SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  24
Télécharger pour lire hors ligne
A Ética
no contexto da Sociedade
do Conhecimento e
da Informação
5 de Novembro de 2004
Ordem dos Engenheiros
A Ética contextualizada - A pessoa, o profissional,
a empresa, a organização
Prof. José Manuel Moreira ( Univ. Aveiro )
CNEI
Patrocínio
A Ética contextualizada – A pessoa,
o profissional, a empresa, a organização
José Manuel MOREIRA
Professor Associado
Universidade de Aveiro
Será que há mesmo falta de ética?
Valores universais e não universais
Compromissos com valores imutáveis
e permanentes
Natureza humana: uni(d)iversidade
Valores morais e valores culturais
Ética e/ou Moral?
Pressões Externas
Pressão Interna
Opção de consciência,
princípios e valores
Hábitos e Costumes
(Interesses e/ou vontades?)
Ética e Deontologia da Profissão
Ética: compromisso com valores
duradouros
Deontologia fixa os deveres e
responsabilidades requeridos por um
determinado ambiente profissional e pode
reflectir evolução e novas prioridades
Código de conduta profissional
A ética e deontologia de uma profissão
constitui em conjunto o seu código de conduta
profissional
Para garantia e segurança da sociedade e defesa
dos próprios profissionais face a exigências e
prepotências a que possam ser sujeitos
Um código de conduta profissional é um
componente essencial indespensável para o
exercício livre e responsável de qualquer
profissão digna de “confiança pública”
Por quê a ética e para quê um
código deontológico?
A ética e deontologia profissional têm vindo a
merecer crescente atenção nos últimos anos,
embora nem sempre por motivos estritamente
éticos.
A ética não é uma opção, mas uma necessidade.
Ninguém pode viver sem uma normativa ética.
A ética, mais do que condenar, promove; a ética
permite-nos atingir metas que de outra maneira
ficariam distantes.
Os mais recentes acontecimentos têm vindo a
mostrar que cada vez mais, como diz o povo,
“quem se mete em atalhos mete-se em trabalhos”,
Os “atalhos” em ética pagam-se quase sempre
muito caro, com custos e perdas, tangíveis e
intangíveis.
Seria um grave erro pensar que, em especial no
mundo dos negócios e do exercício profissional, a
ética está a mais.
Códigos de conduta: exigências e
recomendações
Esquecemo-nos muitas vezes que um dos
objectivos dos códigos de conduta é auto-
regular a própria actividade, antes que a
legislação laboral o faça por nós. Mais:
devemos partir do convencimento de que os
usos corruptos acabam por viciar a vida de
qualquer organização: a corrupção é que
corrompe, não o dinheiro ou o poder.
Para um melhor enquadramento
do exercício da profissão
Ética e Economia de mercado
Sistema económico, sistema político e sistema
ético-cultural
Lei/Liberdade
Progresso/Tradição
“Inteligentes”/“Espertinhos”
Valores e Fins
Factos e Valorações
Precisões teóricas
1. Ética: diz respeito, antes de mais, à relação
comigo mesmo
2. Ética dos” mínimos” e ética dos “máximos”
3. Ética da “primeira pessoa” e ética da “terceira
pessoa”
Pilares para um edifício ético
A ética profissional não é uma ética distinta da
ética geral.
O sujeito da ética é a pessoa, não a associação ou a
empresa.
É uma ciência prática: não se estuda para saber,
mas para actuar. É uma ciência normativa: não diz
como actua a maioria - isso seria sociologia - ,
mas como deveríamos actuar.
A ética é uma ciência teórica de carácter
normativo, como a lógica, ainda que esta se dirija
à razão e a ética à vontade.
Não se deve confundir, por isso, a moral com a
moralidade.
A ética nem sempre coincide com a legalidade.
Os comportamentos éticos devem nascer de
convicções internas, quer estas sejam de
natureza transcendente, quer de raiz humanista.
A ética é algo para ser vivido todos os dias, não
um remédio ou uma solução para quando surge
um problema ou um conflito.
Para uma ética bem aplicada
1. Como as pessoas boas tomam decisões
difíceis
2. Juízos e decisões
3. Liberdade e Bem
Valor e limites dos códigos
A temática dos códigos de ética deve servir para mostrar
que a ética não é a fria aplicação de normas.
A ciência ética não se deve fixar nas “muletas”, deve
centrar-se antes no dever ser próprio da pessoa livre e
consciente.
Mais do que as “determinações”, o essencial da ética é a
“auto-determinação”.
As “muletas” do dever ser podem até ser vistas como
estruturas do bem, mas não são o Bem.
“ O mapa não é o território e o menu não é a comida”
(Ronald Laing)
Ética: um valor com ou sem preço?
Quanto vale a ética? Quanto custa?
É um luxo a que (não) nos podemos permitir?
A ética paga? A ética dá dinheiro?
A ética conta... e conta cada vez mais.
A honradez é a melhor política!
Fundamento (económico e ético)
da empresa: riqueza e serviço
“A empresa é hoje vista como uma
comunidade de pessoas com um objectivo
que muitos consideram ser bifronte: por
um lado, acrescentar valor económico,
isto é criar riqueza para todos os
participantes na empresa; e, por outro,
prestar serviço à sociedade em que a
empresa está inserida”
Ética e Estrutura de Rentabilidade
Benefícios explícitos
Benefícios ocultos
Custos Explícitos
Custos ocultos
Eu
Organização
Sociedade
Humanidade
Ambiente
Médio Longo
Curto
in José Luis Fernandez
Quatro Responsabilidades Sociais:
comuns a todas as empresas
Produzir bens e serviços de qualidade com o intuito
de satisfazer necessidades humanas;
Produzir com eficiência, não desperdiçando recursos
e evitando custos desnecessários;
Garantir a continuidade da empresa, a sua auto-
continuidade – “espírito de custódia” - passagem de
testemunho;
Garantir o desenvolvimento humano dos seus
membros, uma vez que esta é a primeira condição de
qualquer organização
Janelas de Compromisso Ético
Fazer as coisas bem
Ser limpo
Ser honesto
Obedecer ao espírito da
lei
Evitar fazer injustiças
Respeitar os
compromissos
Evitar a fraude
Obedecer à letra da lei
Ajudar os outros
Contribuir para a
melhoria social
Desenvolver o potencial
pessoal
Respeito pelos outros
Evitar o dano social
Praticar a
responsabilidade social
HUMANIDADE
IDEAIS
JUSTIÇA
OBRIGAÇÃO ASPIRAÇÃO
NÍVEIS
Normas, bens e virtudes
CUMPRIMENTO
NORMAS
BENS
(valores)
VIRTUDES
INTEGRIDADE
EXCELÊNCIA
Visões e posturas
CUMPRIMENTO
DEONTOLÓGICA (fixação nas normas)
INTEGRIDADE
UTILITARISTA (fixação nos valores)
INTEGRAL (evita abordagens
unilaterais)
EXCELÊNCIA
Em suma, o código de conduta - como toda a norma -
representa um ideal de comportamento, mas o comportamento
real não reside na norma, mas na virtude.
Para o código, basta uma aprendizagem teórica, mas a virtude
requer uma aprendizagem prática: a virtude adquire-se.
As normas têm sentido na medida em que facilitam a aquisição
de virtudes, ao assinalar o que se deve fazer e o que convém
evitar.
Nota final
A simples implantação de um código de
comportamento não assegura que se apreciem e se
pratiquem os valores e normas que nele se
estabelecem. O código de conduta é algo que se
pode aprender, enquanto a rectidão moral e a
competência profissional se adquirem com
esforço, dentro de uma comunidade de
aprendizagem e graças a contínuos exercícios de
ensaio e erro, de equívocos e melhorias.

