1. PROFESSORES REGENTES
COORDENADORES PEDAGÓGICOS DAS UNIDADES EDUCACIONAIS
EQUIPE GESTORA DAS UNIDADES EDUCACIONAIS
EQUIPE PEDAGÓGICA DAS SUBSECRETARIAS
EQUIPE PEDAGÓGICA DAS SUPERINTENDÊNCIAS
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO
FORMATIVA
Proposta discutida por toda a rede
estadual de ensino de Goiás,
sistematizada pela equipe pedagógica
das Subsecretarias Regionais de
Educação do Estado de Goiás e
consolidada pelo Núcleo de Orientação
Pedagógica.
Estado de Goiás
2011
2. 1. Justificativa
É consenso que o processo avaliativo deve ser realizado continuamente, com o
objetivo de garantir o acompanhamento das aprendizagens dos educandos. Tal
procedimento é validado, no âmbito nacional, pela LDB, em seu Artigo nº 25, e, no
âmbito estadual, pela Resolução nº 194/2005 do Conselho Estadual de Educação do
Estado de Goiás. Ambos documentos versam sobre a pertinência de um processo
avaliativo que seja contínuo e cumulativo, privilegiando os fatores qualitativos sobre
os quantitativos e tendo como objetivo principal o acompanhamento das
aprendizagens dos educandos. Com o intuito primordial de garantir o cumprimento
das leis que regem a educação no Estado de Goiás, apresenta-se essa proposta de
implementação da avaliação formativa em todas as Unidades Educacionais da rede.
O benefício desse tipo de avaliação se torna ainda maior quando levamos em
conta o fato de que a provaé apenas um instrumento entre vários, e não deve ser
considerado como único instrumento de avaliação (da mesma forma que não pode ser
deixada de lado). Quando se avalia continuamente, as conferências de aprendizagens
são realizadas a todo momento, possibilitando o acompanhamentodo processo de
aprendizagem dos educandos e evitando que grande parte da nota do aluno seja
aferida em apenas um dia, com um único instrumento, a cada bimestre.
Como a avaliação acompanha as aprendizagens e sabemos que estas ocorrem
de maneira variada em cada sujeito presente na sala de aula, torna-se necessário que a
cada elemento avaliado, também se tenha o elemento recuperado, para que a
avaliação não recaia na punição, mas que o aluno tenha a oportunidade de rever o que
foi ensinado e, consequentemente, recuperar a nota do critério aplicado.
A grande maioria das Unidades Educacionais da Secretaria de Estado da
Educação, quiçá todas, possuem a avaliação e a recuperação contínua como processos
recorrentes e constantes de seus PPP’s. Entretanto, há ainda divergência no que refere
à implementação efetiva desse tipo de avaliação. A maior dificuldade vê-se presente
nos critérios passíveis de avaliação. Tornou-se senso comum que se dê nota para
assiduidade, participação, que se contem os vistos ao fim do bimestre, entre outros
procedimentos que erroneamente consideram-se como pertinentes a um processo de
avaliação contínua. Assiduidade, participação e realização de atividades são pré-
requisitos do processo de ensino aprendizagem, por isso, deve-se questionar a
validade da mensuração de tais elementos. Esses pré-requisitos precisam ser
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3. considerados e discutidos a todo o momento, afinal, o processo avaliativo deve levar
em conta o sujeito como um todo. Mas a nota ou conceito deve ser conferido através
dos instrumentos que percebam a aprendizagem do aluno e o método de ensino do
professor.
A avaliação formativa deve ser capaz de identificar os alunos que apresentem
aprendizagens insatisfatórias e cabe ao professor, juntamente com o coordenador
pedagógico da Unidade Educacional, analisar tais resultados para identificar o real
motivo da dificuldade do aluno. “Ele não está se esforçando o suficiente?” “Falta
explicação?” “Esse aluno precisa de mais atividades?” “O professor deve lançar mão
de outro instrumento ou de outras metodologias?” “O problema está na base do
aluno?”A avaliação diagnóstica nos auxilia a identificar essas especificidades no
aprendizado de cada sujeito, e a partir dos resultados pode-se tomar providências
preventivas (no início do ano), tais quais: reenturmação 1 , nivelamento 2 , aulas de
reforço3, motivação, incentivo à leitura, entre outras ações. Já durante o ano letivo, o
acompanhamento individual do aluno, sem prejuízo para as aulas (ou seja, o aluno
não deve ser retirado de sala para acompanhamento), é a melhor maneira de garantir
aprendizagens significativas.
