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Índice
Introdução....................................................................................................................... 1
Os Maias - Síntese........................................................................................................... 2
Eça de Queirós ................................................................................................................ 4
Biografia ...................................................................................................................... 4
Época Literária ........................................................................................................... 7
Bibliografia.................................................................................................................. 7
Capítulo XIII................................................................................................................... 8
Personagens ................................................................................................................. 8
Espaço/s...................................................................................................................... 11
Tempo ........................................................................................................................ 15
Conclusão ...................................................................................................................... 16
Bibliografia.................................................................................................................... 17
1
Introdução
Este trabalho foi me proposto pela Drª. Anabela Santos, no âmbito da Disciplina
de Português, Módulo 8.
O tema deste trabalho é a obra “Os Maias” do autor Eça de Queirós, este
trabalho visa aprofundar os conhecimentos desta grandiosa e importante obra
formulando uma apresentação clara e completa, de forma a uma maior facilidade de
execução nos exames nacionais.
Neste trabalho irei realizar uma síntese da obra, seguida da biografia e da
bibliografia do autor e um desenvolvimento das Personagens, Espaços e Tempo do
capítulo 13.
A metodologia da pesquisa neste trabalho foi através de motores de busca
digitais, a obra em suporte físico e alguns manuais de Língua Portuguesa.
2
Os Maias - Síntese
Cap. Intriga / Crónica de Costumes
Introdução I Lisboa, outono de 1875: os Maias, "uma antiga família da
Beira", "agora reduzida a dois varões, o senhor da casa, Afonso
da Maia, um velho já, quase um antepassado, mais idoso que o
século, e seu neto Carlos" instalam-se na casa do Ramalhete
restaurada.
Analepse de
Preparação
da Ação
Principal
I
II
III
IV
Juventude de Afonso: estudos em Coimbra, casamento, exílios
em Inglaterra.
Infância e Educação de Pedro.
Infância e Educação de Carlos, em Santa Olávia, no Douro.
Jantar e serão em Santa Olávia Juventude de Carlos em Coimbra
a estudar Medicina; conhece Ega.
Viagem de final de curso pela Europa.
Ação
Principal
IV Lisboa, outono de 1875: regressado da Europa, Carlos instala-
se, com o avô, no Ramalhete, abre um consultório no Rossio e
inicia a construção de um laboratório. O amigo Ega vem para
Lisboa.
V Serão no Ramalhete.
Espetáculo no São Carlos.
Relação Ega/Raquel Cohen; Carlos conhece a Gouvarinho.
VI Carlos é apresentado aos representantes da alta sociedade lisboeta
no Jantar do Hotel Central.
• Carlos vê, pela 1ª vez, Maria Eduarda, à entrada do Hotel
Central; à noite sonha com ela.
VII Carlos revela o seu crescente diletantismo; relaciona-se com
Dâmaso, Craft, Alencar...
• Carlos vê, de novo, Maria Eduarda, agora no Aterro, em dois
3
dias sucessivos. A Gouvarinho visita Carlos no consultório.
VIII • Carlos vai a Sintra com Cruges, na esperança de encontrar
Maria Eduarda.
Carlos encontra Eusebiozinho acompanhado do Palma Cavalão e
de duas espanholas.
IX Carlos vai ao hotel onde está hospedada Maria Eduarda para
tratar Rosa.
Ega é expulso do baile de máscaras dos Cohen, porque este
descobriu a ligação com Raquel.
Concretiza-se a relação Carlos / Condessa de Gouvarinho.
X Carlos começa a cansar-se da relação com a Gouvarinho, mas
não tem coragem de romper.
Nas Corridas no Hipódromo de Belém, Carlos procura, em
vão, Maria Eduarda.
• Carlos recebe um bilhete de Maria Eduarda.
XI 1ª visita de Carlos a casa de Maria Eduarda; seguem-se visitas
diárias.
XII Jantar em casa dos Gouvarinho.
• Carlos e Maria Eduarda confessam o amor mútuo.
XIII Carlos e Maria Eduarda visitam a Toca: consumação do amor.
Carlos rompe com a Gouvarinho.
XIV Afonso parte para Santa OIávia para passar o verão. XIV
• Maria Eduarda muda-se para a Toca e, ao longo do verão,
amadurece a relação com Carlos; ela visita o Ramalhete e
conhece Ega; Castro Gomes, regressado do Brasil, recebe uma
carta sobre a relação de Carlos e Maria Eduarda; conta a Carlos
que Maria Eduarda é sua amante; Carlos ouve, de Maria, a
verdade e pede-a em casamento.
XV Maria Eduarda revela o seu passado a Carlos.
É publicado, na "Corneta do Diabo", um artigo insultuoso sobre
Carlos; descoberta a autoria de Dâmaso, este aceita,
cobardemente, retratar-se
XVI Sarau no Teatro da Trindade
4
• Depois de avistar Carlos e Maria Eduarda juntos, Guimarães
revela o parentesco que os une e entrega a Ega um cofre com
documentos da Monforte.
XVII Ega revela a verdade a Carlos.
• Consumação do incesto: Carlos dorme com Maria Eduarda no
pleno conhecimento dos laços de parentesco. Morte de Afonso.
• Ega entrega os documentos a Maria Eduarda, que parte para
Paris.
Epílogo XVIII Carlos parte com Ega para uma viagem pelo mundo.
Lisboa. janeiro de 1887: Carlos regressa a Portugal, dez anos
depois do fim da relação com Maria Eduarda.
Passeio de Carlos e Ega pelo "velho" coração da capital; visita
ao Ramalhete.
Eça de Queirós
Biografia
José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim, a 25 de Novembro de
1845, filho de José Maria Teixeira de Queirós, magistrado judicial, e Carolina
Augusta Pereira d'Eça, natural de Viana do Castelo. Por se tratar de uma ligação
amorosa irregular, José Maria foi registado como filho de "mãe incógnita".
Passou parte da infância longe dos pais, que só viriam a casar quando ele já tinha
quatro anos. Na verdade passou a maior parte da sua vida como filho ilegítimo,
pois só foi reconhecido aos quarenta anos de idade, na ocasião em que casou. Até
1851 foi criado por uma ama em Vila do Conde; depois foi entregue aos
cuidados dos avós paternos que viviam perto de Aveiro, em Verdemilho.
Por volta dos dez anos foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, onde o pai era
juiz. Ramalho Ortigão era filho do diretor e chegou a ensinar Francês ao jovem
Eça.
5
Em 1861 matriculou-se em Coimbra, no curso de Direito, que concluiu em 1866.
Foi aí que conheceu Antero de Quental e Teófilo Braga mas não se envolveu na
polémica conhecida por Questão Coimbrã (1865-66), que opôs os jovens
estudantes a alguns dos mais conhecidos representantes da segunda geração
romântica.
Segundo o seu próprio testemunho, nesta fase leu os autores franceses que, na
época, entusiasmavam a juventude letrada em Portugal. Em Coimbra, cruzavam-se
a tendência romântica e as novas ideias de raiz positivista e ambas contribuíram
para a formação intelectual de Eça e dos seus companheiros.
Após a formatura, chegou a estabelecer-se como advogado em Lisboa, mas
rapidamente desistiu dessa carreira, que lhe parecia pouco promissora.
Em 1867 fundou e redigiu integralmente, durante perto de meio ano, o jornal "O
Distrito de Évora", com o qual fez oposição política ao governo. Meses depois
instalou-se em Lisboa, passando a colaborar com maior regularidade na "Gazeta de
Portugal", para a qual começara a escrever no ano anterior. Os textos desta época,
publicados posteriormente com o título Prosas Bárbaras, refletem ainda uma
acentuada influência romântica.
