SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  29
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
UMA ÉTICA DEONTOLÓGICA 
Considera – se que a ética kantiana é 
deontológica porque defende que o valor moral 
de uma acção reside em si mesma e não nas suas 
consequências. 
Na sua intenção.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
Kant defendia que o valor moral das acções depende 
unicamente da intenção com que são praticadas. 
PORQUÊ? 
Porque sem conhecermos as intenções dos agentes 
não podemos determinar o valor moral das acções. 
Na verdade, uma acção pode não ter valor moral 
apesar de ter boas consequências.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
Quando é que a intenção tem valor moral ou é 
boa? 
Quando o propósito do agente é cumprir o 
dever pelo dever. 
O cumprimento do dever é o único motivo em 
que a acção se baseia. 
Ex: Não roubar porque esse acto é errado e não 
porque posso ser castigado.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
O que é uma acção com valor moral? 
É uma acção que cumpre o dever por dever. 
Cumpre o dever sem «segundas intenções». 
Deveres como não matar inocentes indefesos, não 
roubar ou não mentir devem ser cumpridos porque 
não os respeitar é absolutamente errado.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR 
DEVER. 
Objectivo desta distinção 
Defender que o valor moral das acções depende unicamente da 
intenção com que são praticadas. 
Mostrar que duas acções podem ter consequências igualmente boas 
e uma delas não ter valor moral.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR DEVER. 
EX: dois comerciantes praticam preços justos e não enganam os clientes. Estão a agir 
bem? Estão a cumprir o seu dever? Aparentemente sim. 
Suponhamos que um deles - João - não aumenta os preços apenas porque tem receio de 
perder clientes. O seu motivo é egoísta: é o receio de perder clientes que o impede de 
praticar preços injustos. A sua acção é conforme ao dever mas não é feita por dever . 
Suponhamos agora que o outro comerciante – Vicente - não aumenta os preços por julgar 
que a sua obrigação moral consiste em agir de forma justa. A sua acção é feita por 
dever. 
As duas acções – exteriormente semelhantes – têm a mesma consequência – nenhum 
deles perde clientes – mas não têm o mesmo valor moral.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR 
DEVER. 
ACÇÕES CONFORMES AO DEVER 
Acções que cumprem o dever não porque é correcto fazê – lo 
mas porque se evita uma má consequência – perder 
dinheiro, reputação – ou porque daí resulta uma boa 
consequência - a satisfação de um interesse. João não age 
por dever. 
Ex: Não roubar por receio de ser castigado ou praticar preços 
justos para manter ou aumentar a clientela.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR 
DEVER. 
ACÇÕES FEITAS POR DEVER 
Acções que cumprem o dever porque é correcto fazê – lo. O 
cumprimento do dever é o único motivo em que a acção se 
baseia. Vicente age por dever. 
Ex: Não roubar porque esse acto é errado em si mesmo ou 
praticar preços justos simplesmente porque assim é que 
deve ser.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
A LEI MORAL E O DEVER 
Lei que nos diz qual é a forma correcta de cumprir o dever. 
Princípio ético fundamental que exige que eu cumpra o dever 
por dever, sem qualquer outra intenção ou motivo. 
Norma geral de natureza puramente racional que exige que a 
vontade domine as inclinações sensíveis - desejos, interesses 
e sentimentos – e cumpra o dever de forma pura.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
A LEI MORAL E O DEVER 
Ouvir a voz da lei moral é ficar a saber como 
cumprir de forma moralmente correcta o 
dever. Essa lei diz-nos de forma muito geral o 
seguinte: «Deves em qualquer circunstância 
cumprir o dever pelo dever». 
Esta exigência é um imperativo categórico ou 
absoluto porque não se subordina a 
condições.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
A LEI MORAL E O DEVER 
Pense em normas morais como «Não deves mentir»; «Não 
deves matar»; «Não deves roubar». A lei moral, segundo 
Kant, diz-nos como cumprir esses deveres, qual a forma 
correcta de os cumprir. Assim sendo, é uma lei puramente 
racional e puramente formal. 
Não é uma regra concreta como «Não matarás!» mas um 
princípio geral que deve ser seguido quando cumpro essas 
regras concretas que proíbem o roubo, o assassinato, a 
mentira, etc.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
A LEI MORAL É UM IMPERATIVO CATEGÓRICO 
O que a lei moral ordena – cumprir o dever por puro e simples 
respeito pelo dever – é, para Kant, uma exigência que tem a 
forma de um imperativo categórico. 
Ordena que uma acção boa seja realizada pelo seu valor 
intrínseco, que seja querida por ser boa em si e não por 
causa dos seus efeitos ou consequências. O cumprimento de 
deveres como não roubar ou não mentir é uma obrigação 
absoluta.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
POR QUE RAZÃO O CUMPRIMENTO DO DEVER – AS NOSSAS 
OBRIGAÇÕES MORAIS – É UMA OBRIGAÇÃO ABSOLUTA OU 
CATEGÓRICA? 
Se cumprir o dever dependesse dos nossos interesses ou 
sentimentos, teríamos a obrigação, por exemplo, de cumprir 
