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1
Comunicação e Expressão
Apresentação
Este material é parte da Disciplina Comunicação e Expressão. Você acessa o ambiente virtual de
aprendizagem e estuda, realiza as atividades, esclarece as dúvidas com seu professor-tutor! Aqui,
você reforça o seu estudo, ainda tem a possibilidade de realizar mais atividades, aprimorando,
assim, o seu aprendizado.
Para ajudá-lo a consolidar seus conhecimentos, ao longo do material, você encontrará ícones com
funções e objetivos distintos. Observe:
fique atento: destaca alguma informação importante que não deve ser esquecida por
você. Também pode acrescentar um conhecimento novo ou uma experiência ao tema
tratado.
dica: traz novos conhecimentos em relação ao tema tratado ou pode indicar alguma
fonte de pesquisa para que você aprofunde ainda mais seus conhecimentos no futuro.
leitura complementar: indicação de um artigo com o objetivo de você se aprofundar no
assunto a ser tratado.
consolidando a aprendizagem: são listas de perguntas cujo objetivo é o de você
confirmar, negar ou criar um novo conhecimento ou opinião acerca do assunto que foi
tratado no material.
objetivos da unidade: informa o que você precisa aprender em cada unidade.
Aproveite! Você tem em mão a chance de desenvolver ou aprofundar seus conhecimentos na área
de Comunicação e Expressão.
Objetivo Geral da Disciplina
Desenvolver a capacidade de produção textual do aluno, ressaltando a atividade de reescrita,
provendo-o com as ferramentas necessárias à organização do pensamento a ser expresso por
escrito em textos formais.
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3
Sumário
Unidade I – Texto e contexto ................................................................................................................5
1.1 Comunicação oral e escrita .........................................................................................................6
1.1.1 Processo de comunicação........................................................................................................6
1.1.2 Linguagem verbal X Linguagem não-verbal .............................................................................7
1.1.3 Linguagem oral X Linguagem escrita.......................................................................................7
1.2 Texto acadêmico .........................................................................................................................8
1.2.1 Gênero textual .........................................................................................................................8
1.2.2 Intertextualidade.....................................................................................................................9
1.2.3 Ler e compreender...................................................................................................................9
1.3 Ortografia..................................................................................................................................11
1.3.1 Emprego das Letras................................................................................................................11
1.3.2 Atual acordo ortográfico........................................................................................................13
1.3.3 Acentuação gráfica.................................................................................................................15
1.3.4 Dúvidas Gráficas.....................................................................................................................16
1.4 Frase, período e oração.............................................................................................................21
1.5 Uso adequado dos pronomes ...................................................................................................24
1.6 Estudo sobre verbos..................................................................................................................26
Unidade II – Coerência e Coesão.........................................................................................................31
2.1 Coerência e adequação vocabular ............................................................................................32
2.2 Coesão textual...........................................................................................................................39
2.3 Concordância nominal e verbal.................................................................................................41
Unidade III – Texto e sua estrutura.....................................................................................................45
3.1 Técnica de redação....................................................................................................................46
3.1.1 Planejamento do Parágrafo ...................................................................................................46
3.1.2 Desenvolvimento ...................................................................................................................48
3.1.3 Qualidades do Parágrafo........................................................................................................51
3.2 Pontuação .................................................................................................................................52
4
3.2.1 Uso da vírgula ........................................................................................................................ 52
3.2.2 Uso de aspas .......................................................................................................................... 54
3.2.3 Uso do travessão.................................................................................................................... 55
3.2.4 Uso dos dois pontos............................................................................................................... 55
Unidade IV – Texto e vocabulário....................................................................................................... 57
4.1 Paráfrase................................................................................................................................... 58
4.2 Regência e crase........................................................................................................................ 63
4.2.1 Regência................................................................................................................................. 63
4.2.2 Crase ...................................................................................................................................... 65
4.3 Vícios de linguagem .................................................................................................................. 66
5
Unidade I – Texto e contexto
 Criar estratégias de comunicação oral e escrita.
 Ler e interpretar textos.
 Utilizar adequadamente os diferentes tipos de linguagem frente às situações
apresentadas.
 Reconhecer as várias possibilidades de leitura nos variados suportes de textos.
 Identificar diferentes estratégias de leituras e colocá-las em prática.
 Desenvolver adequadamente a leitura oral expressiva de textos.
 Organizar ideias, visando à produção de textos dissertativos, argumentativos e
narrativos.
 Argumentar coerentemente.
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1.1 - Comunicação oral e escrita
1.1.1 Processo de comunicação
Comunicação é o processo de transmissão da informação de uma pessoa para outra ou
outras. Nesse processo, são identificados elementos sem os quais, pode-se dizer, que não há
comunicação.
Para que haja sucesso na comunicação, é necessário que o destinatário da informação a
receba e a compreenda.
Elementos da comunicação
Emissor: é quem emite a mensagem. Pode ser um indivíduo, um grupo, uma empresa, uma
instituição etc.
Receptor ou destinatário: é quem recebe a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo ou mesmo
um animal, como um cão, por exemplo. É preciso distinguir recepção de compreensão da
mensagem.
Mensagem: é o objeto da comunicação. É constituída pelo conteúdo das informações transmitidas.
A mensagem pode ser: visual (que recorre a imagens, ícones, desenhos, fotografias); simbólica
(que utiliza símbolos, letras, números – a escrita ortográfica); sonora (linguagem falada, palavras,
músicas, sons diversos); táctil (pressão, choque, trepidação, vibração); olfativa (o cheiro do gás,
por exemplo, que passa a mensagem de perigo como um vazamento) e gustativa (tempero
“quente” – apimentado ou não).
Código: é a organização da mensagem, a codificação. É formado por um conjunto de sinais,
combinados de acordo com determinadas regras que dão significados a eles. O código utilizado
deve ser comum ao emissor e ao receptor.
Canal de comunicação: é a via, física ou virtual de circulação da mensagem, que garante o contato
entre emissor e receptor. Como exemplo, há as ondas sonoras, no caso da mensagem sonora.
Contexto: é a situação a qual a mensagem se refere. O contexto pode se constituir nas
circunstâncias de espaço e tempo em que se encontra o destinador da mensagem. Pode também
dizer respeito aos aspectos do mundo textual da mensagem.
Ruído: são os elementos que perturbam, dificultam a compreensão pelo destinador, como, por
exemplo, o barulho ou mesmo uma voz muito baixa. O ruído pode ser também de ordem visual,
como borrões, rabiscos etc.
7
Receber a mensagem não é o mesmo que compreender a mensagem. Para que esse
Processo de Comunicação seja satisfatório e completo, é necessário que, além de receber a
mensagem sem ruídos, o destinatário a compreenda.
Para isso, precisamos compreender o outro, ter empatia, ou seja, desenvolver uma aptidão
para sentir o que o outro sente e pensa, além de uma flexibilidade comunicativa, ter um repertório
linguístico que varia conforme a situação e a pessoa.
Quando as pessoas comprometem o ato comunicativo:
 não ouvem;
 interrompem os outros quando falam;
 são agressivas;
 gostam de impor suas ideias;
 não compreendem as outras pessoas além do seu ângulo de visão.
Desenvolvendo um comportamento compreensivo e a capacidade linguística, você terá
condições para uma comunicação mais eficaz.
1.1.2 Linguagem verbal X Linguagem não verbal
A linguagem verbal é aquela que se utiliza de mensagens simbólicas e sonoras para ser
comunicada. Ela pode ser oral (falada) ou escrita. Já a linguagem não verbal é aquela composta por
ícones, imagens, sons diversos, vibrações, cores, cheiros, sabores etc.
1.1.3 Linguagem oral X Linguagem escrita
Pronominais - Oswald de Andrade 1925
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
“A informação simplesmente transmitida,
mas não recebida, não foi comunicada”.
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A língua falada é improvisada e dinâmica (espontânea) e temos o próprio corpo, tom de
voz, expressões coloquiais, gírias como facilitadores da comunicação.
Pode apresentar expressões que denotam pouco acesso à educação formal, cheia de erros
gramaticais (vulgar); linguajar mais básico, utilizado no dia a dia, com gírias e certa preocupação
com as normas gramaticais (coloquial) ou um vocabulário mais pomposo, imitando a escrita
“padrão”, muito ouvida nos discursos (formal).
Já a língua escrita exige um treino constante, foco e vasto vocabulário. Pode ser
considerada como: vulgar, que reproduz gírias e aspectos da linguagem falada; padrão, que não
admite gírias e expressões vulgares, demonstrando preocupação em seguir as normas gramaticais;
ou literária, que apresenta uma preocupação com a estética, pouca preocupação com as normas
gramaticais e é praticada pelos escritores.
Toda linguagem possui suas regras, sendo assim – para que a comunicação se estabeleça de
forma coerente –, é preciso que o autor (do texto ou do discurso) adapte suas expressões conforme
o público que deseja alcançar e utilize-se dessas regras como forma de aproximação.
Conteúdo adaptado do material da professora Juliana Serpa
1.2 Texto acadêmico
1.2.1 Gênero textual
Dificilmente encontraremos um texto que seja exclusivo de um tipo ou gênero textual. Para
identificação, precisamos observar qual sequência textual está mais evidente.
Narrativo:
 marcado pela temporalidade;
 o fato e a ação estão presentes;
 desenvolve-se numa linha de tempo e espaço;
 o texto de sequência narrativa pode apresentar-se de diversas formas, como: conto,
romance, fábula, piada, quadrinhos, conto de fada etc.
Descritivo:
 apresentação do estado do ser descrito em um determinado momento;
 o texto de sequência descritiva pode apresentar-se de diversas formas, como: cardápio,
lista de compras, anúncio de classificados, bula(composição) etc.
Argumentativo:
 defesa de um ponto de vista;
 objetivo de persuadir o leitor ou ouvinte;
 progressão lógica de ideias com linguagem formal, objetiva e denotativa ou subjetiva e
conotativa;
 o texto de sequência argumentativa pode apresentar-se de diversas formas, como:
redações dissertativas, crítica, editorial de jornal ou revista etc.
Explicativo:
 tem por função informar ou explicar sobre algum assunto;
 tem por objetivo identificar conceitos e definições;
 o leitor adquire conhecimento;
 o texto de sequência explicativa pode apresentar-se de diversas formas, como, verbetes
de dicionário, textos dos manuais, textos da bula, livros didáticos, textos científicos etc.
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Instrucional:
 a marca fundamental é o verbo no imperativo;
 indica ordem, orientação;
 o texto de sequência injuntiva pode apresentar-se de diversas formas, como:
propaganda, receita culinária (modo de preparo), manual de instrução de um aparelho,
horóscopo, bula de remédio etc.
1.2.2 Intertextualidade
“Intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto
em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela
etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade”.
(http://www.infoescola.com/portugues/intertextualidade-parafrase-e-parodia/)
1.2.3 Ler e compreender
Faulstich (2003, p.14) aponta dois tipos de leitura para que um texto técnico seja bem lido:
a leitura informativa e a leitura crítica. Vejamos: segundo essa autora, ao se fazer uma leitura
informativa, busca-se respostas a questões específicas. Para tal, propõe a elaboração de uma
leitura seletiva.
Mas o que vem a ser uma leitura seletiva? Nesse tipo de leitura, o leitor deve buscar no
tópico frasal ou na frase-núcleo a palavra-chave, pois “é em torno dela que o autor normalmente
desenvolve a ideia principal” (op. cit., 2003, p. 14). Antes de iniciarmos as atividades, cabe-nos
explicar o que vem a ser frase-núcleo ou tópico frasal. Para tal, consultamos especialistas no
assunto: Othon Garcia, Magda Soares e Edson Nascimento Campos.
Para Garcia (1992, p. 206), trata-se do parágrafo inicial, representado por um ou dois
períodos, em que se expressa de maneira sucinta a ideia-núcleo a ser desenvolvida posteriormente.
Para Soares e Campos (1978, p.62), após delimitar o assunto escolhido e após escolher o
objetivo orientador do parágrafo, cria-se uma ou mais frases para traduzir o objetivo escolhido. A
essa frase ou frases, esses autores denominam tópico frasal ou frase-núcleo.
Vamos exercitar! Leia o texto abaixo e aponte a palavra-chave.
“A propaganda, seja ela comercial ou ideológica, está sempre ligada aos objetivos
econômicos e aos interesses da classe dominante. Essa ligação, no entanto, é ocultada por uma
inversão: a propaganda sempre mostra que quem sai ganhando com o consumo de tal ou qual
produto ou ideia não é o dono da empresa, nem os representantes do sistema, mas, sim, o
consumidor. Assim, a propaganda é mais um veículo da ideologia dominante.”
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à Filosofia.
2. ed. São Paulo: Moderna, 1997.
Se você apontou a palavra “propaganda”, você acertou.
Após a seleção da palavra-chave principal, você deverá identificar as palavras-chave
secundárias.
Com certeza, você apontou: propaganda ideológica, propaganda comercial, objetivos
econômicos, classe dominante, consumidor e ideologia dominante.
