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   MINISTÉRIO DA SAÚDE


EQUIPE de REFERÊNCIA
         e
       APOIO
     MATRICIAL


         Brasília - DF
            2004
MINISTÉRIO DA SAÚDE
                 Secretaria-Executiva
 Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização




             HumanizaSUS
EQUIPE DE REFERÊNCIA E APOIO MATRICIAL


          Série B. Textos Básicos de Saúde




                    Brasília – DF
                        2004
© 2004 Ministério da Saúde.
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a
fonte e não seja para venda ou qualquer fim comercial.
Todos os direitos patrimoniais de autor, cedidos ao Núcleo Técnico da Política Nacional de
Humanização do Ministério da Saúde.
                                                       Texto:
Série B. Textos Básicos de Saúde                       Raquel Teixeira Lima
                                                       Stella Maris Chebli
Tiragem: 1.ª edição – 2004 – 15.000 exemplares
                                                       Organização das cartilhas da PNH:
Elaboração, distribuição e informações:                Eduardo Passos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria-Executiva                                   Elaboração de texto, diagramação e layout:
Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização Cristina Maria Eitler (Kita)
Esplanada dos Ministérios, bloco G, Edifício Sede,
3.o andar, sala 336                                    Fotos:
CEP: 70058-900, Brasília – DF                          Delegados participantes da 12.ª Conferência Nacional de
Tels.: (61) 315 2587 / 315 2957                        Saúde (realizada em Brasília, de 7 a 11 de dezembro de
E-mail: humanizasus@saude.gov.br                       2003), fotografados no stand do HumanizaSUS
Home page: www.saude.gov.br/humanizasus                Fotógrafo:
Impresso no Brasil / Printed in Brazil                     Cléber Ferreira da Silva
                                                   Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização.
  HumanizaSUS: equipe de referência e apoio matricial / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico
da Política Nacional de Humanização. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
   16 p. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)
  1. SUS (BR). 2. Política de saúde. 3. Prestação de cuidados de saúde. I. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-
Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. II. Título. III. Série.
                                                                                                  NLM WA 30 DB8

                                                                         Catalogação na fonte – Editora MS – OS 2004/1165
Títulos para indexação:
Em inglês:     HumanizaSUS. Reference Team and Matrix Support
Em espanhol: HumanizaSUS. Equipo de Referencia y Apoyo Matriz

EDITORA MS                                                                                                 Equipe editorial:
Documentação e Informação                                                                    Normalização: Leninha Silvério
SIA, trecho 4, lotes 540 / 610                                                    Revisão: Mara Pamplona, Ricardo Bortoleto
CEP: 71200-040, Brasília – DF
Tels.: (61) 233 2020 / 233 1774
Fax: (61) 233 9558
E-mail: editora.ms@saude.gov.br
Home page: www.saude.gov.br/editora
O Ministério da Saúde Implementa a
Política Nacional de Humanização (PNH)
HumanizaSUS


            O    HumanizaSUS é a proposta para enfrentar o desafio
de tomar os princípios do SUS no que eles impõem de mudança dos
           modelos de atenção e de gestão das práticas de saúde.
           O Ministério da Saúde decidiu priorizar o atendimento
           com qualidade e a participação integrada dos gestores,
           trabalhadores e usuários na consolidação do SUS. Eis a
           aposta do HumanizaSUS.
             Por humanização entendemos a valorização
             dos diferentes sujeitos implicados no
             processo de produção de saúde. Os valores
             que norteiam esta política são a autonomia
             e o protagonismo dos sujeitos, a co-
             responsabilidade        entre    eles,    o
             estabelecimento de vínculos solidários, a
             participação coletiva no processo de gestão
e a indissociabilidade entre atenção e gestão.
A PNH não é para nós um mero conjunto de propostas
abstratas que esperamos poder tornar concreto. Ao contrário, partimos
do SUS que dá certo. Para nós, então, o HumanizaSUS se apresenta
como uma política construída a partir de experiências concretas que
identificamos e queremos multiplicar. Daí a importância da função
multiplicadora das “Cartilhas da PNH”. Com elas, esperamos poder
disseminar algumas tecnologias de humanização da atenção e da
gestão no campo da saúde.




