Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Ceará – UFC – como requisito parcial para a realização de dissertação no Mestrado em Filosofia.
Linha de pesquisa: Ensino de Filosofia.
Ensino da Filosofia na Educação Básica para Desenvolver o Pensamento Crítico
1. O ENSINO DA FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
BÁSICA: DESENVOLVER O PENSAR REFLEXIVO
Linha de pesquisa: Ensino de Filosofia
Jocilaine Moreira Batista do Vale
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ-UFC
CENTRO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS
MESTRADO PROFISSIONAL EM FILOSOFIA
2. INTRODUÇÃO
Esse projeto procura focalizar um público
específico em formação: crianças e
adolescentes. Procura mostrar uma forma
alternativa de discutir Filosofia com jovens,
enfatizando a importância da disciplina de
Filosofia na Educação Básica Fundamental
com o objetivo principal de estimular o
pleno desenvolvimento social, afetivo e
cognitivo dos alunos.
3. DELIMITAÇÃO DO OBJETO E
PROBLEMATIZAÇÃO
Como desenvolver um cidadão crítico, autocritico,
criativo e autônomo a partir do pensar bem ou
pensar reflexivo?
Para que a Filosofia contribua com a formação
ética e política na vida dos alunos enquanto
cidadãos, faz-se necessário que haja um
planejamento bem elaborado de propostas
concretas para serem desenvolvidas no seu
ensino, que sejam propostas construtivas em seus
conteúdos teóricos e criativos na sua práxis;
pensando, ensinando e praticando com o
envolvimento dos próprios alunos.
4. JUSTIFICATIVA
A proposta pedagógica da Filosofia visa à realização
do valor da autonomia na análise, reflexão e crítica
dos diferentes objetos que a cultura nos traz, a
implantação da disciplina de filosofia no Ensino
Fundamental encontra um lugar privilegiado, pois o
espaço pedagógico, nesta etapa de ensino, apresenta-
se como uma estrutura da formação cultural do
indivíduo tanto no sentido de seu fortalecimento físico
e equilíbrio emocional, consciência das suas
capacidades e habilidades corporais, quanto no
sentido de seu despertar para o exercício do intelecto,
consciência de suas possibilidades no domínio do
pensamento e no manuseio da linguagem verbal.
5. OBJETIVO GERAL
Oportunizar condições para que os
estudantes, nesse momento da
aprendizagem, possam se sentir seguros
para construir suas hipóteses e inferências
sobre o mundo que os cerca, buscando que
eles pensam, reflitam e tenham ações
individuais e coletivas dentro da esfera da
aprendizagem investigativa, construída em
todos os momentos dedicados a aprender e
a ensinar o que foi apreendido.
6. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Estimular no aluno a observação atenta do mundo
e a efetivação de ações de entendimento e
modificação dessa realidade, e o despertar para o
pensamento reflexivo sobre si mesmo e o
universo que lhe rodeia.
Oportunizar diálogos filosóficos que tenham
significados para a realidade e interesse dos
alunos, estimulando-os para o entendimento das
próprias ideias, das ideias dos outros e o
conhecimento de aspectos filosóficos sobre a
Teoria do Conhecimento, Lógica, Ética, Política e
Estética.
7. OBJETIVOS ESPECIFICOS
Desenvolver a capacidade de raciocínio,
criatividade, compreensão, investigação e
comunicação, introduzindo os alunos no
universo da problemática filosófica,
fazendo-os ver que esse é o universo das
possibilidades.
8. CITAÇÃO
“A Filosofia na escola desde os anos iniciais
desperta a admiração, capta a nossa
atenção e interroga-nos insistentemente,
exigindo uma explicação sobre todos os
temas estudados, seja em qual disciplina
for.” (LIPMAN, 1995, p.120)
9. REFERENCIAL TEÓRICO
O ensino da disciplina de Filosofia exige o pensar
reflexivo sobre “o que” e “como” ensinar. Com
base neste questionamento, o pensador norte-
americano Matthew Lipman propõe o ensino da
Filosofia desde o ensino Básico Fundamental
porque acredita que ela oferece um espaço onde
os valores podem ser submetidos à crítica. Para
ele, tal ensino propicia o desenvolvimento do
“pensar bem”. Pensar reflexivamente de forma
abrangente ou contextualizada ensinando ao
aluno à investigação dialética.