Em 1869 fez uma viagem ao Egipto e Palestina, tendo na ocasião assistido à
inauguração do canal de Suez. Acompanhava-o o conde de Resende, com cuja irmã,
Emília de Castro Pamplona, viria a casar em 1886. As impressões dessa viagem
ficaram registadas nos textos que integram o livro “O Egipto” e forneceram o
ambiente para o romance “A Relíquia”.
Ainda em 1869, de parceria com Antero de Quental e Batalha Reis, cria a figura de
Carlos Fradique Mendes, que mais tarde transformaria numa espécie de alter-ego.
Em 1870 escreveu de parceria com Ramalho Ortigão uma série de folhetins a que
deram o nome de “O Mistério da Estrada de Sintra”. A colaboração entre os dois
continuou no ano seguinte com uma publicação de crítica política e social - "As
Farpas". Os textos de Eça de Queirós viriam a ser publicados em livro com o título
“Uma Campanha Alegre”.
Durante a sua estadia em Lisboa reencontrou Antero de Quental e outros jovens
intelectuais e juntos formaram o grupo do Cenáculo, de onde partiu a ideia das
6
Conferências do Casino. O próprio Eça pronunciou uma das palestras, em
12/6/1871, sobre "O Realismo como nova expressão de arte".
Em 1870 havia sido nomeado administrador do concelho de Leiria. Essa curta
estadia forneceu-lhe o material para imaginar o ambiente provinciano e devoto em
que decorre a ação de “O Crime do Padre Amaro”.
Entretanto ingressou na carreira diplomática, tendo sido nomeado cônsul em
Havana (Cuba, na altura colónia espanhola), em 1872. Durante a sua estada procurou
melhorar a situação dos emigrantes chineses, oriundos de Macau, colocados numa
quase escravidão. Durante esse período, fez uma longa viagem pelos Estados Unidos
e Canadá. Foi nesta fase que redigiu o conto Singularidades de uma rapariga loura e
a primeira versão de “O Crime do Padre Amaro”.
Em Dezembro de 1874 foi transferido para Newcastle, onde escreveu “O Primo
Basílio”, e mais tarde para Bristol (1878). Dez anos depois (1888) foi colocado em
Paris, onde permaneceu até à sua morte.
Na sequência das Conferências do Casino, em 1877 Eça projetou uma série de
novelas com que faria uma análise crítica da sociedade portuguesa do seu tempo,
com a designação genérica de "Cenas Portuguesas". Mesmo sem obedecer com rigor
a esse projeto, muitos dos romances escritos por Eça até ao fim da sua vida nasceram
dele: “O Crime do Padre Amaro”, “O Primo Basílio”, “A Capital”, “Os Maias”, “O
Conde de Abranhos” e “Alves e C.a.”
Entre 1889 e 1892 dirige a "Revista de Portugal". Ao longo dos anos colaborou em
muitas outras publicações, tendo esses textos sido publicados postumamente.
Pouco depois da publicação de “Os Maias”, que não obteve o sucesso que o autor
esperava, nota-se na produção romanesca de Eça de Queirós uma significativa
inflexão. Essas últimas obras (“A Ilustre Casa de Ramires”, “A Cidade” e as “Serras
e Contos”) manifestam um certo desencanto face ao mundo moderno e um vago
desejo de retorno às origens, à simplicidade da vida rural.
Eça de Queirós morreu em Paris, a 16 de Agosto de 1900.
7
Época Literária
Os romances de Eça são portadores de um realismo corrosivo, impregnado de um
espetacular, e para a época, inovadora arte narrativa, revelando um humor
caricatural que se mantém sempre atual.
Ao grupo de Coimbra, a que veio chamar-se Geração de 70 levou a cabo uma ampla
ação crítica e renovadora na cultura portuguesa, Entre os seus membros mais
influentes estavam Eça de Queirós, introdutor do realismo literário.
A atividade reformadora da Geração 70 manifestou-se, na literatura, de diversas
formas. Em 1871, deu-se início à edição de “As Farpas”, e mais tarde “Os Maias”
de Eça de Queirós. Nela era feita uma crítica satírica à sociedade portuguesa, toma
como alvo diversos aspetos económicos, políticos, religiosos, mas também literários
dirigindo os seus ataques especialmente à literatura romântica sentimental,
hipócrita e desligando da vida, imoral de acordo com os princípios ideológicos e
artísticos desta nova geração. Eça fazia a defesa do realismo, criticando
violentamente o Romantismo pela sobreposição do sentimentalismo à análise do
real. A prática literária de Eça de Queirós, no entanto, não se manteve dentro dos
limites ortodoxos da doutrina realista ou naturalista.
Bibliografia
O Mistério da Estrada de Sintra (1870)
O Crime do Padre Amaro (1875)
A Tragédia da Rua das Flores (1877-78)
O Primo Basílio (1878)
O Mandarim (1880)
As Minas de Salomão (1885)
A Relíquia (1887)
Os Maias (1888)
Uma Campanha Alegre (1890-91)
Correspondência de Fradique Mendes (1900)
8
A Ilustre Casa de Ramires (1900)
A Cidade e as Serras (1901, póstumo)
Contos (1902, póstumo)
Prosas Bárbaras (1903, póstumo)
Cartas de Inglaterra (1905, póstumo)
Ecos de Paris (1905, póstumo)
Cartas familiares e bilhetes de Paris (1907, póstumo)
Notas contemporâneas (1909, póstumo)
Últimas páginas (1912, póstumo)
A Capital (1925, póstumo)
O Conde de Abranhos (1925, póstumo)
Alves & Companhia (1925, póstumo)
Correspondência (1925, póstumo)
O Egipto (1926, póstumo)
Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929, póstumo)
Eça de Queirós entre os seus - Cartas íntimas (1949, póstumo).
Capítulo XIII
Personagens
Carlos da Maia:
Belo e magnífico rapaz. Era alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros,
pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina, castanha escura, pequena e
aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca. Como diz Eça, ele
tinha uma fisionomia de "belo cavaleiro da Renascença". Carlos trata-se de uma
personagem principal, era culto, bem-educado, de gostos requintados. Ao contrário do
seu pai, é fruto de uma educação à Inglesa. É corajoso e frontal. Amigo do seu amigo
e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o
gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projeto sério).Todavia,
apesar da educação, Carlos fracassou. Não foi devido a esta mas falhou, em parte, por
9
causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos
e também devido a aspetos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, a
futilidade e o espírito boémio da mãe. Eça quis personificar em Carlos a idade da sua
juventude, a que fez a questão Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no
grupo dos Vencidos da Vida, de que Carlos é um bom exemplo.
João da Ega:
Usava "um vidro entalado no olho", tinha "nariz adunco, pescoço esganiçado, punhos
tísicos, pernas de cegonha". João da Ega, personagem secundária, é a projeção literária
de Eça de Queirós. É um personagem contraditório. Por um lado, romântico e
sentimental, por outro, progressista e crítico, sarcástico do Portugal Constitucional.
Amigo íntimo de Carlos desde os tempos de Coimbra, onde se formara em Direito
(muito lentamente). A mãe era uma rica viúva e beata que vivia ao pé de Celorico de
Bastos, com a filha. Boémio, excêntrico, exagerado, caricatural, anarquista sem Deus e
sem moral. É leal com os amigos. Sofre também de diletantismo. Terminado ocurso,
vem viver para Lisboa e torna-se amigo inseparável de Carlos. Ele teve a sua grande
paixão – Raquel Cohen. Um falhado, corrompido pela sociedade. Encarna a figura
defensora dos valores da escola realista por oposição à romântica. Na prática, revela-
se um eterno romântico. Nos últimos capítulos ocupa um papel de grande relevo no
desenrolar da intriga. É a ele que Guimarães entrega o cofre. É juntamente com ele,
que Carlos revela a verdade a Afonso. É ele que diz a verdade a Maria Eduarda e a
acompanha quando esta parte para Paris definitivamente.
