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Psicologia

Processos intergrupais

Se lhe pedirem para definir a sua identidade, provavelmente vai enunciar algumas
características pessoais (sou tímido, inteligente, gosto de desporto ou de ajudar os outros, sou
activo/passivo, etc.), mas também é natural que se auto descreva em termos de pertença a
certas categorias sociais (a raça, a classe social, a nacionalidade ou o sexo) e em função dos
papéis sociais que desempenha jogador de futebol, aluno de uma escola, irmão mais velho...).

Desta forma, o auto conceito de cada um implica dois subsistemas importantes: a identidade
pessoal e a identidade social, o eu e o nós.

Mas, da mesma forma que na construção do eu é importante o olhar dos outros, também na
constituição do nós é fundamental a interacção com outros nós, com outros grupos.

Tanto psicólogos como sociólogos salientam que a noção de identidade estabelece uma ponte
entre o psicológico e o social, na medida em que a construção de um eu implica uma
interacção constante, e dialéctica, entre o indivíduo e a sociedade. Nesta construção,
desempenham um papel essencial não só a representação que os indivíduos fazem dos seus
papéis sociais como a representação que fazem dos grupos a que pertencem.

E o que é a identidade social? Segundo Tajfel1 (1919 – 1982), o psicólogo que iniciou o
estudo desta problemática, ela é:

    “... O conhecimento individual que o indivíduo tem pelo facto de pertencer a determinados
    grupos sociais e, ao mesmo tempo, as significações emocionais e os valores que estas
    dependências de grupo implicam para ele/ela. "




                                                  O autoconceito implica a pertença a categorias
                                                  sociais (género feminino, neste caso) e o
                                                  desempenho de determinados papéis ("boneca",
                                                  "barbie").

                                                  Segundo o modelo de Bristol, associado aos nomes
                                                  de Tajfel e Turner, a identidade social refere-se a um
                                                  envolvimento emocional e cognitivo dos indivíduos
                                                  no seu grupo de pertença e às consequências e
                                                  expressões comportamentais desse envolvimento no
                                                  quadro da relação intergrupos.




1
   O interesse de Tajfel (1919-1982) pela psicologia social começou, como ele próprio destaca, quando trabalhava
numa série de programas dirigidos à reabilitação das vítimas da Segunda Guerra Mundial. Embora, naquele momento,
já estivesse interessado na análise do preconceito, as suas primeiras pesquisas foram uma série de estudos sobre a
percepção, nos quais se destacam o carácter activo da percepção e o modo como este processo é influenciado pelas
expectativas, a motivação e as emoções. As conclusões deste estudo foram aplicadas posteriormente à análise da
percepção social, tornando-se uma das bases do estudo do preconceito e dos estereótipos.
Na realidade, assim como não percepcionamos os objectos de forma neutra, também a
percepção que fazemos do grupo a que pertencemos – endogrupo – ou dos grupos que nos
são externos ou estranhos – exogrupos – não é isenta de elementos subjectivos, de emoções
e avaliações.




A identidade social influencia, negativa ou positivamente, o autoconceito.


Ao julgarmos os outros, sobretudo quando os outros são membros do nosso grupo, estamos
também a julgar-nos a nós próprios, por comparação implícita. O conhecimento da nossa
pertença a uma categoria implica uma componente avaliativa e emocional no processo de
julgamento: o valor que atribuímos ao grupo a que pertencemos é também o valor que
atribuímos a nós próprios, enquanto membros desse grupo. Assim, se a avaliação
(emocional e cognitiva) que faço do grupo a que pertenço é positiva, a identidade social é
positiva e a satisfação é maior. Se desvalorizo o endogrupo, a identidade social será negativa.

Quer isto dizer que há uma certa tendência para percepcionarmos de uma forma mais positiva
o endogrupo do que o exogrupo. Por exemplo, o meu grupo de amigos parece-me "melhor" do
que outros grupos de amigos que conheço... Esta tendência de sobreavaliação perceptiva do
endogrupo está na base da discriminação em relação ao exogrupo.

Assim, a identidade social não só confere ao indivíduo uma noção acerca da sua posição
dentro do grupo (papel) como também o auxilia na construção do seu autoconceito ou auto-
imagem. Através da sua identidade social, o indivíduo passa a conhecer-se melhor, porque, na
comunicação com os outros membros do grupo, é-lhe devolvida a imagem que os outros têm
dele. Além disso, cada um de nós vai comparando o que os outros sabem sobre nós com o que
cada um sabe de si.

Por outro lado, a identidade social é reforçada pela diferenciação resultante da comparação
com outros grupos externos, ou exogrupos, que, por oposição e contraste, nos levam a reforçar
a representação social (do nós) e individual (do eu).