a palavra dada apenas em certas condições, mas não 
sempre. Esta obrigação dependeria, digamos, do desejo de 
ficarmos bem vistos aos olhos de Deus ou aos olhos dos 
outros, do desejo de agradar a alguém, etc. Se agradar a 
Deus ou aos outros deixasse de nos preocupar, a obrigação 
de cumprir a palavra dada simplesmente desapareceria. Ora, 
não é isso que acontece. Continuamos a ter o dever de 
cumprir a palavra dada quer isso nos agrade quer não.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO 
IMPERATIVO CATEGÓRICO. 
O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO 
IMPERATIVO HIPOTÉTICO. 
1. O cumprimento do dever é 
uma ordem não 
condicionada pelo que de 
satisfatório ou proveitoso 
pode resultar do seu 
cumprimento. 
2. A palavra “imperativo” quer 
dizer obrigação. Com a 
palavra “categórico”, Kant 
está a referir-se a 
obrigações absolutas - que 
temos sempre. 
1. O cumprimento do dever é 
uma ordem condicionada pelo 
que de satisfatório ou 
proveitoso pode resultar do 
seu cumprimento. 
2. A palavra “imperativo” quer 
dizer obrigação. Com a palavra 
“hipotético”, Kant está a 
referir-se às obrigações que 
adquirimos apenas na 
condição – ou hipótese – de 
termos um certo desejo ou 
projecto, mas não sempre.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO 
IMPERATIVO CATEGÓRICO 
O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO 
IMPERATIVO HIPOTÉTICO 
3. A obrigação de salvar uma pessoa do 
afogamento, se estiver ao nosso alcance 
fazê-lo, não é hipotética. Não depende 
de termos certos desejos, projectos ou 
sentimentos particulares. O mesmo 
acontece com a obrigação de não tratar 
os outros apenas como meios e sim 
como pessoas. 
4.Praticar preços justos é uma obrigação 
absoluta. 
3.Só tenho a obrigação de estudar 
medicina na condição de querer ser 
médico. Caso mude de ideias e abandone 
o projecto de vir a ser médico, também a 
obrigação de estudar medicina 
desaparece. Apenas adquiro a obrigação 
de saber o código da estrada se quiser 
tirar a carta de condução. Se não for esse 
o meu projecto (ou não for esse o meu 
desejo), esta obrigação deixa de existir. 
4. Praticar preços justos é um dever se for 
do meu interesse.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
AS DUAS MAIS IMPORTANTES FORMULAÇÕES DO IMPERATIVO 
CATEGÓRICO OU LEI MORAL. 
Fórmula da lei universal 
“Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao 
mesmo tempo que se torne lei universal” 
Fórmula da Humanidade 
Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua 
pessoa como na pessoa de outrem, sempre e 
simultaneamente como fim e nunca apenas como meio.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
QUAL É A FUNÇÃO DESTAS FÓRMULAS? PARA QUE SERVEM? 
Para sabermos, em cada circunstância da vida, se a acção que 
queremos praticar está, ou não, de acordo com a moral, 
temos de perguntar se aquilo que nos propomos fazer 
poderia servir de modelo para todos os outros e se não os 
transforma em simples meios ao serviço dos nossos 
interesses. Se faltar a uma promessa, não é algo que todos 
possam imitar e viola os direitos dos outros, então temos a 
obrigação de não o fazer, por muito que isso nos possa 
custar; se mentir não serve de modelo para os outros e os 
reduz a meios que usamos para satisfazer o nosso egoísmo, 
então não temos o direito de abrir uma excepção apenas 
para nós.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA 
“Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao 
mesmo tempo que se torne lei universal” 
Imagine a seguinte situação: Eva precisava de dinheiro. Pediu 
algum dinheiro emprestado a Bernardo com a promessa de 
lho devolver. No entanto, já tinha a intenção de não lhe 
devolver o dinheiro. 
Eva agiu de acordo com a seguinte máxima: “Sempre que 
precisar de dinheiro, peço o dinheiro emprestado, mas com a 
intenção de não o devolver”. 
Poderá esta máxima ser universalizada? Não será 
contraditória?
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA 
Em termos mais gerais a regra que orienta a acção de Eva é esta: 
“Mente sempre que isso for do teu interesse”. 
O que aconteceria se esta regra fosse universalizada, se funcionasse 
como modelo para todos, se todos a seguissem. O que 
aconteceria? Ninguém confiaria em ninguém. Ora, a mentira só é 
eficaz se as pessoas confiarem umas nas outras. É preciso que 
Bernardo confie em Eva, para poder ser enganado por ela. Mas se 
eu souber que todos mentem sempre que isso lhes convém, 
deixarei de confiar nos outros e por isso Bernardo não confiará 
em Eva. Não vale a pena Eva prometer porque Bernardo não irá 
acreditar em nada que ela diga. Logo, Bernardo não lhe iria 
emprestar o dinheiro se a máxima de Eva fosse uma lei universal. 
Por estranho que pareça, ao exigir que todos mintam, estou a 
tornar a mentira impossível.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA 
Eva não pode querer sem contradição universalizar a excepção 
que abriu para si própria porque se tornará excepção para 
todos. Se todos nós fizéssemos promessas com a intenção de 
não as cumprir todos desconfiaríamos delas e o empréstimo 
de dinheiro baseado em promessas acabaria. A prática de 
fazer e de aceitar promessas desapareceria. A máxima 