Rachel Cohen:
Rachel é uma personagem secundária e é uma belíssima senhora, trata-se da grande
paixão de João da Ega. Esposa de Jacob Cohen, torna-se amante de Ega, mas acaba
por romper o relacionamento, por ser desmascarada pelo marido e ser agredida por
este. Apesar da sua beleza, tem uma alma rasteira e superficial.
Ela acaba por manter o romance com Ega apenas por entretenimento, sem jamais ter
por ele qualquer sentimento mais profundo. Tais características farão com que ela se
aproxime mais tarde do primo Dâmaso de quem se tornará amiga e cúmplice.
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Jacob Cohen:
Cohen, personagem secundária, é amigo de Carlos, contudo não frequenta o ramalhete
justamente por não ter grande intimidade com o mesmo. Marido de Rachel Cohen, é
banqueiro e não ostenta a fortuna que tem. É um homem calculista e cínico, que, não
obstante às responsabilidades acarretadas pelo cargo que ocupa, “lava as mãos” e
aceita que o país, tal como Carlos, caminhe direito à bancarrota, não fazendo nada
para o evitar.
Condessa de Gouvarinho:
Cabelos crespos e ruivos, nariz petulante, olhos escuros e brilhantes, bem feita, pele
clara, fina e doce; é casada com o conde Gouvarinho e é filha de um comerciante
Inglês do Porto. É imoral e sem escrúpulos. Esta personagem secundária trai o marido,
com Carlos, sem qualquer tipo de remorsos. Questões de dinheiro e mediocridade do
conde fazem com que o casal se desentenda. Envolve-se com Carlos e revela-se
apaixonada e impetuosa. Carlos deixa-a, acaba por perceber que ela é uma mulher sem
qualquer interesse, demasiado fútil. No final, depois de ter sido agredida pelo marido,
que descobriu a traição, tudo fica bem entre o casal.
Dâmaso Salcede:
É caraterizado fisicamente como baixo e gordo. Esta personagem secundária era
sobrinho materno de Guimarães e usava o apelido da sua mãe em lugar do de seu pai,
da Silva, sendo a ele e ao tio que se devem, respetivamente, o inicio e o fim dos
amores de Carlos e Maria Eduarda. Psicologicamente é uma súmula de defeitos, filho
de um agiota, acusado por Guimarães de ser judeu, comportando-se com presunção,
cobardice e sem dignidade. Representa o novo-riquismo e os vícios da Lisboa da
segunda metade do séc XIX.
Maria Eduarda:
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Uma personagem principal. Bela mulher: alta, loira, bem-feita, sensual e delicada,
"com um passo soberano de deusa", é "flor de uma civilização superior, faz relevo
nesta multidão de mulheres miudinhas e morenas", era bastante simples na maneira de
vestir. Maria Eduarda nunca é criticada, é uma personagem delineada em poucos
traços, o seu passado é quase desconhecido o que contribui para o aumento e encanto
que a envolve. A sua caracterização é feita através do contraste entre si e as outras
personagens femininas, e ao mesmo tempo, chega-nos através do ponto de vista de
Carlos da Maia, para quem tudo o que viesse de Maria Eduarda era perfeito.
Tomás de Alencar:
Foi amigo de Pedro da Maia e posteriormente de Carlos. Esta personagem secundária
é um falso moralista e incoerente, que acha o Realismo e o Naturalismo imorais, é
desfasado do seu tempo e defensor da crítica literária de natureza académica,
preocupando-se, pois, com os aspetos formais e o plágio em detrimento da natureza
temática. Tomás de Alencar era “muito alto, e com uma face encaveirada, olhos
encovados, e sob nariz aquilino, longos, espessos, românticos bigodes grisalhos”.
Espaço/s
Lisboa:
Lisboa concentra a alma de Portugal, a sua degradação moral, a ociosidade crónica dos
portugueses, simbolizando a decadência nacional, metaforicamente representada pela
estátua de Camões. Por ser a capital, centraliza a vida económica, literária e política do
país. O retrato social que este meio físico proporciona é-nos dado pelos “Episódios da
vida romântica”.
Toca:
Toca é o nome dado à habitação de certos animais, apontando desde logo para o
carácter canibalesco do relacionamento amoroso entre Carlos e Maria Eduarda.
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Este é o recanto idílico, nos Olivais, onde Maria Eduarda e Carlos partilham as curtas
juras de Amor. Propriedade de Craft arrendada por Carlos para preservar a sua
privacidade amorosa, representa simbolicamente o “território” de Carlos e Maria
Eduarda.
A decoração permite-nos antever o desfecho desta relação. Os aposentos de Maria
Eduarda simbolizam a tragicidade da relação, pois estão carregados de presságios: nas
tapeçarias do quarto “desmaiavam, na trama lã, os amores de Vénus e Marte”, de igual
modo o amor de Carlos e de Maria Eduarda estava condenado a desmaiar e
desaparecer; “…a alcova resplandecia como o interior de um tabernáculo profano…”
misturando o sagrado com o profano para simbolizar o desrespeito pelas relações
fraternas. Deste modo, a descrição do quarto tem traços próprios de um local dedicado
ao culto: a porta de comunicação “em arco de capela”, de onde pendia “uma pesada
lâmpada de Renascença” conferindo maior solenidade. Com o sol, o quarto
“resplandecia como (…) um tabernáculo. Carlos mostrava-se indiferente aos
presságios, inconsciente e distante, mas Maria Eduarda impressionava-se ao ver a
cabeça degolada de S. João Baptista, que foi degolado por tem denunciado a relação
incestuosa de Herodes, e a enorme coruja a fitar, com ar sinistro, o seu leito de amor”,
a coruja é considerada uma ave de mau agoiro, que surge aqui para predizer o futuro
sinistro deste amor. O ídolo japonês que há na Toca remete para a sensualidade
exótica, heterodoxa, bestial desta ligação incestuosa. Os guerreiros simbolizam a
heroicidade, os evangelistas, a religião, e os troféus agrícolas, o trabalho que teria
existido na família Maia (e no Portugal). Os dois faunos simbolizam os dois amantes
numa atitude hedonística e desprezada de tudo e de todos. Na primeira noite de amor
entre Carlos e Maria Eduarda, a qual se dá precisamente na Toca, dá-se uma grande
trovoada como que a prever um mau ambiente que se criaria resultante deste incesto.
“Logo depois do portão, penetrava-se numa fresca rua de acácias, onde cheirava bem.
A um lado, por entre a ramagem, aparecia o quiosque, com teto de madeira, pintado de
vermelho, que fora o capricho de Craft, e que ele mobilara à japonesa. E ao fundo era
a casa, caiada de novo, com janelas de peitoril, persianas verdes, e a portinha ao centro
sobre três degraus, flanqueados por vasos de louça azul cheios de cravos.”
“(...)Veio para o gabinete forrado de cretones, que abria sobre o corredor; e ficou ali,
espreitando da porta, mas escondido, por causa do cocheiro da Companhia. (…) , pela
13
rua de acácias, alta e bela, vestida de preto, e com um meio véu espesso como uma
máscara. Os seus pezinhos subiram os três degraus de pedra. (…)”
“Maria Eduarda resvalara sobre uma cadeira, junto da porta, num cansaço delicioso,
deixando calmar o alvoroço do seu coração.