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Agora que você já sabe o que é leitura informativa. Ao ler textos de outras disciplinas, isto
é, de outras áreas do conhecimento, exercite os conceitos aprendidos.
No que tange à leitura crítica, Faulstich (2003, p.18) salienta que “a leitura crítica exige uma
visão abrangente em torno do assunto que está sendo focalizado”. E acrescenta que é preciso que
se faça uma pré-leitura do material a ser analisado. Ainda segundo essa autora (op. cit., 2003, p.
18), “ler criticamente significa reconhecer a pertinência dos conteúdos apresentados, tendo como
base o ponto de vista do autor e a relação entre este e as sentenças-tópico”.
Apresentamos-lhe, abaixo, um texto que faz parte da obra da Profª. Drª. Magda Soares
(Linguagem e escola: uma perspectiva social), para a sua apreciação. E, também, para que você
observe como há coerência entre os parágrafos. Após a leitura, identifique a palavra-chave de cada
parágrafo e as palavras-chave secundárias. Observe, também, que a coerência é que permite o
estabelecimento de uma hierarquia entre a ideia mais abrangente e as que a auxiliam, dando-lhe
base. O título do texto é:
Uma primeira explicação: a ideologia do dom.
“Democracia?” A pergunta é de Mario Quintana. E ele mesmo fornece a resposta: “É dar, a
todos, o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso depende de cada um”.
Que todos tenham seu lugar na escola — e a todos terá sido dado o mesmo ponto de
partida. Qual será o ponto de chegada — o sucesso ou o fracasso —, isso dependerá de cada um.
Eis aí definida a ideologia do dom, segundo a qual as causas do sucesso ou do fracasso na
escola devem ser buscadas nas características dos indivíduos: a escola oferece “igualdade de
oportunidades”; o bom aproveitamento dessas oportunidades dependerá do dom — aptidão,
inteligência, talento — de cada um.
A ideologia do dom oculta-se sob um discurso que se pretende científico: a existência de
desigualdades naturais, de diferenças individuais vem sendo legitimada pela Psicologia, desde sua
já distante constituição como ciência autônoma, na segunda metade do século XIX. Assim, a
Psicologia Diferencial e a Psicometria — ramos da Psicologia — legitimam desigualdades e
diferenças pela mensuração de aptidões intelectuais (aptidão verbal, numérica, espacial etc.), de
prontidão para a aprendizagem, de inteligência ou de quociente intelectual (QI) etc., por meio de
testes, escalas, provas, aparentemente “objetivos”, “neutros”, “científicos”. Essas desigualdades e
diferenças individuais assim legitimadas é que explicaram as diferenças de rendimento escolar.
Dessa forma, não seria a escola responsável pelo fracasso do aluno, a causa estaria na
ausência, deste, de condições básicas para aprendizagem, condições que só ocorreriam na presença
de determinadas características indispensáveis ao bom aproveitamento daquilo que a escola
oferece. Esta seria responsável, isto sim, pelo “atendimento às diferenças individuais”, isto é, por
tratar desigualmente os desiguais. Passa, assim, a ser “justo” que a escola selecione os “mais
capazes” (por exemplo, pelos exames vestibulares), classifique e hierarquize os alunos (por exemplo:
em “turmas fortes” e “turmas fracas”), identifique “bem-dotados” e “superdotados”, e a eles dê
atenção especial, e oriente os alunos para diferentes modalidades de ensino (por exemplo: os
“menos capazes” para um 2º grau profissionalizante, os “mais capazes” para um 2º grau que leve
ao acesso a cursos superiores).
A função da escola, segundo a ideologia do dom, seria, pois, a de adaptar, ajustar os alunos
à sociedade segundo suas aptidões e características individuais. Nessa ideologia, o fracasso do
aluno explica-se por sua incapacidade de adaptar-se, de ajustar-se ao que lhe é oferecido. E de tal
forma esse conceito está presente na escola e internalizado nos indivíduos que o aluno sempre
11
culpa a si mesmo pelo fracasso, raramente pondo em dúvida o direito da escola de reprová-lo ou
rejeitá-lo, ou a justiça dessa reprovação ou rejeição. Assim, para a ideologia do dom, não é a escola
que se volta contra o povo; é este que se volta contra a escola, por incapacidade de responder
adequadamente às oportunidades que lhe são oferecidas.
Embora a ideologia do dom esteja até hoje muito presente na educação, a cientificidade de
seus pressupostos foi irremediavelmente abalada quando se evidenciou, sobretudo a partir da
ampliação do acesso das camadas populares à escola, que as “diferenças naturais” não ocorriam,
na verdade, apenas entre indivíduos, mas, sobretudo, entre grupos de indivíduos: entre os grupos
social e economicamente privilegiados e os grupos desfavorecidos, entre pobres e ricos, entre as
classes dominantes e as classes dominadas.
Ao trabalho! Faça uma leitura crítica do texto, discuta-o com alguém. Você concorda com
as afirmações apresentadas? Por quê? Separe as ideias apresentadas, parágrafo por parágrafo, e
forme a sua opinião sobre o assunto.
É nesse momento, após ter feito a leitura informativa e a leitura crítica, decompondo o
texto, que se faz a leitura interpretativa ou cognitiva. Segundo Faulstich (2003, p.22), para que se
faça uma leitura interpretativa é preciso ter o total domínio da leitura informativa. E acrescenta
que entender um texto é compreender claramente as ideias expressas pelo autor, no intuito de
interpretar e ir além dessas ideias, ajustando as informações analisadas no texto com as que o
leitor já possui em seu arquivo de conhecimentos.
1.3 Ortografia
Ortografia é a parte da gramática que estabelece a forma correta de escrever as palavras.
1.3.1 Emprego das Letras
Conteúdo adaptado do material da professora Juliana Serpa
O emprego das letras depende da origem da palavra, contudo, existem algumas
orientações que podem facilitar bastante.
Usa-se x em vez de ch
a) Depois de ditongos - ameixa, faixa, paixão
Exceto: recauchutar (e derivados) e guache.
b) Depois das iniciais me e en - mexer, enxada, enxuto
Exceto: mecha (e derivados), enchova, encher (derivado de cheio), encharcar (derivado de charco)
Usa-se c e ç
a) Depois de ditongos - foice, coice, ouço, traição
b) Palavras de origem árabe, tupi ou africana - cetim, paçoca, miçanga
c) Nos sufixos -ação, -aço, -iço e -iça - acentuação, ricaço, caniço, carniça
d) Nomes derivados do verbo ter - deter – detenção / ater – atenção
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Usa-se s
a) depois de ditongos - pausa, maisena, deusa, coisa
b) no sufixo -ês (indicando origem, procedência) - chinês, francês, polonês
c) nos sufixos –esa e –isa (formando feminino) - princesa, profetisa, freguesa
d) Palavras substantivadas derivadas de verbos com radicais terminados por nd -
compreender – compreensão / pretender – pretensão; ascender – ascensão /
expandir – expansão
Usa-se z
a) Substantivos abstratos derivados de adjetivos - moleza (derivado de “mole”), certeza
(derivado de “certo”)
b) No sufixo -triz (formando feminino) - imperatriz, atriz
c) Nos sufixos formadores de aumentativos e diminutivos - florzinha, paizinho, cafezinho,
pezão
d) nos verbos formados pelo sufixo -izar - utilizar, atualizar, hospitalizar
Usa-se j
a) nas palavras de origem tupi, africana ou árabe - jiboia, canjica, alfanje (foice para
roçar o mato)
b) nas palavras derivadas de outras que já contêm a letra j - varejo - varejista
c) na conjugação de verbos terminados em –jar - viajar, bocejar, cacarejar
Usa-se g
a) nos substantivos terminados por –agem, -igem, -ugem - barragem, vertigem, ferrugem
Exceto: pajem, lambujem
b) nas terminações –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio - pedágio, colégio, vestígio, relógio,
refúgio
ATENÇÃO!
Quando o radical da palavra terminar por -s, este
será conservado: análise = analisar / friso = frisar
ATENÇÃO!
Quando o radical da palavra terminar por -s, este
será conservado: rosa - rosinha / lápis - lapisinho
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1.3.2 Atual acordo ortográfico
O que muda com o atual ACORDO ORTOGRÁFICO?
Alfabeto - ganha três letras
Antes: 23 letras.
Depois: 26 letras: entram k, w e y.
Quando utilizá-las:
 em nomes próprios estrangeiros – Kafka;
 siglas, símbolos e unidades de medidas internacionais – km, kg;
 palavras estrangeiras usadas por nós com a grafia original – show.
Trema - desaparece em todas as palavras
Antes: Freqüente, lingüiça, aguentar (fica o TREMA em nomes como Müller).
Depois: Frequente, linguiça, aguentar.
Acentuação
- Some o acento no i e no u fortes depois de ditongos (junção de duas vogais), em palavras
paroxítonas.
Antes: Baiúca, bocaiúva, feiúra.
Depois: Baiuca, bocaiuva, feiura.
*Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí.
Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas.
- Some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos como averiguar,
apaziguar.
Antes: averigúe, apazigúe. Ele argúi, enxagúe. Você averigue, apazigue. Ele argui. Enxague
você.
Depois: arguir, redarguir, enxaguar.
- Some o acento diferencial
Antes: pára, para, péla, pêlo, pólo,polo, pêra.
Depois: para, pela, pelo, polo, pera, coa.
*Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode
(presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo ou não (é
facultativo).
- Some o acento dos ditongos abertos éi e ió das palavras paroxítonas (as que têm a
penúltima sílaba mais forte).
Antes: européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia,
paranóia, jibóia, assembleia.
Depois: europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia,
paranoia, jiboia, assembleia.
*Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte - são
oxítonas).
14
- Some o acento circunflexo das formas verbais terminadas em eem.
Antes: dêem, vêem, lêem, relêem, descrêem etc.
Depois: deem, veem, leem, releem, descreem etc
- Some o acento circunflexo do encontro oo, seguido ou não de s.
Antes: abençôo, perdôo, enjôo, vôo, zôo etc.
Depois: abençoo, perdoo, enjoo, voo, zoo etc.
Hífen - veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos:
Prefixos: agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi,
mini, semi, sobre, supra, tele, ultra...
- Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo:
auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotel.
- Em todos os demais casos ”juntamos”:
autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial,
antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma, ultrassom.
- Quando a palavra seguinte começa com h ou com r:
Hiper, inter, super
super-homem, inter-regional.
- Em todos os demais casos:
hiperinflação, supersônico.
- Sub / Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r:
sub-base, sub-reino, sub-humano( a forma subumano também é correta).
- Em todos os demais casos:
subsecretário, subeditor.
- Vice e Ex sempre mantém o hífen:
vice-rei, vice-presidente , ex-vereador, ex-aluno.
- Em todos os demais casos:
pansexual, circuncisão.
- Pan, circum - Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais:
pan-hispanismo, pan-mágico, pan-negritude, pan-africano, pan-eslávico, pan-iconográfico,
pan-ótico.
circum-hospitalar, circum-meridiano, circum-navegação, circum-ambiente, circum-escolar,
circum-uretral.
15
Tabela Simplificada - Principais Usos do Hífen
Vogais diferentes Não use hífen infraestrutura, coautor
Vogais iguais Use hífen semi-interno, contra-ataque
Consoantes diferentes Não use hífen intermunicipal, superproteção
Consoantes iguais Use hífen hiper-realista, super-requintado
Vogal + Consoante Não use hífen autoproteção, autopeça
Consoante + Vogal Não use hífen superamigo, hiperacidez
Vogal + R ou S
Não use hífen e duplique as
consoantes: RR e SS
ultrarrápido, autossuficiente
ex, sem, pré, pró, pós,
recém, além, aquém, vice
Use hífen
ex-aluno, sem-terra, pré-operatório, pró-réu,
pós-graduação, recém-nascido, além-mar,
aquém-mar, vice-prefeito
Palavra iniciada por H Use hífen anti-higiênico, ultra-humano
Tabela produzida pela professora Juliana Serpa
1.3.3 Acentuação
Acento tônico
Palavras de apenas uma sílaba
TÔNICAS (com uma sílaba forte)
O(S); E(S); A(S)
Exemplo: pó, sós; fé, pés; já, pás.
Palavras de mais de uma sílaba
OXÍTONAS (em que a última sílaba é forte)
O(S); E(S); A(S); EM (ENS)
Exemplos: avó, cipó; café, cafés; Pará, Carajás; porém, vinténs.
Diante de casos mais complexos ou dúvidas, recorra a um bom dicionário!
16
PAROXÍTONAS (em que a penúltima sílaba é forte)
Terminadas em:
r - caráter
l - provável
x - tórax
n - hífen*
ps- bíceps
us- vírus
i, is - júri, júris
ã, ãs - órfã,
um, uns - álbum, álbuns
ditongos (ea, ia, io, ua etc)-área, pátria, próprio, água
*Não acentuadas se terminarem em – ENS - hifens
PROPAROXÍTONAS (em que a sílaba tônica (forte) é a antepenúltima)
Todas são acentuadas
Exemplo: supersônico, lâmpada, cândido, mórbido, tétano, dúvidas, pântano, código, sólido, árvore
etc.