referida auto-destrói-se ao ser universalizada porque 
ninguém poderá agir de acordo com ela. A máxima “Mente 
sempre que isso for do teu interesse” não pode ser 
transformada numa lei universal. O nosso dever moral básico 
consiste em praticar apenas as acções que todos os outros 
possam ter como modelo.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
ANÁLISE DA SEGUNDA FÓRMULA 
Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua 
pessoa como na pessoa de outrem, sempre e 
simultaneamente como fim e nunca apenas como meio. 
Segundo esta fórmula, cada ser humano é um fim em si e não 
um simples meio. Por isso, será moralmente errado 
instrumentalizar um ser humano, usá-lo como simples meio 
para alcançar um objectivo. Os seres humanos têm valor 
intrínseco, absoluto, isto é, dignidade.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
ANÁLISE DA SEGUNDA FÓRMULA 
Pense no modo como quem pede dinheiro emprestado 
sem intenção de o devolver está a tratar a pessoa que 
lhe empresta dinheiro. É evidente que está a tratá-la 
como um meio para resolver um problema e não como 
alguém que merece respeito, consideração. Pensa 
unicamente em utilizá-la para resolver uma situação 
financeira grave sem ter qualquer consideração pelos 
interesses próprios de quem se dispõe a ajudá-lo. Viola 
– se assim a primeira e também a segunda fórmula.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
Conclusão da análise das fórmulas (1) 
Para Kant, a pessoa tem de ser tratada sempre como um fim 
em si mesma e nunca somente como um meio, porque é o 
único ser de entre as várias espécies de seres vivos que pode 
agir moralmente. Se não existissem os seres humanos, não 
poderia haver bondade moral no mundo e, nesse sentido, o 
valor da pessoa é absoluto. 
Assim, a fórmula da humanidade, também conhecida por 
fórmula do respeito pelas pessoas, exprime a obrigação 
moral básica da ética kantiana.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
Conclusão da análise das fórmulas (2) 
CUMPRIMENTO DO DEVER, IMPARCIALIDADE E RESPEITO 
PELAS PESSOAS. 
A acção moralmente correcta é decidida pelo indivíduo 
quando adopta uma perspectiva universal. Como? 
Colocando de parte os seus interesses, a pessoa 
pensará como qualquer outra que também faça 
abstracção dos seus interesses adoptando, portanto, 
uma perspectiva universal.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
Conclusão da análise das fórmulas (3) 
CUMPRIMENTO DO DEVER, IMPARCIALIDADE E RESPEITO 
PELAS PESSOAS. 
Pense em deveres morais comuns como “ “Paga o que deves”, 
“Sê leal”, “Não roubes”. Só o interesse e parcialidade do 
agente pode levar à violação de tais regras ou deveres 
morais. Eliminada a parcialidade, pensamos segundo uma 
perspectiva universal e aprovamo-los. Sempre que fazemos 
da satisfação dos nossos interesses a finalidade única da 
nossa acção, não estamos a ser imparciais e a máxima que 
seguimos não pode ser universalizada. Assim sendo, 
estamos a usar os outros apenas como meios, simples 
instrumentos que utilizamos para nosso proveito.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
A BOA VONTADE 
Agir moralmente significa agir com a intenção de respeitar 
exclusivamente a norma geral que me diz que devo praticar 
apenas as acções que todos os outros possam ter como 
modelo a seguir e que dado serem puramente 
desinteressadas tratam os outros como fins e nunca só como 
meios. 
A vontade que decide agir por puro e simples respeito pelo que 
a lei moral ou imperativo categórico exige tem o nome de 
boa vontade.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
VONTADE AUTÓNOMA 
1.Vontade que cumpre o dever 
pelo dever. É uma boa 
vontade. 
2. Uma vontade autónoma é 
uma vontade puramente 
racional, que faz sua uma 
lei da razão, que diz a si 
mesma «Eu quero o que a 
lei moral exige».Ao agir por 
dever obedeço à voz da 
minha razão e nada mais. 
VONTADE HETERÓNOMA 
1.Vontade que não cumpre o 
dever pelo dever. Não é uma 
boa vontade. 
2. O cumprimento do dever não 
é motivo suficiente para agir 
tendo de se invocar razões 
externas como o receio das 
consequências, o temor a 
Deus, etc. A vontade 
submete-se a autoridades que 
não a razão.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
A BOA VONTADE 
É uma vontade que age de forma moralmente correcta independentemente das 
consequências da acção. 
É uma vontade que cumpre o dever respeitando absolutamente a lei moral, ou seja, 
cuja única intenção é cumprir o dever. 
É uma vontade que age segundo regras ou máximas que podem ser seguidas por 
todos. 
É uma vontade que respeita todo e qualquer ser humano considerando – o uma 
pessoa e não uma coisa ou um simples meio ao serviço deste ou daquele 
interesse. 
É uma vontade autónoma porque decide cumprir o dever por sua iniciativa e não por 
receio de autoridades externas ou da opinião dos outros.
A TEORIA ÉTICA DE KANT 
E SE CUMPRIR O DEVER DE FORMA ABSOLUTA – SEM OUTRA 
INTENÇÃO – TIVER MÁS CONSEQUÊNCIAS? 
Kant responde que não é por isso que a acção se torna 
moralmente errada. O que conta é a intenção. 
Imaginemos que digo a verdade e isso tem más 
consequências. Para Kant, o que importa é o modo 
como cumpro o dever – a intenção – e não o que 
resulta da acção.