- É muito confortável, é encantador tudo isto — dizia ela olhando lentamente em redor
os cretones do gabinete, o divã turco coberto com um tapete de Brousse, a estante
envidraçada cheia de livros.(…)”
“Começaram pelo segundo andar. A escada era escura e feia: mas os quartos em cima,
alegres, esteirados de novo, forrados de papéis claros, abriam sobre o rio e sobre os
campos.(...)”
“Desceram à sala de jantar. E aí, diante da famosa chaminé de carvalho lavrado,
flanqueada, à maneira de cariátides, pelas duas negras figuras de núbios, com os olhos
rutilantes de cristal, Maria Eduarda começou a achar o gosto do Craft excêntrico,
quase exótico... Também Carlos não lhe dizia que Craft tivesse o gosto correcto de um
ateniense. Era um saxónio batido de um raio de sol meridional: mas havia muito
talento na sua excentricidade...”
“Junto do peitoril crescia um pé de margaridas, e ao lado outro de baunilha que
perfumava o ar. Adiante estendia-se um tapete de relva, mal aparada, um pouco
amarelada já pelo calor de Julho; e entre duas grandes árvores que lhe faziam sombra,
havia ali, para os vagares da sesta, um largo banco de cortiça. Um renque de arbustos
cerrados parecia fechar a quinta, daquele lado, como uma sebe. Depois a colina descia,
com outras quintarolas, casas que se não viam, e uma chaminé de fábrica; e lá no
fundo o rio rebrilhava, vidrado de azul, mudo e cheio de Sol, até às montanhas de
além-Tejo, azuladas também, na faiscação clara do céu de Verão.
(…) O melhor é baptizá-la definitivamente com o nome que nós lhe dávamos. Nós
chamávamos-lhe a Toca.”
“A cozinha agradou-lhe muito, arranjada à inglesa, toda em azulejos. No corredor
Maria Eduarda demorou-se diante de uma panóplia de tourada, com uma cabeça negra
de touro, espadas e garrochas, mantos de seda vermelha, conservando nas suas pregas
uma graça ligeira, e ao lado o cartaz amarelo de la corrida, com o nome de Lagartijo.
(…) desagradou-lhe com o seu luxo estridente e sensual. Era uma alcova recebendo a
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claridade de uma sala forrada de tapeçarias, onde desmaiavam, na trama de lã, os
amores de Vénus e Marte: da porta de comunicação, arredondada em arco de capela,
pendia uma pesada lâmpada da Renascença, de ferro forjado: e, àquela hora, batida
por uma larga faixa de Sol, a alcova resplandecia como o interior de um tabernáculo
profanado, convertido em retiro lascivo de serralho... Era toda forrada, paredes e tecto,
de um brocado amarelo, cor de botão-de-oiro; um tapete de veludo, do mesmo tom
rico, fazia um pavimento de oiro vivo sobre que poderiam correr nus os pés ardentes
de uma deusa amorosa — e o leito de dossel, alçado sobre um estrado, coberto com
uma colcha de cetim amarelo, bordada a flores de oiro, envolto em solenes cortinas
também amarelas de velho brocatel, enchia a alcova, esplêndido e severo, e como
erguido para as voluptuosidades grandiosas de uma paixão trágica do tempo de
Lucrécia ou de Romeu. E era ali que o bom Craft, com um lenço de seda da Índia
amarrado na cabeça, ressonava as suas sete horas, pacata e solitariamente.
Mas Maria Eduarda não gostou destes amarelos excessivos. Depois impressionou-se,
ao reparar num painel antigo, defumado, ressaltando em negro do fundo de todo
aquele oiro — onde apenas se distinguia uma cabeça degolada, lívida, gelada no seu
sangue, dentro de um prato de cobre. E para maior excentricidade, a um canto, de cima
de uma coluna de carvalho, uma enorme coruja empalhada fixava no leito de amor,
com um ar de meditação sinistra, os seus dois olhos redondos e agoirentos... Maria
Eduarda achava impossível ter ali sonhos suaves.
(…) Para desfazer essa impressão desconsolada levou-a ao salão nobre, onde Craft
concentrara as suas preciosidades. Maria Eduarda, porém, ainda descontente, achou-
lhe um ar atulhado e frio de museu.
(…) Enchendo quase a parede do fundo, o famoso armário, o «móvel divino» do Craft,
obra de talha do tempo da Liga Hanseática, luxuoso e sombrio, tinha uma majestade
arquitetural: na base quatro guerreiros, armados como Marte, flanqueavam as portas,
mostrando cada um em baixo-relevo o assalto de uma cidade ou as tendas de um
acampamento; a peça superior era guardada aos quatro cantos pelos quatro
evangelistas, João, Marcos, Lucas e Mateus, imagens rígidas, envolvidas nessas
roupagens violentas que um vento de profecia parece agitar: depois, na cornija, erguia-
se um troféu agrícola com molhos de espigas, foices, cachos de uvas e rabiças de
arados; e, à sombra destas coisas de labor e fartura, dois faunos, recostados em
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simetria, indiferentes aos heróis e aos santos, tocavam, num desafio bucólico, a flauta
de quatro tubos. (…) um luxo morto: finos móveis da Renascença italiana, exibindo os
seus palácios de mármore, com embutidos de cornalina e ágata, que punham um brilho
suave, de joia, sobre a negrura dos ébanos ou o cetim das madeiras cor-de-rosa; cofres
nupciais, longos como baús, onde se guardavam os presentes dos Papas e dos
Príncipes, pintados a púrpura e oiro, com graças de miniatura; contadores espanhóis
empertigados, revestidos de ferro brunido e de veludo vermelho, e com interiores
misteriosos, em forma de capela, cheios de nichos, de claustros de tartaruga... Aqui e
além, sobre a pintura verde-escura das paredes, resplandecia uma colcha de cetim,
toda recamada de flores e de aves de oiro; ou sobre um bocado de tapete do Oriente,
de tons severos, com versículos do Alcorão, desdobrava-se a pastoral gentil de um
minuete em Citera sobre a seda de um leque aberto...
Era ao centro, sobre uma larga peanha, um ídolo japonês de bronze, um deus bestial,
nu, pelado, obeso, de papeira, faceto e banhado de riso, com o ventre ovante,
distendido na indigestão de todo um universo — e as duas perninhas bambas, moles e
flácidas como as peles mortas de um feto. E este monstro triunfava, enganchado sobre
um animal fabuloso, de pés humanos, que dobrava para a terra o pescoço submisso,
mostrando no focinho e no olho oblíquo todo o surdo ressentimento da sua
humilhação...
Sentaram-se ao pé da janela, num divã baixo e largo, cheio de almofadas, cercado por
um biombo de seda branca, que fazia entre aquele luxo do passado um fofo recanto de
conforto moderno: e como ela se queixava um pouco de calor, Carlos abriu a janela.
Junto do peitoril crescia também um grande pé de margaridas; adiante, num velho
vaso de pedra, pousado sobre a relva, vermelhejava a flor de um cato; e dos ramos de
uma nogueira caía uma fina frescura. (...)”
“Os banhos eram ao lado, com um pavimento de azulejo, avivado por um velho tapete
vermelho da Caramânia”.
Tempo
Toda esta obra retrata a segunda metade do séc. XIX
16
Conclusão
Com este trabalho pudemos analisar uma síntese da obra em causa, conhecer a
vida e obra do grande escritor Eça de Queirós a par de uma pequena abordagem à
época literária vivida pelo autor.
