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A FUNÇÃO DE AGENDAMENTO DOS
MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA
(McCombs e Shaw, 1972)
• Maxwell McCombs e Donald Shaw
Jornalistas, pesquisadores e professores estadunidenses, considerados fundadores
da pesquisa empírica sobre a função de agendamento da imprensa.
• Public Opinion Quarterly
Publicada desde 1937, está entre os periódicos de seu tipo mais citados. Publica
importantes contribuições teóricas para a pesquisa de opinião e comunicação,
análises da opinião pública atual e investigações de questões metodológicas.
OS AUTORES E A PUBLICAÇÃO
https://academic.oup.com/poq/pages/About
IDEIAS PRINCIPAIS
• “Ao refletir o que os candidatos estão dizendo durante uma campanha, os mass media
podem bem determinar as questões importantes – isto é, a mídia pode definir a
“agenda” da campanha” p. 176
• A informação na mídia como o único contato que muitos tem com a política.
O publico vê como importante os assuntos que a mídia noticia com frequência e destaque.
• “Pessoas com mais instrução e politicamente interessadas (e menos propensas a mudar
crenças políticas) buscam ativamente informações, mas a maioria parece adquiri-las, se
for o caso, sem muito esforço”. p. 176-177.
As origens da teoria remontam a Walter Lippmann no seu livro Opinião Pública, de 1922.
Lippmann começa seu clássico livro com o estudo intitulado “O mundo lá fora e as imagens em
nossas cabeças”. Sua tese é a de que a mídia é a ponte até nossas mentes em termos de
informação. Porém, os anos mais recentes têm se transformado em algo diferente daquilo que
ele descreveu. Em 1968, Shaw e eu resolvemos testar aquilo que Lippmann tinha escrito. Os
estudos mais remotos avaliavam a influência da mídia nas atitudes e na opinião pública. Mas, na
maioria das vezes, encontrava pouca influência das notícias. Então, decidi que investigaria, ao
invés disso, efeitos cognitivos (MCCOMBS, 2008,p. 205-206)
Se você guardar os exemplares do seu jornal preferido durante duas ou três semanas, e em
uma tarde passar pelas primeiras páginas, você terá uma noção da agenda que aquele jornal
teve ao longo desse tempo. Alguns assuntos estarão nas capas desse jornal por muitas e muitas
vezes. Evidentemente, muitos assuntos nem estarão lá. Agenda é simplesmente a questão da
cobertura da notícia. (MCCOMBS, 2008, p.206)
MCCOMBS, Maxwell. Um Panorama da Teoria do Agendamento, 35 anos depois de sua formulação. Entrevista Concedida a José Afonso da Silva Junior,
Pedro Paulo Procópio e Mônica dos Santos Melo. In: Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v.31, n.2, jul./dez, 2008.
MÉTODO
• O objetivo era investigar a capacidade de agendamento da mídia na campanha
presidencial de 1968 dos EUA.
• O estudo tentou combinar o que eleitores de Chapel Hill disseram que eram questões
chave da campanha com o conteúdo real da mídia usada por eles durante a companha.
• Entrevistados foram selecionados aleatoriamente a partir de registros em 5 distritos
econômica, social e racialmente representativos para a comunidade.
• Foram realizadas 100 entrevistas com eleitores ainda não decididos entre 18 de
setembro e 6 de outubro.
• Perguntou-se a cada entrevistado os assuntos chave da campanha, independente do
que os candidatos estivessem falando no momento.
• Os meios de comunicação que esses eleitores utilizaram foram coletados e o conteúdo
analisado (jornais, revistas e televisão/ questões principais e secundárias)
• As respostas dos entrevistados que indicaram uma preferência (mas não um
compromisso) para um dos candidatos durante o período foram analisados
separadamente.
• A tabela exibe a ênfase total dos
itens principais enfatizados pela
mídia durante a campanha.
• Uma quantidade considerável de
notícias se dedicou a análise da
própria campanha.
• Notícias sobre candidatos
falando uns sobre os outros.
RESULTADOS
• A pesquisa identificou correlação muito forte entre as questões da companha
apresentadas pela mídia e a resposta dos eleitores entrevistados.
• Alto grau de consenso entre as
mídias noticiosas sobre as
questões significativas da
campanha, mas não há uma
concordância perfeita.
• Os fatores que reduzem o
consenso entre os mídias de
notícias são: as características
básicas dos jornais, televisão e
revistas que possuem
formatos e pontos de vista
diferentes uns dos outros.
• Mas as correlações não são uniformes entre as várias mídias e todos os grupos de eleitores
entrevistados (não apenas os predispostos a um candidato até o momento da pesquisa).
• A tabela 5 apresenta coeficientes de confiabilidade, indicando o grau de concordância entre
os meios noticiosos sobre o que são os eventos políticos importantes.
• Tabela 6 mostra os efeitos independentes do interesse político e a saliência de afeto (orientação
pro/contra) para o uso de mídia.
• Os autores observaram que a alta saliência de afeto tende a bloquear o uso dos meios de comunicação
para adquirir mais informação sobre questões com alta importância pessoal.