Contenu connexe

Tendances

Determinismo, libertismo e determinismo moderado
Determinismo, libertismo e determinismo moderadoDeterminismo, libertismo e determinismo moderado
Determinismo, libertismo e determinismo moderado
António Daniel
 
Teoria da justiça rawls
Teoria da justiça rawlsTeoria da justiça rawls
Teoria da justiça rawls
Filazambuja
 
Karl popper - Filosofia 11º ano
Karl popper - Filosofia 11º anoKarl popper - Filosofia 11º ano
Karl popper - Filosofia 11º ano
FilipaFonseca
 
Acção humana - Filosofia
Acção humana -  FilosofiaAcção humana -  Filosofia
Acção humana - Filosofia
Isaque Tomé
 
A necessidade de fundamentação da moral introdução
A necessidade de fundamentação da moral   introduçãoA necessidade de fundamentação da moral   introdução
A necessidade de fundamentação da moral introdução
Luis De Sousa Rodrigues
 
A filosofia moral utilitarista de stuart mill
A filosofia moral utilitarista de stuart millA filosofia moral utilitarista de stuart mill
A filosofia moral utilitarista de stuart mill
Filazambuja
 
A teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart MillA teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart Mill
Otávio Augusto Padilha
 
A definição tradicional de conhecimento
A definição tradicional de conhecimentoA definição tradicional de conhecimento
A definição tradicional de conhecimento
Luis De Sousa Rodrigues
 

Tendances (20)

Determinismo_radical
Determinismo_radicalDeterminismo_radical
Determinismo_radical
 
Fundamentação da moral
Fundamentação da moral Fundamentação da moral
Fundamentação da moral
 
Libertismo
Libertismo Libertismo
Libertismo
 
Determinismo Radical
Determinismo RadicalDeterminismo Radical
Determinismo Radical
 
Determinismo, libertismo e determinismo moderado
Determinismo, libertismo e determinismo moderadoDeterminismo, libertismo e determinismo moderado
Determinismo, libertismo e determinismo moderado
 
Teoria Deontológica de Kant
Teoria Deontológica de KantTeoria Deontológica de Kant
Teoria Deontológica de Kant
 
Juízo de fato e Juízo de valor
Juízo de fato e Juízo de valorJuízo de fato e Juízo de valor
Juízo de fato e Juízo de valor
 
Teoria da justiça rawls
Teoria da justiça rawlsTeoria da justiça rawls
Teoria da justiça rawls
 
David hume e o Empirismo
David hume e o EmpirismoDavid hume e o Empirismo
David hume e o Empirismo
 
A teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de millA teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de mill
 
Cógito cartesiano de Descartes
Cógito cartesiano de DescartesCógito cartesiano de Descartes
Cógito cartesiano de Descartes
 
Karl popper - Filosofia 11º ano
Karl popper - Filosofia 11º anoKarl popper - Filosofia 11º ano
Karl popper - Filosofia 11º ano
 
Acção humana - Filosofia
Acção humana -  FilosofiaAcção humana -  Filosofia
Acção humana - Filosofia
 
Stuart mill
Stuart millStuart mill
Stuart mill
 
3_contraexemplos_cvj
3_contraexemplos_cvj3_contraexemplos_cvj
3_contraexemplos_cvj
 
A necessidade de fundamentação da moral introdução
A necessidade de fundamentação da moral   introduçãoA necessidade de fundamentação da moral   introdução
A necessidade de fundamentação da moral introdução
 
A filosofia moral utilitarista de stuart mill
A filosofia moral utilitarista de stuart millA filosofia moral utilitarista de stuart mill
A filosofia moral utilitarista de stuart mill
 
A teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart MillA teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart Mill
 
Determinismo_moderado
Determinismo_moderadoDeterminismo_moderado
Determinismo_moderado
 
A definição tradicional de conhecimento
A definição tradicional de conhecimentoA definição tradicional de conhecimento
A definição tradicional de conhecimento
 

En vedette

Comparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de millComparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de mill
Luis De Sousa Rodrigues
 
Esquema comparativo das éticas de kant e de mill
Esquema comparativo das éticas de kant e de millEsquema comparativo das éticas de kant e de mill
Esquema comparativo das éticas de kant e de mill
Luis De Sousa Rodrigues
 
Esquema conteúdos norma moral e intenção ética
Esquema conteúdos norma moral e intenção éticaEsquema conteúdos norma moral e intenção ética
Esquema conteúdos norma moral e intenção ética
Filazambuja
 
As éticas de stuart mill e de kant
As éticas de stuart mill e de kantAs éticas de stuart mill e de kant
As éticas de stuart mill e de kant
Filipe Prado
 
A ética deontológica de kant
A ética deontológica de kantA ética deontológica de kant
A ética deontológica de kant
AnaKlein1
 
Relativismo Cultural
Relativismo CulturalRelativismo Cultural
Relativismo Cultural
Bruno Pedro
 
Comparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de millComparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de mill
Luis De Sousa Rodrigues
 

En vedette (20)

1222978084 tica e_moral
1222978084 tica e_moral1222978084 tica e_moral
1222978084 tica e_moral
 
A moral de Kant
A moral de KantA moral de Kant
A moral de Kant
 
Comparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de millComparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de mill
 
Kant – ideias básicas
Kant – ideias básicasKant – ideias básicas
Kant – ideias básicas
 
Esquema comparativo das éticas de kant e de mill
Esquema comparativo das éticas de kant e de millEsquema comparativo das éticas de kant e de mill
Esquema comparativo das éticas de kant e de mill
 
Fundamentação da Moral: Kant e o Imperativo Categórico
Fundamentação da Moral: Kant e o Imperativo CategóricoFundamentação da Moral: Kant e o Imperativo Categórico
Fundamentação da Moral: Kant e o Imperativo Categórico
 
Immanuel kant
Immanuel kantImmanuel kant
Immanuel kant
 
Kant e a Ética do Dever
Kant e a Ética do DeverKant e a Ética do Dever
Kant e a Ética do Dever
 
Ética e Deontologia
Ética e DeontologiaÉtica e Deontologia
Ética e Deontologia
 
Esquema conteúdos norma moral e intenção ética
Esquema conteúdos norma moral e intenção éticaEsquema conteúdos norma moral e intenção ética
Esquema conteúdos norma moral e intenção ética
 