Numa fase seguinte abordei o capitulo XIII numa caracterização das
personagens, dos espaços onde decorre a ação do capitulo e uma abordagem ao tempo
onde está inserida a obra.
17
Bibliografia
Os Maias; QUEIRÓS, Eça de
Plural 11; Lisboa Editora; PINTO, Elisa Costa; FONSECA, Paula; BAPTISTA, Vera Saraiva
http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/11osmaias.htm
http://www.livros-digitais.com/eca-de-queiros/os-maias/126
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  • 1. Índice Introdução....................................................................................................................... 1 Os Maias - Síntese........................................................................................................... 2 Eça de Queirós ................................................................................................................ 4 Biografia ...................................................................................................................... 4 Época Literária ........................................................................................................... 7 Bibliografia.................................................................................................................. 7 Capítulo XIII................................................................................................................... 8 Personagens ................................................................................................................. 8 Espaço/s...................................................................................................................... 11 Tempo ........................................................................................................................ 15 Conclusão ...................................................................................................................... 16 Bibliografia.................................................................................................................... 17
  • 2. 1 Introdução Este trabalho foi me proposto pela Drª. Anabela Santos, no âmbito da Disciplina de Português, Módulo 8. O tema deste trabalho é a obra “Os Maias” do autor Eça de Queirós, este trabalho visa aprofundar os conhecimentos desta grandiosa e importante obra formulando uma apresentação clara e completa, de forma a uma maior facilidade de execução nos exames nacionais. Neste trabalho irei realizar uma síntese da obra, seguida da biografia e da bibliografia do autor e um desenvolvimento das Personagens, Espaços e Tempo do capítulo 13. A metodologia da pesquisa neste trabalho foi através de motores de busca digitais, a obra em suporte físico e alguns manuais de Língua Portuguesa.
  • 3. 2 Os Maias - Síntese Cap. Intriga / Crónica de Costumes Introdução I Lisboa, outono de 1875: os Maias, "uma antiga família da Beira", "agora reduzida a dois varões, o senhor da casa, Afonso da Maia, um velho já, quase um antepassado, mais idoso que o século, e seu neto Carlos" instalam-se na casa do Ramalhete restaurada. Analepse de Preparação da Ação Principal I II III IV Juventude de Afonso: estudos em Coimbra, casamento, exílios em Inglaterra. Infância e Educação de Pedro. Infância e Educação de Carlos, em Santa Olávia, no Douro. Jantar e serão em Santa Olávia Juventude de Carlos em Coimbra a estudar Medicina; conhece Ega. Viagem de final de curso pela Europa. Ação Principal IV Lisboa, outono de 1875: regressado da Europa, Carlos instala- se, com o avô, no Ramalhete, abre um consultório no Rossio e inicia a construção de um laboratório. O amigo Ega vem para Lisboa. V Serão no Ramalhete. Espetáculo no São Carlos. Relação Ega/Raquel Cohen; Carlos conhece a Gouvarinho. VI Carlos é apresentado aos representantes da alta sociedade lisboeta no Jantar do Hotel Central. • Carlos vê, pela 1ª vez, Maria Eduarda, à entrada do Hotel Central; à noite sonha com ela. VII Carlos revela o seu crescente diletantismo; relaciona-se com Dâmaso, Craft, Alencar... • Carlos vê, de novo, Maria Eduarda, agora no Aterro, em dois
  • 4. 3 dias sucessivos. A Gouvarinho visita Carlos no consultório. VIII • Carlos vai a Sintra com Cruges, na esperança de encontrar Maria Eduarda. Carlos encontra Eusebiozinho acompanhado do Palma Cavalão e de duas espanholas. IX Carlos vai ao hotel onde está hospedada Maria Eduarda para tratar Rosa. Ega é expulso do baile de máscaras dos Cohen, porque este descobriu a ligação com Raquel. Concretiza-se a relação Carlos / Condessa de Gouvarinho. X Carlos começa a cansar-se da relação com a Gouvarinho, mas não tem coragem de romper. Nas Corridas no Hipódromo de Belém, Carlos procura, em vão, Maria Eduarda. • Carlos recebe um bilhete de Maria Eduarda. XI 1ª visita de Carlos a casa de Maria Eduarda; seguem-se visitas diárias. XII Jantar em casa dos Gouvarinho. • Carlos e Maria Eduarda confessam o amor mútuo. XIII Carlos e Maria Eduarda visitam a Toca: consumação do amor. Carlos rompe com a Gouvarinho. XIV Afonso parte para Santa OIávia para passar o verão. XIV • Maria Eduarda muda-se para a Toca e, ao longo do verão, amadurece a relação com Carlos; ela visita o Ramalhete e conhece Ega; Castro Gomes, regressado do Brasil, recebe uma carta sobre a relação de Carlos e Maria Eduarda; conta a Carlos que Maria Eduarda é sua amante; Carlos ouve, de Maria, a verdade e pede-a em casamento. XV Maria Eduarda revela o seu passado a Carlos. É publicado, na "Corneta do Diabo", um artigo insultuoso sobre Carlos; descoberta a autoria de Dâmaso, este aceita, cobardemente, retratar-se XVI Sarau no Teatro da Trindade
  • 5. 4 • Depois de avistar Carlos e Maria Eduarda juntos, Guimarães revela o parentesco que os une e entrega a Ega um cofre com documentos da Monforte. XVII Ega revela a verdade a Carlos. • Consumação do incesto: Carlos dorme com Maria Eduarda no pleno conhecimento dos laços de parentesco. Morte de Afonso. • Ega entrega os documentos a Maria Eduarda, que parte para Paris. Epílogo XVIII Carlos parte com Ega para uma viagem pelo mundo. Lisboa. janeiro de 1887: Carlos regressa a Portugal, dez anos depois do fim da relação com Maria Eduarda. Passeio de Carlos e Ega pelo "velho" coração da capital; visita ao Ramalhete. Eça de Queirós Biografia José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim, a 25 de Novembro de 1845, filho de José Maria Teixeira de Queirós, magistrado judicial, e Carolina Augusta Pereira d'Eça, natural de Viana do Castelo. Por se tratar de uma ligação amorosa irregular, José Maria foi registado como filho de "mãe incógnita". Passou parte da infância longe dos pais, que só viriam a casar quando ele já tinha quatro anos. Na verdade passou a maior parte da sua vida como filho ilegítimo, pois só foi reconhecido aos quarenta anos de idade, na ocasião em que casou. Até 1851 foi criado por uma ama em Vila do Conde; depois foi entregue aos cuidados dos avós paternos que viviam perto de Aveiro, em Verdemilho. Por volta dos dez anos foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, onde o pai era juiz. Ramalho Ortigão era filho do diretor e chegou a ensinar Francês ao jovem Eça.