                                                      Brasília, 2004
A     reforma e ampliação da clínica e das práticas de atenção
integral à saúde – como a responsabilização e a produção de
vínculo terapêutico – dependem, fundamentalmente, da instituição
de novos padrões de relacionamento entre os profissionais de
saúde e os usuários dos serviços.

Os padrões de relacionamento, por sua vez, são decorrentes, em
grande parte, dos estilos de gestão e da estrutura de poder existente
nas instituições. Um serviço de saúde onde as decisões são tomadas
por um pequeno grupo que ocupa cargos mais altos na hierarquia
deste serviço, e cuja organização é baseada no poder das corporações
profissionais, tende a gerar descompromisso e falta de interesse de
participação na maioria dos trabalhadores. Processos de trabalho




                                                                    5
centrados em procedimentos burocráticos, e que se restringem a
prescrever, tendem a fragilizar o envolvimento dos profissionais de
saúde com os usuários.
Para evitar tais tendências é preciso investir na mudança da estrutura
assistencial e gerencial dos serviços de saúde. É preciso criar novas
formas de organização, novos arranjos organizacionais, capazes
de produzir outra cultura e de lidar com a singularidade dos sujeitos.
Esses novos arranjos devem ser transversais, no sentido de produzir
e estimular padrões de relação que perpassem todos trabalhadores
e usuários, favorecendo a troca de informações e a ampliação do
compromisso dos profissionais com a produção de saúde.
As equipes de referência e o apoio matricial são dois arranjos
organizacionais que apresentam essas características de
transversalidade.
                                           ia contribui para
                  A equipe de referênc
                                            imizar a falta de
                  tentar resolver ou min
                                             sa bi lid ad es , de
                  de fin iç ão de re sp on
                                              integralidade na
                  vínculo terapêutico e de
                                            of er ec en do um
                   at en çã o à sa úd e,
                                           re sp ei to so , co m
                   tra ta m en to di gn o,
                                            to e vínculo.
                   qualidade, acolhimen

                                                                     Cartilha da PNH
6                                               Equipe de Referência e Apoio Matricial
É muito comum, quando não se tem a equipe
de referência, que o usuário seja
responsabilidade de todos os profissionais e,
ao mesmo tempo, de nenhum. Cada um se
preocupa com a “sua” parte (que é cada vez
menor com a especialização e burocratização)
e ninguém se preocupa com a “costura” das
diversas intervenções num projeto terapêutico
coerente e negociado com o usuário e na
equipe. Ou seja, supõe-se que o sujeito pode
ser fatiado em pedaços e reduzido a
diagnósticos, por abordagens profissionais
diferentes, e que no fim da “linha de produção”,
depois que cada profissional apertou um
parafuso, chegar-se-á num usuário
integralmente atendido e com seus problemas
resolvidos. Não é o que acontece. Um ditado
popular ilustra bem esta situação: “cão com
muitos donos passa fome”.
As equipes de referência propõem um novo
sistema de referência entre profissionais e
usuários, cujo funcionamento pode ser descrito
Cartilha da PNH
Equipe de Referência e Apoio Matricial             7
da seguinte forma: cada unidade de saúde
    se organiza por meio da composição de
    equipes, formadas segundo características e
    objetivos da própria unidade, e de acordo
    com a realidade local e disponibilidade de
    recursos. Essas equipes obedecem a uma
    composição multiprofissional de caráter
    transdisciplinar, isto é, reúnem profissionais
    de diferentes áreas, variando em função da
    finalidade do serviço/unidade (por exemplo:
    equipe de saúde da família quando for uma
    Unidade de Saúde da Família).
    As equipes podem também se organizar a
    partir de uma distribuição territorial. Neste
    caso, os usuários de um território são divididos
    em grupos, sob a responsabilidade de uma
    determinada equipe de saúde, denominada
    equipe de referência territorial.
    Assim, em uma unidade de saúde mental, de
    reabilitação, ou em um hospital ou
    ambulatório de especialidades, são
    organizadas equipes de referência
                                                   Cartilha da PNH
8                             Equipe de Referência e Apoio Matricial
multiprofissionais com caráter transdisciplinar
(variando segundo o objetivo e característica do
serviço) que se responsabilizam pela saúde de
um certo número de pacientes inscritos, segundo
sua capacidade de atendimento e gravidade dos
casos.
Do mesmo modo, em uma unidade/serviço de
saúde da família, que já trabalha com a
concepção de equipes de referência territoriais,
várias famílias são selecionadas e registradas para
ficarem sob a responsabilidade de um médico,
enfermeira de família, auxiliares e agentes
comunitários de saúde.