As éticas de stuart mill e de kant
As éticas de stuart mill e de kantAs éticas de stuart mill e de kant
As éticas de stuart mill e de kant
 
éTica e moral
éTica e moral éTica e moral
éTica e moral
 
Immanuel Kant
Immanuel KantImmanuel Kant
Immanuel Kant
 
A ética deontológica de kant
A ética deontológica de kantA ética deontológica de kant
A ética deontológica de kant
 
O essencial para os exames de filosofia
O essencial para os exames de filosofiaO essencial para os exames de filosofia
O essencial para os exames de filosofia
 
Ética deontológica e teleológica
Ética deontológica e teleológicaÉtica deontológica e teleológica
Ética deontológica e teleológica
 
Relativismo Cultural
Relativismo CulturalRelativismo Cultural
Relativismo Cultural
 
Moral e ética
Moral e éticaMoral e ética
Moral e ética
 
A teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de millA teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de mill
 
Comparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de millComparação entre as éticas de kant e de mill
Comparação entre as éticas de kant e de mill
 

Similaire à A teoria ética de kant

(Microsoft power point
(Microsoft power point  (Microsoft power point
(Microsoft power point
Julia Martins
 
éTica Kantiana
éTica KantianaéTica Kantiana
éTica Kantiana
JNR
 
Fundamentação metafísica dos costumes
Fundamentação metafísica dos costumesFundamentação metafísica dos costumes
Fundamentação metafísica dos costumes
António Daniel
 
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
Carla Castro
 
éTica deontológica
éTica deontológicaéTica deontológica
éTica deontológica
pmarisa10
 
6 as ã©ticas de kant e de s.mill
6  as ã©ticas de kant e de s.mill6  as ã©ticas de kant e de s.mill
6 as ã©ticas de kant e de s.mill
Patricia .
 
Noção de dever
Noção de deverNoção de dever
Noção de dever
Filazambuja
 
Fundamentação metafísica dos costumes
Fundamentação metafísica dos costumesFundamentação metafísica dos costumes
Fundamentação metafísica dos costumes
António Daniel
 

Similaire à A teoria ética de kant (20)

(Microsoft power point
(Microsoft power point  (Microsoft power point
(Microsoft power point
 
Eticakant
EticakantEticakant
Eticakant
 
Eticakant
EticakantEticakant
Eticakant
 
éTica Kantiana
éTica KantianaéTica Kantiana
éTica Kantiana
 
éTica de kant e de stuart mill
éTica de kant e de stuart milléTica de kant e de stuart mill
éTica de kant e de stuart mill
 
O que torna uma ação moralmente correta.pptx
O que torna uma ação moralmente correta.pptxO que torna uma ação moralmente correta.pptx
O que torna uma ação moralmente correta.pptx
 
Fundamentação metafísica dos costumes
Fundamentação metafísica dos costumesFundamentação metafísica dos costumes
Fundamentação metafísica dos costumes
 
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
49204367 a-teoria-etica-de-kant-questoes-de-escolha-multipla
 
Immanuel Kant
Immanuel KantImmanuel Kant
Immanuel Kant
 
Duas perspectivas éticas
Duas perspectivas éticasDuas perspectivas éticas
Duas perspectivas éticas
 
eticadekant.pdf
eticadekant.pdfeticadekant.pdf
eticadekant.pdf
 
éTica deontológica
éTica deontológicaéTica deontológica
éTica deontológica
 
Marilena chaui- a+ética+de+kant
Marilena chaui- a+ética+de+kantMarilena chaui- a+ética+de+kant
Marilena chaui- a+ética+de+kant
 
6 as ã©ticas de kant e de s.mill
6  as ã©ticas de kant e de s.mill6  as ã©ticas de kant e de s.mill
6 as ã©ticas de kant e de s.mill
 
Filosofia Dimensões da ação humana e dos valores
Filosofia Dimensões da ação humana e dos valores Filosofia Dimensões da ação humana e dos valores
Filosofia Dimensões da ação humana e dos valores
 
Deontologia pronto
Deontologia prontoDeontologia pronto
Deontologia pronto
 
Críticas à Ética deontológica de Kant.pptx
Críticas à Ética deontológica de Kant.pptxCríticas à Ética deontológica de Kant.pptx
Críticas à Ética deontológica de Kant.pptx
 
Noção de dever
Noção de deverNoção de dever
Noção de dever
 
Texto kant
Texto kantTexto kant
Texto kant
 
Fundamentação metafísica dos costumes
Fundamentação metafísica dos costumesFundamentação metafísica dos costumes
Fundamentação metafísica dos costumes
 

Plus de Luis De Sousa Rodrigues (20)

Unidade funcional do cérebro
Unidade funcional do cérebroUnidade funcional do cérebro
Unidade funcional do cérebro
 
Tipos de vinculação
Tipos de vinculaçãoTipos de vinculação
Tipos de vinculação
 
Tipos de aprendizagem
Tipos de aprendizagemTipos de aprendizagem
Tipos de aprendizagem
 
Teorias sobre as emoções
Teorias sobre as emoçõesTeorias sobre as emoções
Teorias sobre as emoções
 
Relações precoces
Relações precocesRelações precoces
Relações precoces
 
Raízes da vinculação
Raízes da vinculaçãoRaízes da vinculação
Raízes da vinculação
 
Processos conativos
Processos conativosProcessos conativos
Processos conativos
 
Perturbações da vinculação
Perturbações da vinculaçãoPerturbações da vinculação
Perturbações da vinculação
 
