse feito
segundo a lei (2 Rs 10.6,7). Aqueles tiranos, que com suas ordens
perversas corrompem as consciências dos seus magistrados
inferiores, no fim podem talvez receber o troco caindo sobre eles, e
aqueles que se dispõem a fazer uma coisa cruel por eles estarão
prontos a fazer outra coisa cruel contra eles” (HENRY,
M. Comentário Bíblico do Antigo Testamento: Josué a Ester.
1 ed., RJ: CPAD, 2010, p.534).
S U B S Í D I O S E N S I N A D O R C R I S T Ã O
A vinha de Nabote
Não devemos ficar surpresos quando a injustiça e a maldade
forem companheiras das práticas de uma nação quando a mesma se
afasta da lei do Senhor. A descrição dada pelo cronista sobre os dias
do reinado de Acabe não são agradáveis, e mostram um rei fraco,
imaturo e dominado por uma esposa ímpia: “Porém ninguém fora
como Acabe, que se vendera para fazer o que era mau aos olhos do
SENHOR, porque Jezabel, sua mulher, o incitava” (1 Rs 21.25).
Ao lado do palácio de Acabe, havia uma vinha que pertencia a
um homem chamado Nabote. Entendemos pelo texto que aquela
propriedade lhe fora passada por herança: “Porém Nabote disse a
Acabe: Guarde-me o SENHOR de que eu te dê a herança de meus
pais” (1Rs 21.3), o que fortalecia a convicção de Nabote de que ele
não deveria vendê-la nem trocá-la por outra propriedade. É provável
que Nabote tenha sido criado naquele terreno, dedicando-se com
seus pais ao cultivo de uvas.
O que fez Acabe diante da resposta de seu súdito? Ficou
entristecido, como uma criança mimada, e não quis se alimentar. Ao
perceber o que aconteceu, a maligna esposa do rei orquestrou uma
farsa para que o rei tivesse um pouco de alegria: escreveu cartas
ordenando que homens maus acusassem Nabote de ter blasfemado
do Senhor e do rei, para que fosse apedrejado e morto. É curioso ver
9. que pessoas malignas não adoram ao Senhor nem o temem, mas não
se furtam de usar o nome do Senhor para perverter o juízo e cometer
atrocidades. Mas lembremo-nos de que Deus não se deixa
escarnecer nem deixa seu nome ser usado em vão.
O julgamento de Acabe seria terrível, e a sentença seria
transmitida por Elias: “Levanta-te, desce para encontrar-te com
Acabe, rei de Israel, que está em Samaria; eis que está na vinha de
Nabote, aonde tem descido para a possuir. E falar-lhe-ás, dizendo:
Assim diz o SENHOR: Porventura, não mataste e tomaste a
herança? Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim diz o SENHOR: No
lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote, os cães
lamberão o teu sangue, o teu mesmo... E também acerca de Jezabel
falou o SENHOR, dizendo: Os cães comerão Jezabel junto ao
antemuro de Jezreel” (1 Rs 21.18,19,23). Que isso sirva de lição a
todos os que de alguma forma detém o poder e dele abusam: não se
pode zombar de Deus utilizando o poder temporal para realizar
propósitos pessoais e até malignos. A quem muito for dado muito
será cobrado. E todo ato de cobiça, além de reprovado por Deus, será
também duramente punido por Deus.