Este documento apresenta um resumo da introdução de uma dissertação sobre a presença do espanhol na matriz curricular do estado do Rio de Janeiro. A autora discute os avanços e contradições na implementação do Currículo Mínimo, elaborado em 2012. O objetivo é analisar como os professores articulam suas práticas em sala de aula ao currículo.
A presença do espanhol na matriz curricular do estado do Rio de Janeiro: avanços e contradições.
1. Centro Federal de Educação Tecnológica
Celso Suckow da Fonseca
A PRESENÇA DO ESPANHOL NA MATRIZ
CURRICULAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO:
AVANÇOS E CONTRADIÇÕES
Katia Celeste Dias Henriques
Orientador: Antonio Ferreira da Silva Junior, Dr.
CEFET/RJ
2012
2. INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
Percurso como professora.
Observar e vivenciar os inúmeros problemas
existentes no sistema educacional.
Este projeto é fruto de pensamentos, reflexões,
experiências, aprendizado e questionamentos que
foram surgindo no decorrer de minha atuação
como educadora.
Este trabalho me permitirá refletir, pensar e
repensar minha prática educativa e, assim,
modificá-la de modo a atender os objetivos dos
meus alunos e transformar minha atuação para
alcançar uma melhoria na educação.
3. No ano de 2012 foi implementado pelo Governo do
Estado do Rio de Janeiro o Currículo Mínimo (CM),
um documento que objetiva nortear o trabalho dos
profissionais da educação.
Professores de espanhol das escolas estaduais:
poucos seguem o CM.
Questões políticas; falta de articulação entre a
proposta do documento e o livro didático adotado
através do Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD); concepção de ensino-aprendizagem do
docente; falta de preparação para colocá-lo em
prática, visto que o Currículo Mínimo de LE foi
elaborado com base no trabalho com gêneros
textuais.
4. Objetivo:apresentar o CM e sua concepção
de linguagem baseada no ensino dos
gêneros textuais, observando os avanços
(ou não) nas políticas públicas para a
educação linguística e, também, suas
contradições quando apresentadas aos
docentes.
Muitos professores pensam em colocá-lo
em prática, pois vêem neste documento
uma nova chance de transformar e melhorar
a educação de nosso estado.
5. Por outro lado, muitos professores (e aqui arrisco
dizer, a maioria) não aceitam e/ou acreditam
nessa nova política pública devido a conceitos e
formas cristalizadas de desenvolvimento do seu
trabalho em sala de aula, os quais não desejam
modificar.
Outros não acreditam nas “sugestões” dadas
pelo Governo, que estão longe de ser sugestões,
na verdade, são imposições. O próprio Currículo
Mínimo foi imposto aos professores como algo
obrigatório sob pena de não recebimento de
bonificações para aqueles que não o colocarem
em prática em sala de aula.
6. Para criticar, sugerir mudanças e
implementar novas práticas, devemos
conhecer os documentos prescritivos da
educação – Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB, 1996), Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN, 1998, 1999),
Orientações Curriculares do Ensino Médio
(OCEM, 2006) e Currículo Mínimo da
Secretaria de Educação do Estado do Rio
de Janeiro (2011, 2012).
7. Alguns questionamentos:
- Por que não tentar implementar novas
formas de trabalho com os alunos?
- Conhecer os documentos e leis que regem a
educação é fundamental, então, pergunto:
os professores os conhecem?
- A formação inicial desses professores lhes
proporciona uma visão abrangente do
sistema educacional e lhes oferece meios
para atuar e transformar as situações que
apresentam acentuada dificuldade?
8. - Deve-se seguir o que os documentos
propõem como direcionamento para a
educação ou o ideal é atender às
necessidades do aluno?
- O aluno deve ser preparado para o mercado
de trabalho provas oficiais (vestibular e
ENEM) ou seria mais importante
desenvolver nele senso crítico e formá-lo
como cidadão?
9. - Outros problemas: redução de carga horária;
professores com tempo livre; “otimização de
turmas”; quatro habilidades; CM não dialoga
com PNLD; CM não dialoga com exames
oficiais, entre outros.
- Indagações sem resposta.
- Não apenas encontrar soluções (se é que
isso será possível).
10. - Transitar pelo discurso de estudiosos de
forma a não apenas ecoar as vozes desses
autores, e sim, utilizar as ideias
apresentadas por eles para reflexionar e
transformar minha prática educativa.