Contenu connexe

Similaire à Ética contextualizada - Pessoa, profissional, empresa e organização

Ogd mod 5_conteúdos _ aula 2
Ogd mod 5_conteúdos _ aula 2Ogd mod 5_conteúdos _ aula 2
Ogd mod 5_conteúdos _ aula 2mitrablueaires
 
Slaid rotinas administrativas
Slaid rotinas administrativasSlaid rotinas administrativas
Slaid rotinas administrativasmarcelo borges
 
A importância do comp. ético nas...... (1)
A importância do comp. ético nas...... (1)A importância do comp. ético nas...... (1)
A importância do comp. ético nas...... (1)Adaias Ramos
 
Etica e postura profissional- Profº Gilberto de Jesus
Etica e postura profissional- Profº Gilberto de JesusEtica e postura profissional- Profº Gilberto de Jesus
Etica e postura profissional- Profº Gilberto de JesusGilberto de Jesus
 
Postura ética
Postura éticaPostura ética
Postura éticaleojusto
 
Ética, comprometimento e comportamento
Ética, comprometimento e comportamentoÉtica, comprometimento e comportamento
Ética, comprometimento e comportamentopsiandreasantos
 
Aula 1 definio e.c.o
Aula 1   definio e.c.oAula 1   definio e.c.o
Aula 1 definio e.c.oLucas Dalben
 