• Indícios da relação de efeitos cognitivos e o agendamento pela mídia.
Quanto maior a necessidade por orientação, mais forte é o efeito do
Agenda-setting. O efeito do agendamento não diz respeito
simplesmente à exposição. Porém, diferentes pessoas com o mesmo
nível de exposição podem demonstrar efeitos muito diferentes,
dependendo do seu nível de necessidade de orientação. Há outras
questões contingenciais, mas certamente essas são as duas mais
significativas, que é a descrição da necessidade de orientação do
indivíduo e a organização que detém a mídia. Mas nós podemos citar
também um outro efeito contingencial que varia de país para país. É a
relativa influência dos jornais e da televisão. (MCCOMBS, 2008, p.208)
MCCOMBS, Maxwell. Um Panorama da Teoria do Agendamento, 35 anos depois de sua formulação. Entrevista Concedida a José Afonso da Silva Junior,
Pedro Paulo Procópio e Mônica dos Santos Melo. In: Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v.31, n.2, jul./dez, 2008.
EVIDÊNCIAS DA HÍPOTESE DO AGENDAMENTO
• Os eleitores respondiam que as questões principais da campanha não eram aquelas somente das
notícias que favoreciam apenas o seu candidato de preferência. Assim, embora o estudo envolva
uma evidência da percepção seletiva, a teoria do agendamento explica mais perfeitamente esse
fenômeno.
• O mundo político é reproduzido de forma imperfeita pelas mídias noticiosas, contudo, a evidência
deste estudo de que os eleitores tendem a compartilhar o agendamento composto pela mídia
do que é importante, fortemente sugere uma função de agendamento dos mass media. p. 184
• Não são as correlações apresentadas no artigo que provam o agendamento, mas elas mostram as
condições que devem existir para o agendamento ocorrer, segundo os autores.
• O estudo apresentado significou um primeiro teste da hipótese do agendamento, mas os autores
indicavam que a pesquisa subsequente deveria passar de um nível societal para o nível psicológico,
combinando atitudes individuais com o uso individual dos mass media. Contudo, os autores
indicavam que o estudo aperfeiçoou as evidências da teoria do agendamento em vários aspectos.

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A função de agendamento da mídia

  • 1. A FUNÇÃO DE AGENDAMENTO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA (McCombs e Shaw, 1972)
  • 2. • Maxwell McCombs e Donald Shaw Jornalistas, pesquisadores e professores estadunidenses, considerados fundadores da pesquisa empírica sobre a função de agendamento da imprensa. • Public Opinion Quarterly Publicada desde 1937, está entre os periódicos de seu tipo mais citados. Publica importantes contribuições teóricas para a pesquisa de opinião e comunicação, análises da opinião pública atual e investigações de questões metodológicas. OS AUTORES E A PUBLICAÇÃO https://academic.oup.com/poq/pages/About
  • 3. IDEIAS PRINCIPAIS • “Ao refletir o que os candidatos estão dizendo durante uma campanha, os mass media podem bem determinar as questões importantes – isto é, a mídia pode definir a “agenda” da campanha” p. 176 • A informação na mídia como o único contato que muitos tem com a política. O publico vê como importante os assuntos que a mídia noticia com frequência e destaque. • “Pessoas com mais instrução e politicamente interessadas (e menos propensas a mudar crenças políticas) buscam ativamente informações, mas a maioria parece adquiri-las, se for o caso, sem muito esforço”. p. 176-177.
  • 4. As origens da teoria remontam a Walter Lippmann no seu livro Opinião Pública, de 1922. Lippmann começa seu clássico livro com o estudo intitulado “O mundo lá fora e as imagens em nossas cabeças”. Sua tese é a de que a mídia é a ponte até nossas mentes em termos de informação. Porém, os anos mais recentes têm se transformado em algo diferente daquilo que ele descreveu. Em 1968, Shaw e eu resolvemos testar aquilo que Lippmann tinha escrito. Os estudos mais remotos avaliavam a influência da mídia nas atitudes e na opinião pública. Mas, na maioria das vezes, encontrava pouca influência das notícias. Então, decidi que investigaria, ao invés disso, efeitos cognitivos (MCCOMBS, 2008,p. 205-206) Se você guardar os exemplares do seu jornal preferido durante duas ou três semanas, e em uma tarde passar pelas primeiras páginas, você terá uma noção da agenda que aquele jornal teve ao longo desse tempo. Alguns assuntos estarão nas capas desse jornal por muitas e muitas vezes. Evidentemente, muitos assuntos nem estarão lá. Agenda é simplesmente a questão da cobertura da notícia. (MCCOMBS, 2008, p.206) MCCOMBS, Maxwell. Um Panorama da Teoria do Agendamento, 35 anos depois de sua formulação. Entrevista Concedida a José Afonso da Silva Junior, Pedro Paulo Procópio e Mônica dos Santos Melo. In: Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v.31, n.2, jul./dez, 2008.
