1) O documento discute as teorias neurológicas e modelos do Transtorno do Espectro Autista (TEA), incluindo alterações cerebrais e disfunções em regiões como lobo frontal, lobo temporal e cerebelo.
2) É analisada a Teoria da Mente no TEA, com estudos mostrando hipoativação em regiões cerebrais associadas ao processamento de estímulos sociais em indivíduos autistas.
3) São descritas funções neuropsicológicas como atenção, memória e comportamentos repetitivos
3. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
▪ 1867 - Maudsley, um importante psiquiatra britânico daquele período, incluiu em
seu livro Physiology and Pathology of Mind (fisiologia e patologia da mente),
relatando um capítulo onde correlacionava possível teoria de alterações cerebrais e
falhas no desenvolvimento, denominado de “Insanidade no início da vida”. Este
capítulo era somente uma tentativa muito primitiva, sugerindo uma classificação
que incluía os seguintes diagnósticos:
• monomania;
•insanidade catatônica;
•insanidade epiléptica;
• mania;
• melancolia
• insanidade afetiva.
4. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
▪ 1970/atuais – TEORIAS NEUROPSICOLÓGICAS E DE PROCESSAMENTO DA
INFORMAÇÃO: primeiros estudos que comprovavam que crianças autistas
processavam a informação sensorial de forma diferente do comum.
▪1980/1996 – TEORIA DA MENTE : significa a capacidade para atribuir estados
mentais a outras pessoas e predizer o comportamento das mesmas em função
destas atribuições.
▪ 1990/ atuais – FUNÇÃO EXECUTIVA: capacidade de planejamento e
realização. Intimamente ligada ao lobo frontal, crianças autistas apresentam
dificuldade na capacidade de planejamento. Pesquisas demonstram alterações
nessa região.
5. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
Dados da ASA (Autism Society of América) de 2009 apontam que
uma em cada cento e dez crianças nascidas são autistas, e é
predominante em pessoas do gênero masculino, numa proporção
de 3-4 homens para 1 mulher (FOMBONNE, 2005), alguns autores
colocam também que existe uma maior gravidade de
sintomatologia quando atinge mulheres (SALLE et al, 2002).
6. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
Bahon-Cohen (2003) alega que existem diferenças cognitivas e físicas que podem
ser observadas entre o homem e a mulher. Para ele, as mulheres teriam mais
habilidades nas tarefas de
❑Linguagem;
❑Julgamento social;
❑Empatia;
❑Identificação rápida de itens semelhantes;
❑Coordenação motora fina.
Em contrapartida, os homens apresentam maior desempenho nas atividades que
envolvem:
❑Raciocínio matemático;
❑Tarefas espaciais;
❑Habilidades motoras.
7. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
Segundo estudos distúrbios
alimentares, costumam esconder
o espectro autista em meninas.
Aproximadamente 23% das meninas
que apresentavam aneroxia nervosa
apresentavam sintomas do TEA.
Falta de pesquisas voltada ao
sexo feminino dificulta fechar
critérios mais específicos.
As técnicas diagnósticas são
desenvolvidas e voltadas para
especificidades do TEA no sexo
masculino
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Maia Szalavitz. Autism—It’s Different in Girls. Scientific American,2018.
9. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
PERIÓSTEO: é uma membrana
protetora do osso craniano, constituída
de tecido conjuntivo fibroso (colágeno) .
Fibras de Sharpey unem o periósteo ao
tecido ósseo.
10. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
A dura-máter, a meninge mais superficial, é espessa e
é formada por células meningoteliais e por tecido
conjuntivo denso. Nessa estrutura, é possível encontrar
várias fibras colágenas, nervos e vasos sanguíneos.
A aracnoide é uma membrana delgada formada por
tecido conjuntivo denso avascularizado e células
meningoteliais. Ela se encontra entre a dura-máter e a
pia-máter. Sua aparência observada ao microscópio
lembra uma teia de aranha.