Cp 4 dr_2_funções dos códigos de conduta
Cp 4 dr_2_funções dos códigos de condutaCp 4 dr_2_funções dos códigos de conduta
Cp 4 dr_2_funções dos códigos de condutaSILVIA G. FERNANDES
 
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.ppt
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.pptCap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.ppt
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.pptUliamAndrade
 
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.ppt
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.pptCap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.ppt
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.pptraissarosa12
 
Resumo ética nas negociações
Resumo ética nas negociaçõesResumo ética nas negociações
Resumo ética nas negociaçõesAlexandre Peniche
 
15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_etica15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_eticaefasecundario15
 
15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_etica15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_eticaefasecundario
 
15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_etica15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_eticaefasecundario
 

Similaire à Ética contextualizada - Pessoa, profissional, empresa e organização (20)

Ogd mod 5_conteúdos _ aula 2
Ogd mod 5_conteúdos _ aula 2Ogd mod 5_conteúdos _ aula 2
Ogd mod 5_conteúdos _ aula 2
 
Slaid rotinas administrativas
Slaid rotinas administrativasSlaid rotinas administrativas
Slaid rotinas administrativas
 
A importância do comp. ético nas...... (1)
A importância do comp. ético nas...... (1)A importância do comp. ético nas...... (1)
A importância do comp. ético nas...... (1)
 
Etica e postura profissional- Profº Gilberto de Jesus
Etica e postura profissional- Profº Gilberto de JesusEtica e postura profissional- Profº Gilberto de Jesus
Etica e postura profissional- Profº Gilberto de Jesus
 
Postura ética
Postura éticaPostura ética
Postura ética
 
Ética, comprometimento e comportamento
Ética, comprometimento e comportamentoÉtica, comprometimento e comportamento
Ética, comprometimento e comportamento
 
Aula 1 definio e.c.o
Aula 1   definio e.c.oAula 1   definio e.c.o
Aula 1 definio e.c.o
 
Cp 4 dr_2_funções dos códigos de conduta
Cp 4 dr_2_funções dos códigos de condutaCp 4 dr_2_funções dos códigos de conduta
Cp 4 dr_2_funções dos códigos de conduta
 
Ética_nas_organizações
Ética_nas_organizaçõesÉtica_nas_organizações
Ética_nas_organizações
 
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.ppt
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.pptCap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.ppt
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.ppt
 
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.ppt
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.pptCap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.ppt
Cap_7_Etica_sustentabilidade_seguranca.ppt
 
Conduta Ética - Prof. Reinaldo Bulgarelli
Conduta Ética - Prof. Reinaldo BulgarelliConduta Ética - Prof. Reinaldo Bulgarelli
Conduta Ética - Prof. Reinaldo Bulgarelli
 
01. ética, moral e valores
01. ética, moral e valores01. ética, moral e valores
01. ética, moral e valores
 
Trabalho ética
Trabalho éticaTrabalho ética
Trabalho ética
 
Ética nas organizações e sustentabilidade
Ética nas organizações e sustentabilidadeÉtica nas organizações e sustentabilidade
Ética nas organizações e sustentabilidade
 
Resumo ética nas negociações
Resumo ética nas negociaçõesResumo ética nas negociações
Resumo ética nas negociações
 
Ética Moral e Valores.
Ética Moral e Valores.Ética Moral e Valores.
Ética Moral e Valores.
 
15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_etica15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_etica
 
15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_etica15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_etica
 
15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_etica15 tiago alves_powerpoint_etica
15 tiago alves_powerpoint_etica
 

Plus de JoseAssis9

povocigano-091101120548-phpapp02.pdf
povocigano-091101120548-phpapp02.pdfpovocigano-091101120548-phpapp02.pdf
povocigano-091101120548-phpapp02.pdfJoseAssis9
 
CIMAVE_secpro_CriatInov_ApresProcessoWD.pdf
CIMAVE_secpro_CriatInov_ApresProcessoWD.pdfCIMAVE_secpro_CriatInov_ApresProcessoWD.pdf
CIMAVE_secpro_CriatInov_ApresProcessoWD.pdfJoseAssis9
 
Referencial animação.pdf
Referencial animação.pdfReferencial animação.pdf
Referencial animação.pdfJoseAssis9
 
Empregado_andares_811180_RFA_RefEFA.pdf
Empregado_andares_811180_RFA_RefEFA.pdfEmpregado_andares_811180_RFA_RefEFA.pdf
Empregado_andares_811180_RFA_RefEFA.pdfJoseAssis9
 