1.3.4 Dúvidas Gráficas
Dúvidas acerca de expressões e algumas “inutilidades”
As dúvidas, a seguir, são acerca de expressões. Primeiramente, a palavra “acerca”.
Leia: acerca de, há cerca de, a cerca de. Qual o significado de cada uma destas expressões?
No início da frase, quando se afirma que as dúvidas são acerca de expressões, já há a “dica”
do significado desta expressão. Acerca (junto) significa SOBRE, A RESPEITO.
Assim:
Escreve-se sobre as dúvidas, acerca das dúvidas, a respeito das dúvidas.
Pode-se, também, falar acerca de alguém, isto é, sobre alguém, a respeito de alguém.
Agora, observe
 Há cerca de dez expressões difíceis no texto. (Neste caso, substitua a expressão por
existem perto de).
 Há cerca de 775 alunos estudando Português Instrumental neste semestre.
 Havia cerca de dez provas para revisar.
 Houve cerca de 772 aprovações.
Observe outro exemplo
 Não entro na plataforma há cerca de vinte dias. (Substitua por faz perto de.)
Entretanto, muito cuidado ao utilizar a expressão a cerca de. Tal expressão deve ser usada
quando há a ideia de futuro ou de distância.
Observe
 Encontrar-nos-emos daqui a cerca de dez dias. (FUTURO)
 O corpo se encontra a cerca de três metros da calçada. (DISTÂNCIA)
17
Agora, observe outra expressão muito falada na atualidade. Entretanto, no Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras (ABL), não há o registro dessa
expressão. Ela não existe!
Poderá um dia ser registrada, possivelmente. Mas, no momento, ela não existe. E a norma
culta, às vezes um tanto cruel, abomina esta expressão.
Trata-se do famoso “a nível de”.
Houve um momento, antes de renomados gramáticos informarem que a expressão era
inexistente, que era “chic” falar o “a nível de”. Ouvia-se alto e bom som a expressão nos
telejornais, nos programas de entrevistas, entre outros. (Cabe destacar que a expressão alto e bom
som assim deve ser falada e escrita : ouvi alto e bom som e não “em alto e bom tom”, pois tente
substituir por “em baixo...”) Assim, ouvia-se nos “salões nobres da vida”, a nível de informática, a
nível de Brasil, a nível de economia mundial, a nível de Educação, a nível de globalização,
mundialização e planetarização, e por aí segue uma extensa lista da utilização dessa expressão.
Encontramos essa expressão, pela primeira vez, numa tradução. Trata-se do livro
Macrotendências, uma importante obra, lançada nos anos 1980, sobre análise econômica, escrita
por John Naisbitt. E, acreditem, é uma tradução feita em Portugal, em 1988. Lê-se, na página 52
dessa obra, “A nível universitário ...”
Tal expressão deve ser evitada. É modismo! Em vez de escrever ou falar a nível de, escreva
ou fale:
 por falar em Educação, (...)
 em se tratando de Educação, (...)
 em Informática, (...)
No entanto, a expressão EM NÍVEL DE existe!!! E pode ser utilizada quando houver a ideia
de nivelamento.
Observe
 A reunião será em nível de diretoria. (Isto quer dizer em termos de, no plano de, em
outras palavras, trata-se de uma reunião somente para diretores — gerentes e
supervisores não estão convocados.)
Cabe lembrar que há a forma ao nível de, com o significado de “à mesma altura”, por
exemplo, “está ao nível do mar”.
Mais uma expressão para a sua apreciação: HAJA VISTA.
É uma expressão invariável com o sentido de “tendo em vista”. Atenção: não existe “haja
visto”. Exemplos
 Ele tirou dez, haja vista que estudou em demasia.
 Ela foi aprovada, haja vista as notas do boletim.
Outro assunto: modismo? Sim! De tempos em tempos, surgem expressões utilizadas por
muitos, entretanto, com significado duvidoso e inútil.
É o caso de tempo hábil, vida útil e meio ambiente, já consagrado.
Observe
 Não tenho tempo para ouvi-lo agora.
 Tenho tempo para realizar esta tarefa.
 Teremos tempo para estudar, professor?
18
Pergunta: por que pôr depois da palavra tempo a palavra hábil? Por que dar essa
“habilidade” ao tempo? Não é inútil? Portanto, evite a expressão.
Observe
 A vida útil do aparelho é de quatro anos.
Existe vida inútil? Aparelho tem vida? Por que não trocar a palavra? Por que não falar em
“durabilidade” do aparelho. Problemas com a garantia?
No que tange à expressão “meio ambiente”, já consagrada, sugerimos que você procure no
dicionário o sinônimo de meio e o sinônimo de ambiente.
Percebeu? Problemas do meio. Problemas do ambiente ou problemas ambientais.
É só buscar a simplicidade.
Agora, responda sinceramente: você está a fim de continuar a ler esta apostila?
Que bom! Ao trabalho!
Observe
 Eu estou a fim de ir ao teatro assistir à peça “Gota D’água — Breviário”, no Sesc
Copacabana.
 Ela está a fim de terminar os estudos de Filosofia.
No sentido de finalidade, com o propósito de, você deve usar a expressão desta forma
(escreve-se separadamente) A FIM DE, isto é, no intuito de, com a intenção de.
Agora, caro(a) aluno (a), na expressão afim de, há a ideia de afinidade.
Exemplos
 O português é uma língua afim do espanhol.
 Descobrimos que eles são parentes afins (isto é, parentes por afinidade).
Em princípio, parece fácil. No entanto, é preciso exercitar, praticar, pôr as informações no
papel ou na tela do computador, é preciso aplicar as informações adquiridas.
Observe a palavra em negrito: em princípio.
Em princípio é diferente de a princípio.
Em princípio significa teoricamente, em tese, de um modo geral, em termos.
A princípio significa no começo, inicialmente.
Por exemplo
Em princípio, não somos contra o ensino da Gramática Normativa.
(Teoricamente não somos contra.)
A princípio, éramos contra o internetês ou língua escrita teclada.
(Agora não somos mais, pois concebemos o internetês como mais uma possibilidade de
comunicação, que deve ser usada somente na grande rede - nunca em trabalhos acadêmicos.)
Onde foi que paramos? Aonde você vai? Continue a leitura!
Onde paramos? Esse "onde" é um advérbio.
Agora, observe a frase abaixo:
Aprecio o autor onde você se baseou. ONDE?
O pronome onde deve ser usado caso o antecedente forneça a ideia de “lugar”. Nesse caso,
onde é pronome relativo e não advérbio.
Observe que a palavra “autor” não dá a ideia de lugar, portanto, você deve usar em que.
Assim - Aprecio o autor em que você se baseou.
Agora - Fomos à cidade onde você nasceu.
19
Perfeito! Cidade dá a ideia de lugar. Também pode ser “em que” você nasceu ou “na qual”
você nasceu.
Outra forma de uso: onde substituindo quando
No ano de 1898, onde as pessoas ainda não conheciam o computador, havia problemas
diferentes.
A palavra anterior não dá a ideia de lugar e sim de tempo, portanto: No ano de 1898,
quando as pessoas ainda não conheciam o computador, havia problemas diferentes.
E como se deve usar onde e aonde (como advérbio)?
Resposta - Você deve usar a palavra onde com verbos que não indicam movimento.
Por exemplo - Onde você está? Você está onde?
Entretanto, com verbos que indicam movimento, você deve usar aonde.
Por exemplo - Aonde você vai? Você vai aonde?
— Você quer chegar aonde com essas informações? — Você me pergunta?
Note bem: a palavra muitas vezes. Evite escrever muita das vezes. É inadequado.
Repetindo, utilize: muitas vezes.
Esta atividade é de reciclagem ou de atualização?
Certamente de atualização. Vamos fazer um curso de atualização em Informática?
Vamos fazer um curso de atualização em História? Em Educação Artística?
Nós nos atualizamos! Entretanto, usamos a palavra reciclar para coisas, por exemplo,
reciclar o lixo, reciclar latinhas etc.
Observe que os nomes de disciplinas devem ser escritos com letras maiúsculas ou
minúsculas, pois o atual Acordo ortográfico, assim o permite, isto é, tornou-se opcional.
Introdução à Filosofia ou introdução à filosofia; Teoria da Comunicação ou teoria da
comunicação; Banco de Dados ou banco de dados; Algoritmos ou algoritmos; Matemática ou
matemática; Língua Portuguesa IV ou língua portuguesa IV; Oficina de Redação ou oficina de
redação etc.
E a palavra através, como usá-la?
É preferível usar esta palavra com o seu sentido original, equivalente a “por dentro de”, que
dá a ideia de atravessar. Por exemplo - A bala passou através do pequenino corpo.
Jogou o olhar através da janela e viu a bela cena.
Entretanto, já é aceitável o uso desta locução prepositiva (através de) no sentido de “por
meio de”, “por intermédio de”.
Como dito anteriormente, é preferível o sentido original. Observe.
Começou a estudar através de livros esotéricos.
Começou a estudar com livros esotéricos.
Fez a edificação através de muito esforço.
Fez a edificação com muito esforço.
Elaborou a pesquisa através de investigação bibliográfica.
Elaborou a pesquisa por meio de investigação bibliográfica.
Há ou A?
Usa-se "há", quando o espaço de tempo já tiver decorrido e puder ser substituído por "faz".
Por exemplo - "Eu nasci há dez mil anos." (Faz dez mil anos que eu nasci.)
Usa-se "A", quando o espaço de tempo ainda não transcorreu (e, mesmo se tiver
transcorrido, não puder ser substituído por "faz").
Por exemplo - Ele estará aqui daqui a duas horas.
20
MAS E MAIS
Observe as frases.
Ela é mais esperta que a irmã e também é mais bonita, mas tem um gênio...
Mais - advérbio de intensidade.
Mas - conjunção adversativa (pode ser substituída por porém, entretanto, contudo,
todavia, no entanto).
OS PORQUÊS
a) POR QUÊ
Usado no final de frase (também antes de um ponto e vírgula ou dois pontos).
Você parou por quê? Ela parou, mas eu não sei por quê.
b) PORQUÊ
"Porquê" junto e com acento = motivo ou indagação.
Está substantivado e admite artigo ou pronome adjetivo.
Exemplos - Não sei o porquê de você ter parado de tocar esse instrumento.
Estou procurando resposta aos teus porquês.
c) PORQUE
Esse porque, junto e sem acento significa "pois", enfim, uma explicação.
Parei de tocar o instrumento porque quis.
d) POR QUE
No início da frase (ou após – menos no final), uma indagação, escreve-se separado e sem
acento.
Por que você parou? Então, diga-me por que você parou?
Por que = por que motivo, pelo qual, por qual, o motivo pelo qual
Não sei por que você parou.
Não sei por que estrada elas foram.
MAL e MAU
Mal é o contrário de bem - é um advérbio.
Seu mal é relembrar o passado. Mal ele chegou, ela saiu.
Mau é o contrário de bom - é um adjetivo.
Ele não é mau.
*Mal pode ser também um substantivo.
Exemplo - A dengue é um mal que assola o país.
21
1.4 Frase, período e oração
De acordo com Othon Garcia (1992, p. 6),
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer
comunicação. Pode expressar um juízo, indicar uma ação, estado
ou fenômeno, transmitir um apelo, uma ordem ou exteriorizar
emoções. (...) Oração, às vezes, é sinônimo de frase ou de período
(simples), quando encerra um pensamento completo e vem
limitada por ponto final, ponto de interrogação, de exclamação e,
em certos casos, por reticências.
Vamos dialogar com o Mestre Othon Garcia?
Primeiramente, vamos procurar as palavras-chave do texto. Há duas definições no trecho
lido. Correto? Eis as palavras-chave: frase e oração.
Com relação ao vocábulo frase, o autor informa que se trata de todo enunciado suficiente
por si só. Podemos afirmar que frase é uma unidade mínima de comunicação linguística. Assim,
entendemos frase como qualquer vocábulo ou grupo de vocábulos necessários para atender à
necessidade do emissor, isto é, de quem fala, para efetivar a comunicação. Observe o diálogo a
seguir, intitulado “dedinho de prosa”.
Observe que a palavra não, logo após a pergunta, como resposta, sozinha, não pode ser
considerada como uma frase. Entretanto, no pequeno diálogo, dedinho de prosa, ela passa a ser
frase. O mesmo ocorre com a palavra sim.
Podemos citar outros exemplos.
Vale ressaltar que, na língua falada, a frase é marcada pela entonação. Porém, na língua
escrita, a referida entonação vem representada pelos sinais de pontuação.
Tipos de Frase
Existem vários tipos de frase. A frase pode ou não ter verbos. Chamamos de frase nominal
a frase sem verbos. Tradicionalmente, as frases são classificadas do seguinte modo: frase
interrogativa, frase declarativa, frase exclamativa, frase imperativa e frase optativa.
— Meia-volta!
— Sujeira!
— Você está lendo “Política para não ser idiota”?
— Não.
— Trata-se de um livro de Mario Sergio Cortella e de
Renato Janine Ribeiro. Está interessado em ler?
