2. “Convocados”
A palavra “Igreja” (“ekklesía”, do verbo
grego “ek-kalein” = “chamar fora”) significa
“convocação”. Designa as assembleias do
povo em geral de caráter religioso. É o termo
frequentemente utilizado no Antigo Testamento
grego para a assembleia do povo eleito diante
de Deus, sobretudo para a assembleia do
Sinai, onde Israel recebeu a Lei e foi
constituído por Deus como seu povo santo.
3. A “Igreja”
Ao chamar-se “Igreja”, a primeira comunidade
dos que acreditaram em Cristo reconhece-se
herdeira dessa assembleia. Nela, Deus
“convoca” o seu povo de todos os confins da
terra.
Na linguagem cristã, a palavra “Igreja” designa
a assembleia litúrgica, mas também a
comunidade local ou toda a comunidade
universal dos crentes. Estes três significados são,
de fato, inseparáveis.
4. A Origem e Destino
Desde a Origem do mundo: como finalidade da
Criação;
Na Antiga Aliança: na eleição do Povo de Deus;
Na pregação de Jesus e na sua Cruz;
Em Pentecostes: no dom do Espírito;
Consumada na glória: Jerusalém celeste.
5. Tempo e Eternidade
É próprio da Igreja ser simultaneamente
humana e divina, visível e dotada de elementos
invisíveis, empenhada na ação e dada à
contemplação, presente no mundo e, todavia,
peregrina; mas de tal forma que o que nela é
humano se deve ordenar e subordinar ao
divino, o visível ao invisível, a ação à
contemplação, e o presente à cidade futura
que buscamos.
6. União de Deus com os Homens
A Igreja em Cristo é como que o sacramento ou sinal e
instrumento da íntima união com Deus e da unidade de
todo o gênero humano. Ser sacramento da união
íntima do homem com Deus, eis a primeira finalidade
da Igreja. E porque a comunhão dos homens entre si
radica na união com Deus, a Igreja é, também, o
sacramento da unidade do gênero humano.
A Igreja é, neste mundo, o sacramento da salvação, o
sinal e o instrumento da comunhão de Deus e dos
homens.
7. O Batismo
Jesus Cristo é Aquele que o Pai ungiu com o
Espírito Santo e constituiu “sacerdote, profeta
e rei”. Todo o povo de Deus participa destas
três funções de Cristo, com as
responsabilidades de missão e de serviço que
delas resultam.
8. Templo do Espírito Santo
O que o nosso espírito, quer dizer, a nossa alma,
é para os nossos membros, o Espírito Santo é-o
para os membros de Cristo, para o Corpo de
Cristo, que é a Igreja. É ao Espírito de Cristo,
como a um princípio oculto, que se deve atribuir
o fato de todas as partes do Corpo estarem
unidas, tanto entre si como com a Cabeça
suprema, pois Ele está todo na Cabeça, todo no
Corpo, todo em cada um dos seus membros. É o
Espírito Santo que faz da Igreja “o templo do
Deus vivo” .
9. Vaticano II
O segundo Concílio Ecumênico do Vaticano
desenrolou-se na basílica de São Pedro, em
Roma, de 11 de outubro de 1962 a 8 de
dezembro de 1965. Ele representa uma
continuação tardia do Concílio Vaticano I,
reunido no mesmo lugar em 1870 e suspenso
devido a tomada de Roma pela jovem
monarquia romana.
10. Pré-textos e Contexto
Logo depois da Primeira Guerra Mundial, a
Santa Sé percebeu que a Igreja Católica se
confrontava com uma mutação radical: ela
perdia os meios de chamar o mundo a
conversão; o mundo lhe pedia para se adaptar
a ele. João XXIII foi quem a convocou, como
uma espécie de aggiornamento da Igreja, isto
é, atualização do seu discurso e da prática
ante o mundo moderno, super-pastoral.
11. A grande Agenda
João XXIII morreu em junho de 1963. O concílio
foi suspenso, mas retornou em setembro do
mesmo ano sobre a guia de Paulo VI; Ele
estabeleceu como missão um programa restrito: a
importancia da revelação, a definição da
natureza intíma da Igreja, o ministério episcopal
em sua função subsidiária no sei de uma Igreja
docente, a liturgia como expressão viva da fé, o
papel dos leigos, a missão da Igreja em relação
as outras crenças e cultura,as relações entre a
Igreja e o mundo moderno.
12. Documentos
Constituições: Dei Verbum; Lumen gentium;
Sacrosanctum Concilium; Gaudium et Spes.
