Este documento resume um estudo retrospectivo de 2 anos sobre pé diabético. Foram analisados 119 pacientes com lesões nos pés, distinguindo-se entre pé neuropático e neuroisquémico. A maioria das lesões foram tratadas conservadoramente, embora algumas requereram amputações menores ou maiores. O documento discute fatores de risco, abordagens terapêuticas e estatísticas nacionais sobre amputações em diabéticos.
Consulta do pé diabético (pedro pc's conflicted copy 2011-11-18)teste
1. Levantamento de 2 anos de Actividade
Dr. Pedro Henriques
Interno da Especialidade de Cirurgia Geral
Dr. Manuel Parreira
Assistente Graduado de Cirurgia Geral
Hospital de Faro, E.P.E.
2. Métodos do trabalho:
Estudo retrospectivo das consultas de Pé Diabético desde
Agosto de 2009 a Setembro de 2011.
Consulta dos processos clínicos dos doentes consultados neste
período, divididos em quatro subgrupos de acordo com o risco
(de 1 a 4 - Consenso Internacional) escolhendo-se um subgrupo
de 119 doentes com lesões nos pés (úlcera/infecção)
Nestes doentes com lesão diferenciou-se o Pé Neuropático e o
Pé Neuroisquémico, com base nos testes com o monofilamento,
diapasão a palpação dos pulsos periféricos e a medição do IPTB,
ou da pressão sistólica registou-se o tipo de ferida, a eventual
causa da lesão e utilizou-se a Classificação PEDIS (perfusão,
extensão, profundidade, infeção e sensibilidade)
Classificação do risco de Amputação de acordo com as
características da lesão, levando em linha de conta que a lesão
quando em presença de DAP e Infecção a taxa de amputação é a
maior e na ausência das duas a menor, na presença de
neuropatia
Comparação dos resultados da consulta com as estatísticas
nacionais.
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
3. Definição de Pé Diabético:
Pé diabético: é a situação de infecção, ulceração e/ou
também a destruição de tecidos profundos dos pés,
associados com anormalidades neurológicas
(paneuropatia) e vários graus de doença vascular periférica
no membro inferior.”
*DEFINIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
4. Epidemiologia :
380 milhões de diabéticos em 2025
2-5% desenvolvem úlcera do pé anualmente
Prevalência da ulceração de 4 a 25%
50% das amputações dos membros inferiores não
traumáticas são em diabéticos
85% destas são precedidas de úlcera do pé
Risco de amputação é 15 vezes maior no diabético
International Consensus on the Diabetic Foot, IWGDF, IDF, 1999
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
5. Objectivos da consulta do Pé
Diabético:
Criação de equipa multidisciplinar
Educação dos pacientes e familiares quanto ao risco
Sensibilização dos profissionais de saúde
Identificação precoce das lesões de risco, isquémicas ou
neuropáticas
Tratamento eminentemente preventivo, evitando as
complicações
Classificar o paciente quanto ao grau de risco
Propiciar melhores condições para reintegração do doente
no ambiente familiar e social
Contribuir para a optimização do leito hospitalar
Redução das amputações em 50%
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
6. Epidemiologia :
Atinge cerca de 15% da população diabética
Atinge > 20 % da população com >60 anos
A incidência anual de úlcera ou infecção é de 2 a 3%
2-3% dos doentes com pé diabético sofrem
amputações pela coxa ou pela perna – amputação
major.
Passados 5 anos após a 1º amputação > 66 % são
submetidos a nova amputação major.
Doentes com > 65 anos tem > 60 % das amputações.
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
7. Consulta Pé Diabético:
Consulta multidisciplinar aberta desde Agosto de 2009 e
que integra:
Cirurgião Geral
Internista Consulta Nível 2
Enfermeiro Especialista
Fisioterapeuta
Ortopedista
Objectivos: - avaliação doentes com patologia ulcerosa,
isquémica ou com infecção e ou necrose
- necessidade de desbridamento ou
internamento
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
9. Consulta Pé Diabético :
O nº total de doentes observados em consulta:
Sexo ♀ = 98 ( 40%)
Sexo ♂ = 147 ( 60 %)
TOTAL (n) = 245 doentes
Diabéticos tipo 1 – 35 ( 14, 6%)
Diabéticos tipo 2 -210 ( 84,95%)
Idade dos doentes seguidos em consulta:
A idade mais baixa é de 18 anos e a mais elevada é de 95 anos
A média da idade é de 63 ± 13,5 anos
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
10. Consulta do Pé Diabético:
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
11. Consulta do pé diabético:
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
12. Consulta do pé diabético:
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
13. Entidades Clínicas do Pé Diabético:
-Estudo de 119 doentes dos 124 que apresentam lesões :
( 5 doentes excluídos )
Pé Neuropático
53%( n=63)
Quente
Pé Neuroisquémico
47 %(n=56)
Frio
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
14. Caracterização da população dos
119 doentes com pé diabético:
Pé Neuropático Pé Neuroisquémico
Nº de doentes 63 56
Idade Média 61,8 anos 69,5 anos
Mulher 30,2% 35,7%
Homem 69,8% 64,3%
DM tipo 1 14,3 % 7%