— Sim.
22
Frase interrogativa: ocorre quando se faz uma pergunta direta ou indiretamente. Por exemplo,
para se fazer uma pergunta direta.
E uma pergunta indireta.
Frase declarativa: é utilizada para afirmação ou para negação de alguma coisa.
Exemplos
Frase exclamativa: é aquela em que expressamos admiração, surpresa.
Exemplos
Frase optativa: é usada para exprimir um desejo e vem, geralmente, com um verbo no modo
subjuntivo.
Exemplos
— Espero que sejas recompensado.
— Quero que vivas muito, meu amor.
— Que calor!
— Você é um doce!
— É um espetáculo!
— É belíssima!
— Ouvir o outro é fundamental para
as relações interpessoais.
— Não posso controlar a interpretação
do leitor.
— Não sei por que o texto pontuado já
é um texto interpretado.
— Você já leu a última obra de Pierre
Lévy e André Lemos?
— O que significa hermenêutica?
23
Frase imperativa: indica ordem, pedido ou súplica, de modo afirmativo ou negativo.
Exemplos
A formação do imperativo
Como é formado o modo imperativo? Antes de responder à questão, é preciso informar
que, em português, há três modos de indicar a atitude de quem fala em relação ao fato que se
comunica. São eles: o modo indicativo, o modo subjuntivo e o modo imperativo.
Por exemplo, no modo indicativo.
No modo subjuntivo.
No modo imperativo.
O modo imperativo pode ser afirmativo ou negativo. Então, surge a pergunta: como é
formado o imperativo afirmativo?
Simples! O modo imperativo afirmativo é formado pelo presente do indicativo e pelo
presente do subjuntivo. Como? Outra pergunta importante.
Do presente do indicativo, saem a 2ª pessoa do singular (tu) e a 2ª pessoa do plural (vós).
No entanto, retira-se o “s” final que essas formas apresentam. As outras pessoas (ele, nós, eles)
são as do presente do subjuntivo.
O imperativo negativo é formado somente pelo presente do subjuntivo, mais a palavra não.
Leia a obra de Cortella e Ribeiro:
“Política para não ser idiota”.
Gostaria de que você lesse a obra “A mulher
que escreveu a Bíblia”.
“Defendo a ideia de que a corrupção não
aumentou; ela só está sendo mais percebida.”
(CORTELLA e RIBEIRO, 2010)
— Redija um parágrafo. (afirmativa)
— Se dirigir, não beba. (negativa)
24
Exemplificando o imperativo afirmativo com o verbo cantar
Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo
Eu canto Que eu cante —
Tu cantas (-s) Que tu cantes canta (tu)
Ele canta Que ele cante
cante (você)
Nós cantamos Que nós cantemos cantemos (nós)
Vós cantais (-s) Que vós canteis cantai (vós)
Eles cantam Que eles cantem Cantem (vocês)
No imperativo negativo, temos:
Não cantes (tu)
Não cante (você)
Não cantemos (nós)
Não canteis (vós)
Não cantem (vocês)
1.5 Uso adequado dos pronomes
Em primeiro lugar, é preciso informar que os pronomes pessoais oblíquos exercem a função
de complemento (objeto direto, objeto indireto, complemento nominal).
PRONOMES
RETOS OBLÍQUOS ÁTONOS OBLÍQUOS TÔNICOS
EU ME MIM, COMIGO
TU TE TI, CONTIGO
ELE, ELA SE, O, A, LHE SI, CONSIGO, ELE, ELA
NÓS NOS NÓS, CONOSCO
VÓS VOS VÓS, CONVOSCO
ELES, ELAS SE, OS, AS, LHES SI, CONSIGO, ELES, ELAS
Observação: evite iniciar frases com pronomes oblíquos átonos.
"Me fale sobre a sua vida."
De acordo com a norma culta, na língua escrita, não se deve iniciar frase com pronome
oblíquo. Assim:
Fale-me sobre a sua vida.
25
Como usar adequadamente os pronomes oblíquos átonos?
Se o verbo for transitivo direto, você deverá usar o pronome oblíquo átono adequado (o, a,
os, as). Exemplos.
Eu jogo bola. (Eu jogo o quê? Bola - objeto direto).
Eu a jogo.
Entretanto, se o verbo for transitivo indireto, você deverá usar o pronome oblíquo átono
adequado (lhe, lhes, a ele, a ela).
Ela obedeceu ao diretor. (Obedeceu a quem? Ao diretor - objeto indireto.)
Ela lhe obedeceu.
Ela obedeceu a ele.
Para compreender melhor o assunto, consulte um dicionário. É o verbo que determina se o
objeto é direto ou indireto.
E se o verbo estiver na terceira pessoa do plural ou terminar por ditongo nasal?
Fica assim:
levam + o = levam-no
dão + o = dão-no
põe + o = põe-no
E se o verbo terminar por R, S ou Z?
Fica assim:
enviar + o = enviá-lo (observe o acento, nesse caso)
observamos + o = observamo-lo
pões + o = põe-lo
fiz + o = fi-lo
No que tange aos pronomes demonstrativos, para indicar lugar, observe:
a) quando está perto do emissor da mensagem, use - "Este aqui."
b) quando está perto do receptor da mensagem, use - "Esse aí."
c) Quando está distante, use - "Aquele lá."
Para indicar tempo, observe:
a) para indicar o tempo presente – hoje - "Este dia."
b) para indicar tempo passado - "Nessa semana, eu li a obra de José Saramago." (A semana
anterior.)
c) para indicar o tempo futuro - "Nesta semana, realizarei vários projetos."
d) para fazer referência a algo que já foi citado - "Não lia quase nada. Por esse motivo, foi
reprovado."
Alguma dúvida? É para eu entrar no AVA ou é para mim entrar no AVA, a fim de esclarecer
alguma dúvida?
Se você disse:
"É para eu entrar no AVA...", você acertou.
26
"EU" é pronome pessoal reto. "MIM" é pronome pessoal oblíquo tônico.
Sempre que houver verbo no infinitivo, usa-se o pronome reto (EU), que é sujeito. "MIM"
nunca exerce a função de sujeito e, obrigatoriamente, deve ser usado com preposição: a mim, de
mim, entre mim, para mim...
1.6 Estudo sobre verbos
É a palavra que pode ser flexionada em número, pessoa, tempo e modo. Observe.
Cantei
– flexão de número (está no singular);
– flexão de pessoa (é da primeira pessoa);
– flexão de tempo (é o pretérito perfeito);
– flexão de modo (é o indicativo).
Segundo Sacconi (1994, p. 187), “ao conjunto de flexões verbais se dá o nome de
conjugação. Verbo é, assim, a palavra que pode ser conjugada; indica essencialmente um
desenvolvimento, um processo (ação, estado ou fenômeno)”.
Flexão de número: singular (cantei) plural (cantamos).
Flexão de pessoa: indica as pessoas do discurso.
Flexão de modo: “indica a maneira, o modo como o fato se realiza. São três os modos: o
indicativo, o subjuntivo e o imperativo. [...] Além dos modos, existem as formar nominais: infinitivo,
gerúndio e particípio” (op. cit., 1994, p. 188).
Flexão de tempo: “indica o momento ou a época em que se realiza o fato. São três os
tempos: o presente, o pretérito e o futuro. Somente o pretérito e o futuro são divisíveis” (op. cit,
1994, p. 188).
Conjugações
São três as conjugações:
primeira conjugação: verbos terminados em “AR” (cantAR, falAR, dAR), caracterizada pela vogal
temática “A”.
segunda conjugação: verbos terminados em “ER” (perdER, vendER, sofrER), caracterizada pela
vogal temática “E”.
terceira conjugação: verbos terminados em “IR” (partIR, pedIR, construIR), caracterizada pela vogal
temática “I”.
Observação: verbo “pôr” é da segunda conjugação. Sua forma antiga era “poer”.
Verbo Radical Terminação Vogal Temática
Estudar ESTUD AR A
Escrever ESCREV ER E
Partir PART IR I
27
Morfologia
Quanto à morfologia, classificam-se em: regulares, irregulares, anômalos, defectivos e
abundantes.
Regulares: são aqueles que não sofrem alterações no radical durante a conjugação.
Exemplos: atuar, continuar, suar, recuar, disputar, amar, falar, cantar, vender, partir etc.
Irregulares: são aqueles que sofrem pequenas alterações no radical durante a conjugação.
Exemplos: dar, estar, caber, crer, dizer, fazer, haver, poder, pôr, querer, saber, trazer, valer,
ver, agredir, fugir, cobrir, ir, vir, cair, ouvir, rir etc.
Anômalos: são aqueles que sofrem grandes alterações no radical durante a conjugação.
Exemplo: ser = sou, é, fui, era, serei.
Defectivos: são aqueles que não possuem conjugação completa.
Exemplos: adequar, delinquir, reaver, falir, abolir, colorir, emergir, exaurir, explodir,
computar, precaver, feder etc.
Adequar – Presente do indicativo
Eu -
Tu -
Ele/Ela -
Nós Adequamos
Vós Adequais
Eles/Elas -
Abundantes: são aqueles que possuem dois particípios, um regular e outro irregular.
Verbo (infinitivo) Particípio regular Particípio irregular
Aceitar aceitado aceito
Benzer benzido bento
completar completado completo
Eleger elegido eleito
Fixar fixado fixo
Gastar gastado gasto
Morrer morrido morto
Pagar pagado pago
Pegar pegado pego*
Segundo Sacconi (1994, p. 223), o particípio “pego”(ê) é da língua popular.
Observação: Não são abundantes os verbos “trazer” (trazido – particípio regular somente) e
chegar (chegado – particípio regular somente).
28
Pessoas verbais
1ª pessoa do singular EU
2ª pessoa do singular TU
3ª pessoa do singular ELE
1ª pessoa do plural NÓS
2ª pessoa do plural VÓS
3ª pessoa do plural ELES
Modos
Indicativo: presente; pretéritos perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito; futuro do presente e
futuro do pretérito.
Subjuntivo: presente; pretérito imperfeito; futuro.
Imperativo: afirmativo e negativo
Formas nominais: infinitivo impessoal; infinitivo pessoal; gerúndio e particípio.
Verbos auxiliares
Para Sacconi (1994, p. 224), “são os que auxiliam a conjugação de outro, chamado principal,
que é expresso numa das formas nominais”.
Os mais comuns são: ser, estar, ter, haver (irregulares).
Exemplos
Temos falado acerca desse assunto.
Havíamos comprado um barco.
Foi preso o assassino.
Está impresso o documento.
Verbos pronominais
“São os que se conjugam com pronomes átonos integrantes, ou seja, com pronomes que
fazem parte do verbo. [...] Tais pronomes petrificaram-se junto ao verbo; por isso, alguns lhes
chamam pronomes fossilizados ou pronomes integrantes dos verbos” (op. cit., 1994, p. 224).
Exemplos fornecidos por esse autor.
Eu me arrependi do que fiz.
Ela se queixa de tudo.
Observação: o verbo deparar não é pronominal.
Exemplo
Deparei com a situação.
29
Verbos reflexivos
“São os que se conjugam com pronomes átonos que exercem a função de objeto – direto
ou indireto” (SACCONI, 1994, p. 224).
Exemplo fornecido por esse autor.
Eu me cortei (me = objeto direto)
Ainda de acordo com esse autor, por serem reflexivos, esses verbos aceitam a posposição
das expressões a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo, a nós mesmos.
Principais verbos: banhar-se, vestir-se, lavar-se, machucar-se, ver-se (ao espelho), pintar-se,
tatuar-se, trancar-se, ferir-se etc.
1 - Quais as principais diferenças entre a linguagem escrita e a falada?
30
31
Unidade II – Coerência e Coesão
 Reconhecer e empregar os elementos de coerência e coesão textual.
32
2.1 - Coerência e adequação vocabular
2.1.1 Coerência
Assim como as palavras se organizam na oração, as orações também se organizam no
período, por processos de subordinação e coordenação.
Conforme afirma o Mestre Othon Garcia (1992), “nossa liberdade de construir frases está,
assim, condicionada a um mínimo de gramaticalidade — que não significa apenas nem
necessariamente correção (há frases que, apesar de, até certo ponto, incorretas, são plenamente
inteligíveis)”. E acrescenta que, desprovidas da articulação sintática necessária, não há frase, há
somente um agrupamento de palavras sem sentido. Observe.
“O estamos notável disse escritor grunhido de ao que volta português.”
É claro que não há sentido em tal agrupamento. Faz-se necessária a organização de tal
agrupamento de palavras. Assim - “O notável escritor português disse que estamos de volta ao
grunhido”.
Entretanto, esse autor adverte que: “não basta que a frase seja gramatical para ser
inteligível: importa, ainda, que ela preencha outras condições (...); importa, enfim, que ela, além da
condição de gramaticalidade” exclua a ambiguidade, exclua as tautologias nulificadoras de
significado, ou seja, as repetições desnecessárias, exclua as incoerências semânticas, revele
conformidade com a experiência geral de uma dada comunidade cultural e que não seja caótica na
sua estrutura.
Em primeiro lugar, qual o significado de “exclua a ambiguidade”?