Declarações: Gravissimum Educationis, Nostra Aetate,
Dignitatis Humane.
Decretos: Ad Gentes, Presbyterorum Ordinis,
Apostocicam Actuositatem, Optatam Totius, Perfectae
Caritatis, Christus Dominus, Unitatis Redientegratio,
Orientalium Ecclesiarum, Inter Mirifica
13. Lumen Gentium
A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio,
reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar
com a Sua luz, que resplandece no rosto da Igreja, todos os
homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura (cfr. Mc. 16,15).
Mas porque a Igreja, em Cristo, é como que o sacramento,
ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da
unidade de todo o gênero humano, pretende ela.. pôr de
manifesto... a sua natureza e missão universal... para que
deste modo os homens todos, hoje mais estreitamente
ligados uns aos outros, pelos diversos laços sociais,
técnicos e culturais, alcancem também a plena unidade em
Cristo.
14. Leigos
31. Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos
que não são membros da sagrada Ordem ou do
estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os
fiéis que, incorporados em Cristo pelo Batismo,
constituídos em Povo de Deus e tornados
participantes, a seu modo, da função sacerdotal,
profética e real de Cristo, exercem, pela parte que
lhes toca, a missão de todo o Povo cristão na Igreja
se no mundo.
15. Santidade Universal
39. [...] Por isso, todos na Igreja, quer pertençam à
Hierarquia quer por ela sejam pastoreados, são
chamados à santidade, segundo a palavra do
Apóstolo: «esta é a vontade de Deus, a vossa
santificação» (1 Tess. 4,3; cfr. Ef. 1,4).
Esta santidade da Igreja incessantemente se
manifesta... nos frutos da graça que o Espírito Santo
produz nos fiéis; exprime-se de muitas maneiras em
cada um daqueles que, no seu estado de vida, tendem
à perfeição da caridade...
16. O que é Teologia?
Composta de duas palavras gregas (Theos e
logos), a teologia, etimologicamente, é um
tratado sobre Deus. Neste sentido, antes de ter
sido usada pelos autores cristãos, foi usada pelos
escritores gregos, o que significa que se pode e se
deve distinguir entre uma teologia natural
(teodiceia) e uma teologia sobrenatural. Outro
sinônimo seu, em uso desde o tempo da
Escolástica, é o de "doutrina sagrada".
17. Ciência da Fé
Na expressão acertada de Karl Rahner (1904-1984),
teologia é "a explanação e explicação consciente e
metodológica da Revelação divina, recebida e
aprendida na fé".
Nesta formulação estão presentes os elementos
identificadores de uma autêntica teologia cristã. Trata-
se, de fato, de "ciência da fé", entendida como esforço
humano para compreender e interpretar a experiência
de fé de uma comunidade e comunicá-la em linguagem
e símbolos.
18. A Comunidade Fiel
Teologia se faz dentro da Comunidade eclesial
e como serviço ao Povo de Deus. Com efeito,
trata-se de "teologia da fé" e fé é "fé da
Igreja". É na Comunidade eclesial que essa fé
nasce, cresce e se mantém. Assim, teologia não
é uma atividade privada, mas essencialmente
eclesial.
19. Refletir um Encontro
Na Comunidade eclesial a fé é testemunhada
primeiramente no querigma (anúncio) e só
depois transmitida na didaskalia (ensino). A
teologia não reflete, em primeiro lugar, uma
doutrina, mas a própria Revelação, entendida
como "verdade-evento": o acontecimento da
Verdade salvífica na História, acolhida na fé.
20. Depositum Fidei
A transmissão da Revelação divina se faz pela
Tradição apostólica e pela Escritura, estreitamente
unidas entre si e reciprocamente comunicantes.
Ambas, de fato, promanam da mesma fonte e, de
certo modo, tendem ao mesmo fim.
Embora a Revelação esteja terminada, pois Cristo é
o mediador pleno da inteira auto-manifestação
divina, ela ainda não está "explicitada" por
completo. Cabe à fé cristã no decorrer dos tempos
captar todo o seu alcance...
21. Teologia é Cristologia
Cristo é o centro, o objetivo e a plenitude da
Revelação. A fé da Igreja confessa e anuncia
que a autocomunicação de Deus se deu em
plenitude na pessoa histórica de Jesus Cristo,
mediador entre o Pai e a Humanidade, pois o
“Verbo se fez carne”. É por isso que, na
perspectiva cristã, toda a Bíblia deve ser lida
à luz de Cristo, de sua palavra e de sua vida.