- Olhar crítico para a presença da disciplina
Espanhol na matriz curricular do Estado do
Rio de Janeiro e das concepções de ensino-
aprendizagem que norteiam o ensino dessa
língua no decorrer de sua implantação.
11. TEMA
Espanhol no Ensino Médio e Currículo
Mínimo: como articular a implementação do
documento e dar suporte ao professor para
colocá-lo em prática, atendendo às
necessidades do aluno.
12. PROBLEMA
Como o professor de E/LE do Ensino
Médio articula sua prática em sala de aula ao
Currículo Mínimo?
13. PERGUNTAS AO PROBLEMA
A formação da equipe de elaboração do
Currículo Mínimo aconteceu de forma
democrática?
Uma vez que o Currículo Mínimo é
baseado em gêneros foi exigido do
professor candidato a fazer parte da equipe
de elaboração do documento conhecimento
teórico e/ou prático sobre gêneros textuais?
14. Houve participação da comunidade escolar
(com sugestões e/ou questionamentos) na
seleção dos profissionais que compõem a
equipe de elaboração do Currículo Mínimo?
Os professores do ensino médio de escolas
públicas estaduais acreditam e colocam em
prática o Currículo Mínimo da Secretaria de
Educação do Estado do Rio de Janeiro?
15. Foi solicitada dos professores da rede
estadual participação na elaboração do
Currículo Mínimo?
Caso os professores não sigam o Currículo
Mínimo, quais são os reais motivos para
isso acontecer?
O professor de espanhol recebeu, em sua
formação inicial, base teórica e/ou prática
para desenvolver o trabalho com gêneros
textuais em sala de aula?
16. Como possibilitar que o professor implemente em
sala de aula o Currículo Mínimo se não lhe é
oferecida ou sugerida, por exemplo, uma
formação continuada que lhe sirva como base
para desenvolver o trabalho com gêneros
textuais?
Por que exigir do professor algo que não fez
parte de sua formação inicial ou não lhe fora
exigido no momento de sua seleção (concurso)?
Como exigir que o professor tenha como base
em seu trabalho os gêneros textuais, se não lhe é
oferecido o mínimo de estrutura e suporte para
tal?
17. HIPÓTESES
Os professores de espanhol do Ensino Médio
das escolas estaduais que serão pesquisadas não
seguem o Currículo Mínimo implantado pelo
Governo do Estado do Rio de Janeiro no início do
ano de 2012 por razões políticas; por alegarem
que o currículo não está de acordo com o livro
didático escolhido através do Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD); por apresentarem
concepção de ensino-aprendizagem diferenciadas
e que não dialogam com o Currículo Mínimo; por
falta de preparação e/ou orientação para colocá-lo
em prática, visto que o Currículo Mínimo de LE foi
elaborado com base no trabalho com gêneros
textuais.
18. Muitos professores optam por não adequar
sua prática pedagógica ao Currículo Mínimo,
uma vez que não percebem funcionalidade
em se trabalhar com gêneros textuais, já que
em sua formação inicial tal conhecimento
não lhes fora exigido e/ou transmitido. O
Governo, por outro lado, exige que o
professor coloque em prática tal Currículo,
pois, caso não o faça, o profissional não será
beneficiado com bonificações (valores em
dinheiro destinado a algumas escolas tendo
em vista o cumprimento de algumas
exigências) no fim do ano letivo.
19. Contudo, em nenhum momento, o Governo
proporciona ao professor uma formação
continuada ou orientação teórica sobre o
conteúdo que é exigido no Currículo Mínimo
de forma a possibilitar que os professores
que, em sua maioria, não foram formados
sobre o viés de gênero, recebam suporte
para colocá-lo em prática nas aulas de LE.
20. OBJETIVOS GERAIS:
Investigar se a elaboração do Currículo
Mínimo de LE ocorreu de forma
democrática e se sua implementação nas
escolas estaduais do Rio de Janeiro está
ocorrendo de fato.
Analisar se é dado suporte ao professor
para colocar o Currículo Mínimo em prática,
de forma a se atender, também, às
necessidades do aluno.
21. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Propor um olhar crítico para a presença da
disciplina Espanhol na matriz curricular do
Estado do Rio de Janeiro e das concepções
de ensino-aprendizagem que norteiam o
ensino dessa língua no decorrer de sua
implementação.