Observe a frase abaixo.
O professor magoado saiu da sala.
O “professor magoado” ou “o professor saiu magoado”?
E quanto à segunda afirmação: “exclua as tautologias nulificadoras”.
Tautologia é a repetição de ideias com palavras distintas, às vezes, expressões distintas;
nulificadoras, que tornam nulas.
Assim, temos: sair para fora, entrar para dentro, antecipar para antes, conviver juntos, criar
novos, sentidos pêsames, emulsão de óleo, adiar para depois, parte integrante, entre outros.
Observe: se vai sair, só pode ser para fora de algum lugar; se vai entrar, vai entrar em algum
lugar; se vai antecipar, é porque já é antes; se vai conviver, só pode ser junto de alguém; se vai
criar, é porque é novo; se você deseja expressar os seus sentimentos, é com pesar, então, use as
expressões “meus sentimentos” ou “meus pêsames”; emulsão: só pode ser de óleo, não há
emulsão com água; se vai adiar, só pode ser para depois, nunca adiar para “ontem”; se é parte, já é
integrante; e assim por diante.
A compreensão somente ocorre quando há coerência, que é o resultado da articulação das
ideias no texto, veiculando sentidos para o receptor.
Primeiramente, vejamos as definições da palavra “coerência”, encontradas em dois
dicionários.
• Coerência s.f. 1. Qualidade, estado ou atitude de coerente. 2. Harmonia, entre ideias ou
acontecimentos. (Aurélio)
33
• Coerência s.f. Do latim cohaerente 1. Qualidade ou estado do que é coerente;
conformidade, harmonia entre dois fatos ou ideias; nexo; conexão; (fís.) aderência recíproca entre
as moléculas de um corpo. (Dicionário Brasileiro Globo)
Em diálogo com as definições e ligando-as ao nosso assunto, podemos perceber que o
conceito está ligado à existência de conexão, de sentido entre ideias. Para corroborar tal afirmação,
apresentamos as palavras de Tiski-Franckowiak (2008, p. 87):
(...) a compreensão do todo envolve processos mentais, elos que relacionam os fatos, ou
seja, elementos que relacionam e interligam os fatos. Segundo essa autora, o processo de
compreensão das relações entre os elementos de uma gestalt se inicia com um insight, que
significa aquele “heureca!” ou “achei!”. O insight é aquele estalo que, de repente, acontece, e o
sujeito pode até dizer, numa linguagem informal, que “caiu a ficha”. Para que ocorra o insight, é
necessária a presença de elementos suficientes no campo externo (idem). De acordo com essa
pesquisadora, “o ser humano tende naturalmente para a complementação e a organização das
coisas incompletas, busca o equilíbrio das formas perfeitas (ibidem)".
Nesse momento, à procura de organização e de compreensão, o receptor da mensagem
busca a coerência, busca explicação, busca sentidos.
Em se tratando de textos escritos, que será o nosso objeto de estudo, cabe lembrar que o
produtor da mensagem pode não conseguir realizar as articulações entre os elementos da
mensagem de maneira coerente. Nesse sentido, a seguir, discutimos os problemas de coerência
textual.
Van Dijk e Kintsch, citados por Koch e Travaglia (2002, p. 42), apontam diversos tipos de
coerência.
Para explicar o que foi dito, apresentamos os tipos de coerência com exemplos, fornecidos
por Koch e Travaglia (2002, p. 43) — dois pesquisadores que mais entendem desse assunto no país.
a) Coerência semântica — é a que se refere à relação existente entre os significados dos elementos
das frases em sequência em um texto ou entre os elementos do texto em sua totalidade.
Exemplo
“A frente da casa de vovó é voltada para o leste e tem uma enorme varanda. Todas as
tardes ela fica na varanda em sua cadeira de balanço apreciando o pôr do sol.”
Observe que a posição da frente da casa — a varanda — está voltada para o local onde o
sol nasce (leste). A seguir, o autor da mensagem informa que, à tarde, a vovó gosta de ficar na
varanda apreciando o poente (oeste).
Ora, se a varanda é voltada para o leste...
Portanto, não há coerência se não existir relação entre os elementos do texto em sua
totalidade.
b) Coerência sintática — é a que se refere aos meios sintáticos para expressar a coerência
semântica. Os meios sintáticos para expressar a coerência semântica são, por exemplo, os
conectivos, o uso de pronomes, entre outros.
Exemplos
“A felicidade, onde não existem técnicas científicas para sua obtenção, faz-se de pequenos
fragmentos captados de sensíveis expressões vivenciais (...)” (Koch e Travaglia)
34
Observe que a utilização de “onde” causa a incoerência sintática. Para tornar o trecho
coerente, é preciso reconstruí-lo.
“A felicidade, para cuja obtenção não existem técnicas científicas, faz-se de fragmentos
captados de sensíveis expressões vivenciais.”
Outros exemplos fornecidos por Kock e Travaglia (202, p. 42).
“João foi à festa, todavia porque não fora convidado.”
”João foi à festa, todavia ele não fora convidado.”
No primeiro exemplo, observe que não há continuidade da ideia. Com a utilização de
“todavia”, espera-se a continuação da ideia, que não é apresentada.
No segundo exemplo, o texto é coerente, pois toda a ideia é apresentada pelo produtor do
trecho.
Kock e Travaglia (2002, p. 44) salientam que “a coerência sintática nada mais é do que um
aspecto da coesão que pode auxiliar no estabelecimento da coerência”.
c) Coerência estilística — o produtor da mensagem deve usar em seu texto elementos linguísticos,
isto é, léxico, tipos de estruturas, frases etc., que pertençam ao mesmo estilo ou registro
linguístico. No entanto, o uso de estilos diversos parece não criar problemas para a compreensão.
Esses autores (op. cit., 2002, p. 45) afirmam que, na verdade, “esta é uma noção que tem utilidade
na explicação de quebra estilística”. E exemplificam o caso com o uso de gírias em textos
acadêmicos, sobretudo orais, e com o uso de expressões de ressalvas antes de anunciar o que se
deseja, com expressões como “se me permitem o termo”, para usar expressão popular que bem
expressa isso, “com o perdão da palavra”, entre outros.
Observe o exemplo fornecido por esses autores em que há uma incoerência estilística
inaceitável pelas normas sociais; entretanto, não é problemática do ponto de vista do
estabelecimento de sentido, caso a intenção do produtor da mensagem fosse a de irreverência ou
de não respeito ao sentimento do receptor.
Exemplo
Prezado Fulano,
neste momento, quero expressar meus profundos sentimentos por sua mãe ter batido as
botas.
d) Coerência pragmática — relaciona-se com o texto visto como uma sequência de atos da fala.
Tais atos devem satisfazer as mesmas condições “presentes em uma dada situação comunicativa”.
Caso contrário, temos incoerência (op. cit., 2002, p. 46). Observe o exemplo fornecido por esses
autores.
Se um amigo faz um pedido a outro, pode-se esperar a seguinte sequência de atos:
• pedido/atendimento;
• pedido/promessa;
• pedido/jura;
• pedido/solicitação de esclarecimento;
• atendimento ou promessa;
• pedido/recusa/justificativa;
• pedido/recusa.
E não sequências, como:
• pedido/ameaça;
• pedido/declaração de algo que não se relaciona com o pedido.
35
Caso sejam apresentadas essas últimas sequências, vistas como incoerentes, o autor do
pedido, provavelmente, pode pedir esclarecimentos e considerar a fala do outro como recusa ou
descaso, entre outras possibilidades — acrescentam esses autores.
Exemplos
Você não vai ao Rock in Rio?
Eu entrei na página e deixei o comentário sobre o texto.
Como nos alertam Koch e Travaglia (2002, p. 46), vale lembrar que:
A coerência é um fenômeno que resulta da ação conjunta de todos esses
níveis e de sua influência no estabelecimento do sentido do texto, uma vez
que a coerência é, basicamente, um princípio de interpretabilidade do
texto, caracterizado por tudo de que o processo aí implicado possa
depender, inclusive a própria produção do texto, na medida em que o
produtor do texto quer que seja entendido e o constitui para isso,
excetuadas situações muito especiais.
2.1.2 - Adequação Vocabular
Uso adequado dos verbos definir, colocar, botar e pôr, adequar e reverter.
O Objetivo desta atividade é o de minimizar as inadequações para a construção de futuros
textos.
Responda.
— Você já foi picado(a) por um pernilongo?
Certamente, a sua resposta será: — Sim!
— Você já foi mordido(a) por um leão?
— É claro que não! — você, certamente, responderá.
Pensemos juntos: o pernilongo é pequenino; já o leão, com uma arcada dentária enorme, é
tão grande. Entretanto, é o pequenino que nos atinge; o grande, se nos pegar, provavelmente nos
deixará “fora de cena”.
Pois é! Vamos transformar essa questão em uma lição.
“As pequenas coisas nos atingem; as grandes podem nos pegar, mas não estaremos aqui, depois,
para contar a história.”
E tal fato pode acontecer num texto: pequenas inadequações podem desvalorizar o que foi
escrito. São as pequeninas coisas...
Lembre-se: um texto deve apresentar, entre outras qualidades, adequação vocabular.
Como você já sabe e percebeu também, adequar o vocabulário é uma coisa pequenina, entretanto,
importantíssima!
É imprescindível o cuidado no uso de determinadas palavras.
Quando você está construindo um texto, no calor e no entusiasmo do ato criativo,
possivelmente você acredita que certas palavras são sinônimas. Porém, algumas vezes, há enganos.
Por exemplo, atualmente, há o uso (excessivo) de um verbo que “está na moda” — na TV e
na mídia impressa — e circula pelos “salões nobres da vida” lépido e fagueiro: o verbo definir.
Observe as frases a seguir e note como o verbo foi utilizado.
 O Presidente definirá como vai abaixar os juros do BC.
 Milena e Marcos, finalmente, definiram a data do casamento.
 Os deputados não definiram quem dirigirá esta CPI.
36
Agora, consulte o dicionário o sinônimo do verbo DEFINIR. Compare o que você encontrou
no dicionário com as palavras grifadas nos exemplos. Certamente, você percebeu que ninguém
mais decide, marca, estabelece, determina, escolhe...
O que realmente parece é que a ordem é DEFINIR. Vamos definir!
Você, provavelmente, perguntará:
— Mas isso é errado?
Não se trata de certo ou errado. O problema é maior. Maior porque se trata de
empobrecimento vocabular.
Afirma-se, aqui, que simplicidade vocabular não significa pobreza vocabular.
É inadequado utilizar o verbo definir com tais significados.
Portanto...
 O Presidente decidirá como vai abaixar os juros do BC.
 Milena e Marcos, finalmente, marcaram a data do casamento.
 Os deputados não escolheram quem dirigirá esta CPI.
Para sua informação, o mesmo ocorre com os verbos colocar, botar e pôr.
Alguns autores de Manuais de Redação e professores renomados perceberam o uso
excessivo do verbo colocar. Etimologicamente, colocar vem do latim collocare (co + locare), que
significa pôr, pôr ao lado de, pousar.
De acordo com o Prof. Sergio Nogueira Duarte da Silva, o uso do verbo colocar só é
apropriado quando houver claramente a ideia de “lugar”.
Exemplos
Coloque as almofadas naquele canto.
Vamos colocar os livros na estante.
Então, evite usar o verbo colocar quando não houver claramente a ideia de lugar. Utilize os
outros verbos, como botar e pôr.
Eis alguns exemplos...
A galinha do vizinho bota ovo amarelinho. (E não coloca.)
A galinha põe ovos diariamente. (E não coloca.)
Vestiu a camiseta do América Futebol Clube. (E não colocou.)
Chegou mais um: vamos botar água no feijão! (E não colocar.)
O planejamento escolar é ótimo. Vamos pô-lo em prática. (E não colocá-lo.)
Trata-se de uma sugestão — de um ponto de vista — fazer tais substituições. Há quem
discorde. Mas, a maioria concorda com essa substituição.
Entretanto, vamos pensar juntos: não é mais simples?
Cabe destacar o uso corrente do...
“Posso fazer uma colocação?” e “O autor coloca que ...”
Outra vez, vamos pensar juntos?
COLOQUE OUTRO VERBO NO LUGAR DE COLOCAR!
Por exemplo - Posso falar? Posso opinar? Posso argumentar? Posso afirmar? (Em vez de: posso
fazer uma colocação?)
37
Outro exemplo...
Margulis e Sagan (2002, p. 211) afirmam que os componentes de nosso corpo retornam
para a biosfera de que vieram. E advertem que “na economia restrita da arrogância e da fantasia
humanas, os indivíduos podem acumular grande riqueza e poder”, no entanto, ressaltam que, “na
economia solar da realidade biológica, cada um de nós é despachado para abrir espaço para a
próxima geração”. E salientam que, “recebidos de empréstimo, o carbono, o hidrogênio e o
nitrogênio de nosso corpo têm que ser devolvidos ao banco biosférico”. (MARGULIS, Lynn; SAGAN,
Dorion. O que é vida? São Paulo: Zahar, 2002.)