  • 5. MÉTODO • O objetivo era investigar a capacidade de agendamento da mídia na campanha presidencial de 1968 dos EUA. • O estudo tentou combinar o que eleitores de Chapel Hill disseram que eram questões chave da campanha com o conteúdo real da mídia usada por eles durante a companha. • Entrevistados foram selecionados aleatoriamente a partir de registros em 5 distritos econômica, social e racialmente representativos para a comunidade. • Foram realizadas 100 entrevistas com eleitores ainda não decididos entre 18 de setembro e 6 de outubro. • Perguntou-se a cada entrevistado os assuntos chave da campanha, independente do que os candidatos estivessem falando no momento. • Os meios de comunicação que esses eleitores utilizaram foram coletados e o conteúdo analisado (jornais, revistas e televisão/ questões principais e secundárias) • As respostas dos entrevistados que indicaram uma preferência (mas não um compromisso) para um dos candidatos durante o período foram analisados separadamente.
  • 6. • A tabela exibe a ênfase total dos itens principais enfatizados pela mídia durante a campanha. • Uma quantidade considerável de notícias se dedicou a análise da própria campanha. • Notícias sobre candidatos falando uns sobre os outros. RESULTADOS
  • 7. • A pesquisa identificou correlação muito forte entre as questões da companha apresentadas pela mídia e a resposta dos eleitores entrevistados.
  • 8. • Alto grau de consenso entre as mídias noticiosas sobre as questões significativas da campanha, mas não há uma concordância perfeita. • Os fatores que reduzem o consenso entre os mídias de notícias são: as características básicas dos jornais, televisão e revistas que possuem formatos e pontos de vista diferentes uns dos outros. • Mas as correlações não são uniformes entre as várias mídias e todos os grupos de eleitores entrevistados (não apenas os predispostos a um candidato até o momento da pesquisa). • A tabela 5 apresenta coeficientes de confiabilidade, indicando o grau de concordância entre os meios noticiosos sobre o que são os eventos políticos importantes.
  • 9. • Tabela 6 mostra os efeitos independentes do interesse político e a saliência de afeto (orientação pro/contra) para o uso de mídia. • Os autores observaram que a alta saliência de afeto tende a bloquear o uso dos meios de comunicação para adquirir mais informação sobre questões com alta importância pessoal. • Indícios da relação de efeitos cognitivos e o agendamento pela mídia.
  • 10. Quanto maior a necessidade por orientação, mais forte é o efeito do Agenda-setting. O efeito do agendamento não diz respeito simplesmente à exposição. Porém, diferentes pessoas com o mesmo nível de exposição podem demonstrar efeitos muito diferentes, dependendo do seu nível de necessidade de orientação. Há outras questões contingenciais, mas certamente essas são as duas mais significativas, que é a descrição da necessidade de orientação do indivíduo e a organização que detém a mídia. Mas nós podemos citar também um outro efeito contingencial que varia de país para país. É a relativa influência dos jornais e da televisão. (MCCOMBS, 2008, p.208) MCCOMBS, Maxwell. Um Panorama da Teoria do Agendamento, 35 anos depois de sua formulação. Entrevista Concedida a José Afonso da Silva Junior, Pedro Paulo Procópio e Mônica dos Santos Melo. In: Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v.31, n.2, jul./dez, 2008.
  • 11. EVIDÊNCIAS DA HÍPOTESE DO AGENDAMENTO • Os eleitores respondiam que as questões principais da campanha não eram aquelas somente das notícias que favoreciam apenas o seu candidato de preferência. Assim, embora o estudo envolva uma evidência da percepção seletiva, a teoria do agendamento explica mais perfeitamente esse fenômeno. • O mundo político é reproduzido de forma imperfeita pelas mídias noticiosas, contudo, a evidência deste estudo de que os eleitores tendem a compartilhar o agendamento composto pela mídia do que é importante, fortemente sugere uma função de agendamento dos mass media. p. 184 • Não são as correlações apresentadas no artigo que provam o agendamento, mas elas mostram as condições que devem existir para o agendamento ocorrer, segundo os autores. • O estudo apresentado significou um primeiro teste da hipótese do agendamento, mas os autores indicavam que a pesquisa subsequente deveria passar de um nível societal para o nível psicológico, combinando atitudes individuais com o uso individual dos mass media. Contudo, os autores indicavam que o estudo aperfeiçoou as evidências da teoria do agendamento em vários aspectos.

Notes de l'éditeur

  1. Mídia molda a opinião publica.
  2. (A mídia tratava sobre a própria campanha e não os assuntos que deviam ser discutidos dentro dela) (Humphey atacando mais Agnew do que Nixon.) A pesquisa identificou uma correlação muito forte entre a questões da companha apresentadas pela mídia e a resposta dos eleitores entrevistados. (embora o questionário pedisse para não considerar o que os políticos poderiam estar dizendo)
  3. Itens principais possui correlações mais altas que os itens secundários. Quando todos concordam em uma questão importante tbm abre mais espaço para interpretação individual.
  4. O exame da relação entre a saliência de afeto com a educação e interesse políticos não mostraram correlações significativas. Saliência de afeto como um localizador ou preditor do uso de mídia, especialmente entre pessoas com alto interesse político. O resultado é consistente em todos os meios de comunicação.