Com relação à recuperação, que se quer como contínua, o que se tem como
consenso é que seja realizada apenas ao fim do bimestre e, algumas vezes, apenas ao
fim do ano letivo. Dessa forma, tem-se a oportunidade de recuperar a nota do
educando, mas torna-se praticamente inviável a recuperação da aprendizagem. Uma
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Promover novos caminhos de aprendizagem para alunos com necessidades semelhantes. Organizar os
alunos por critérios de dificuldades, em classes que têm uma semana de aulas de reforço ao final de
cada bimestre. Os alunos que precisam de maior apoio devem passar parte das aulas diárias – em geral,
o período após o recreio – em uma única classe. Alcançado um nível satisfatório de rendimento, as
turmas retomam sua formação original. Não podemos caracterizar a velha prática da “turma forte” e
“turma fraca”, mas esse movimento esporádico muitas vezes, se bem planejado, reverte-se em bons
resultados. Sugere-se que na primeira fase do Ensino Fundamental este trabalho seja realizado com
maior frequência.
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Dispor de aulas para retomar os conhecimentos básicos das séries posteriores, de modo a corrigir as
deficiências na base de aprendizado do aluno detectadas pela avaliação diagnóstica.
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Aulas de reforço ou aulões de revisão devem ser realizadas no horário de aula e, também, no turno de
ampliação ou até mesmo nos finais de semana. Cabe ao Gestor da Unidade Educacional a
sensibilização da comunidade e dos professores para que esse trabalho seja realizado de maneira
satisfatória. Temos depoimentos de experiências de sucesso em algumas unidades de nosso Estado.Um
exemplo é o que acontece no Colégio Estadual Zico Monteiro, localizado na cidade de Uruana. Lá há
ampla mobilização de professores que se dispõem a desenvolver este trabalho. Nesta organização,
sugere-se criar horário diferenciado, com aulas de maior duração e com turmas menores, de tal forma
que a cada dia/semana, no máximo, dois professores sejam destacados para esta ação. Isso faz com que
não haja sobrecarga de trabalho e os resultados sejam positivos.
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4. recuperação que não leve em conta as características específicas de cada educando,
não poderá combater a dificuldade do aluno, reduzindo-se a apenas evitar a
reprovação.
Desse modo, é preciso que fique claro o objetivo dessa proposta: não se trata
de um procedimento que vise “dar chances” aos alunos para que eles tenham boa nota
e nenhum aprendizado. Pelo contrário, é necessário que se instigue nos educandos e
em seus responsáveis a responsabilidade nesse processo, para que consigam avançar
no desenvolvimento cognitivo, tendo a nota como a consequência natural e não o fim.
E por entender que a escola é a instituição social responsável pela formação e
o desenvolvimento do sujeito com foco na aprendizagem que se apresenta essa
proposta de avaliação formativa, visando explanar de maneira objetiva e clara os
procedimentos a serem seguidos para que essa avaliação contínua verdadeiramente
favoreça ao aprendizado e não unicamente a nota do educando.
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5. 2. Metodologia
Em primeiro lugar, deve-se deixar claro para os alunos qual o objetivo de cada
uma das aulas, para que se possa estabelecer precisamente quais os critérios da
avaliação subsequente e, também, para que o aluno seja capaz de se autoavaliar,
sabendo precisamente quais pontos ele deveria ter alcançado, bem como explanar
sobre os motivos que acarretaram em uma aprendizagem insatisfatória. Aliás, apontar
precisamente o que é ensinado, e o que se espera que o aluno aprenda, deve se tornar
rotina, inclusive documentada no Diário de Bordo4, pois, com esse procedimento, o
professor, aluno e o coordenador pedagógico serão capazes de analisar precisamente o
desempenho obtido/esperado.
Cabem ao Gestor da Unidade Educacional e ao Coordenador Pedagógico
garantir que o processo avaliativo seja efetivamente formativo e cumulativo,
resguardando o direito do aluno de ter uma avaliação que acompanhe sua
aprendizagem e o recupere, tendo em vista a especificidade de sua dificuldade. Dessa
forma, haverá a efetiva implementação da Resolução CEE Nº 194, de 19 de agosto de
2005, que versa sobre a aplicação de uma avaliação contínua, formativa e cumulativa,
que privilegie os fatores qualitativos aos quantitativos. Por isso, os gestores
educacionais devem ter o cuidado de orientar/acompanhar o registro da realização da
avaliação formativa em diários, atas, planilhas ou outros tipos de registros que
documentem o trabalho da Unidade Educacional nesse sentido.
