Este documento apresenta reflexões sobre a espiritualidade humana a partir de diferentes perspectivas culturais e tradições religiosas. Em três frases, resume os principais pontos abordados: discute a natureza multifacetada do ser humano de acordo com tradições como a bíblica, grega e africana; explora grandes temas espirituais como o mal, a salvação e os caminhos para a libertação na visão de tradições como o budismo, hinduísmo e cristianismo; e reflete sobre desafios atuais como a rel
Espiritualidade e as múltiplas dimensões do ser humano
1. ESPIRITUALIDADE:
ALGUMAS
REFLEXÕES
Jean Bartoli
jeanbartoli@uol.com.br
2. O SER HUMANO ?
Natura
Cultura
Aventura
Carlos Josafá
3. PARADOXOS DA NOSSA REALIDADE
Controle Autonomia
MATERIAL
Tangível
Posse Previsão
Pertença Gratuidade
ESPIRITUAL
Seguimento
Intangível
Heteronomia
Fonte: Eduardo Cruz
4. SER HUMANO
Projeto de realização
Feixe de virtualidades
Possibilidade de fracasso, de fixação e de
desvios.
6. VÁRIOS NÍVEIS DA
EXPERIÊNCIA HUMANA
NÍVEIS DE SENTIR CONHECER AGIR
EXISTÊNCIA
FUNÇÕES Perceber Analisar Julgar
TEÓRICAS
FUNÇÕES Consentir Discernir/ Fazer
PRÁTICAS Decidir
PROJEÇÃO Sentir Desejar Realizar
DE VIDA
CULTURAS Associar Interpretar Transformar
Márcio Fabri
8. HARMONIA PRIMITIVA
Passado
REAL APARÊNCIAS
SER ESTAR
ESSÊNCIA EXISTÊNCIA
RECONCILIAÇÃO
Futuro
Fonte: Eduardo Cruz
9. RAZÕES DA ALIENAÇÃO
Nossa fuga de responsabilidade pessoal. Perdemos
o contato conosco mesmos porque permitimos que
outra pessoa ou outra influência qualquer tomam
decisões pessoais em nosso lugar.
Somos treinados e estimulados para distribuir
nossa vida rigidamente em compartimentos. Disto
resulta a perda do senso da nossa própria inteireza
e de nossa integridade.
Segue a impressão de confusão, de fragmentação
da vida e de destruição da própria personalidade.
Segue a pergunta: "De que modo podemos voltar a
manter contato conosco mesmos?"
10. DESPERTAR ESPIRITUAL
HOJE?
HOJE?
Recurso ao ocultismo
Interesse pela meditação oriental
Movimentos religiosos
comunitários
Sensibilidade diante da dimensão
transcendente da experiência.
11. TRÊS INTERROGAÇÕES
SOBRE O HOMEM
Sua unidade e sua unicidade
Sua margem de liberdade e
sua responsabilidade moral
Sua mortalidade.
13. RELAÇÃO DE INCLUSÃO ENTRE TRÊS ESFERAS
BIOSFERA
ESFERA HUMANA
ESFERA
ECONÔMICA
René Passet
14. HOMEM EGÍPCIO
ROSTO:
Sentimentos, Sombra
CORAÇÃO:
Consciência
NOME
Essência do ser
SOPRO
Dom divino
15. HOMEM BÍBLICO
TERRA
Adamah
HOMEM:
Bassar
Nefesh
DEUS
NESHAMA
Respiração
RUAH
Sopro
Genese
16. O HOMEM GREGO
Soma
Psyché:
Percepção, razão,Intuição,
pensamento (lógico e prático)
Nous:
Parte divina,
Visão direta
do Ser
17. HOMEM MAYA
CABEÇA:
Consciência e razão
CORAÇÃO:
Estados da alma
FÍGADO:
Sentimentos e
Paixões irracionais
18. O HOMEM AFRICANO
Multiplicidade dos elementos constitutivos de
nossa natureza.
Tendência à dispersão
Equilíbrio instável: pode ser destruída por
inimigos ocultos
Busca de uma proteção oculta
Primazia do invisível
Dupla rede de dependências:
– Vertical: ancestrais, gênios e deuses
– Horizontal: ascendentes e colaterais do mesmo sangue.