A coerência entre as nossas identidades, pessoal e social, aumenta a nossa auto-confiança.
A função social no grupo condiciona a identidade social e pessoal.

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A influência da identidade social no autoconceito

  • 1. Psicologia Processos intergrupais Se lhe pedirem para definir a sua identidade, provavelmente vai enunciar algumas características pessoais (sou tímido, inteligente, gosto de desporto ou de ajudar os outros, sou activo/passivo, etc.), mas também é natural que se auto descreva em termos de pertença a certas categorias sociais (a raça, a classe social, a nacionalidade ou o sexo) e em função dos papéis sociais que desempenha jogador de futebol, aluno de uma escola, irmão mais velho...). Desta forma, o auto conceito de cada um implica dois subsistemas importantes: a identidade pessoal e a identidade social, o eu e o nós. Mas, da mesma forma que na construção do eu é importante o olhar dos outros, também na constituição do nós é fundamental a interacção com outros nós, com outros grupos. Tanto psicólogos como sociólogos salientam que a noção de identidade estabelece uma ponte entre o psicológico e o social, na medida em que a construção de um eu implica uma interacção constante, e dialéctica, entre o indivíduo e a sociedade. Nesta construção, desempenham um papel essencial não só a representação que os indivíduos fazem dos seus papéis sociais como a representação que fazem dos grupos a que pertencem. E o que é a identidade social? Segundo Tajfel1 (1919 – 1982), o psicólogo que iniciou o estudo desta problemática, ela é: “... O conhecimento individual que o indivíduo tem pelo facto de pertencer a determinados grupos sociais e, ao mesmo tempo, as significações emocionais e os valores que estas dependências de grupo implicam para ele/ela. " O autoconceito implica a pertença a categorias sociais (género feminino, neste caso) e o desempenho de determinados papéis ("boneca", "barbie"). Segundo o modelo de Bristol, associado aos nomes de Tajfel e Turner, a identidade social refere-se a um envolvimento emocional e cognitivo dos indivíduos no seu grupo de pertença e às consequências e expressões comportamentais desse envolvimento no quadro da relação intergrupos. 1 O interesse de Tajfel (1919-1982) pela psicologia social começou, como ele próprio destaca, quando trabalhava numa série de programas dirigidos à reabilitação das vítimas da Segunda Guerra Mundial. Embora, naquele momento, já estivesse interessado na análise do preconceito, as suas primeiras pesquisas foram uma série de estudos sobre a percepção, nos quais se destacam o carácter activo da percepção e o modo como este processo é influenciado pelas expectativas, a motivação e as emoções. As conclusões deste estudo foram aplicadas posteriormente à análise da percepção social, tornando-se uma das bases do estudo do preconceito e dos estereótipos.
  • 2. Na realidade, assim como não percepcionamos os objectos de forma neutra, também a percepção que fazemos do grupo a que pertencemos – endogrupo – ou dos grupos que nos são externos ou estranhos – exogrupos – não é isenta de elementos subjectivos, de emoções e avaliações. A identidade social influencia, negativa ou positivamente, o autoconceito. Ao julgarmos os outros, sobretudo quando os outros são membros do nosso grupo, estamos também a julgar-nos a nós próprios, por comparação implícita. O conhecimento da nossa pertença a uma categoria implica uma componente avaliativa e emocional no processo de julgamento: o valor que atribuímos ao grupo a que pertencemos é também o valor que atribuímos a nós próprios, enquanto membros desse grupo. Assim, se a avaliação (emocional e cognitiva) que faço do grupo a que pertenço é positiva, a identidade social é positiva e a satisfação é maior. Se desvalorizo o endogrupo, a identidade social será negativa. Quer isto dizer que há uma certa tendência para percepcionarmos de uma forma mais positiva o endogrupo do que o exogrupo. Por exemplo, o meu grupo de amigos parece-me "melhor" do que outros grupos de amigos que conheço... Esta tendência de sobreavaliação perceptiva do endogrupo está na base da discriminação em relação ao exogrupo. Assim, a identidade social não só confere ao indivíduo uma noção acerca da sua posição dentro do grupo (papel) como também o auxilia na construção do seu autoconceito ou auto- imagem. Através da sua identidade social, o indivíduo passa a conhecer-se melhor, porque, na comunicação com os outros membros do grupo, é-lhe devolvida a imagem que os outros têm dele. Além disso, cada um de nós vai comparando o que os outros sabem sobre nós com o que cada um sabe de si. Por outro lado, a identidade social é reforçada pela diferenciação resultante da comparação com outros grupos externos, ou exogrupos, que, por oposição e contraste, nos levam a reforçar a representação social (do nós) e individual (do eu). A coerência entre as nossas identidades, pessoal e social, aumenta a nossa auto-confiança.
  • 3. A função social no grupo condiciona a identidade social e pessoal.