Observe: os autores afirmam, advertem, ressaltam, salientam... (E não colocam!).
Morin (2000, p. 59) afirma que “conhecer e pensar não é chegar a uma verdade
absolutamente certa, mas dialogar com a incerteza”. (MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar
a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil, 2000.)
Observe: o autor afirma e não coloca.
Fique atento ao significado das expressões: em vez de e ao invés de
Usa-se a expressão EM VEZ DE quando há a ideia de substituição.
Exemplo
Vou ao cinema, em vez de ir ao teatro.
Na expressão AO INVÉS DE, há a ideia de contrariedade.
Exemplo
Ele subiu, ao invés de descer.
Agora, outros verbos utilizados de forma inadequada: adequar e reverter. Consulte o
dicionário e anote o sinônimo desses verbos.
A seguir, leia as frases abaixo e faça uma comparação com o que você acabou de anotar,
isto é, com os sinônimos encontrados no dicionário.
 A alternativa não se adeqúa (ou adéqua) a essa questão.
 Para melhorar o produto, é necessário que a firma se adéque (ou adeqúe) à nova visão
empresarial.
O verbo adequar vem do latim adaequare. Trata-se de um verbo defectivo: usado somente
nas formas arrizotônicas.
Arrizotônicas!
Ao dicionário! O significado desta palavra é: a (prefixo grego, significa não) + rizo (radical
grego, significa raiz). Decifrou a charada agora?
Arrizotônica significa que tem a tonicidade fora da raiz, isto é, a tonicidade não está em
“adeq”, mas nas terminações.
Relembrando: o verbo adequar é defectivo.
“Defectivo: diz-se do verbo a que faltam pessoas (eu, tu, ele...), modos ou tempos.”
Em outras palavras — e para encurtar o assunto — o verbo adequar não apresenta as três
pessoas do singular (eu, tu, ele) e a 3ª pessoa do plural (eles) do presente do indicativo.
Consequentemente, nada haverá no presente do subjuntivo.
Cabe lembrar que nos tempos do pretérito e do futuro tudo “corre” normalmente.
38
Então, você poderá, certamente, escrever ou dizer...
Ele adequou...
Eu adequava...
Ela adequara...
Eu adequaria...
Ela adequará...
Eu estou adequando...
Isto é adequado...
Assim, as frases dos exemplos podem ser escritas da seguinte forma.
 A alternativa não está adequada a essa questão.
 Para melhorar o produto, é necessário que a firma fique adequada à nova visão
empresarial.
Com relação ao verbo reverter, no dicionário, há a seguinte definição:
REVERTER = v. tr.ind. Regressar; tornar (ao ponto de partida); retroceder; voltar (para a
posse de alguém); do latim revertere.
Leia, agora, as frases abaixo e compare-as com a definição da palavra.
 É necessário reverter a situação em que se encontra a Educação.
 — Vamos reverter o placar — grita a torcida furiosa.
 O professor quer reverter o quadro atual.
É claro que se trata de uso excessivo do verbo em questão.
Portanto, se a ideia não for a de retornar, utilize, por exemplo, mudar, inverter ou alterar,
conforme o caso.
 É necessário mudar (ou alterar) a situação em que se encontra a Educação.
 — Vamos inverter o placar — grita a torcida furiosa.
 O professor quer mudar o quadro atual.
Como bem nos lembra o Prof. Sergio Nogueira, não se pode confundir o verbo reverter
(que tem o prefixo –re) com verter e inverter.
Veja:
verter para o inglês: O livro está sobre a mesa (The book is on the table.)
reverter (prefixo –re): dá a ideia de repetição, volta, regresso.
Se você disser que é preciso “reverter a situação atual”, isso significa voltar à situação
anterior.
Entretanto, quando os médicos dizem que é necessário “reverter o quadro clínico”, estão
cobertos de razão. Isso quer dizer que haverá uma volta à situação inicial, ou seja, a um estado
saudável (o que é muito bom).
39
2.1.3 - Redundâncias
O que é redundância? Redundância é um substantivo feminino, qualidade de redundante.
REDUNDANTE é um adjetivo, que significa supérfluo, excessivo, pleonástico.
Por exemplo, a música que o Raul Seixas cantava e que ainda muitos dela se lembram...
“Eu nasci há dez mil anos atrás...”
Se foi há dez mil anos, só pode ser “atrás”. A palavra em destaque é redundante. Não há
necessidade de enfatizá-la.
Observe outros exemplos.
Ela fará parte integrante da banca. Se fará parte, é porque integra. Use uma ou outra
palavra. Assim, é melhor: Ela fará parte da banca.
Receberam o piso salarial mínimo. Sé é piso, só pode ser mínimo, não é? Apenas diga ou
escreva: piso salarial.
Todos os países do mundo estão lutando contra esse mal. É melhor afirmar: Todos os
países estão lutando contra esse mal. (Os países, é claro, pertencem ao mundo.)
Os candidatos, na hora do abraço, foram cercados por todos os lados. Se foram cercados...
Não dá para cercar e deixar espaços abertos. Melhor afirmar: “Os candidatos, na hora do abraço,
foram cercados” (pela multidão, com certeza!).
A Diretora da escola afirmou que o projeto é inteiramente subsidiado. Ora, o projeto
apenas é subsidiado. Inteiramente?
Procure no dicionário o significado da palavra subsídio. Percebeu? Como se lê a palavra
subsídio, com o som de “s” ou de “z”? Com o som de “s”, é claro.
Uma curiosidade: procure no dicionário como se lê a palavra OBSOLETO.
Interessante, não é? A sílaba tônica está no LE (aberto).
2.2 - Coesão textual
Os urubus e os sabiás
“(1) Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... (2) Os
urubus, aves por natureza ‘becadas’, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo
contra a natureza, eles haveriam de se tornar grandes cantores. (3) E para isto fundaram escolas e
importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram
competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão de
mandar nos outros. (4) Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o
sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu
titular, a quem todos chamavam por Vossa Excelência. (5) Tudo ia muito bem até que a doce
tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. (6) A floresta foi invadida por bandos de
pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas com os sabiás... (7) Os
velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás
e canários para um inquérito. (8) “- Onde estão os documentos dos seus concursos?” (9) E as
pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvesse. (10)
Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. (11) E nunca
apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente... (12) –
Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem. (13) E os
urubus, uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...
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(14) MORAL: em terra de urubus diplomados não se ouve canto de sabiá.”
Rubem Alves. Estórias de Quem Gosta de Ensinar.
“Um texto não é uma soma de sequência de frases isoladas.” Analisando o texto de “Os
urubus e os sabiás”.
1. “Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam...”
Que tudo é esse?
O que foi que aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam?
2. “E para isto fundaram escolas...”
Isto o quê? De que se está falando?
Qual o sujeito dos verbos fundaram, importaram, gargarejaram, mandaram, fizeram? É o
mesmo de teriam?
3. Fala-se em quais deles. Deles quem? E quem são os outros?
4. Qual o referente de eles em (4)?
5. Tem-se novamente a palavra tudo: (5) “Tudo ia muito bem...”Esta segunda ocorrência do termo
tem o mesmo sentido da primeira?
6. A quem se refere o pronome eles (7)?
7. E o pronome possessivo seus (8)?
8. Quais são as pobres aves de que se fala em (9)? E as tais coisas?
9. E elas, em (10), refere-se a pobres aves ou a tais coisas?
10. De que passarinho se fala em (13)?
“Se tais perguntas são facilmente respondidas, é porque os termos em questão são
elementos da língua que têm por função estabelecer relações textuais: são recursos de coesão
textual.”
Outro grupo de palavras que tem como função assinalar determinadas relações de sentido
entre os enunciados ou partes de enunciados:
mas – oposição ou contraste
mesmo – oposição ou contraste
para – finalidade, meta
foi assim que (4) – consequência
até que – tempo
E (11) – adição de argumentos ou ideias
porque – explicação, justificativa
41
2.2.1 Coesão Textual - Teoria
I. Coesão por retomada ou por antecipação
1. Retomada ou antecipação por uma palavra gramatical (pronomes, verbos, numerais, advérbios)
“Eu darei sempre o primeiro lugar à modéstia entre todas as belas qualidades. Ainda sobre
a inocência? Ainda, sim. A inocência basta uma falta para a perder; da modéstia só culpas graves,
só crimes verdadeiros podem privar. Um acidente, um acaso podem destruir aquela, a esta só uma
ação determinada e voluntária.” (Almeida Garrett. Viagens na minha terra.)
A palavra aquela retoma o substantivo inocência; o vocábulo esta recupera a palavra
modéstia. Todos os termos a que servem para retomar outros são chamados de anafóricos.
“Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e
passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele. O professor era
grande, gordo e silencioso, de ombros contraídos.”(Clarice Lispector. A legião estrangeira.)
O possessivo seu e o pronome pessoal reto de 3ª pessoa ele antecipam a expressão o
professor. São, pois, catafóricos.
O pronome pessoal oblíquo o retoma a expressão seu trabalho anterior. É, então, um
termo anafórico.
2. Retomada por palavra lexical (substantivos, verbos, adjetivos)
Lia muito, toda espécie de livro. Policiais, então, nem se fala, devorava.
Elipse
Na elipse, temos a retomada de um termo que seria repetido, mas que é apagado, por ser
facilmente depreendido do contexto.
“Itamar Franco era um homem feliz ao passar a faixa presidencial para Fernando Henrique
Cardoso, mas estava tristonho ao acordar no dia seguinte. Já não era presidente da República
desde 1º de janeiro e precisava deixar o Palácio do Jaburu (...) Calado, foi ao banheiro e embalou
alguns objetos.” (Veja: 24, jan. 1995.)
O sujeito do primeiro era é explicitamente mencionado, Itamar Franco. Os outros verbos
do texto têm o mesmo sujeito. No entanto, ele vem elíptico, isto é, oculto.
2.3 - Concordância nominal e verbal
2.3.1 Concordância Verbal
Antes de iniciar o trabalho, seguem algumas orientações sobre concordância verbal. Tais
orientações foram retiradas da obra “Nossa Gramática: teoria e prática”, de Sacconi (1994, p. 367-
369).
1) A turma não aprovou o trabalho ou a turma não aprovaram o trabalho?
Com coletivos (a turma, um bando...), concorda no singular.
A turma não aprovou o trabalho.
2) Um milhão de pessoas passou o Ano Novo em Copacabana ou um milhão passaram o Ano Novo
em Copacabana?
42
Um bilhão de pessoas não está com a virose ou um bilhão de pessoas não estão com a
virose?
Um milhão de pessoas passou o Ano Novo em Copacabana.
Um milhão de pessoas não está com a virose.
Observe...
Um milhão e duzentos mil reais, um milhão e pouco, um bilhão e meio...
Exemplo - Um trilhão e trezentos mil reais foram roubados do banco.
Se não houver número determinado, continua no singular.
Exemplo - Um bilhão e meio de pessoas verá o espetáculo pela televisão.
4) Concordância facultativa antes do pronome relativo que (concorda com o coletivo ou com o
nome)
Exemplo - Fez alusão à série de infortúnios que aconteceu (aconteceram) na sua vida.
Ele não aprovou o trabalho da turma de operários que construiu (construíram) o prédio.
5) A maioria de, grande parte de, metade de
Exemplo - A maioria dos entrevistados informou (informaram) que não esperam o outro
terminar uma frase.
Metade dos entrevistados refletiu (refletiram) sobre o ato de ouvir o outro.
Grande parte dos entrevistados ouve (ouvem) mal.
6) Vinte por cento (20%), um por cento (1%)
Exemplo - Trinta por cento dos entrevistados afirmam que ouvir é fundamental.
Um por cento afirmou que não interrompe o outro.
Trinta por cento do grupo pesquisado ouve (ouvem) mal.
7) Mais de, menos de, cerca de...
Exemplo - Mais de um entrevistado chegou.
Mais de dois entrevistados informaram que não gostariam de responder à pergunta.
Cerca de oito entrevistados choraram.
Mais de 1% da entrevista não é válida.
Menos de 40% dos entrevistados ouvem bem.
8) um dos que, nenhum dos que
O primeiro entrevistado é um dos que ouvem bem.
2.3.2 Concordância Nominal
“A relação entre um substantivo (ou um pronome ou numeral substantivo) e as palavras
que a ele se ligam para caracterizá-lo (artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais adjetivos)
recebe o nome de concordância nominal (INFANTE, 1997, p. 463).
Segundo esse autor, merecem destaque as seguintes palavras e construções - PRÓPRIO,
MESMO, ANEXO, INCLUSO, QUITE E OBRIGADO.
Tais palavras concordam em gênero e número com o pronome a que se referem. Observe
os exemplos fornecidos por esse autor (op. cit., 1997, p. 465-467).
“Elas próprias disseram: – Nós mesmas fizemos isso.”
“Seguem inclusos os documentos requeridos.”
43
“Seguem anexas as cópias solicitadas.”
“Estamos quites”.
“O rapaz agradeceu: – Muito obrigado.”
