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Máscaras Africanas




Máscara. Arte fang. Museu do
      Homem, Paris.
As máscaras sempre foram as
protagonistas indiscutíveis da arte
africana. A crença de que
possuíam determinadas virtudes
mágicas transformou-as no centro
das pesquisas. O fato é que, para
os africanos, a máscara
representava um disfarce místico
com o qual poderiam absorver
forças mágicas dos espíritos e
assim utilizá-las em benefício da
comunidade: na cura de doentes,
em rituais fúnebres, cerimônias de
iniciação, casamentos e
nascimentos. Serviam também
para identificar os membros de
certas sociedades secretas.

                                      Máscara de boi com mandíbula
                                      móvel. Arte ibibia. Museu do
                                      Homem, Paris.
Em geral, o material mais utilizado foi a
                                 madeira verde, embora existam também
                                 peças singulares de marfim, bronze e
                                 terracota. Antes de começar a entalhar,
                                 o artesão realizava uma série de rituais
                                 no bosque, onde normalmente
                                 desenvolvia o trabalho, longe da aldeia
                                 e usando ele próprio uma máscara no
                                 rosto. A máscara era criada com total
                                 liberdade, dispensando esboço e
                                 cumprindo sua função. A madeira era
                                 modelada com uma faca afiada. As
                                 peças iam do mais puro figurativismo
                                 até a abstração completa.

Máscara de dança. Arte ioruba-
nagô. Museu do Homem, Paris.
Quanto à sua interpretação, a tarefa é
                                difícil, na medida em que não se
                                conhece sua função, ou seja, o ritual
                                para o qual foram concebidas. Os
                                colonizadores nunca valorizaram essas
                                peças, consideradas apenas curiosidade
                                de um povo primitivo e infiel.
                                Paradoxalmente, a maior parte das
                                obras africanas encontra-se em museus
                                do Ocidente, onde recentemente, em
                                meados do século XX, tentou-se
                                classificá-las. Na verdade, os
                                historiadores africanos viram-se
                                obrigados a estudar a arte de seus
                                antepassados nos museus da Europa.



Máscara. Arte pendê. Museu da
  África Central, Tervuren.
O auge da arte africana na Europa
surgiu com as primeiras vanguardas,
especificamente os fauvistas e os
expressionistas. Estes, além de
reconhecer os valores artísticos das
peças africanas, tentaram imitá-las,
embora sempre sob a ótica de suas
próprias interpretações, algo que
colaborou em muitos casos, para a
distorção do verdadeiro sentido das
obras. Entre as peças mais valorizadas
atualmente estão, apenas para citar
algumas, as esculturas de arte das
culturas fon, fang, ioruba e bini, e as de
Luba.
                                             Rosto de uma cabeça de duas faces.
                                              Arte ibibia. Coleção Hélène Kamer,
                                                             Paris.
O fato de os primeiros colonizadores
terem subestimado essas culturas e
considerado essas obras meras
curiosidades exóticas, provocou um
saque sem sentido na herança cultural
desse continente. Recentemente, no
século XX, foi possível, graças à
antropologia de campo e aos
especialistas em arte africana,
organizar as coleções dos museus
europeus. Mas o dano já estava feito.
Muitos objetos ficaram sem
classificação, não se conhecendo assim
seu lugar de origem ou simplesmente
ignorando-se sua função.




  Fonte:www.meusestudos.com
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Mascaras africanas

  • 1. Máscaras Africanas Máscara. Arte fang. Museu do Homem, Paris.
  • 2. As máscaras sempre foram as protagonistas indiscutíveis da arte africana. A crença de que possuíam determinadas virtudes mágicas transformou-as no centro das pesquisas. O fato é que, para os africanos, a máscara representava um disfarce místico com o qual poderiam absorver forças mágicas dos espíritos e assim utilizá-las em benefício da comunidade: na cura de doentes, em rituais fúnebres, cerimônias de iniciação, casamentos e nascimentos. Serviam também para identificar os membros de certas sociedades secretas. Máscara de boi com mandíbula móvel. Arte ibibia. Museu do Homem, Paris.
  • 3. Em geral, o material mais utilizado foi a madeira verde, embora existam também peças singulares de marfim, bronze e terracota. Antes de começar a entalhar, o artesão realizava uma série de rituais no bosque, onde normalmente desenvolvia o trabalho, longe da aldeia e usando ele próprio uma máscara no rosto. A máscara era criada com total liberdade, dispensando esboço e cumprindo sua função. A madeira era modelada com uma faca afiada. As peças iam do mais puro figurativismo até a abstração completa. Máscara de dança. Arte ioruba- nagô. Museu do Homem, Paris.
  • 4. Quanto à sua interpretação, a tarefa é difícil, na medida em que não se conhece sua função, ou seja, o ritual para o qual foram concebidas. Os colonizadores nunca valorizaram essas peças, consideradas apenas curiosidade de um povo primitivo e infiel. Paradoxalmente, a maior parte das obras africanas encontra-se em museus do Ocidente, onde recentemente, em meados do século XX, tentou-se classificá-las. Na verdade, os historiadores africanos viram-se obrigados a estudar a arte de seus antepassados nos museus da Europa. Máscara. Arte pendê. Museu da África Central, Tervuren.
  • 5. O auge da arte africana na Europa surgiu com as primeiras vanguardas, especificamente os fauvistas e os expressionistas. Estes, além de reconhecer os valores artísticos das peças africanas, tentaram imitá-las, embora sempre sob a ótica de suas próprias interpretações, algo que colaborou em muitos casos, para a distorção do verdadeiro sentido das obras. Entre as peças mais valorizadas atualmente estão, apenas para citar algumas, as esculturas de arte das culturas fon, fang, ioruba e bini, e as de Luba. Rosto de uma cabeça de duas faces. Arte ibibia. Coleção Hélène Kamer, Paris.
  • 6. O fato de os primeiros colonizadores terem subestimado essas culturas e considerado essas obras meras curiosidades exóticas, provocou um saque sem sentido na herança cultural desse continente. Recentemente, no século XX, foi possível, graças à antropologia de campo e aos especialistas em arte africana, organizar as coleções dos museus europeus. Mas o dano já estava feito. Muitos objetos ficaram sem classificação, não se conhecendo assim seu lugar de origem ou simplesmente ignorando-se sua função. Fonte:www.meusestudos.com