19. BUDISMO: QUATRO
VERDADES NOBRES
Existência da dor
Sua causa
Os meios para eliminá-la
Sua extinção
23. O CORAÇÃO... INTELIGENTE
O coração significa na Bíblia e na tradição cristã,
principalmente oriental, o que o espírito ou o “eu profundo”
representam em outras tradições: o lugar não só da afetividade
mas também da inteligência, do conhecimento, da escolha e da
decisão.
Seria, por assim dizer, o centro o mais central do ser humano,
a interioridade mais interior onde o homem todo é chamado a
se recolher e a superar-se.
Poderia ser designado, também, como o “supra-consciente”
onde domina não o princípio de prazer mas o desejo de
significado, onde o homem se acha religado ao Absoluto pela
sua irredutível liberdade.
24. PENSAMENTOS QUE PODEM
DOMINAR O HOMEM
EPITHYMIA THYMOS NOUS
(PARTE COBIÇOSA) (PARTE EMOTIVA) (PARTE ESPIRITUAL)
GULA TRISTEZA AMBIÇÃO
(medo de morrer de (ser visto pelos outros)
fome)
LUXÚRIA CÓLERA INVEJA
(refugiar-se num mundo (comparação de si
de aparências) mesmo com os outros)
COBIÇA ACÍDIA HYBRIS
(ânsia por tranquilidade) (incapacidade de fazer-se (identificação com a
presente no momento atual) imagem ideal)
Evágrio Pôntico
25. GRANDES TEMAS
PRESENTES NA
BUSCA ESPIRITUAL
E RELIGIOSA
26. TRÊS GRANDES TEMAS
O mal, a morte e o sofrimento
A salvação, as libertação e a
felicidade
A ética, uma lei e alguns
mandamentos, alguns caminhos de
libertação.
27. O MAL
Buda: tudo é dor porque tudo é
impermanente.
Gregos: o mal decorre essencialmente
da liberdade humana.
Judeo-cristianismo: o mal decorre de
um pecado voluntário, da ruptura da
ordem querida por Deus.
28. A SALVAÇÃO, A
LIBERTAÇÃO, A FELICIDADE
Buda: o nirvaná é a extinção da sede e do desejo,
atingida por uma tomada de consciência radical
que conduz o homem num longo caminho ascético
e cognitivo.
Para os gregos, o ser humano é o único
responsável pela busca da própria felicidade.
O Islã concebe o acesso ao paraíso como pura
concessão da vontade divina.
O judeo-cristianismo promete uma salvação que é
dom de Deus e participação do homem.
29. OS CAMINHOS, A LEI, A
ÉTICA
A ação ritual integra-se na concepção de uma
ordem do mundo ou das coisas garantida pelos
deuses.
A noção de lei divina aparece nas religiões
monoteístas.
A lei remete a uma ética, reflexão sobre o ethos
(conjunto de comportamentos que cria uma
segunda natureza).
Esta segunda natureza é adquirida pela prática de
atos virtuosos.
30. BIG BANG E CABALA
O universo teve início com uma explosão e algum
resíduo do tremendo calor desprendido seria uma
radiação cósmica de fundo que perpassaria todo o
universo.
Segundo a Cabala, antes da criação a divindade se
concentrou num ponto que pertence à esfera do
infinito, Ein Sof, a partir do qual o universo se
expande. Algum resíduo da luz divina que
explodiu naquele momento de expansão ainda
persiste.
Fonte: Friedman
31. PARALELOS ENTRE FÍSICA
MODERNA E MISTICISMO ORIENTAL
A unidade de todas as coisas
Além do mundo dos opostos
Espaço-tempo
O universo dinâmico
Vazio e forma
A dança cósmica
Simetrias Quark: um novo Koan?
Padrões de mudança
Interpenetração
Fonte: Capra
33. OS CÓDIGOS BÍBLICOS
CÓDIGO DE PUREZA CÓDIGO DE ALIANÇA
Experiência forte Experiência fundante
Israel estabelecido Exodo, libertação
Templo Sair : busca do caminho
Capital Jerusalém da vida
Sacerdócio real Profetas e Juízes tentando
Matriz Social reunir o povo em vista da
vida.
34. PERDÃO DOS PECADOS
PROXIMIDADE DE DEUS
PUREZA ALIANÇA
Ritual, culto Justiça, Amor, Aliança e
Solidariedade
Purificação,
Denúnica profética da
sacrifícios, ofertas atitude cultualista e
para superar a proposta de atitudes
impureza do pecado existenciais
Pecado é violação da Abominação da injustiça e
Lei, das prescrições. do descompromisso entre
as pessoas.