Com relação às palavras MEIO e BASTANTE (INFANTE, 1997, p. 466)
Meio e bastante podem atuar como adjetivos ou como
advérbios. No primeiro caso, referem-se a substantivos e
são variáveis.
Exemplos -‘Pedi meia cerveja e meia porção de batatas.’
‘Bastantes coisas estão erradas.’
No segundo caso, referem-se a verbos, adjetivos ou
advérbios e são invariáveis.
Exemplos - ‘As jogadoras estavam meio desgastadas pela
competição. ’
‘A atleta não foi bem porque estava meio ansiosa. ’
‘Andamos meio aborrecidos. ’
‘Ainda acreditamos bastante em nós mesmos, apesar de
estarmos bastante cansados. ’”
Vale destacar que expressões como - É PROIBIDO, É BOM, É NECESSÁRIO, É PRECISO,
quando desacompanhados de determinante (artigos, pronomes e numerais adjetivos), os
substantivos podem ser tomados no sentido amplo (INFANTE, 1997, p. 466).
Eis os exemplos fornecidos por esse autor - É proibido entrada.
Água é bom.
Liberdade é necessário.
Com determinante, teríamos - A água é boa.
É proibida a entrada.
A liberdade é necessária.
44
45
Unidade III – Texto e sua estrutura
 Identificar estruturas, interpretando textos e ideias.
46
3.1- Técnica de redação
3.1.1 Planejamento do Parágrafo
Antes de iniciar o texto, faça um planejamento.
Soares e Campos (1977, p. 68) sugerem que se deve ter em mente, antes da escrita do
texto, o seguinte:
 qual é o assunto?
 qual é a delimitação do assunto?
 qual é o objetivo? O que se pretende fazer?
E fornecem (op. cit., 1977, p. 68) o seguinte exemplo (para se ter a ideia de como se deve
elaborar o planejamento).
 Assunto: o riso.
 Delimitação do assunto: situações que provocam riso.
 Objetivo: mostrar que o riso é provocado pela tristeza.
(A palavra riso está presente no assunto, na delimitação do assunto e no objetivo.)
Após a organização desses três pontos importantes do ato de planejar, elabore a frase-
núcleo ou tópico frasal (a frase introdutória).
Observe...
Se o meu assunto é o riso, delimitei-o para abordar as situações que causam riso e o meu
objetivo é o de “mostrar que o riso é provocado pela tristeza”; a frase-núcleo a ser elaborada para
introduzir o texto deverá ser uma tradução do objetivo.
 Tradução do objetivo?
Você vai se perguntar, certamente. Isso mesmo: traduza o objetivo.
O objetivo é o de “mostrar que o riso é provocado pela tristeza”, por exemplo – entre
várias opções que você certamente pensará.
Então, na sua frase-núcleo, você deverá deixar isso claro para o seu leitor.
A seguir, há duas possibilidades fornecidas por esses autores (op. cit., 1977, p. 68).
Possivelmente, você poderá criar outra(s); entretanto, você deverá estar atento(a) ao seu objetivo.
Frase-núcleo 1
Todo mundo ri das desgraças dos outros. Como diz a velha marchinha de carnaval,
“pimenta nos olhos dos outros é refresco”.
Frase-núcleo 2
O riso é, quase sempre, provocado pelo ridículo. Pela situação incômoda, pelo grotesco,
pela tristeza.
Observe que as duas frases introdutórias (chamadas frase-núcleo ou tópico frasal) contêm
os elementos elaborados no objetivo.
Percebeu agora a importância de planejar o texto? Assim, você não se perde do seu
assunto. Isso proporciona mais “foco” (como se diz por aí...).
Lembre-se de que, para a produção textual, 99% é fruto de transpiração; 1%, de
inspiração.
Leia o trecho a seguir.
47
Tipos de violência
Nem sempre é fácil identificar a violência. Por exemplo, uma cirurgia não constitui violência,
primeiro porque visa ao bem do paciente, depois porque é feita com o consentimento do doente.
Mas certamente será violência se a operação for realizada sem necessidade ou se o paciente for
usado como cobaia de experimento científico sem a devida autorização.
Mas, se o motorista causador de um acidente alegar que não foi violento por não ter
causado prejuízo voluntariamente, é preciso verificar se não houve descuido ou omissão da parte
dele. Afinal, a violência passiva ocorre toda vez que deixamos de fazer determinadas ações cujo
cumprimento seria necessário para salvar vidas ou evitar sofrimentos. É nesse sentido que podemos
lastimar os altos índices de acidentes de trabalho apontados no Brasil pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
Outras vezes, estamos diante da violência indireta. Por exemplo, se sabemos que o
clorofluorcarbono (CFC) destrói a camada de ozônio da Terra e com isso provoca câncer de pele,
usar um desodorante spray contendo CFC significa agressão não só aos contemporâneos, como
também às gerações futuras.
Há situações em que não existe violência física, mas outro tipo de violência, de natureza
psicológica. Por exemplo, não existe violência quando tentamos superar as contradições e conflitos
convencendo, por meio da persuasão, os que pensam de maneira diferente da nossa. No entanto,
existe violência quando, mesmo sem usar o chicote ou a palmatória, o pai ou o professor exigem o
comportamento desejado, doutrinando as crianças, impondo valores e dobrando-as para a
obediência cega e aceitação passiva da autoridade. Nesse caso, embora não haja violência física,
existe violência simbólica, já que a força que se exerce é de natureza psicológica e atua sobre a
consciência, exigindo a adesão irrefletida, que só aparentemente é voluntária.
Ocorre violência simbólica também nos casos em que um candidato a cargo público distorce
informações para conseguir votos, quando a imprensa manipula a opinião pública ou ainda quando
o governo usa propaganda e slogans para ocultar seus desmandos. Enfim, constitui violência
simbólica toda manipulação ideológica que obriga a adesão sem crítica das consciências e das
vontades. O manipulador dirige, molda as formas de pensar e agir de maneira que o manipulado
acredita estar pensando e agindo por livre vontade. Portanto, a violência existe, mas não se
apresenta como tal.
Nem sempre a violência “salta à vista”, não sendo claramente percebida. Às vezes, não é
possível se conhecer o agente causador, outras vezes a ação não é prevista nem nos códigos penais,
e, portanto, a tendência é não reconhecê-la como violência propriamente dita. Por exemplo, a
existência da pobreza parece ser consequência inevitável de uma certa ordem natural que comanda
as relações entre os homens. Haveria, então, pessoas pobres ou países subdesenvolvidos devido à
incompetência, ao descuido ou à fatalidade: “afinal, sempre foi assim...”, é o que se costuma dizer.
Porém, na raiz desses problemas encontramos a violência da desigualdade social decorrente da
injusta repartição das tarefas e dos privilégios que levam ao irregular aproveitamento dos bens
produzidos pela comunidade. Nesse sentido, é violência a fome crônica em amplas regiões do
mundo como resultado do planejamento econômico que visa, em primeiro lugar, ao interesse dos
negócios. É também violência a criança permanecer fora da escola, privando-a de educação e do
saber acumulado pela sociedade em que vive, porque precisa trabalhar, ou por outros motivos
decorrentes dos desfavorecimentos da classe a que pertence.
Chamamos de violência branca a esse tipo de privação, devido ao fato de não ser sangrenta
(vermelha). Mas nem por isso pode ser considerada menos cruel.
48
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São
Paulo: Moderna, 1992.
Primeiramente, leia todo o texto.
Responda
1. Sobre qual assunto as autoras construíram o texto?
2. Como esse assunto foi delimitado?
3. Qual é o objetivo das autoras ao escrever sobre esse assunto?
Nesse momento, após responder às perguntas, você está começando a refletir sobre o
assunto e iniciando um diálogo com as autoras.
Observe que o assunto é violência.
Tal assunto foi delimitado assim: os tipos de violência.
O objetivo das autoras foi o de identificar, exemplificando, os tipos de violência.
Criada a frase-núcleo, você iniciará o desenvolvimento. Nesse estágio, você pode
perguntar...
 Deve-se planejar o desenvolvimento também? Certamente!
Eis as etapas que Soares e Campos (1977, p. 75) sugerem para a elaboração de um belo
texto:
I. assunto;
II. delimitação do assunto;
III. determinação do objetivo;
IV. redação da frase-núcleo;
V. seleção dos aspectos que desenvolverão a frase-núcleo;
VI. ordenação dos aspectos selecionados;
VII. redação do desenvolvimento;
VIII. formulação da conclusão (neste ponto, você deverá retomar a frase-núcleo – com a
tradução clara do objetivo –, aspectos do desenvolvimento e finalizar).
3.1.2 Desenvolvimento
Há formas de ordenação no desenvolvimento do parágrafo.
1. Ordenação por tempo e espaço
Soares e Campos (1977, p. 88) afirmam que
Frequentemente, quando falamos ou escrevemos, temos a necessidade de
indicar em que lugar estão ou estavam as pessoas a que nos referimos, onde
ocorreram ou ocorrem os fatos que narramos. A nossa conversa ou a nossa
redação contém, então, uma série de referências a espaço: organizamos o
conteúdo de nossas mensagens, ordenando-as por indicações de espaço. (...)
Entretanto, nem sempre, ao escrever e ao falar organizamos as ideias
exclusivamente por indicações de espaço. Torna-se necessário, frequentemente,
fazer referências ao espaço e ao tempo, simultaneamente.
49
Soares e Campos (1977, p. 103) fornecem o seguinte exemplo:
 assunto: a conquista do espaço
 delimitação do assunto: a competição entre E.U.A. e Rússia pela conquista do espaço.
 objetivo: mostrar a competição pela conquista do espaço nas últimas décadas do século
XX.
 forma de ordenação: por tempo e espaço
Frase-núcleo
Nas últimas décadas do século XX, houve uma acirrada competição pela conquista do
espaço entre os E.U.A. e a Rússia.
Planejamento do desenvolvimento (após pesquisa):
Fato Tempo Espaço
Um satélite espacial foi lançado
ao espaço – o Sputinik
Em 4 de outubro de 1957
Na antiga União Soviética, hoje
Rússia.
Foi conseguida a supremacia
espacial, com a série de naves
Apolo.
Dez anos mais tarde Nos Estados Unidos
O primeiro homem foi lançado
à Lua.
Em 20 de julho de 1969 Nos Estados unidos
O domínio do espaço No final do século XX, Nos E.U.A. e na Rússia
Fazendo o planejamento, fica mais fácil, certo?
2. Ordenação por enumeração
Essa é a mais fácil. É indicada sempre que a delimitação do assunto e o objetivo do
parágrafo conduzem à indicação de uma série de características, de fatos, de funções de fatores
etc.
3. Ordenação por contraste
Soares e Campos (1977, p. 133) apresentam o seguinte exemplo para clarificar o assunto...
A visão do sertão não está, como a do litoral, fechada pela floresta, pelos canaviais; ela se
estende até o infinito. O homem que vive na costa é prisioneiro do lodo que lhe dá cola ao pé, das
ervas que retardam sua marcha, das árvores que o sufocam, dos velhos engenhos em ruínas cheios
de fantasmas, dos bosques sagrados cheios de encantamento. O homem da caatinga nada tem
diante de si, a não ser um céu imenso implacavelmente azul estendendo-se sobre seu chapéu de
couro, e em que raras nuvens se esgarçam devoradas pelo sol insaciável. A seus pés, a grande
extensão de areia, de espinhos, através da qual erra o gado em rebanhos. Tudo o incita à partida, à
marcha, ao galope a cavalo, impelido pelo vento, em luta contra o espaço.
(Roger Bastide, Brasil - terra de contrastes)
50
Esses autores (op.cit., 1977, p. 133) propõem o seguinte exercício:
a) indique o trecho que representa a introdução do parágrafo e assinale as palavras ou
expressões que nela mostram que o parágrafo se desenvolverá por contraste.
A visão do sertão não está, como a do litoral, fechada pela floresta, pelos canaviais, ela se
estende até o infinito.
b) quais são os dois elementos contrastados no parágrafo?
O homem, o litoral (costa), o homem do sertão (caatinga).
c) qual é o ponto de diferença entre os dois elementos apresentados no parágrafo?
Características ambientais condicionadas dos tipos humanos.
4. Ordenação por explicitação
Outra forma de ordenação das ideias para desenvolver o parágrafo é a explicitação.
Segundo os autores supracitados (op. cit., 1977, p. 157), “é frequente termos de redigir um
parágrafo com o objetivo de explicitar uma ideia, esclarecer um conceito, justificar uma
afirmativa”. Pode- se explicitar por definição, por exemplificação e por analogia. A seguir, exemplos
fornecidos por esses autores.