1327579883_construção_gestão_programas__animação_turística.pdf
1327579883_construção_gestão_programas__animação_turística.pdf1327579883_construção_gestão_programas__animação_turística.pdf
1327579883_construção_gestão_programas__animação_turística.pdfJoseAssis9
 

Plus de JoseAssis9 (6)

Calandra.pptx
Calandra.pptxCalandra.pptx
Calandra.pptx
 
povocigano-091101120548-phpapp02.pdf
povocigano-091101120548-phpapp02.pdfpovocigano-091101120548-phpapp02.pdf
povocigano-091101120548-phpapp02.pdf
 
CIMAVE_secpro_CriatInov_ApresProcessoWD.pdf
CIMAVE_secpro_CriatInov_ApresProcessoWD.pdfCIMAVE_secpro_CriatInov_ApresProcessoWD.pdf
CIMAVE_secpro_CriatInov_ApresProcessoWD.pdf
 
Referencial animação.pdf
Referencial animação.pdfReferencial animação.pdf
Referencial animação.pdf
 
Empregado_andares_811180_RFA_RefEFA.pdf
Empregado_andares_811180_RFA_RefEFA.pdfEmpregado_andares_811180_RFA_RefEFA.pdf
Empregado_andares_811180_RFA_RefEFA.pdf
 
1327579883_construção_gestão_programas__animação_turística.pdf
1327579883_construção_gestão_programas__animação_turística.pdf1327579883_construção_gestão_programas__animação_turística.pdf
1327579883_construção_gestão_programas__animação_turística.pdf
 