  • 6. 5 Em 1861 matriculou-se em Coimbra, no curso de Direito, que concluiu em 1866. Foi aí que conheceu Antero de Quental e Teófilo Braga mas não se envolveu na polémica conhecida por Questão Coimbrã (1865-66), que opôs os jovens estudantes a alguns dos mais conhecidos representantes da segunda geração romântica. Segundo o seu próprio testemunho, nesta fase leu os autores franceses que, na época, entusiasmavam a juventude letrada em Portugal. Em Coimbra, cruzavam-se a tendência romântica e as novas ideias de raiz positivista e ambas contribuíram para a formação intelectual de Eça e dos seus companheiros. Após a formatura, chegou a estabelecer-se como advogado em Lisboa, mas rapidamente desistiu dessa carreira, que lhe parecia pouco promissora. Em 1867 fundou e redigiu integralmente, durante perto de meio ano, o jornal "O Distrito de Évora", com o qual fez oposição política ao governo. Meses depois instalou-se em Lisboa, passando a colaborar com maior regularidade na "Gazeta de Portugal", para a qual começara a escrever no ano anterior. Os textos desta época, publicados posteriormente com o título Prosas Bárbaras, refletem ainda uma acentuada influência romântica. Em 1869 fez uma viagem ao Egipto e Palestina, tendo na ocasião assistido à inauguração do canal de Suez. Acompanhava-o o conde de Resende, com cuja irmã, Emília de Castro Pamplona, viria a casar em 1886. As impressões dessa viagem ficaram registadas nos textos que integram o livro “O Egipto” e forneceram o ambiente para o romance “A Relíquia”. Ainda em 1869, de parceria com Antero de Quental e Batalha Reis, cria a figura de Carlos Fradique Mendes, que mais tarde transformaria numa espécie de alter-ego. Em 1870 escreveu de parceria com Ramalho Ortigão uma série de folhetins a que deram o nome de “O Mistério da Estrada de Sintra”. A colaboração entre os dois continuou no ano seguinte com uma publicação de crítica política e social - "As Farpas". Os textos de Eça de Queirós viriam a ser publicados em livro com o título “Uma Campanha Alegre”. Durante a sua estadia em Lisboa reencontrou Antero de Quental e outros jovens intelectuais e juntos formaram o grupo do Cenáculo, de onde partiu a ideia das
  • 7. 6 Conferências do Casino. O próprio Eça pronunciou uma das palestras, em 12/6/1871, sobre "O Realismo como nova expressão de arte". Em 1870 havia sido nomeado administrador do concelho de Leiria. Essa curta estadia forneceu-lhe o material para imaginar o ambiente provinciano e devoto em que decorre a ação de “O Crime do Padre Amaro”. Entretanto ingressou na carreira diplomática, tendo sido nomeado cônsul em Havana (Cuba, na altura colónia espanhola), em 1872. Durante a sua estada procurou melhorar a situação dos emigrantes chineses, oriundos de Macau, colocados numa quase escravidão. Durante esse período, fez uma longa viagem pelos Estados Unidos e Canadá. Foi nesta fase que redigiu o conto Singularidades de uma rapariga loura e a primeira versão de “O Crime do Padre Amaro”. Em Dezembro de 1874 foi transferido para Newcastle, onde escreveu “O Primo Basílio”, e mais tarde para Bristol (1878). Dez anos depois (1888) foi colocado em Paris, onde permaneceu até à sua morte. Na sequência das Conferências do Casino, em 1877 Eça projetou uma série de novelas com que faria uma análise crítica da sociedade portuguesa do seu tempo, com a designação genérica de "Cenas Portuguesas". Mesmo sem obedecer com rigor a esse projeto, muitos dos romances escritos por Eça até ao fim da sua vida nasceram dele: “O Crime do Padre Amaro”, “O Primo Basílio”, “A Capital”, “Os Maias”, “O Conde de Abranhos” e “Alves e C.a.” Entre 1889 e 1892 dirige a "Revista de Portugal". Ao longo dos anos colaborou em muitas outras publicações, tendo esses textos sido publicados postumamente. Pouco depois da publicação de “Os Maias”, que não obteve o sucesso que o autor esperava, nota-se na produção romanesca de Eça de Queirós uma significativa inflexão. Essas últimas obras (“A Ilustre Casa de Ramires”, “A Cidade” e as “Serras e Contos”) manifestam um certo desencanto face ao mundo moderno e um vago desejo de retorno às origens, à simplicidade da vida rural. Eça de Queirós morreu em Paris, a 16 de Agosto de 1900.
  • 8. 7 Época Literária Os romances de Eça são portadores de um realismo corrosivo, impregnado de um espetacular, e para a época, inovadora arte narrativa, revelando um humor caricatural que se mantém sempre atual. Ao grupo de Coimbra, a que veio chamar-se Geração de 70 levou a cabo uma ampla ação crítica e renovadora na cultura portuguesa, Entre os seus membros mais influentes estavam Eça de Queirós, introdutor do realismo literário. A atividade reformadora da Geração 70 manifestou-se, na literatura, de diversas formas. Em 1871, deu-se início à edição de “As Farpas”, e mais tarde “Os Maias” de Eça de Queirós. Nela era feita uma crítica satírica à sociedade portuguesa, toma como alvo diversos aspetos económicos, políticos, religiosos, mas também literários dirigindo os seus ataques especialmente à literatura romântica sentimental, hipócrita e desligando da vida, imoral de acordo com os princípios ideológicos e artísticos desta nova geração. Eça fazia a defesa do realismo, criticando violentamente o Romantismo pela sobreposição do sentimentalismo à análise do real. A prática literária de Eça de Queirós, no entanto, não se manteve dentro dos limites ortodoxos da doutrina realista ou naturalista. Bibliografia O Mistério da Estrada de Sintra (1870) O Crime do Padre Amaro (1875) A Tragédia da Rua das Flores (1877-78) O Primo Basílio (1878) O Mandarim (1880) As Minas de Salomão (1885) A Relíquia (1887) Os Maias (1888) Uma Campanha Alegre (1890-91) Correspondência de Fradique Mendes (1900)
  • 9. 8 A Ilustre Casa de Ramires (1900) A Cidade e as Serras (1901, póstumo) Contos (1902, póstumo) Prosas Bárbaras (1903, póstumo) Cartas de Inglaterra (1905, póstumo) Ecos de Paris (1905, póstumo) Cartas familiares e bilhetes de Paris (1907, póstumo) Notas contemporâneas (1909, póstumo) Últimas páginas (1912, póstumo) A Capital (1925, póstumo) O Conde de Abranhos (1925, póstumo) Alves & Companhia (1925, póstumo) Correspondência (1925, póstumo) O Egipto (1926, póstumo) Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929, póstumo) Eça de Queirós entre os seus - Cartas íntimas (1949, póstumo). Capítulo XIII Personagens Carlos da Maia: Belo e magnífico rapaz. Era alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca. Como diz Eça, ele tinha uma fisionomia de "belo cavaleiro da Renascença". Carlos trata-se de uma personagem principal, era culto, bem-educado, de gostos requintados. Ao contrário do seu pai, é fruto de uma educação à Inglesa. É corajoso e frontal. Amigo do seu amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projeto sério).Todavia, apesar da educação, Carlos fracassou. Não foi devido a esta mas falhou, em parte, por
  • 10. 9 causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos e também devido a aspetos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, a futilidade e o espírito boémio da mãe. Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a questão Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida, de que Carlos é um bom exemplo. João da Ega: Usava "um vidro entalado no olho", tinha "nariz adunco, pescoço esganiçado, punhos tísicos, pernas de cegonha". João da Ega, personagem secundária, é a projeção literária de Eça de Queirós. É um personagem contraditório. Por um lado, romântico e sentimental, por outro, progressista e crítico, sarcástico do Portugal Constitucional. Amigo íntimo de Carlos desde os tempos de Coimbra, onde se formara em Direito (muito lentamente). A mãe era uma rica viúva e beata que vivia ao pé de Celorico de Bastos, com a filha. Boémio, excêntrico, exagerado, caricatural, anarquista sem Deus e sem moral. É leal com os amigos. Sofre também de diletantismo. Terminado ocurso, vem viver para Lisboa e torna-se amigo inseparável de Carlos. Ele teve a sua grande paixão – Raquel Cohen. Um falhado, corrompido pela sociedade. Encarna a figura defensora dos valores da escola realista por oposição à romântica. Na prática, revela- se um eterno romântico. Nos últimos capítulos ocupa um papel de grande relevo no desenrolar da intriga. É a ele que Guimarães entrega o cofre. É juntamente com ele, que Carlos revela a verdade a Afonso. É ele que diz a verdade a Maria Eduarda e a acompanha quando esta parte para Paris definitivamente. Rachel Cohen: Rachel é uma personagem secundária e é uma belíssima senhora, trata-se da grande paixão de João da Ega. Esposa de Jacob Cohen, torna-se amante de Ega, mas acaba por romper o relacionamento, por ser desmascarada pelo marido e ser agredida por este. Apesar da sua beleza, tem uma alma rasteira e superficial. Ela acaba por manter o romance com Ega apenas por entretenimento, sem jamais ter por ele qualquer sentimento mais profundo. Tais características farão com que ela se aproxime mais tarde do primo Dâmaso de quem se tornará amiga e cúmplice.
