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  • 1. Ligue o som AmigosAmigos Do poetaDo poeta Vinicius deVinicius de MoraisMorais
  • 2. Tenho amigosTenho amigos que nãoque não sabem osabem o quanto sãoquanto são meus amigos.meus amigos. Não percebemNão percebem o amor queo amor que lhes devoto e alhes devoto e a absolutaabsoluta necessidadenecessidade que tenhoque tenho deles.deles.
  • 3. A amizade é umA amizade é um sentimentosentimento mais nobre do quemais nobre do que o amor, eis queo amor, eis que permite que opermite que o objeto dela seobjeto dela se divida em outrosdivida em outros afetos, enquanto oafetos, enquanto o amor temamor tem intrínseco ointrínseco o ciúme, que nãociúme, que não admite aadmite a rivalidade.rivalidade.
  • 4. E eu poderiaE eu poderia suportar, emborasuportar, embora não sem dor, quenão sem dor, que tivessem morridotivessem morrido todos os meustodos os meus amores, masamores, mas enlouqueceria seenlouqueceria se morressemmorressem todos os meustodos os meus amigos!amigos!
  • 5. Até mesmoAté mesmo aqueles queaqueles que nãonão percebem opercebem o quanto sãoquanto são meusmeus amigos e oamigos e o quanto minhaquanto minha vida dependevida depende de suasde suas existências...existências...
  • 6. A alguns deles nãoA alguns deles não procuro, basta-meprocuro, basta-me saber que eles existem.saber que eles existem. Esta mera condição meEsta mera condição me encoraja a seguir emencoraja a seguir em frente pela vida.frente pela vida. Mas, porque não osMas, porque não os procuro comprocuro com assiduidade, nãoassiduidade, não posso lhes dizer oposso lhes dizer o quanto gosto deles.quanto gosto deles. Eles não iriamEles não iriam acreditar.acreditar.
  • 7. Muitos deles estãoMuitos deles estão lendo esta crônicalendo esta crônica e não sabeme não sabem que estão incluídosque estão incluídos na sagrada relaçãona sagrada relação de meus amigos.de meus amigos. Mas é deliciosoMas é delicioso que eu saiba eque eu saiba e sinta que os adoro,sinta que os adoro, embora nãoembora não declare e não osdeclare e não os procure.procure.
  • 8. E às vezes, quando osE às vezes, quando os procuro, noto que elesprocuro, noto que eles não temnão tem noção de como menoção de como me são necessários, desão necessários, de como sãocomo são indispensáveis aoindispensáveis ao meumeu equilíbrio vital, porqueequilíbrio vital, porque eles fazem parte doeles fazem parte do mundo que eu,mundo que eu, tremulamente,tremulamente, construí e se tornaramconstruí e se tornaram alicerces do meualicerces do meu encanto pela vida.encanto pela vida.
  • 9. Se um deles morrer,Se um deles morrer, eu ficarei torto paraeu ficarei torto para um lado.um lado. Se todos elesSe todos eles morrerem, eumorrerem, eu desabo!desabo! Por isso é que, semPor isso é que, sem que eles saibam, euque eles saibam, eu rezo pela vida deles.rezo pela vida deles. E me envergonho,E me envergonho, porque essa minhaporque essa minha prece é, emprece é, em síntese, dirigida aosíntese, dirigida ao meu bem estar. Elameu bem estar. Ela é, talvez, fruto doé, talvez, fruto do meu egoísmo.meu egoísmo.
  • 10. Por vezes, mergulhoPor vezes, mergulho em pensamentosem pensamentos sobre alguns deles.sobre alguns deles. Quando viajo e ficoQuando viajo e fico diante de lugaresdiante de lugares maravilhosos,maravilhosos, cai-me algumacai-me alguma lágrima por nãolágrima por não estarem junto deestarem junto de mim,mim, compartilhandocompartilhando daquele prazer ...daquele prazer ...
  • 11. Se alguma coisa meSe alguma coisa me consome e me envelhececonsome e me envelhece é que aé que a roda furiosa da vida nãoroda furiosa da vida não me permite ter sempre aome permite ter sempre ao meu lado, morandomeu lado, morando comigo, andando comigo,comigo, andando comigo, falando comigo, vivendofalando comigo, vivendo comigo, todos os meuscomigo, todos os meus amigos, e, principalmenteamigos, e, principalmente os que só desconfiam ouos que só desconfiam ou talvez nunca vão sabertalvez nunca vão saber que são meus amigos!que são meus amigos!
  • 12. A gente não fazA gente não faz amigos,amigos, reconhece-os.reconhece-os. F i m