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O Caderno de anotação ou Diário de bordo é uma ferramenta simples de auxílio ao professor no
registro e acompanhamento do desempenho das atividades realizadas em cada turma. É um instrumento
que se destina a três finalidades:
• Registro de tarefas (sala e casa), comportamento e algumas imposturas
Procedimento: cria-se um código para registro de cada situação passível de acontecer em sala de
aula. Constrói-se uma planilha com o número e nome dos alunos na primeira e segunda coluna,
respectivamente, e espaço como os da chamada para serem colocados as aulas (1ª, 2ª , 3ª, 4ª, 5ª e 6ª)
para cada dia. A planilha pode ser trocada a cada semana ou a cada quinze dias. Nestes espaços, o
professor anota as inobservâncias de cada aluno em sua aula, de acordo com o código. Isso é
interessante, pois o professor tem uma noção de como o aluno está nas outras disciplinas.
• Registro de aula
Procedimento: em uma outra planilha do mesmo caderno, o representante da turma fará a anotação
do objetivo de cada uma das aulas no dia. Isso é interessante, pois o aluno passa a saber qual o
objetivo de cada aula, podendo assim avaliar se aprendeu ou não.
• Avaliação do dia
Procedimento: o representante de turma realiza diariamente a avaliação simples e objetiva daquele
dia específico. Isso é interessante, pois o professor tem a oportunidade de ter o feedback dos alunos
praticamente de imediato, possibilitando a adoção de outras metodologias, caso necessário.
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6. Uma planilha de avaliação pode ser usada para consolidar os resultados
obtidos pelos educandos nos instrumentos avaliativos implementados, o objetivo é
que a cada conteúdo trabalhado, sejaprocedido deavaliação/mensuração. Dessa forma,
sugere-se estabelecer uma diversidade de instrumentos avaliativos, de modo que
acompanhe o processo de ensino aprendizagem. Esta planilha sistematiza os
resultados alcançados e possibilita a identificação das falhas do processo, norteando
os pontos específicos de intervenção. Apresenta-se aqui um modelo de planilha, mas a
Unidade Educacional tem a liberdade de adotar seu próprio documento, só aconselha-
se que não sejam usados pesos, para que não se corra o risco de privilegiar certos
instrumentos avaliativos (prova/teste) em detrimento de outros.
Mas apenas a planilha não é suficiente, os resultados dos alunos devem ser
analisados pelo professor e coordenador pedagógico, de modo a estabelecer os pontos
específicos de intervenção, visto que uma recuperação genérica, que não leve em
consideração a dificuldade específica do educando, não possui validade no que se
refere ao aprendizado do mesmo. A avaliação possibilita alguns questionamentos:
“Por que o meu aluno não aprende?” “São apenas pelos fatores externos?” “O que
ensino e como ensino é significativo?”. E tais questionamentos precisam de respostas,
para que o processo de ensino aprendizagem efetivamente ocorra.
A recuperação contínua deve, portanto, ser feita a partir de intervenções
pedagógicas, a cada resultado negativo em um dos critérios, não devendo esperar o
fim do bimestre para sua realização, para que se recupere a aprendizagem e não a
nota. Essas intervenções podem ser implementadas através de atividades individuais e
coletivas, orais e escritas, sempre se preocupando em retomar o conteúdo no qual o
aluno está com dificuldade, acompanhando com bastante atenção aos educandos que
recorrentemente apresentarem resultados ruins, para que se percebam as
especificidades de aprendizagem de cada um dos educandos.
Os elementos socioafetivos não são mensuráveis, mas analisados e debatidos
no Conselho de Classe ou em reuniões com o coordenador pedagógico, objetivando a
compreensão das especificidades de aprendizagem/comportamento/interação de cada
educando. O Vice-diretor também pode auxiliar na análise dos elementos
socioafetivos, visto que convive diariamente com os educandos. Apenas com a visão
plena do sujeito para o qual se ensina, é possível identificar as dificuldades
apresentadas e saná-las em tempo hábil. O registro dos elementos socioafetivos de
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7. cada educando deve ser efetivado pelo Professor Padrinho da Turma 5 e os dados
coletados discutidos de forma coletiva, principalmente para que se tomem decisões
importantes com relação a reenturmação, nivelamento, promoção etc.