22. Entrevistarprofessores sobre como é
desenvolvido o trabalho com o Currículo
Mínimo em salas de aula de E/LE e se lhe foi
oferecida uma formação continuada para
que pudesse aplicar o documento em sua
prática.
Comparar a formação do professor, com
relação ao trabalho com gêneros textuais,
com sua prática.
23. METODOLOGIA
Aporte Teórico
Formação de Currículo Gêneros Textuais Documentos
Professores referentes à
(FI e FC) Educação Brasileira
Lei de Diretrizes
CELANI, M. A. A. SANTANA, V. L. A. RAMOS, R. C. G. e Bases da
Educação
Nacional (1996),
ALMEIDA FILHO, DAHER, M. C. F. G. MARCUSCHI, L. A.
J.C. P. Parâmetros
SILVA, T. T. Curriculares
PARAQUETT, M. nacionais (1998,
1999),
Orientações
curriculares para
o ensino médio
(2006),
Currículo Mínimo
(2011, 2012).
24. Procedimentos
A primeira parte da pesquisa será de cunho
bibliográfico onde as temáticas formação de
professores, currículo, gêneros textuais, bem como
os documentos oficiais da educação brasileira
serão analisados e problematizados. O
levantamento da bibliografia será fundamental
para a contextualização dos questionamentos.
Na etapa qualitativa, será realizada uma
entrevista e/ou questionário com os professores
regentes de espanhol das escolas selecionadas
para pesquisa. Será feita uma análise crítica dos
dados coletados. Finalmente, será iniciada a
escrita da monografia.
25. PLANO DE TRABALHO
1- Introdução
2- Histórico e contexto do espanhol na matriz
curricular do estado do Rio de Janeiro
2.1. Currículo Mínimo
3- Gêneros textuais
4- Formação Continuada
5- Avanços e contradições: contexto
6- Análise de dados e resultados
7- Conclusão
8- Referências Bibliográficas
26. CRONOGRAMA E ATIVIDADES
Levantamento bibliográfico e apoio teórico em
1 1 pesquisadores de políticas públicas, ensino de espanhol
mês no Brasil, estudos de gênero textual e diferentes
documentos prescritivos da Educação Brasileira.
2 2 Leitura e fichamento crítico do material teórico.
meses
3 2 Levantamento de dados da etapa
meses documental e qualitativa.
4 2 Análise dos dados gerados pela pesquisa.
meses
5 4 Elaboração, escrita e organização da monografia.
meses
6 Defesa da monografia.
27. BIBLIOGRAFIA INICIAL
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Brasília: MEC, 1996.
------. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: língua
estrangeira. Brasília: MEC/SEF, 1998.
------. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros curriculares nacionais: Ensino Médio: Linguagens, códigos e suas
tecnologias. Brasília: MEC/ SEMT, 1999.
------. Orientações curriculares para o ensino médio. Linguagens código e suas
tecnologias. Brasília: MEC, 2006.
------. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio:
Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares
Nacionais. Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Ministério da
Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2002. 244p.
------. Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Currículo Mínimo. Rio
de Janeiro: 2012.
28. ALMEIDA FILHO, José Carlos P., org. O Professor de Língua Estrangeira
em Formação. Campinas, SP: Pontes, 1999.
CELANI. M.A.A. "Ensino de línguas estrangeiras. Ocupação ou profissão".
In: LEFFA, Vilson (org.). O professor de línguas estrangeiras -
construindo a profissão. Pelotas: Educat, 2000, p. 21- 37
DAHER, María del Carmen González e SANT’ANNA, Vera Lúcia de
Albuquerque. “Formación de professores de Español como lengua
extranjera en Brasil: de otium cum dignitate a profesional de la escuela
de enseñaza básica”. 2010.
PAIVA, V.L.M.O. "O lugar da leitura na aula de língua
estrangeira". Vertentes. n. 16 - julho/dezembro 2000. p. 24-29
PARAQUETT, Márcia. “O papel que cumprimos os professores de
Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE) no Brasil”. In: Cadernos de
Letras da UFF – Dossiê: Diálogos Interamericanos, nº 38, p. 123-137,
2009.
------. “As dimensões políticas sobre o ensino da língua espanhola no Brasil:
tradições e inovações”. In: Hispanista. Vol X, nº 38, Julio-agosto-
septiembre de 2009.