      Cada equipe de referência torna-se
      responsável pela atenção integral do
      doente, cuidando de todos os aspectos
      de sua saúde, elaborando projetos
      terapêuticos e buscando outros recursos
      terapêuticos, quando necessário (ver
      apoio matricial).

Cartilha da PNH
Equipe de Referência e Apoio Matricial                9
Essa equipe passa a ter a responsabilidade
     principal pela condução do caso. Geralmente,
     as equipes de referência, para existirem de fato,
     precisam disponibilizar períodos de tempo para
     se reunir, discutir seus projetos terapêuticos e
     conversar. E para isso é preciso que haja um clima
     democrático propício à livre expressão das idéias,
     independente da profissão de cada um.
         A diferença profissional e pessoal de
         cada membro da equipe possibilita
         vínculos e olhares diferentes sobre o
         sujeito doente. Estas diferenças
         permitem enxergar caminhos para o
         projeto terapêutico. Caminhos que, de
         maneira isolada, dificilmente seriam
         encontrados.
     Nas equipes de referência fica evidenciada a
     importância de cada trabalhador e a
     interdependência entre os diferentes profissionais,
     o que possibilita uma valorização profissional
     atrelada a resultados, e não somente ao status
     ou prestígio de determinadas profissões. Por isso
                                                       Cartilha da PNH
10                                Equipe de Referência e Apoio Matricial
as equipes de referência dependem (e são
instrumentos) de um modelo de gestão mais
democrático, centrado nos resultados para o
usuário, e não na produção de procedimentos
terapêuticos.
O apoio matricial é um arranjo na
organização dos serviços que complementa as
equipes de referência. Já que a equipe de
referência é A responsável pelos SEUS
pacientes, ela geralmente não os encaminha,
ela pede apoio. A quem a equipe de referência
pede apoio? Tanto aos serviços de referência/
especialidades (e/ou aos especialistas isolados)
quanto a outros profissionais que lidam com o
doente.
Os serviços de referência/especialidades que
dão apoio matricial passam a ter dois “usuários”
sob sua responsabilidade: “os usuários do
serviço” para o qual ele é referência e “o próprio
serviço”. Isso significa que o serviço de
referência/especialidades participa junto com
as equipes de referência, sempre que necessário,
Cartilha da PNH
Equipe de Referência e Apoio Matricial               11
da confecção de projetos terapêuticos dos
     pacientes que são tratados por ambas as
     equipes, e ajuda as equipes de referência a
     incorporarem conhecimentos para lidar com
     casos mais simples. Por exemplo: um centro de
     referência em oncologia pode desenvolver
     formas de contato com as equipes de atenção
     básica ou secundária, que implique em
     participar de reuniões das equipes para discutir
     projetos terapêuticos de pacientes tratados
     conjuntamente.
     Pode, também, fazer seminários para que a
     equipe incorpore conhecimentos (como tratar
     determinados aspectos da quimioterapia, por
     exemplo), realizar atendimentos conjuntos,
     disponibilizar contatos para situações
     emergenciais, etc. Sem esquecer que o próprio
     serviço de referência pode trabalhar internamente
     com equipes de referência e apoio matricial.
     Tudo isso ajuda a superar a velha idéia de
     encaminhamento (e de referência e contra-
     referência), torna possível o vínculo terapêutico
12                                                  Cartilha da PNH
                               Equipe de Referência e Apoio Matricial
e coloca o tratamento mais próximo do usuário
 e das equipes que o conhecem há mais tempo.
     Como dissemos anteriormente, a
     equipe de referência pede apoio não
     somente a especialistas, mas também
     a profissionais que estão mais
     próximos do usuário, e que por isto
     mesmo são capazes de enxergar
     outros aspectos de sua vida (sua
     inserção social, situação afetiva, outros
     problemas orgânicos, etc.). Isto
     garante que, no conjunto das
     intervenções terapêuticas, ocorram
     mais benefícios do que danos e que o
     projeto terapêutico envolva um
     compromisso com o usuário.
 O apoio matricial é, portanto, uma forma de
 organizar e ampliar a oferta de ações em saúde,
 que lança mão de saberes e práticas
 especializadas, sem que o usuário deixe de ser
 cliente da equipe de referência.
 A equipe de referência e o apoio matricial, juntos,
Cartilha da PNH                                        13
Equipe de Referência e Apoio Matricial
permitem um modelo de atendimento voltado
     para as necessidades de cada usuário: as
     equipes conhecem os usuários que estão sob o
     seu cuidado e isso favorece a construção de
     vínculos terapêuticos e a responsabilização
     (definição de responsabilidades) das equipes.
     Esse modelo, além de reunir profissionais de
     diferentes áreas do conhecimento permite que
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     utilizar percursos de encaminhamentos
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     da referência – o serviço de origem, onde o
     usuário deu entrada – e da contra-referência –
     o serviço para o qual o sujeito é referido.
     Permite ainda a expressão dos saberes, desejos
     e práticas dos profissionais, bem como um
     melhor acompanhamento do processo saúde/
     doença/intervenção de cada sujeito-usuário.
     As equipes de referências e o apoio matricial
     constituem-se, assim, como ferramentas
     indispensáveis para a humanização da
     atenção e da gestão em saúde.
                                                 Cartilha da PNH
14                          Equipe de Referência e Apoio Matricial
CONHEÇA             AS OUTRAS CARTILHAS DA       PNH:


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Cartilha da PNH
Equipe de Referência e Apoio Matricial                          15
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  • 1. CARTILHDPN MINISTÉRIO DA SAÚDE EQUIPE de REFERÊNCIA e APOIO MATRICIAL Brasília - DF 2004
  • 2. MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria-Executiva Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização HumanizaSUS EQUIPE DE REFERÊNCIA E APOIO MATRICIAL Série B. Textos Básicos de Saúde Brasília – DF 2004
  • 3. © 2004 Ministério da Saúde. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e não seja para venda ou qualquer fim comercial. Todos os direitos patrimoniais de autor, cedidos ao Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde. Texto: Série B. Textos Básicos de Saúde Raquel Teixeira Lima Stella Maris Chebli Tiragem: 1.ª edição – 2004 – 15.000 exemplares Organização das cartilhas da PNH: Elaboração, distribuição e informações: Eduardo Passos MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria-Executiva Elaboração de texto, diagramação e layout: Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização Cristina Maria Eitler (Kita) Esplanada dos Ministérios, bloco G, Edifício Sede, 3.o andar, sala 336 Fotos: CEP: 70058-900, Brasília – DF Delegados participantes da 12.ª Conferência Nacional de Tels.: (61) 315 2587 / 315 2957 Saúde (realizada em Brasília, de 7 a 11 de dezembro de E-mail: humanizasus@saude.gov.br 2003), fotografados no stand do HumanizaSUS Home page: www.saude.gov.br/humanizasus Fotógrafo: Impresso no Brasil / Printed in Brazil Cléber Ferreira da Silva Ficha Catalográfica Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: equipe de referência e apoio matricial / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 16 p. – (Série B. Textos Básicos de Saúde) 1. SUS (BR). 2. Política de saúde. 3. Prestação de cuidados de saúde. I. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria- Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. II. Título. III. Série. NLM WA 30 DB8 Catalogação na fonte – Editora MS – OS 2004/1165 Títulos para indexação: Em inglês: HumanizaSUS. Reference Team and Matrix Support Em espanhol: HumanizaSUS. Equipo de Referencia y Apoyo Matriz EDITORA MS Equipe editorial: Documentação e Informação Normalização: Leninha Silvério SIA, trecho 4, lotes 540 / 610 Revisão: Mara Pamplona, Ricardo Bortoleto CEP: 71200-040, Brasília – DF Tels.: (61) 233 2020 / 233 1774 Fax: (61) 233 9558 E-mail: editora.ms@saude.gov.br Home page: www.saude.gov.br/editora
  • 4. O Ministério da Saúde Implementa a Política Nacional de Humanização (PNH) HumanizaSUS O HumanizaSUS é a proposta para enfrentar o desafio de tomar os princípios do SUS no que eles impõem de mudança dos modelos de atenção e de gestão das práticas de saúde. O Ministério da Saúde decidiu priorizar o atendimento com qualidade e a participação integrada dos gestores, trabalhadores e usuários na consolidação do SUS. Eis a aposta do HumanizaSUS. Por humanização entendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde. Os valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co- responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários, a participação coletiva no processo de gestão e a indissociabilidade entre atenção e gestão.