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Aquele que ficará responsável por dar especial atenção a uma turma específica da escola. Será
atribuição dele, naquela turma, o acompanhamento, orientação e aconselhamento de cada educando, no
que se refere ao aprendizado e às posturas positivas ou negativas em sala de aula. O professor padrinho
é o responsável pelo desempenho da turma e sua análise e discussão nos conselhos de classe. Essa
iniciativa facilita o acompanhamento dos alunos do 6º ano ao Ensino Médio, visto que nesse nível há
vários professores por turma com tempo restrito em cada uma, dificultando, assim, o trabalho
especializado do professor com cada aluno.Na cidade de Sobral - CE, esta prática ocorre com muito
êxito, sob a terminologia de Diretor de turma ao invés de Professor padrinho de turma, lá os índices de
evasão foram reduzidos a praticamente zero. Ou seja, é uma iniciativa que deve ser reproduzida, para
que possamos também reduzir nossos índices de evasão e melhorar as aprendizagens significativas.
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8. 3. Instrumentos avaliativos
Cada instrumento avaliativo possui um objetivo específico e critérios diversos.
Desse modo, para se atender a uma diversidade de sujeitos, deve-se implementar a
maior variedade possível de instrumentos. Segue uma lista com os instrumentos
avaliativos mais comuns e seus respectivos objetivos:
• Prova objetiva: série de perguntas diretas para respostas curtas com apenas
uma solução possível.
Objetivo: avaliar o quanto o educando apreendeu sobre dados singulares e
específicos do conteúdo.
• Prova dissertativa: série de perguntas que exigem capacidade de estabelecer
relações, resumos, análises e julgamentos.
Objetivo: verificar a capacidade de analisar o problema central, formular ideias
e redigi-las.
• Seminário e exposições: exposição oral para um público, utilizando a fala e
materiais de apoio próprios ao tema.
Objetivo: identificar os conhecimentos apreendidos, a capacidade de síntese, a
habilidade de uso da linguagem oral e a metodologia da exposição.
• Debates: afere o conhecimento a partir da argumentação.
Objetivo: identificar os conhecimentos apreendidos, a capacidade de síntese, a
habilidade de uso da linguagem oral, as estratégias de convencimento e o
respeito à diversidade de opiniões.
• Auto avaliação: análise oral ou escrita que o aluno faz do próprio processo de
aprendizagem.
Objetivo: fazer o aluno adquirir a capacidade de analisar o que aprendeu e os
motivos de aprendizagens insatisfatórias.
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9. 4. Resultados esperados
Espera-se que seja resgatado o objetivo primordial da avaliação, que é o de
acompanhar as aprendizagens dos educandos, em detrimento da prática usual de
apenas pontuar o aluno para encerrar o bimestre. Ao acompanhar as aprendizagens
através da avaliação contínua, torna-se necessário intervir nos resultados alcançados,
em especial aos estudantes que não tenham obtido aprendizagens significativas em
cada um dos instrumentos aplicados, sendo necessário a recuperação, não ao final do
bimestre, mas no momento imediato de cada um dos resultados considerados
insatisfatórios, garantindo dessa forma a aprendizagem efetiva.
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10. 5. Cronograma de execução
• 04 a 11/07: construção coletiva da versão preliminar com a participação de
gestores de algumas Unidades Educacionais do Estado.
• 21/07: apresentação da versão preliminar da proposta aos coordenadores
pedagógicos das Subsecretarias Regionais da Educação.
• 1º a 15/08: discussão com toda a rede estadual de ensino (responsáveis: tutores
e coordenadores pedagógicos das Unidades Educacionais).
• 17/08: envio da sistematização das propostas das Unidades Educacionais ao
Núcleo de Orientação Pedagógica (uma proposta por subsecretaria).
• 18 a 25/08: finalização da proposta tendo em vista as contribuições da rede.
• 26/08: divulgação da versão final da proposta no site da Secretaria de Estado
da Educação de Goiás.
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11. 6. Referências bibliográficas
ARAUJO, João Batista; CHADWICK, Oliveira Clifton. Aprender e ensinar. 9a Ed.
Belo Horizonte: Instituto Alfa e Beto, 2008.
BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional – 9.394/96. Brasília, 1996.
ESTADO DE GOIÁS. Conselho Estadual de Educação. “Resolução CEE Nº 194, de
19 de agosto de 2005”. Goiás, 2005.
MARTINS, João Carlos. “Vygotsky e o papel das interações sociais na sala de aula:
reconhecer e desvendar o mundo”. Disponívelem:
http://www.crmariocovas.sp.gov.br. Acesso em: 18/07/2011 às 18:00.
Relatóriosenviadospelas 38 SubsecretariasRegionais da Educação.
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