DM tipo 2 85,7% 93%
Duração diabetes 15 anos 17 anos
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
16. Comparação do tipo de lesão na
população com pé diabético:
Tipo de lesão Pé neuropático Pé Neuroisquémico
Superficial 43 32
Profundo com
tendão/osso 16 12
Necrose 4 12
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
27. Factores de Risco para amputação :
Neuropatia periférica
Doença vascular periférica
Microangiopatia (atinge a túnica média)
Macroangiopatia
Deformação do pé
Trauma
Infecção
Hiperglicemia
Idade do doente e duração da diabetes
“2 ou mais factores de risco levam ao aparecimento da
lesão, é multifactorial”
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
28. Factores de Risco Sistémicos :
Duração da Diabetes Mellitus superior a 10 anos
Hiperglicemia
Doença arterial periférica, mais frequente no diabético
e quando presente deve ser tratada precocemente
Amaurose ou diminuição da acuidade visual
Nefropatia diabética
Idade superior a 60 anos
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
29. Factores de Risco Locais :
Neuropatia periférica - ausência de dor ao trauma
Deformação estrutural do pé congénita ou adquirida (neuropatia
motora e atrofia da musculatura intrínseca, alteração da biomecânica do
pé com dedos em garra e em martelo e aumento da pressão na cabeça dos
MT, falanges, tornozelo equino)
Trauma e sapatos inadequados: factor desencadeante
Calosidades resultantes da sobrecarga
Antecedentes de úlcera ou amputação
Mecanismo de pressão plantar exagerada levam a deslocação das
almofadas plantares, pressão áreas ósseas
Limitação da mobilidade articular por glicolização do colagénio
(encurtamento dos tendões, ligamentos e cápsulas articulares assim
como a fascia plantar espessada)
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
30. Deformação
Status pós-amputação
digital
Hallux valgus, Cavalgamento
e ulcera superficial ante-pé
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
33. Prevenção:
1. Inspecção e exame frequente do pé em consulta
multidisciplinar
2. Avaliação do grau de risco
3. Educação do doente e familiares e dos
profissionais de saúde
4. Utilização de calçado apropriado
5. Tratamento da patologia não ulcerativa no
doente de risco
“Mais que tratar do pé diabético há que cuidar dos pés
dos diabéticos”
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
35. Abordagem terapêutica:
Terapêutica conservadora:
Pensos
Controlo metabólico
Desbridamentos cirúrgicos
Controlo da infecção
Tratamento cirúrgico :
Amputações
minor :
Dedos
Transmetatársicas
Lisfranc
Chopart
major:
Amputação de Syme
Transtibial e femoral, vulgo abaixo do joelho e da coxa ou acima do
joelho
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
36. Abordagem terapêutica:
Pé
neuropático
Pé
neuroisquémico TOTAL
Conservadora 51 (81%) 42 (75%) 93 (78,1%)
Amputação minor 9 (14,3%) 6(10,7%) 15 (12,6%)
Amputação major 3 (4,7%) 8(14,3%) 11 (9,2%)
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
37. Evolução do nº Amputações major
a nível Nacional:
in Relatório Anual do Observatório da Diabetes em Portugal, 2010
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
39. Evolução do nº de Amputações em
Diabéticos:
In Plano de Desempenho da ACES Sotavento, 2011
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
40. Evolução do nº de Amputações
major em Diabéticos:
In Plano de Desempenho da ACES Sotavento, 2011
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
41. Complicações na Diabetes:
Causas de Internamento em Diabéticos Algarve Continente
DM c/ Manifestações Oftálmicas 10% 24%
DM c/ Alterações Circulatórias Periféricas 26% 18%
DM c/ Cetoacidose 19% 13%
Doentes Saídos por Pé Diabético por 100.000 habitantes 23,5 18,5
Amputação Minor por 100.000 habitantes 3,5 7,5
Amputação Major por 100.000 habitantes 12,2 8,5
Doseamento de HbA1c - Média por Utente USF 8,3 7,8
Diabéticos com registo de observação do pé USF 52% 68,6%
Total de Amputações Minor e Major 68 1620
DGS 2009
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
42. Amputações da Região do Algarve 2010
A consulta do Pé do HDF efectuou 117 primeiras consultas
no ano de 2010.
Efectuaram-se 343 consultas no total
dos quais 70 doentes acabaram por ser amputados.
Nas consultas de diabetes das USF só 52% dos doentes é que
tinham registo de observação do pé em 2010.
Fontes: GDH e Consulta Externa do Hospital de Faro
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
43. Conclusão:
O pé diabético é um problema de saúde pública
A consulta tem vindo a aumentar progressivamente a
sua área de intervenção
O reconhecimento cada vez mais precoce dos pés em
risco vai diminuir a amputação major
Amputar também significa tratar a patologia
diabética; a amputação não é sempre negativa
O esforço DE TODOS, sem qualquer dúvida, visa
diminuir a taxa de amputações major
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011
44. Implicações da Troika na consulta
de Pé Diabético!!!
Vilamoura, 19 de Novembro de 2011