  • 5. A PNH não é para nós um mero conjunto de propostas abstratas que esperamos poder tornar concreto. Ao contrário, partimos do SUS que dá certo. Para nós, então, o HumanizaSUS se apresenta como uma política construída a partir de experiências concretas que identificamos e queremos multiplicar. Daí a importância da função multiplicadora das “Cartilhas da PNH”. Com elas, esperamos poder disseminar algumas tecnologias de humanização da atenção e da gestão no campo da saúde. Brasília, 2004
  • 6. A reforma e ampliação da clínica e das práticas de atenção integral à saúde – como a responsabilização e a produção de vínculo terapêutico – dependem, fundamentalmente, da instituição de novos padrões de relacionamento entre os profissionais de saúde e os usuários dos serviços. Os padrões de relacionamento, por sua vez, são decorrentes, em grande parte, dos estilos de gestão e da estrutura de poder existente nas instituições. Um serviço de saúde onde as decisões são tomadas por um pequeno grupo que ocupa cargos mais altos na hierarquia deste serviço, e cuja organização é baseada no poder das corporações profissionais, tende a gerar descompromisso e falta de interesse de participação na maioria dos trabalhadores. Processos de trabalho 5
  • 7. centrados em procedimentos burocráticos, e que se restringem a prescrever, tendem a fragilizar o envolvimento dos profissionais de saúde com os usuários. Para evitar tais tendências é preciso investir na mudança da estrutura assistencial e gerencial dos serviços de saúde. É preciso criar novas formas de organização, novos arranjos organizacionais, capazes de produzir outra cultura e de lidar com a singularidade dos sujeitos. Esses novos arranjos devem ser transversais, no sentido de produzir e estimular padrões de relação que perpassem todos trabalhadores e usuários, favorecendo a troca de informações e a ampliação do compromisso dos profissionais com a produção de saúde. As equipes de referência e o apoio matricial são dois arranjos organizacionais que apresentam essas características de transversalidade. ia contribui para A equipe de referênc imizar a falta de tentar resolver ou min sa bi lid ad es , de de fin iç ão de re sp on integralidade na vínculo terapêutico e de of er ec en do um at en çã o à sa úd e, re sp ei to so , co m tra ta m en to di gn o, to e vínculo. qualidade, acolhimen Cartilha da PNH 6 Equipe de Referência e Apoio Matricial
  • 8. É muito comum, quando não se tem a equipe de referência, que o usuário seja responsabilidade de todos os profissionais e, ao mesmo tempo, de nenhum. Cada um se preocupa com a “sua” parte (que é cada vez menor com a especialização e burocratização) e ninguém se preocupa com a “costura” das diversas intervenções num projeto terapêutico coerente e negociado com o usuário e na equipe. Ou seja, supõe-se que o sujeito pode ser fatiado em pedaços e reduzido a diagnósticos, por abordagens profissionais diferentes, e que no fim da “linha de produção”, depois que cada profissional apertou um parafuso, chegar-se-á num usuário integralmente atendido e com seus problemas resolvidos. Não é o que acontece. Um ditado popular ilustra bem esta situação: “cão com muitos donos passa fome”. As equipes de referência propõem um novo sistema de referência entre profissionais e usuários, cujo funcionamento pode ser descrito Cartilha da PNH Equipe de Referência e Apoio Matricial 7