  • 11. 10 Jacob Cohen: Cohen, personagem secundária, é amigo de Carlos, contudo não frequenta o ramalhete justamente por não ter grande intimidade com o mesmo. Marido de Rachel Cohen, é banqueiro e não ostenta a fortuna que tem. É um homem calculista e cínico, que, não obstante às responsabilidades acarretadas pelo cargo que ocupa, “lava as mãos” e aceita que o país, tal como Carlos, caminhe direito à bancarrota, não fazendo nada para o evitar. Condessa de Gouvarinho: Cabelos crespos e ruivos, nariz petulante, olhos escuros e brilhantes, bem feita, pele clara, fina e doce; é casada com o conde Gouvarinho e é filha de um comerciante Inglês do Porto. É imoral e sem escrúpulos. Esta personagem secundária trai o marido, com Carlos, sem qualquer tipo de remorsos. Questões de dinheiro e mediocridade do conde fazem com que o casal se desentenda. Envolve-se com Carlos e revela-se apaixonada e impetuosa. Carlos deixa-a, acaba por perceber que ela é uma mulher sem qualquer interesse, demasiado fútil. No final, depois de ter sido agredida pelo marido, que descobriu a traição, tudo fica bem entre o casal. Dâmaso Salcede: É caraterizado fisicamente como baixo e gordo. Esta personagem secundária era sobrinho materno de Guimarães e usava o apelido da sua mãe em lugar do de seu pai, da Silva, sendo a ele e ao tio que se devem, respetivamente, o inicio e o fim dos amores de Carlos e Maria Eduarda. Psicologicamente é uma súmula de defeitos, filho de um agiota, acusado por Guimarães de ser judeu, comportando-se com presunção, cobardice e sem dignidade. Representa o novo-riquismo e os vícios da Lisboa da segunda metade do séc XIX. Maria Eduarda:
  • 12. 11 Uma personagem principal. Bela mulher: alta, loira, bem-feita, sensual e delicada, "com um passo soberano de deusa", é "flor de uma civilização superior, faz relevo nesta multidão de mulheres miudinhas e morenas", era bastante simples na maneira de vestir. Maria Eduarda nunca é criticada, é uma personagem delineada em poucos traços, o seu passado é quase desconhecido o que contribui para o aumento e encanto que a envolve. A sua caracterização é feita através do contraste entre si e as outras personagens femininas, e ao mesmo tempo, chega-nos através do ponto de vista de Carlos da Maia, para quem tudo o que viesse de Maria Eduarda era perfeito. Tomás de Alencar: Foi amigo de Pedro da Maia e posteriormente de Carlos. Esta personagem secundária é um falso moralista e incoerente, que acha o Realismo e o Naturalismo imorais, é desfasado do seu tempo e defensor da crítica literária de natureza académica, preocupando-se, pois, com os aspetos formais e o plágio em detrimento da natureza temática. Tomás de Alencar era “muito alto, e com uma face encaveirada, olhos encovados, e sob nariz aquilino, longos, espessos, românticos bigodes grisalhos”. Espaço/s Lisboa: Lisboa concentra a alma de Portugal, a sua degradação moral, a ociosidade crónica dos portugueses, simbolizando a decadência nacional, metaforicamente representada pela estátua de Camões. Por ser a capital, centraliza a vida económica, literária e política do país. O retrato social que este meio físico proporciona é-nos dado pelos “Episódios da vida romântica”. Toca: Toca é o nome dado à habitação de certos animais, apontando desde logo para o carácter canibalesco do relacionamento amoroso entre Carlos e Maria Eduarda.
  • 13. 12 Este é o recanto idílico, nos Olivais, onde Maria Eduarda e Carlos partilham as curtas juras de Amor. Propriedade de Craft arrendada por Carlos para preservar a sua privacidade amorosa, representa simbolicamente o “território” de Carlos e Maria Eduarda. A decoração permite-nos antever o desfecho desta relação. Os aposentos de Maria Eduarda simbolizam a tragicidade da relação, pois estão carregados de presságios: nas tapeçarias do quarto “desmaiavam, na trama lã, os amores de Vénus e Marte”, de igual modo o amor de Carlos e de Maria Eduarda estava condenado a desmaiar e desaparecer; “…a alcova resplandecia como o interior de um tabernáculo profano…” misturando o sagrado com o profano para simbolizar o desrespeito pelas relações fraternas. Deste modo, a descrição do quarto tem traços próprios de um local dedicado ao culto: a porta de comunicação “em arco de capela”, de onde pendia “uma pesada lâmpada de Renascença” conferindo maior solenidade. Com o sol, o quarto “resplandecia como (…) um tabernáculo. Carlos mostrava-se indiferente aos presságios, inconsciente e distante, mas Maria Eduarda impressionava-se ao ver a cabeça degolada de S. João Baptista, que foi degolado por tem denunciado a relação incestuosa de Herodes, e a enorme coruja a fitar, com ar sinistro, o seu leito de amor”, a coruja é considerada uma ave de mau agoiro, que surge aqui para predizer o futuro sinistro deste amor. O ídolo japonês que há na Toca remete para a sensualidade exótica, heterodoxa, bestial desta ligação incestuosa. Os guerreiros simbolizam a heroicidade, os evangelistas, a religião, e os troféus agrícolas, o trabalho que teria existido na família Maia (e no Portugal). Os dois faunos simbolizam os dois amantes numa atitude hedonística e desprezada de tudo e de todos. Na primeira noite de amor entre Carlos e Maria Eduarda, a qual se dá precisamente na Toca, dá-se uma grande trovoada como que a prever um mau ambiente que se criaria resultante deste incesto. “Logo depois do portão, penetrava-se numa fresca rua de acácias, onde cheirava bem. A um lado, por entre a ramagem, aparecia o quiosque, com teto de madeira, pintado de vermelho, que fora o capricho de Craft, e que ele mobilara à japonesa. E ao fundo era a casa, caiada de novo, com janelas de peitoril, persianas verdes, e a portinha ao centro sobre três degraus, flanqueados por vasos de louça azul cheios de cravos.” “(...)Veio para o gabinete forrado de cretones, que abria sobre o corredor; e ficou ali, espreitando da porta, mas escondido, por causa do cocheiro da Companhia. (…) , pela