10. MATERIAL TEÓRICO
O Prof. Dr. Matthew Lipman, filósofo e educador norte-
americano, criou o Programa Filosofia para Crianças no
final da década de 60. Pioneiro em pensar a contribuição
da Filosofia para a formação integral das crianças, sua
intuição foi aos poucos se constituindo em um novo
paradigma de educação: uma prática reflexiva e
investigativa em comunidade. Lipman se baseia em J.
Dewey e L.Vygotsky que enfatizam a necessidade de
aprender a pensar e não apenas memorizar conteúdos.
Incorpora contribuições de diversos psicólogos e filósofos
na estruturação de um projeto de ensino da filosofia.
Podemos acrescentar nesta lista nomes como George H.
Mead, C. S. Peirce, Jean Piaget, Justus Buchler, Gilbert
Ryle, Ludwig Wittgenstein, Martin Buber, Kant, dentre
outros.
11. METODOLOGIA
O primeiro eixo tratará das questões éticas, política e
culturais das fases correspondentes ao estudo da
formação filosófica dos pensadores da sua época e país,
seus princípios, valores e compromisso com a sociedade
em que estão inseridas.
O segundo eixo fará considerações, questionamentos,
debates e pontos de vista acerca da motivação de cada
denominação ou seguimento filosófico.
O terceiro e último eixo da pesquisa abordará elementos
teóricos para a compreensão do processo sócio cultural
que resgatará a valorização do “pensar reflexivo” ou
pensar criticamente
12. ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO
Desenvolvimento de Comunidades de Investigação: aulas de
filosofia, onde são introduzidos, mediante a práxis, conceitos
fundamentais da filosofia para crianças ainda no início da sua
formação. O objetivo desta proposta é aproveitar as
disposições naturais das crianças - curiosidade, admiração,
criatividade - para desenvolver com elas conceitos de
filosofia, sobretudo de lógica, e assim desenvolver suas
habilidades cognitivas, promovendo uma sensível melhora no
desempenho geral, dentro e fora da escola, mediante o
exercício do pensamento sistematizado e autônomo.
"Devemos, portanto, aceitar e trabalhar o desejo da criança de
participar, cooperar e investigar. Isto significa a
transformação da sala de aula tradicional em um seminário
em que as crianças serão envolvidas em investigação de
valores de uma maneira participatória e cooperativa."
(LIPMAN, 2002)
13. CONCLUSÃO
A Filosofia, portanto, inserida nos currículos
escolares, não enquanto mais uma disciplina
a povoar as mentes dos alunos com
informações não produtivas, mas como uma
importante ferramenta para a otimização das
potencialidades por meio da prática
investigativa, possui todos os atributos para
revolucionar produtivamente a educação
brasileira, contribuindo, deste modo, para a
capacitação de crianças, jovens e até mesmo
adultos, para o pleno exercício da cidadania
crítica e autônoma.
14. REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. (Dizionário di Filosofia).
Trad. Alfredo Bosi; Ivone Castilho Benedetti. 3 ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
CAMPANER, Sônia. Filosofia: ensinar e aprender/ Sônia Campaner.
São Paulo: Saraiva. 2012.
CUNHA, J. A. Filosofia na educação infantil: fundamentos, métodos e
propostas. Campinas, SP: Editora Alínea, 2005.
LIPMAN, M. A Filosofia vai à escola. São Paulo: Summus, 1990.
_____. Natasha: diálogos Vygotskianos. Porto Alegre: Artes médicas,
2002.
_____. O Pensar na Educação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
_____. Luíza. Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças. São Paulo:
1999. (Coleção Filosofia para Crianças).
MALACARNE, V. Formação dos professores e o Espaço da Filosofia. São
Paulo, 2005. Texto de Qualificação. Faculdade de Educação, Universidade
de São Paulo. Mimeo