  • 9. da seguinte forma: cada unidade de saúde se organiza por meio da composição de equipes, formadas segundo características e objetivos da própria unidade, e de acordo com a realidade local e disponibilidade de recursos. Essas equipes obedecem a uma composição multiprofissional de caráter transdisciplinar, isto é, reúnem profissionais de diferentes áreas, variando em função da finalidade do serviço/unidade (por exemplo: equipe de saúde da família quando for uma Unidade de Saúde da Família). As equipes podem também se organizar a partir de uma distribuição territorial. Neste caso, os usuários de um território são divididos em grupos, sob a responsabilidade de uma determinada equipe de saúde, denominada equipe de referência territorial. Assim, em uma unidade de saúde mental, de reabilitação, ou em um hospital ou ambulatório de especialidades, são organizadas equipes de referência Cartilha da PNH 8 Equipe de Referência e Apoio Matricial
  • 10. multiprofissionais com caráter transdisciplinar (variando segundo o objetivo e característica do serviço) que se responsabilizam pela saúde de um certo número de pacientes inscritos, segundo sua capacidade de atendimento e gravidade dos casos. Do mesmo modo, em uma unidade/serviço de saúde da família, que já trabalha com a concepção de equipes de referência territoriais, várias famílias são selecionadas e registradas para ficarem sob a responsabilidade de um médico, enfermeira de família, auxiliares e agentes comunitários de saúde. Cada equipe de referência torna-se responsável pela atenção integral do doente, cuidando de todos os aspectos de sua saúde, elaborando projetos terapêuticos e buscando outros recursos terapêuticos, quando necessário (ver apoio matricial). Cartilha da PNH Equipe de Referência e Apoio Matricial 9
  • 11. Essa equipe passa a ter a responsabilidade principal pela condução do caso. Geralmente, as equipes de referência, para existirem de fato, precisam disponibilizar períodos de tempo para se reunir, discutir seus projetos terapêuticos e conversar. E para isso é preciso que haja um clima democrático propício à livre expressão das idéias, independente da profissão de cada um. A diferença profissional e pessoal de cada membro da equipe possibilita vínculos e olhares diferentes sobre o sujeito doente. Estas diferenças permitem enxergar caminhos para o projeto terapêutico. Caminhos que, de maneira isolada, dificilmente seriam encontrados. Nas equipes de referência fica evidenciada a importância de cada trabalhador e a interdependência entre os diferentes profissionais, o que possibilita uma valorização profissional atrelada a resultados, e não somente ao status ou prestígio de determinadas profissões. Por isso Cartilha da PNH 10 Equipe de Referência e Apoio Matricial
  • 12. as equipes de referência dependem (e são instrumentos) de um modelo de gestão mais democrático, centrado nos resultados para o usuário, e não na produção de procedimentos terapêuticos. O apoio matricial é um arranjo na organização dos serviços que complementa as equipes de referência. Já que a equipe de referência é A responsável pelos SEUS pacientes, ela geralmente não os encaminha, ela pede apoio. A quem a equipe de referência pede apoio? Tanto aos serviços de referência/ especialidades (e/ou aos especialistas isolados) quanto a outros profissionais que lidam com o doente. Os serviços de referência/especialidades que dão apoio matricial passam a ter dois “usuários” sob sua responsabilidade: “os usuários do serviço” para o qual ele é referência e “o próprio serviço”. Isso significa que o serviço de referência/especialidades participa junto com as equipes de referência, sempre que necessário, Cartilha da PNH Equipe de Referência e Apoio Matricial 11