35. INCIDÊNCIA DOS CÓDIGOS
NA CONCEPÇÃO DE DEUS
PUREZA ALIANÇA
Santidade de Deus Misericordioso
Teofanias Libertador
Deus terrível, Se comove com quem
vingativo, ciumento. sofre
Deus causa morte Vingador do
Deus gera privilégios : injustiçado
alguns são escolhidos Proximidade com ele
e privilegiados. gera vida
Cria igualdades.
36. A VIA DO AMOR
Cristianismo: no sentido de acolhida do outrro e
de doação, é o único caminho proposto pelo
Cristo.
Cabala: Deus tem dois braços, o do rigor e o da
graça.
Budismo: a compaixão ativa para todos os seres
vivos é uma intensificação da benevolência
universal.
Hinduismo: a bakhti significa instaurar uma
relação amorosa com a divindade que permite uma
união total com ela.
37. FATORES CONSTITUTIVOS DA
CONSCIÊNCIA OCIDENTAL
O conhecimento da morte : revelado no
Antigo Testamento.
O conhecimento da liberdade : revelada
pela unicidade da pessoa nos ensinamentos
de Jesus Cristo.
O conhecimento da sociedade : revelada
pelo fato que vivemos numa sociedade
industrial.
fonte : Karl Polanyi
38. CONSEQÜÊNCIAS
O homem aceitou a realidade de sua morte e
construiu o sentido da sua vida física.
O homem aceitou a verdade de que pode
perder a própria alma e que isto é pior do
que a morte : nesta consciência
fundamentou a própria liberdade.
Aceitando sem se queixar a realidade da
sociedade, acha coragem e força para tentar
suprimir toda injustiça e todo atentado à
liberdade.
fonte : Karl Polanyi
41. LINGUAGEM SIMBÓLICA
Existem duas espécies de sinais:
Sinais arbitrários: puramente indicativos,
remetem a uma realidade significada,
presente ou apresentável.
Sinais alegóricos que remetem a uma
realidade significada difícil de ser
representada. Figuram concretamente uma
parte da realidade por eles significada.
42. O SÍMBOLO
Lalande (Vocabulário técnico e crítico da
filosofia, editora Martins Fontes) define o
símbolo como “todo sinal concreto que
evoca, por uma relação natural, algo ausente
ou impossível de ser percebido”.
O símbolo vale por si e é a transfiguração de
uma representação concreta, fazendo
aparecer um sentido secreto: é a revelação
de um mistério.
43. OS DOIS LADOS DO
SÍMBOLO (Ricoeur)
A parte visível de todo símbolo autêntico possui três
dimensões concretas:
Cósmica: encontra sua figuração no mundo
concreto
Onírica: encontra suas raízes nas lembranças, nos
gestos que emergem dos nossos sonhos, parte
muito concreta da nossa vida íntima.
Poética: jorra da linguagem mais viva e mais
concreta.
A parte invisível, de representações indiretas, de sinais
alegóricos inadequados, constitui uma lógica a parte.
44. ESPIRITUALIDADE E
CULTURA
Uma sociedade possui uma cultura, no sentido
profundo da palavra, somente quando é capaz de
engajar-se a serviço de certos ideais, de certos
mitos, de certas crenças.
Ter uma cultura é saber situar-se em relação ao
universo e aos outros homens, ao passado e ao
futuro, ao prazer e ao sofrimento, à vida e à morte.
Pierre Thuillier
45. UMA ESPIRITUALIDADE
CONTEMPORÂNEA?
Espiritualidade como opção fundamental e
horizonte significativo da existência.
Espiritualidade como experiência de Deus.
Espiritualidade como compromisso com o
mundo.
Espiritualidade libertadora.
Espiritualidade comunitária.
46. PROVÉRBIO ÁRABE
Plante uma idéia
e colherás um
hábito
Plante um hábito
e colherás um
caráter
Plante um
caráter e
colherás um
destino.
47. UPANISHAD IV, 4.5
O que for a profundeza do teu ser,
assim será teu desejo.
O que for o teu desejo, assism será tua
vontade.
O que for a tua vontade, assim serão
teus atos.
O que forem os teus atos, assim será
teu destino.