A pia-máter é a meninge que está aderida à superfície
do encéfalo e é formada por células epiteliais,
meningoteliais e tecido conjuntivo frouxo ricamente
vascularizado.
18. ANATOMIA CEREBRAL
SNP SOMÁTICO:
➢Responsável pela ação ou movimentos voluntários.
➢Reação a estímulos provenientes do ambiente externo.
Ele é constituído por fibras motoras (nervos) que conduzem impulsos do
sistema nervoso central aos músculos esqueléticos.
19. ANATOMIA CEREBRAL
SNP AUTÔNOMO:
➢ Tem por função regular o ambiente interno do corpo, controlando a atividade dos
sistemas digestivos, cardiovascular, excretor e endócrino.
➢Ele contém fibras motoras que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos
músculos lisos das vísceras e à musculatura do coração.
20. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
TEORIA DA MENTE
▪ Investigações com exames de imagem cerebral realizadas em indivíduos autistas
descobriram diferenças localizadas principalmente nos sulcos frontais e temporais.
▪ Foram encontradas anormalidades da anatomia e do funcionamento do lobo
temporal de indivíduos autistas. Essas alterações estão localizadas bilateralmente
nos sulcos temporais superiores (STS). O STS é uma região importante para a
percepção de estímulos sociais e demonstram hipoativação na percepção de face e
cognição social (direção do olhar, expressões gestuais e faciais de emoção), e estão
significativamente ligados com outras partes do “cérebro social”, devem estar
presente a partir dos 4 anos.
(ZILBOVICIUS et al., 2006)
22. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
TEORIA DA MENTE
Segundo Frith e Cohen (2013), de acordo
com a teoria da mente a principal
anormalidade do autismo é a falta de
capacidade de construir elaborações
sobre a mente alheia. E esse circuito
neuronal especializado – os neurônios
espelho, localizados no lobo frontal - que
permite pensar sobre nós mesmos e
sobre o outro e, desta forma, prever o
comportamento de seus semelhantes.
28. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
AUTISMO E NEURÔNIO ESPELHO
Uma vez que os neurônios espelho demonstram estar envolvidos na
interação social e motora disfunções deste sistema neural poderiam
explicar alguns dos sintomas observados no Autismo:
✓ Isolamento Social
✓ Ausência e/ou diminuição de empatia
29. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
AUTISMO E NEURÔNIO ESPELHO
No Autismo estudos mostram uma falta de atividade nos neurônios
espelho em várias regiões do cérebro;
A questão é se alguma forma de restaurar esta atividade poderia aliviar
alguns dos sinais e sintomas característicos do Autismo.
30. TEORIAS DA ETIOPATOGÊNIA DO AUTISMO
AUTISMO E NEURÔNIO ESPELHO
No Autismo estudos mostram uma falta de atividade nos neurônios
espelho em várias regiões do cérebro;
A questão é se alguma forma de restaurar esta atividade poderia aliviar
alguns dos sinais e sintomas característicos do Autismo.
31. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS NO TEA
CÉREBRO AUTISTA E COMPORTAMENTO REPETITIVO
Definidas como movimentos, comportamentos e/ou atividades desencadeadas de
maneira involuntária e repetitiva, as estereotipias são consideradas comuns no Transtorno
do Espectro do Autismo (TEA).
Movimentos realizados sem um motivo aparente, tais como o girar e bater de mãos,
acenar, balançar cabeça, tronco e membros, abrir e fechar de boca; saltar, correr, pular,
olhar objetos fixamente, cruzar pernas e bater pés, entre outros).
Estudos demonstram que a esteriotipia em crianças com TEA são movimentos
regulatórios e estão relacionados as regiões frontal e parietal.
33. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS NO TEA
CEREBELO
•O cerebelo é composto de dois hemisférios interligados por uma porção estreita
não pareada, denominada vermis e é responsável por regulação da postura e
locomoção de todo o corpo (COFFMAN; DUM; STRICK, 2011).