  • 13. da confecção de projetos terapêuticos dos pacientes que são tratados por ambas as equipes, e ajuda as equipes de referência a incorporarem conhecimentos para lidar com casos mais simples. Por exemplo: um centro de referência em oncologia pode desenvolver formas de contato com as equipes de atenção básica ou secundária, que implique em participar de reuniões das equipes para discutir projetos terapêuticos de pacientes tratados conjuntamente. Pode, também, fazer seminários para que a equipe incorpore conhecimentos (como tratar determinados aspectos da quimioterapia, por exemplo), realizar atendimentos conjuntos, disponibilizar contatos para situações emergenciais, etc. Sem esquecer que o próprio serviço de referência pode trabalhar internamente com equipes de referência e apoio matricial. Tudo isso ajuda a superar a velha idéia de encaminhamento (e de referência e contra- referência), torna possível o vínculo terapêutico 12 Cartilha da PNH Equipe de Referência e Apoio Matricial
  • 14. e coloca o tratamento mais próximo do usuário e das equipes que o conhecem há mais tempo. Como dissemos anteriormente, a equipe de referência pede apoio não somente a especialistas, mas também a profissionais que estão mais próximos do usuário, e que por isto mesmo são capazes de enxergar outros aspectos de sua vida (sua inserção social, situação afetiva, outros problemas orgânicos, etc.). Isto garante que, no conjunto das intervenções terapêuticas, ocorram mais benefícios do que danos e que o projeto terapêutico envolva um compromisso com o usuário. O apoio matricial é, portanto, uma forma de organizar e ampliar a oferta de ações em saúde, que lança mão de saberes e práticas especializadas, sem que o usuário deixe de ser cliente da equipe de referência. A equipe de referência e o apoio matricial, juntos, Cartilha da PNH 13 Equipe de Referência e Apoio Matricial
  • 15. permitem um modelo de atendimento voltado para as necessidades de cada usuário: as equipes conhecem os usuários que estão sob o seu cuidado e isso favorece a construção de vínculos terapêuticos e a responsabilização (definição de responsabilidades) das equipes. Esse modelo, além de reunir profissionais de diferentes áreas do conhecimento permite que estes atuem de modo transdisciplinar, sem utilizar percursos de encaminhamentos intermináveis, e sem lançar mão da burocracia da referência – o serviço de origem, onde o usuário deu entrada – e da contra-referência – o serviço para o qual o sujeito é referido. Permite ainda a expressão dos saberes, desejos e práticas dos profissionais, bem como um melhor acompanhamento do processo saúde/ doença/intervenção de cada sujeito-usuário. As equipes de referências e o apoio matricial constituem-se, assim, como ferramentas indispensáveis para a humanização da atenção e da gestão em saúde. Cartilha da PNH 14 Equipe de Referência e Apoio Matricial
  • 16. CONHEÇA AS OUTRAS CARTILHAS DA PNH: ACOLHIMENTO COM AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO AMBIÊNCIA CLÍNICA AMPLIADA GESTÃO E FORMAÇÃO NOS PROCESSOS DE TRABALHO GESTÃO PARTICIPATIVA/CO-GESTÃO GRUPO DE TRABALHO DE HUMANIZAÇÃO P RONTUÁRIO T RANSDISCIPLINAR E P ROJETO TERAPÊUTICO VISITA ABERTA E DIREITO A ACOMPANHANTE HUMANIZAÇÃO E REDES SOCIAIS ○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○ Cartilha da PNH Equipe de Referência e Apoio Matricial 15