Ética contextualizada - Pessoa, profissional, empresa e organização

  • 1. A Ética no contexto da Sociedade do Conhecimento e da Informação 5 de Novembro de 2004 Ordem dos Engenheiros A Ética contextualizada - A pessoa, o profissional, a empresa, a organização Prof. José Manuel Moreira ( Univ. Aveiro ) CNEI Patrocínio
  • 2. A Ética contextualizada – A pessoa, o profissional, a empresa, a organização José Manuel MOREIRA Professor Associado Universidade de Aveiro
  • 3. Será que há mesmo falta de ética? Valores universais e não universais Compromissos com valores imutáveis e permanentes Natureza humana: uni(d)iversidade Valores morais e valores culturais
  • 4. Ética e/ou Moral? Pressões Externas Pressão Interna Opção de consciência, princípios e valores Hábitos e Costumes (Interesses e/ou vontades?)
  • 5. Ética e Deontologia da Profissão Ética: compromisso com valores duradouros Deontologia fixa os deveres e responsabilidades requeridos por um determinado ambiente profissional e pode reflectir evolução e novas prioridades
  • 6. Código de conduta profissional A ética e deontologia de uma profissão constitui em conjunto o seu código de conduta profissional Para garantia e segurança da sociedade e defesa dos próprios profissionais face a exigências e prepotências a que possam ser sujeitos Um código de conduta profissional é um componente essencial indespensável para o exercício livre e responsável de qualquer profissão digna de “confiança pública”
  • 7. Por quê a ética e para quê um código deontológico? A ética e deontologia profissional têm vindo a merecer crescente atenção nos últimos anos, embora nem sempre por motivos estritamente éticos. A ética não é uma opção, mas uma necessidade. Ninguém pode viver sem uma normativa ética. A ética, mais do que condenar, promove; a ética permite-nos atingir metas que de outra maneira ficariam distantes.
  • 8. Os mais recentes acontecimentos têm vindo a mostrar que cada vez mais, como diz o povo, “quem se mete em atalhos mete-se em trabalhos”, Os “atalhos” em ética pagam-se quase sempre muito caro, com custos e perdas, tangíveis e intangíveis. Seria um grave erro pensar que, em especial no mundo dos negócios e do exercício profissional, a ética está a mais.
  • 9. Códigos de conduta: exigências e recomendações Esquecemo-nos muitas vezes que um dos objectivos dos códigos de conduta é auto- regular a própria actividade, antes que a legislação laboral o faça por nós. Mais: devemos partir do convencimento de que os usos corruptos acabam por viciar a vida de qualquer organização: a corrupção é que corrompe, não o dinheiro ou o poder.
  • 10. Para um melhor enquadramento do exercício da profissão Ética e Economia de mercado Sistema económico, sistema político e sistema ético-cultural Lei/Liberdade Progresso/Tradição “Inteligentes”/“Espertinhos” Valores e Fins Factos e Valorações
  • 11. Precisões teóricas 1. Ética: diz respeito, antes de mais, à relação comigo mesmo 2. Ética dos” mínimos” e ética dos “máximos” 3. Ética da “primeira pessoa” e ética da “terceira pessoa”
  • 12. Pilares para um edifício ético A ética profissional não é uma ética distinta da ética geral. O sujeito da ética é a pessoa, não a associação ou a empresa. É uma ciência prática: não se estuda para saber, mas para actuar. É uma ciência normativa: não diz como actua a maioria - isso seria sociologia - , mas como deveríamos actuar. A ética é uma ciência teórica de carácter normativo, como a lógica, ainda que esta se dirija à razão e a ética à vontade.
  • 13. Não se deve confundir, por isso, a moral com a moralidade. A ética nem sempre coincide com a legalidade. Os comportamentos éticos devem nascer de convicções internas, quer estas sejam de natureza transcendente, quer de raiz humanista. A ética é algo para ser vivido todos os dias, não um remédio ou uma solução para quando surge um problema ou um conflito.
  • 14. Para uma ética bem aplicada 1. Como as pessoas boas tomam decisões difíceis 2. Juízos e decisões 3. Liberdade e Bem
  • 15. Valor e limites dos códigos A temática dos códigos de ética deve servir para mostrar que a ética não é a fria aplicação de normas. A ciência ética não se deve fixar nas “muletas”, deve centrar-se antes no dever ser próprio da pessoa livre e consciente. Mais do que as “determinações”, o essencial da ética é a “auto-determinação”. As “muletas” do dever ser podem até ser vistas como estruturas do bem, mas não são o Bem. “ O mapa não é o território e o menu não é a comida” (Ronald Laing)
  • 16. Ética: um valor com ou sem preço? Quanto vale a ética? Quanto custa? É um luxo a que (não) nos podemos permitir? A ética paga? A ética dá dinheiro? A ética conta... e conta cada vez mais. A honradez é a melhor política!
  • 17. Fundamento (económico e ético) da empresa: riqueza e serviço “A empresa é hoje vista como uma comunidade de pessoas com um objectivo que muitos consideram ser bifronte: por um lado, acrescentar valor económico, isto é criar riqueza para todos os participantes na empresa; e, por outro, prestar serviço à sociedade em que a empresa está inserida”
  • 18. Ética e Estrutura de Rentabilidade Benefícios explícitos Benefícios ocultos Custos Explícitos Custos ocultos Eu Organização Sociedade Humanidade Ambiente Médio Longo Curto in José Luis Fernandez
  • 19. Quatro Responsabilidades Sociais: comuns a todas as empresas Produzir bens e serviços de qualidade com o intuito de satisfazer necessidades humanas; Produzir com eficiência, não desperdiçando recursos e evitando custos desnecessários; Garantir a continuidade da empresa, a sua auto- continuidade – “espírito de custódia” - passagem de testemunho; Garantir o desenvolvimento humano dos seus membros, uma vez que esta é a primeira condição de qualquer organização
  • 20. Janelas de Compromisso Ético Fazer as coisas bem Ser limpo Ser honesto Obedecer ao espírito da lei Evitar fazer injustiças Respeitar os compromissos Evitar a fraude Obedecer à letra da lei Ajudar os outros Contribuir para a melhoria social Desenvolver o potencial pessoal Respeito pelos outros Evitar o dano social Praticar a responsabilidade social HUMANIDADE IDEAIS JUSTIÇA OBRIGAÇÃO ASPIRAÇÃO NÍVEIS
  • 21. Normas, bens e virtudes CUMPRIMENTO NORMAS BENS (valores) VIRTUDES INTEGRIDADE EXCELÊNCIA
  • 22. Visões e posturas CUMPRIMENTO DEONTOLÓGICA (fixação nas normas) INTEGRIDADE UTILITARISTA (fixação nos valores) INTEGRAL (evita abordagens unilaterais) EXCELÊNCIA
  • 23. Em suma, o código de conduta - como toda a norma - representa um ideal de comportamento, mas o comportamento real não reside na norma, mas na virtude. Para o código, basta uma aprendizagem teórica, mas a virtude requer uma aprendizagem prática: a virtude adquire-se. As normas têm sentido na medida em que facilitam a aquisição de virtudes, ao assinalar o que se deve fazer e o que convém evitar.
  • 24. Nota final A simples implantação de um código de comportamento não assegura que se apreciem e se pratiquem os valores e normas que nele se estabelecem. O código de conduta é algo que se pode aprender, enquanto a rectidão moral e a competência profissional se adquirem com esforço, dentro de uma comunidade de aprendizagem e graças a contínuos exercícios de ensaio e erro, de equívocos e melhorias.