  • 14. 13 rua de acácias, alta e bela, vestida de preto, e com um meio véu espesso como uma máscara. Os seus pezinhos subiram os três degraus de pedra. (…)” “Maria Eduarda resvalara sobre uma cadeira, junto da porta, num cansaço delicioso, deixando calmar o alvoroço do seu coração. - É muito confortável, é encantador tudo isto — dizia ela olhando lentamente em redor os cretones do gabinete, o divã turco coberto com um tapete de Brousse, a estante envidraçada cheia de livros.(…)” “Começaram pelo segundo andar. A escada era escura e feia: mas os quartos em cima, alegres, esteirados de novo, forrados de papéis claros, abriam sobre o rio e sobre os campos.(...)” “Desceram à sala de jantar. E aí, diante da famosa chaminé de carvalho lavrado, flanqueada, à maneira de cariátides, pelas duas negras figuras de núbios, com os olhos rutilantes de cristal, Maria Eduarda começou a achar o gosto do Craft excêntrico, quase exótico... Também Carlos não lhe dizia que Craft tivesse o gosto correcto de um ateniense. Era um saxónio batido de um raio de sol meridional: mas havia muito talento na sua excentricidade...” “Junto do peitoril crescia um pé de margaridas, e ao lado outro de baunilha que perfumava o ar. Adiante estendia-se um tapete de relva, mal aparada, um pouco amarelada já pelo calor de Julho; e entre duas grandes árvores que lhe faziam sombra, havia ali, para os vagares da sesta, um largo banco de cortiça. Um renque de arbustos cerrados parecia fechar a quinta, daquele lado, como uma sebe. Depois a colina descia, com outras quintarolas, casas que se não viam, e uma chaminé de fábrica; e lá no fundo o rio rebrilhava, vidrado de azul, mudo e cheio de Sol, até às montanhas de além-Tejo, azuladas também, na faiscação clara do céu de Verão. (…) O melhor é baptizá-la definitivamente com o nome que nós lhe dávamos. Nós chamávamos-lhe a Toca.” “A cozinha agradou-lhe muito, arranjada à inglesa, toda em azulejos. No corredor Maria Eduarda demorou-se diante de uma panóplia de tourada, com uma cabeça negra de touro, espadas e garrochas, mantos de seda vermelha, conservando nas suas pregas uma graça ligeira, e ao lado o cartaz amarelo de la corrida, com o nome de Lagartijo. (…) desagradou-lhe com o seu luxo estridente e sensual. Era uma alcova recebendo a
  • 15. 14 claridade de uma sala forrada de tapeçarias, onde desmaiavam, na trama de lã, os amores de Vénus e Marte: da porta de comunicação, arredondada em arco de capela, pendia uma pesada lâmpada da Renascença, de ferro forjado: e, àquela hora, batida por uma larga faixa de Sol, a alcova resplandecia como o interior de um tabernáculo profanado, convertido em retiro lascivo de serralho... Era toda forrada, paredes e tecto, de um brocado amarelo, cor de botão-de-oiro; um tapete de veludo, do mesmo tom rico, fazia um pavimento de oiro vivo sobre que poderiam correr nus os pés ardentes de uma deusa amorosa — e o leito de dossel, alçado sobre um estrado, coberto com uma colcha de cetim amarelo, bordada a flores de oiro, envolto em solenes cortinas também amarelas de velho brocatel, enchia a alcova, esplêndido e severo, e como erguido para as voluptuosidades grandiosas de uma paixão trágica do tempo de Lucrécia ou de Romeu. E era ali que o bom Craft, com um lenço de seda da Índia amarrado na cabeça, ressonava as suas sete horas, pacata e solitariamente. Mas Maria Eduarda não gostou destes amarelos excessivos. Depois impressionou-se, ao reparar num painel antigo, defumado, ressaltando em negro do fundo de todo aquele oiro — onde apenas se distinguia uma cabeça degolada, lívida, gelada no seu sangue, dentro de um prato de cobre. E para maior excentricidade, a um canto, de cima de uma coluna de carvalho, uma enorme coruja empalhada fixava no leito de amor, com um ar de meditação sinistra, os seus dois olhos redondos e agoirentos... Maria Eduarda achava impossível ter ali sonhos suaves. (…) Para desfazer essa impressão desconsolada levou-a ao salão nobre, onde Craft concentrara as suas preciosidades. Maria Eduarda, porém, ainda descontente, achou- lhe um ar atulhado e frio de museu. (…) Enchendo quase a parede do fundo, o famoso armário, o «móvel divino» do Craft, obra de talha do tempo da Liga Hanseática, luxuoso e sombrio, tinha uma majestade arquitetural: na base quatro guerreiros, armados como Marte, flanqueavam as portas, mostrando cada um em baixo-relevo o assalto de uma cidade ou as tendas de um acampamento; a peça superior era guardada aos quatro cantos pelos quatro evangelistas, João, Marcos, Lucas e Mateus, imagens rígidas, envolvidas nessas roupagens violentas que um vento de profecia parece agitar: depois, na cornija, erguia- se um troféu agrícola com molhos de espigas, foices, cachos de uvas e rabiças de arados; e, à sombra destas coisas de labor e fartura, dois faunos, recostados em
  • 16. 15 simetria, indiferentes aos heróis e aos santos, tocavam, num desafio bucólico, a flauta de quatro tubos. (…) um luxo morto: finos móveis da Renascença italiana, exibindo os seus palácios de mármore, com embutidos de cornalina e ágata, que punham um brilho suave, de joia, sobre a negrura dos ébanos ou o cetim das madeiras cor-de-rosa; cofres nupciais, longos como baús, onde se guardavam os presentes dos Papas e dos Príncipes, pintados a púrpura e oiro, com graças de miniatura; contadores espanhóis empertigados, revestidos de ferro brunido e de veludo vermelho, e com interiores misteriosos, em forma de capela, cheios de nichos, de claustros de tartaruga... Aqui e além, sobre a pintura verde-escura das paredes, resplandecia uma colcha de cetim, toda recamada de flores e de aves de oiro; ou sobre um bocado de tapete do Oriente, de tons severos, com versículos do Alcorão, desdobrava-se a pastoral gentil de um minuete em Citera sobre a seda de um leque aberto... Era ao centro, sobre uma larga peanha, um ídolo japonês de bronze, um deus bestial, nu, pelado, obeso, de papeira, faceto e banhado de riso, com o ventre ovante, distendido na indigestão de todo um universo — e as duas perninhas bambas, moles e flácidas como as peles mortas de um feto. E este monstro triunfava, enganchado sobre um animal fabuloso, de pés humanos, que dobrava para a terra o pescoço submisso, mostrando no focinho e no olho oblíquo todo o surdo ressentimento da sua humilhação... Sentaram-se ao pé da janela, num divã baixo e largo, cheio de almofadas, cercado por um biombo de seda branca, que fazia entre aquele luxo do passado um fofo recanto de conforto moderno: e como ela se queixava um pouco de calor, Carlos abriu a janela. Junto do peitoril crescia também um grande pé de margaridas; adiante, num velho vaso de pedra, pousado sobre a relva, vermelhejava a flor de um cato; e dos ramos de uma nogueira caía uma fina frescura. (...)” “Os banhos eram ao lado, com um pavimento de azulejo, avivado por um velho tapete vermelho da Caramânia”. Tempo Toda esta obra retrata a segunda metade do séc. XIX
  • 17. 16 Conclusão Com este trabalho pudemos analisar uma síntese da obra em causa, conhecer a vida e obra do grande escritor Eça de Queirós a par de uma pequena abordagem à época literária vivida pelo autor. Numa fase seguinte abordei o capitulo XIII numa caracterização das personagens, dos espaços onde decorre a ação do capitulo e uma abordagem ao tempo onde está inserida a obra.
  • 18. 17 Bibliografia Os Maias; QUEIRÓS, Eça de Plural 11; Lisboa Editora; PINTO, Elisa Costa; FONSECA, Paula; BAPTISTA, Vera Saraiva http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/11osmaias.htm http://www.livros-digitais.com/eca-de-queiros/os-maias/126 http://www.google.com http://www.youtube.com http://www.wikipedia.com http://pt.slideshare.net