Perceção e gestalt
Perceção e gestaltPerceção e gestalt
Perceção e gestalt
 
Os processos emocionais
Os processos emocionaisOs processos emocionais
Os processos emocionais
 
Os grupos
Os gruposOs grupos
Os grupos
 
O sistema nervoso
O sistema nervosoO sistema nervoso
O sistema nervoso
 
O que nos torna humanos
O que nos torna humanosO que nos torna humanos
O que nos torna humanos
 
Maslow e a motivação
Maslow e a motivaçãoMaslow e a motivação
Maslow e a motivação
 
Lateralidade cerebral
Lateralidade cerebralLateralidade cerebral
Lateralidade cerebral
 
Freud 9
Freud 9Freud 9
Freud 9
 
Freud 8
Freud 8Freud 8
Freud 8
 
Freud 7
Freud 7Freud 7
Freud 7
 
Freud 6
Freud 6Freud 6
Freud 6
 
Freud 5
Freud 5Freud 5
Freud 5
 

A teoria ética de kant

  • 1. A TEORIA ÉTICA DE KANT UMA ÉTICA DEONTOLÓGICA Considera – se que a ética kantiana é deontológica porque defende que o valor moral de uma acção reside em si mesma e não nas suas consequências. Na sua intenção.
  • 2. A TEORIA ÉTICA DE KANT Kant defendia que o valor moral das acções depende unicamente da intenção com que são praticadas. PORQUÊ? Porque sem conhecermos as intenções dos agentes não podemos determinar o valor moral das acções. Na verdade, uma acção pode não ter valor moral apesar de ter boas consequências.
  • 3. A TEORIA ÉTICA DE KANT Quando é que a intenção tem valor moral ou é boa? Quando o propósito do agente é cumprir o dever pelo dever. O cumprimento do dever é o único motivo em que a acção se baseia. Ex: Não roubar porque esse acto é errado e não porque posso ser castigado.
  • 4. A TEORIA ÉTICA DE KANT O que é uma acção com valor moral? É uma acção que cumpre o dever por dever. Cumpre o dever sem «segundas intenções». Deveres como não matar inocentes indefesos, não roubar ou não mentir devem ser cumpridos porque não os respeitar é absolutamente errado.
  • 5. A TEORIA ÉTICA DE KANT ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR DEVER. Objectivo desta distinção Defender que o valor moral das acções depende unicamente da intenção com que são praticadas. Mostrar que duas acções podem ter consequências igualmente boas e uma delas não ter valor moral.
  • 6. A TEORIA ÉTICA DE KANT ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR DEVER. EX: dois comerciantes praticam preços justos e não enganam os clientes. Estão a agir bem? Estão a cumprir o seu dever? Aparentemente sim. Suponhamos que um deles - João - não aumenta os preços apenas porque tem receio de perder clientes. O seu motivo é egoísta: é o receio de perder clientes que o impede de praticar preços injustos. A sua acção é conforme ao dever mas não é feita por dever . Suponhamos agora que o outro comerciante – Vicente - não aumenta os preços por julgar que a sua obrigação moral consiste em agir de forma justa. A sua acção é feita por dever. As duas acções – exteriormente semelhantes – têm a mesma consequência – nenhum deles perde clientes – mas não têm o mesmo valor moral.
  • 7. A TEORIA ÉTICA DE KANT ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR DEVER. ACÇÕES CONFORMES AO DEVER Acções que cumprem o dever não porque é correcto fazê – lo mas porque se evita uma má consequência – perder dinheiro, reputação – ou porque daí resulta uma boa consequência - a satisfação de um interesse. João não age por dever. Ex: Não roubar por receio de ser castigado ou praticar preços justos para manter ou aumentar a clientela.
  • 8. A TEORIA ÉTICA DE KANT ACÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACÇÕES FEITAS POR DEVER. ACÇÕES FEITAS POR DEVER Acções que cumprem o dever porque é correcto fazê – lo. O cumprimento do dever é o único motivo em que a acção se baseia. Vicente age por dever. Ex: Não roubar porque esse acto é errado em si mesmo ou praticar preços justos simplesmente porque assim é que deve ser.
  • 9. A TEORIA ÉTICA DE KANT A LEI MORAL E O DEVER Lei que nos diz qual é a forma correcta de cumprir o dever. Princípio ético fundamental que exige que eu cumpra o dever por dever, sem qualquer outra intenção ou motivo. Norma geral de natureza puramente racional que exige que a vontade domine as inclinações sensíveis - desejos, interesses e sentimentos – e cumpra o dever de forma pura.
  • 10. A TEORIA ÉTICA DE KANT A LEI MORAL E O DEVER Ouvir a voz da lei moral é ficar a saber como cumprir de forma moralmente correcta o dever. Essa lei diz-nos de forma muito geral o seguinte: «Deves em qualquer circunstância cumprir o dever pelo dever». Esta exigência é um imperativo categórico ou absoluto porque não se subordina a condições.
  • 11. A TEORIA ÉTICA DE KANT A LEI MORAL E O DEVER Pense em normas morais como «Não deves mentir»; «Não deves matar»; «Não deves roubar». A lei moral, segundo Kant, diz-nos como cumprir esses deveres, qual a forma correcta de os cumprir. Assim sendo, é uma lei puramente racional e puramente formal. Não é uma regra concreta como «Não matarás!» mas um princípio geral que deve ser seguido quando cumpro essas regras concretas que proíbem o roubo, o assassinato, a mentira, etc.