22. O que é Cristologia
A Cristologia é o estudo sobre Jesus Cristo, é um tratado
central da teologia sendo que Jesus Cristo é o revelador do
Pai e do Espírito Santo. O conteúdo deste tratado pode ser
dividido em duas parte:
O estudo da pessoa de Cristo como tal, o qual procura-se
aprofundar o mistério da encarnação do Verbo, ou seja, a
união Hipostática e suas propriedades.
O estudo da obra salvífica de Jesus ou a soteriologia, que
compreende a vida pública a morte, a ressurreição, a
ascensão de Cristo e o Pentecostes como evento salvíficos.
23. Tipo de Cristologia
A Cristologia Ascendente parte do aspecto humano de
Jesus, particularmente da figura do servo de Javé,
obediente até a morte e que recebe o título de Kýrios após a
sua ressurreição.
A Cristologia Descendente o qual parte da divindade de
Jesus considerando-o Deus feito homem. Afirma a sua pré-
existência, o seu nascimento humano no seio da Virgem
Maria, que viveu neste mundo como homem em tudo menos
no pecado e que por fim voltou ao Pai fazendo sua
humanidade ressuscitada compartilhar com a glória de
Deus.
24. História e Fé
A consequência dessa forma de ler a história do Evangelho
com a lente do método histórico-crítico é que surgem duas
pessoas distintas: o Jesus histórico que pregou o amor e o
perdão, e o Cristo que foi inventado pelos primeiros
seguidores de Jesus.
Ficamos com um aparente dilema de sermos forçados a
escolher entre o "Jesus da história" e o "Cristo da fé".
Ratzinger afirma resolver esse dilema no Credo. Aqui, o
"Cristo da fé", o Cristo em quem cremos, é o "Jesus da
história", que foi concebido e nascido, sofreu e morreu,
ressuscitou e ascendeu aos céus.
25. Credo Cristológico
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito
de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus
verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós,
homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se
encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria,
e se fez homem. Também por nós, foi crucificado sob
Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao
terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos
céus,onde está sentado à direita do Pai. E de novo há
de vir, em sua gloria, para julgar os vivos e os mortos;
e seu reino não terá fim.
26. Salvação
Na consciência profunda e anterior a qualquer
conceitualização, a salvação não é antes uma
realidade negativa, um “salvar de (alguma
coisa)”. Apresenta-se antes de tudo como uma
ideia totalmente positiva, que os termos
“salvus” (forte, sadio,sólido, conservado) e
“salvare” (tornar forte, preservar, conservar)
demonstra muito bem. Salvar é levar alguém
até a própria meta, é permitir que ele se
realize, que atinja seu objetivo.
27. A Salvação Cristã
Salvação-Realização: A salvação é meta e
destino da fé, que se deve levar até o fim, de modo
a realizar o designo para o qual fomos criados.
Salvação-Redenção: Entretanto, o ser humano,
no caminho de sua realização, faz experiência de
empecilhos e obstáculos. É então que se pode
começar a entender a salvação em termos
negativos, ou seja, “salvar de”.
28. Salvação-Libertação
A salvação não consiste em tornar-se liberto
de si mesmo, como se carregássemos uma
natureza má e suspeita em si mesma. Não
tenho de livrar-me de mim mesmo, e sim
daquilo, que me impede de ser eu mesmo. A
ideia de salvação baseia-se numa ideia
sublime do ser humano, cujo destino está em
perigo e por isso mesmo precisa libertar-se ou
ser liberto daquilo que é obstáculo, para
poder continuar seu destino, realizando-se.
29. Salvar de quê?
Quais são, porém, os obstáculos que o ser
humano encontra ou percebe no caminho da
realização?
Poderíamos citar diversos. Contudo,
observando a história da humanidade, parece
que podemos resumi-lo a três: o ser humano se
sente limitado em sua realização por causa da
morte, do mal e da fatalidade.
30. O Sentido da Salvação
É na esperança que fomos salvos: diz São Paulo
aos Romanos e a nós também (Rm 8,24). A
redenção, a salvação, segundo a fé cristã, não é
um simples dado de fato. A redenção é-nos
oferecida no sentido que nos foi dada a
esperança, uma esperança fidedigna, graças à
qual podemos enfrentar o nosso tempo presente: o
presente, ainda que custoso, pode ser vivido e
aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar
seguros desta meta, se esta meta for tão grande
que justifique a canseira do caminho