•Há estudos que mostram que diferenças na estrutura do vermis cerebelar em
pacientes com TEA podem ter atrasos de desenvolvimento relacionado também ao
visuo-sensório-motor no início da infância. Atrasos esses que vão culminar nos
sinais comuns ao transtorno, como, diferença de orientação visual, comunicação e
interação social (FREEDMAN; FOXE, 2018)
34. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS NO TEA
CÉREBRO AUTISTA
A ativação coordenada em vários
centros cerebrais (particularmente nas
áreas frontais e temporais) em duas
pessoas fora do espectro autista (parte
superior da imagem) enquanto em duas
crianças autistas (parte inferior) não há
a integração destes centros. A maior
atividade no cerebelo das crianças
autistas é entendida como uma
resposta compensatória que, no
entanto, adiciona uma nova disfunção e
estresse ao cérebro
35. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS NO TEA
MEMÓRIA
A memória focaliza coisas específicas,
requer grande quantidade de energia
mental. É um processo que conecta
pedaços de memória e conhecimentos a
fim de gerar novas ideias, ajudando a
tomar decisões diárias.
A memória é a capacidade de adquirir
(aquisição), armazenar (consolidação)
e recuperar (evocar) informações
disponíveis.
36. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS NO TEA
MEMÓRIA
A memória é a capacidade de adquirir
(aquisição), armazenar (consolidação)
e recuperar (evocar) informações
disponíveis.
37. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS NO TEA
ATENÇÃO
Por meio dessa habilidade é possível captar estímulos e
selecionar qual deles terá seus detalhes apreendidos de
forma privilegiada. A forma como “escolhemos” e
processamos essas informações contribui para determinar
nosso comportamento.
A atenção é uma função de fundamental
importância, já que permite a interação do
indivíduo com o seu ambiente, além de
subsidiar a organização de processos
mentais.
É importante destacar 4 tipos de atenção:
seletiva, sustentada e dividida e
compartilhada.
38. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS NO TEA
ATENÇÃO SUSTENTADA: Capacidade de se manter focado
e atento à tarefa que está sendo executada.
ATENÇÃO SELETIVA: Capacidade de manter o foco, apesar
de entradas sensoriais ( também conhecidas como distração).
ATENÇÃO DIVIDIDA: Capacidade de lembrar informações e
manter o foco em alguma coisa, enquanto realiza outra tarefa.
39. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS NO TEA
▪Atenção compartilhada: A atenção compartilhada é a capacidade de
dividir a atenção através de gestões e vocalizações com outra pessoa e um
objeto de seu interesse no ambiente, este momento ocorre quando as
crianças e os cuidadores estão interagindo entre si. (virar o rosto na direção
do som, ao procurar o contato visual, ao rir com vozes e brincadeiras). A
habilidade da atenção compartilhada é considerada uma das mais
importantes para o desenvolvimento social e comunicativo das crianças.
▪Atenção compartilhada é caracterizada por comportamentos infantis de
compartilhar através de gestos e vocalizações seus interesses em objetos
do meio. Através desta habilidade surgem os jogos sociais que possuem
muita importância no processo de interação social (BOSA, 2002).
40. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS NO TEA
▪ Autistas demonstram demorar mais para alterar o foco de sua atenção. Quando
olham para um objeto ou rosto se prendem em detalhes e não no todo. Como não
desenvolvem adequadamente a atenção compartilhada, não conseguem
compartilhar interesses e acabam por não receber modelagem ambiental correta, o
que incentiva o desenvolvimento de comportamentos inadequados futuros e,
consequentemente, dificuldades de interação social (SILVA, 2012).
▪O paciente Autista armazena com facilidade a ordem com que aprendeu a realizar
o trabalho e demonstra severa insatisfação de alterar essa ordem, com clara
ansiedade de perder o controle da situação. A competência da memória e atenção é
uma grande aliada.
41. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS NO TEA
FUNÇÃO EXECUTIVA
A função executiva é um grupo de habilidades mentais controladas pelo lobo frontal do
cérebro que ajudam as pessoas a executar tarefas de forma planejada e organizada. A
região pré-frontal executa atividades a partir de informações provindas das regiões
posteriores do córtex (BOSA, 2001). É responsável pelo planejamento, pela coordenação
entre a percepção e organização de diferentes movimentos, isto é, a partir de informações
emocionais, atencionais recebidas do sistema límbico ou do cerebelo e das regiões
posteriores sensoriais. Essa região faz um planejamento de ações complexas, soluciona
problemas propostos pelo ambiente, organiza e desencadeia as respostas motoras. Assim,
para a realização de tarefas diárias e para um adequado convívio social, as funções
executivas devem necessariamente estar íntegras, pois a identificação de respostas
alternativas para a resolução de problemas reflete na adaptação ambiental do indivíduo
(ANDERSON, 2002; PARENTE, 2002).
CONCEITO:
43. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS NO TEA
FUNÇÃO EXECUTIVA
(BOSA; CALLIAS, 2000; SCHEUER et al., 2005).
▪ Dificuldades no planejamento;
▪ Dificuldades na manutenção
de um objetivo na execução de
uma tarefa;
▪ Déficits no aprendizado.
44. ESTUDOS QUE COMPROVAM A FALHA NA FUNÇÃO EXECUTIVA
MEMÓRIA
FUNÇAO
EXECUTIVA
ATENÇÃO
A compreensão neuropatológica e neuropsicológica da sintomatologia do autismo é uma
área promissora e de extrema relevância para o tratamento desta patologia.
46. NEUROTRANSMISSORES E TEA
O QUE SÃO
NEUROTRANSMISSORES?
Neurotransmissores são mensageiros químicos que
transportam, aumentam e modulam sinais entre neurônios
e outras células no corpo.
51. ALTERAÇÃES NEUROANATÔMICAS NO TEA
SEROTONINA E AUTISMO
▪ Diminuição da atividade serotoninérgica em crianças com TEA:
▪ Mutação do gene triptofano 2.3 hidroxilase;
▪ Melhora de sintomas com IRSS.
52. ALTERAÇÃES NEUROANATÔMICAS NO TEA
O PAPEL DAS SINAPSES NO CÉREBRO EM DESENVOLVIMENTO
DISFUNÇÃO DE CIRCUITOS
NEURAIS ESSENCIAIS PARA
COMPORTAMENTO SOCIAL,
DETERMINADO POR MUTAÇÕES
DE GENES RELACIONADOS A
SINAPSES EM VIAS ESPECÍFICAS
(SINGULARIDADES).
56. MEDICAMENTOS E TEA
CLASSES MEDICAMENTOSAS
Após diagnóstico, e determinado o grau do transtorno, alguns casos requerem
intervenção medicamentosa, visando controlar o quadro do mesmo. Sendo usadas
algumas classes farmacológicas como:
✓ Antipsicóticos Atípicos (AAPs);
✓Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS);
✓Estabilizadores de Humor;
✓Anticonvulsivantes.
Apesar de não agirem diretamente nas causas da patologia, esses fármacos
controlam as desordens comportamentais, melhorando a qualidade de vida e
promovendo o convívio social dos pacientes.
60. MEDICAMENTOS E TEA
CLASSES MEDICAMENTOSAS
Estabilizadores do Humor são substâncias utilizadas para a manutenção da
estabilidade do humor, não sendo essencialmente antidepressivas nem sedativas.
Internacionalmente reconhecem-se três substâncias principais, capazes de
desempenhar tal papel: o Lítio, a Carbamazepina e o Ácido Valpróico, mais
recentemente outras substâncias foram destinadas a esse fim, como o Divalproato
de Sódio, Oxcarbazepinas,Topiramato, Lamotrigina. Evidentemente essa lista
tende a aumentar progressivamente, de acordo com as novas pesquisas
psicofarmacológicas.