  • 12. A TEORIA ÉTICA DE KANT A LEI MORAL É UM IMPERATIVO CATEGÓRICO O que a lei moral ordena – cumprir o dever por puro e simples respeito pelo dever – é, para Kant, uma exigência que tem a forma de um imperativo categórico. Ordena que uma acção boa seja realizada pelo seu valor intrínseco, que seja querida por ser boa em si e não por causa dos seus efeitos ou consequências. O cumprimento de deveres como não roubar ou não mentir é uma obrigação absoluta.
  • 13. A TEORIA ÉTICA DE KANT POR QUE RAZÃO O CUMPRIMENTO DO DEVER – AS NOSSAS OBRIGAÇÕES MORAIS – É UMA OBRIGAÇÃO ABSOLUTA OU CATEGÓRICA? Se cumprir o dever dependesse dos nossos interesses ou sentimentos, teríamos a obrigação, por exemplo, de cumprir a palavra dada apenas em certas condições, mas não sempre. Esta obrigação dependeria, digamos, do desejo de ficarmos bem vistos aos olhos de Deus ou aos olhos dos outros, do desejo de agradar a alguém, etc. Se agradar a Deus ou aos outros deixasse de nos preocupar, a obrigação de cumprir a palavra dada simplesmente desapareceria. Ora, não é isso que acontece. Continuamos a ter o dever de cumprir a palavra dada quer isso nos agrade quer não.
  • 14. A TEORIA ÉTICA DE KANT O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO IMPERATIVO CATEGÓRICO. O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO IMPERATIVO HIPOTÉTICO. 1. O cumprimento do dever é uma ordem não condicionada pelo que de satisfatório ou proveitoso pode resultar do seu cumprimento. 2. A palavra “imperativo” quer dizer obrigação. Com a palavra “categórico”, Kant está a referir-se a obrigações absolutas - que temos sempre. 1. O cumprimento do dever é uma ordem condicionada pelo que de satisfatório ou proveitoso pode resultar do seu cumprimento. 2. A palavra “imperativo” quer dizer obrigação. Com a palavra “hipotético”, Kant está a referir-se às obrigações que adquirimos apenas na condição – ou hipótese – de termos um certo desejo ou projecto, mas não sempre.
  • 15. A TEORIA ÉTICA DE KANT O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO IMPERATIVO CATEGÓRICO O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO IMPERATIVO HIPOTÉTICO 3. A obrigação de salvar uma pessoa do afogamento, se estiver ao nosso alcance fazê-lo, não é hipotética. Não depende de termos certos desejos, projectos ou sentimentos particulares. O mesmo acontece com a obrigação de não tratar os outros apenas como meios e sim como pessoas. 4.Praticar preços justos é uma obrigação absoluta. 3.Só tenho a obrigação de estudar medicina na condição de querer ser médico. Caso mude de ideias e abandone o projecto de vir a ser médico, também a obrigação de estudar medicina desaparece. Apenas adquiro a obrigação de saber o código da estrada se quiser tirar a carta de condução. Se não for esse o meu projecto (ou não for esse o meu desejo), esta obrigação deixa de existir. 4. Praticar preços justos é um dever se for do meu interesse.
  • 16. A TEORIA ÉTICA DE KANT AS DUAS MAIS IMPORTANTES FORMULAÇÕES DO IMPERATIVO CATEGÓRICO OU LEI MORAL. Fórmula da lei universal “Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal” Fórmula da Humanidade Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como meio.
  • 17. A TEORIA ÉTICA DE KANT QUAL É A FUNÇÃO DESTAS FÓRMULAS? PARA QUE SERVEM? Para sabermos, em cada circunstância da vida, se a acção que queremos praticar está, ou não, de acordo com a moral, temos de perguntar se aquilo que nos propomos fazer poderia servir de modelo para todos os outros e se não os transforma em simples meios ao serviço dos nossos interesses. Se faltar a uma promessa, não é algo que todos possam imitar e viola os direitos dos outros, então temos a obrigação de não o fazer, por muito que isso nos possa custar; se mentir não serve de modelo para os outros e os reduz a meios que usamos para satisfazer o nosso egoísmo, então não temos o direito de abrir uma excepção apenas para nós.
  • 18. A TEORIA ÉTICA DE KANT ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA “Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal” Imagine a seguinte situação: Eva precisava de dinheiro. Pediu algum dinheiro emprestado a Bernardo com a promessa de lho devolver. No entanto, já tinha a intenção de não lhe devolver o dinheiro. Eva agiu de acordo com a seguinte máxima: “Sempre que precisar de dinheiro, peço o dinheiro emprestado, mas com a intenção de não o devolver”. Poderá esta máxima ser universalizada? Não será contraditória?
  • 19. A TEORIA ÉTICA DE KANT ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA Em termos mais gerais a regra que orienta a acção de Eva é esta: “Mente sempre que isso for do teu interesse”. O que aconteceria se esta regra fosse universalizada, se funcionasse como modelo para todos, se todos a seguissem. O que aconteceria? Ninguém confiaria em ninguém. Ora, a mentira só é eficaz se as pessoas confiarem umas nas outras. É preciso que Bernardo confie em Eva, para poder ser enganado por ela. Mas se eu souber que todos mentem sempre que isso lhes convém, deixarei de confiar nos outros e por isso Bernardo não confiará em Eva. Não vale a pena Eva prometer porque Bernardo não irá acreditar em nada que ela diga. Logo, Bernardo não lhe iria emprestar o dinheiro se a máxima de Eva fosse uma lei universal. Por estranho que pareça, ao exigir que todos mintam, estou a tornar a mentira impossível.
  • 20. A TEORIA ÉTICA DE KANT ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA Eva não pode querer sem contradição universalizar a excepção que abriu para si própria porque se tornará excepção para todos. Se todos nós fizéssemos promessas com a intenção de não as cumprir todos desconfiaríamos delas e o empréstimo de dinheiro baseado em promessas acabaria. A prática de fazer e de aceitar promessas desapareceria. A máxima referida auto-destrói-se ao ser universalizada porque ninguém poderá agir de acordo com ela. A máxima “Mente sempre que isso for do teu interesse” não pode ser transformada numa lei universal. O nosso dever moral básico consiste em praticar apenas as acções que todos os outros possam ter como modelo.
  • 21. A TEORIA ÉTICA DE KANT ANÁLISE DA SEGUNDA FÓRMULA Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como meio. Segundo esta fórmula, cada ser humano é um fim em si e não um simples meio. Por isso, será moralmente errado instrumentalizar um ser humano, usá-lo como simples meio para alcançar um objectivo. Os seres humanos têm valor intrínseco, absoluto, isto é, dignidade.
  • 22. A TEORIA ÉTICA DE KANT ANÁLISE DA SEGUNDA FÓRMULA Pense no modo como quem pede dinheiro emprestado sem intenção de o devolver está a tratar a pessoa que lhe empresta dinheiro. É evidente que está a tratá-la como um meio para resolver um problema e não como alguém que merece respeito, consideração. Pensa unicamente em utilizá-la para resolver uma situação financeira grave sem ter qualquer consideração pelos interesses próprios de quem se dispõe a ajudá-lo. Viola – se assim a primeira e também a segunda fórmula.
  • 23. A TEORIA ÉTICA DE KANT Conclusão da análise das fórmulas (1) Para Kant, a pessoa tem de ser tratada sempre como um fim em si mesma e nunca somente como um meio, porque é o único ser de entre as várias espécies de seres vivos que pode agir moralmente. Se não existissem os seres humanos, não poderia haver bondade moral no mundo e, nesse sentido, o valor da pessoa é absoluto. Assim, a fórmula da humanidade, também conhecida por fórmula do respeito pelas pessoas, exprime a obrigação moral básica da ética kantiana.
  • 24. A TEORIA ÉTICA DE KANT Conclusão da análise das fórmulas (2) CUMPRIMENTO DO DEVER, IMPARCIALIDADE E RESPEITO PELAS PESSOAS. A acção moralmente correcta é decidida pelo indivíduo quando adopta uma perspectiva universal. Como? Colocando de parte os seus interesses, a pessoa pensará como qualquer outra que também faça abstracção dos seus interesses adoptando, portanto, uma perspectiva universal.
  • 25. A TEORIA ÉTICA DE KANT Conclusão da análise das fórmulas (3) CUMPRIMENTO DO DEVER, IMPARCIALIDADE E RESPEITO PELAS PESSOAS. Pense em deveres morais comuns como “ “Paga o que deves”, “Sê leal”, “Não roubes”. Só o interesse e parcialidade do agente pode levar à violação de tais regras ou deveres morais. Eliminada a parcialidade, pensamos segundo uma perspectiva universal e aprovamo-los. Sempre que fazemos da satisfação dos nossos interesses a finalidade única da nossa acção, não estamos a ser imparciais e a máxima que seguimos não pode ser universalizada. Assim sendo, estamos a usar os outros apenas como meios, simples instrumentos que utilizamos para nosso proveito.
  • 26. A TEORIA ÉTICA DE KANT A BOA VONTADE Agir moralmente significa agir com a intenção de respeitar exclusivamente a norma geral que me diz que devo praticar apenas as acções que todos os outros possam ter como modelo a seguir e que dado serem puramente desinteressadas tratam os outros como fins e nunca só como meios. A vontade que decide agir por puro e simples respeito pelo que a lei moral ou imperativo categórico exige tem o nome de boa vontade.
  • 27. A TEORIA ÉTICA DE KANT VONTADE AUTÓNOMA 1.Vontade que cumpre o dever pelo dever. É uma boa vontade. 2. Uma vontade autónoma é uma vontade puramente racional, que faz sua uma lei da razão, que diz a si mesma «Eu quero o que a lei moral exige».Ao agir por dever obedeço à voz da minha razão e nada mais. VONTADE HETERÓNOMA 1.Vontade que não cumpre o dever pelo dever. Não é uma boa vontade. 2. O cumprimento do dever não é motivo suficiente para agir tendo de se invocar razões externas como o receio das consequências, o temor a Deus, etc. A vontade submete-se a autoridades que não a razão.
  • 28. A TEORIA ÉTICA DE KANT A BOA VONTADE É uma vontade que age de forma moralmente correcta independentemente das consequências da acção. É uma vontade que cumpre o dever respeitando absolutamente a lei moral, ou seja, cuja única intenção é cumprir o dever. É uma vontade que age segundo regras ou máximas que podem ser seguidas por todos. É uma vontade que respeita todo e qualquer ser humano considerando – o uma pessoa e não uma coisa ou um simples meio ao serviço deste ou daquele interesse. É uma vontade autónoma porque decide cumprir o dever por sua iniciativa e não por receio de autoridades externas ou da opinião dos outros.
  • 29. A TEORIA ÉTICA DE KANT E SE CUMPRIR O DEVER DE FORMA ABSOLUTA – SEM OUTRA INTENÇÃO – TIVER MÁS CONSEQUÊNCIAS? Kant responde que não é por isso que a acção se torna moralmente errada. O que conta é a intenção. Imaginemos que digo a verdade e isso tem más consequências. Para Kant, o que importa é o modo como cumpro o dever – a intenção – e não o que resulta da acção.