Explicitação por definição
“O humor, numa concepção mais exigente, não é apenas a arte de fazer rir. Isso é
comicidade ou qualquer outro nome que se escolha. Na verdade, humor é uma análise crítica do
homem e da vida. Uma análise não obrigatoriamente comprometida com o riso, uma análise
desmistificadora, reveladora, cáustica. Humor é uma forma de tirar a roupa da mentira, e o seu
êxito está na alegria que ele provoca pela descoberta inesperada da verdade.” (Ziraldo)
Observe as expressões que indicam definição: o humor não é... Isto é... Na verdade, humor
é... (entre outras no texto)
Explicitação por exemplificação
“No Brasil, o empobrecimento ou a banalização da mensagem televisual decorre, na
verdade, da incapacidade do comunicador (desde a direção das estações até os produtores de
programas) de entender a verdadeira natureza do veículo que controla e de elaborar mensagens
específicas. Um exemplo: um dos canais cariocas, achando que presta grande serviço à educação
musical, transmite concertos dominicais de música erudita. A realização do programa é algo de
extremamente dispersivo: quando a câmera se concentra na orquestra, o plano se reduz, e
dificilmente pode o telespectador distinguir com clareza os músicos e seus instrumentos. Se a
câmera desvia-se para o público, o espectador passa a ter um espetáculo paralelo: o das pessoas
que dormem, conversam ou simplesmente escutam o concerto. A impressão final do telespectador
é a de que a televisão não é veículo próprio à transmissão musical. Não o é, efetivamente, da forma
como é feita, que não corresponde à especificidade de linguagem do veículo.” (Muniz Sodré)
Explicitação por analogia
A inteligência madura sabe que as palavras nunca dizem tudo sobre o que quer que seja, e
por isso se ajusta à incerteza. Por exemplo, quando guiamos um carro, nunca sabemos o que vai
acontecer em seguida; não importa a frequência com que passamos por aquele caminho: nunca
51
encontramos exatamente as mesmas condições de tráfego. Apesar disso, um motorista
competente percorre toda espécie de caminho, e até com grande velocidade, sem sentir medo ou
nervosismo. Em sua qualidade de motorista, está ele ajustado à incerteza e não se sente inseguro.
Do mesmo modo, a pessoa intelectualmente madura, ‘não sabe tudo’, seja lá sobre o que for. E
nem por isso se sente insegura, pois sabe que a única espécie de segurança que a vida oferece é a
segurança dinâmica que provém de dentro: a segurança que deriva da infinita flexibilidade da
inteligência – da orientação multipolar de uma infinidade de valores.” (S.I. Hayakawa)
Observe: a inteligência madura sabe que as palavras nunca dizem tudo sobre o que quer que seja e,
por isso, se ajusta à incerteza.
Tal afirmativa é explicitada por meio de uma analogia.
Segundo Soares e Campos (1977, p. 161), “o desenvolvimento se inicia com a expressão por
exemplo, que, neste caso, não introduz uma exemplificação, mas uma analogia: a analogia
(comparação) entre guiar um carro e viver com maturidade intelectual”.
3.1.3 Qualidades do Parágrafo
UNIDADE - Uma só ideia predominante (usar sempre que possível um tópico frasal explícito; evitar
pormenores impertinentes).
COERÊNCIA - Relação entre as ideias predominantes e as secundárias.
ÊNFASE - A ideia predominante não apenas aparece sob a forma de oração principal, mas também
se coloca em posição de relevo, por estar no fim ou próximo do fim do período-parágrafo.
Frase 1 - “Dizer que viajar é um prazer triste, uma aventura penosa, parece um absurdo.
Imediatamente nos ocorrem as dificuldades de transporte da Idade Média, quando viajar devia ser
realmente uma aventura arriscada e penosa”.
Frase 2 - Evite pormenores impertinentes, acumulações, redundâncias
O assassínio do Presidente Kennedy, naquela triste tarde de novembro, quando percorria a
cidade de Dallas aclamado por numerosa multidão, cercado pela simpatia do povo do grande
Estado do Texas, terra natal, aliás, do seu sucessor, o Presidente Johnson, chocou a humanidade
inteira não só pelo impacto provocado pelo sacrifício do jovem estadista americano, tão cedo
roubada à vida, mas também por uma espécie de sentimento de culpa coletiva, que nos fazia, por
assim dizer, como que responsáveis por esse crime estúpido, que a história, sem dúvida, gravará
como a mais abominável do século.
Temos aí um exemplo de período prolixo e centopeico. Os pormenores em excesso são, na
sua maioria, dispensáveis, pois em nada reforçam ou esclarecem a ideia - núcleo do período ("o
assassínio do Presidente Kennedy... chocou a humanidade inteira..."):
 naquela triste tarde de novembro: o fato que se comenta era ainda recente, e a
indicação da data, portanto supérflua, embora se possa justificar a carga afetiva de
"triste tarde de novembro" ;
 quando percorria a cidade de Dallas: também dispensável, pois como a data, o nome da
cidade onde ocorreu o crime estava ainda muito vivo na memória do leitor;
 aclamado..., cercado pela simpatia do povo do grande Estado do Texas: pormenores
óbvios, dadas as circunstâncias. Talvez se justifiquem só por estabelecer um contraste
emotivo com o assassínio;
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Mdi comunicação e expressão-atualização-2015

  • 1. 1 Comunicação e Expressão Apresentação Este material é parte da Disciplina Comunicação e Expressão. Você acessa o ambiente virtual de aprendizagem e estuda, realiza as atividades, esclarece as dúvidas com seu professor-tutor! Aqui, você reforça o seu estudo, ainda tem a possibilidade de realizar mais atividades, aprimorando, assim, o seu aprendizado. Para ajudá-lo a consolidar seus conhecimentos, ao longo do material, você encontrará ícones com funções e objetivos distintos. Observe: fique atento: destaca alguma informação importante que não deve ser esquecida por você. Também pode acrescentar um conhecimento novo ou uma experiência ao tema tratado. dica: traz novos conhecimentos em relação ao tema tratado ou pode indicar alguma fonte de pesquisa para que você aprofunde ainda mais seus conhecimentos no futuro. leitura complementar: indicação de um artigo com o objetivo de você se aprofundar no assunto a ser tratado. consolidando a aprendizagem: são listas de perguntas cujo objetivo é o de você confirmar, negar ou criar um novo conhecimento ou opinião acerca do assunto que foi tratado no material. objetivos da unidade: informa o que você precisa aprender em cada unidade. Aproveite! Você tem em mão a chance de desenvolver ou aprofundar seus conhecimentos na área de Comunicação e Expressão. Objetivo Geral da Disciplina Desenvolver a capacidade de produção textual do aluno, ressaltando a atividade de reescrita, provendo-o com as ferramentas necessárias à organização do pensamento a ser expresso por escrito em textos formais.
  • 2. 2
  • 3. 3 Sumário Unidade I – Texto e contexto ................................................................................................................5 1.1 Comunicação oral e escrita .........................................................................................................6 1.1.1 Processo de comunicação........................................................................................................6 1.1.2 Linguagem verbal X Linguagem não-verbal .............................................................................7 1.1.3 Linguagem oral X Linguagem escrita.......................................................................................7 1.2 Texto acadêmico .........................................................................................................................8 1.2.1 Gênero textual .........................................................................................................................8 1.2.2 Intertextualidade.....................................................................................................................9 1.2.3 Ler e compreender...................................................................................................................9 1.3 Ortografia..................................................................................................................................11 1.3.1 Emprego das Letras................................................................................................................11 1.3.2 Atual acordo ortográfico........................................................................................................13 1.3.3 Acentuação gráfica.................................................................................................................15 1.3.4 Dúvidas Gráficas.....................................................................................................................16 1.4 Frase, período e oração.............................................................................................................21 1.5 Uso adequado dos pronomes ...................................................................................................24 1.6 Estudo sobre verbos..................................................................................................................26 Unidade II – Coerência e Coesão.........................................................................................................31 2.1 Coerência e adequação vocabular ............................................................................................32 2.2 Coesão textual...........................................................................................................................39 2.3 Concordância nominal e verbal.................................................................................................41 Unidade III – Texto e sua estrutura.....................................................................................................45 3.1 Técnica de redação....................................................................................................................46 3.1.1 Planejamento do Parágrafo ...................................................................................................46 3.1.2 Desenvolvimento ...................................................................................................................48 3.1.3 Qualidades do Parágrafo........................................................................................................51 3.2 Pontuação .................................................................................................................................52
  • 4. 4 3.2.1 Uso da vírgula ........................................................................................................................ 52 3.2.2 Uso de aspas .......................................................................................................................... 54 3.2.3 Uso do travessão.................................................................................................................... 55 3.2.4 Uso dos dois pontos............................................................................................................... 55 Unidade IV – Texto e vocabulário....................................................................................................... 57 4.1 Paráfrase................................................................................................................................... 58 4.2 Regência e crase........................................................................................................................ 63 4.2.1 Regência................................................................................................................................. 63 4.2.2 Crase ...................................................................................................................................... 65 4.3 Vícios de linguagem .................................................................................................................. 66
  • 5. 5 Unidade I – Texto e contexto  Criar estratégias de comunicação oral e escrita.  Ler e interpretar textos.  Utilizar adequadamente os diferentes tipos de linguagem frente às situações apresentadas.  Reconhecer as várias possibilidades de leitura nos variados suportes de textos.  Identificar diferentes estratégias de leituras e colocá-las em prática.  Desenvolver adequadamente a leitura oral expressiva de textos.  Organizar ideias, visando à produção de textos dissertativos, argumentativos e narrativos.  Argumentar coerentemente.
  • 6. 6 1.1 - Comunicação oral e escrita 1.1.1 Processo de comunicação Comunicação é o processo de transmissão da informação de uma pessoa para outra ou outras. Nesse processo, são identificados elementos sem os quais, pode-se dizer, que não há comunicação. Para que haja sucesso na comunicação, é necessário que o destinatário da informação a receba e a compreenda. Elementos da comunicação Emissor: é quem emite a mensagem. Pode ser um indivíduo, um grupo, uma empresa, uma instituição etc. Receptor ou destinatário: é quem recebe a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo ou mesmo um animal, como um cão, por exemplo. É preciso distinguir recepção de compreensão da mensagem. Mensagem: é o objeto da comunicação. É constituída pelo conteúdo das informações transmitidas. A mensagem pode ser: visual (que recorre a imagens, ícones, desenhos, fotografias); simbólica (que utiliza símbolos, letras, números – a escrita ortográfica); sonora (linguagem falada, palavras, músicas, sons diversos); táctil (pressão, choque, trepidação, vibração); olfativa (o cheiro do gás, por exemplo, que passa a mensagem de perigo como um vazamento) e gustativa (tempero “quente” – apimentado ou não). Código: é a organização da mensagem, a codificação. É formado por um conjunto de sinais, combinados de acordo com determinadas regras que dão significados a eles. O código utilizado deve ser comum ao emissor e ao receptor. Canal de comunicação: é a via, física ou virtual de circulação da mensagem, que garante o contato entre emissor e receptor. Como exemplo, há as ondas sonoras, no caso da mensagem sonora. Contexto: é a situação a qual a mensagem se refere. O contexto pode se constituir nas circunstâncias de espaço e tempo em que se encontra o destinador da mensagem. Pode também dizer respeito aos aspectos do mundo textual da mensagem. Ruído: são os elementos que perturbam, dificultam a compreensão pelo destinador, como, por exemplo, o barulho ou mesmo uma voz muito baixa. O ruído pode ser também de ordem visual, como borrões, rabiscos etc.
  • 7. 7 Receber a mensagem não é o mesmo que compreender a mensagem. Para que esse Processo de Comunicação seja satisfatório e completo, é necessário que, além de receber a mensagem sem ruídos, o destinatário a compreenda. Para isso, precisamos compreender o outro, ter empatia, ou seja, desenvolver uma aptidão para sentir o que o outro sente e pensa, além de uma flexibilidade comunicativa, ter um repertório linguístico que varia conforme a situação e a pessoa. Quando as pessoas comprometem o ato comunicativo:  não ouvem;  interrompem os outros quando falam;  são agressivas;  gostam de impor suas ideias;  não compreendem as outras pessoas além do seu ângulo de visão. Desenvolvendo um comportamento compreensivo e a capacidade linguística, você terá condições para uma comunicação mais eficaz. 1.1.2 Linguagem verbal X Linguagem não verbal A linguagem verbal é aquela que se utiliza de mensagens simbólicas e sonoras para ser comunicada. Ela pode ser oral (falada) ou escrita. Já a linguagem não verbal é aquela composta por ícones, imagens, sons diversos, vibrações, cores, cheiros, sabores etc. 1.1.3 Linguagem oral X Linguagem escrita Pronominais - Oswald de Andrade 1925 Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro “A informação simplesmente transmitida, mas não recebida, não foi comunicada”.
  • 8. 8 A língua falada é improvisada e dinâmica (espontânea) e temos o próprio corpo, tom de voz, expressões coloquiais, gírias como facilitadores da comunicação. Pode apresentar expressões que denotam pouco acesso à educação formal, cheia de erros gramaticais (vulgar); linguajar mais básico, utilizado no dia a dia, com gírias e certa preocupação com as normas gramaticais (coloquial) ou um vocabulário mais pomposo, imitando a escrita “padrão”, muito ouvida nos discursos (formal). Já a língua escrita exige um treino constante, foco e vasto vocabulário. Pode ser considerada como: vulgar, que reproduz gírias e aspectos da linguagem falada; padrão, que não admite gírias e expressões vulgares, demonstrando preocupação em seguir as normas gramaticais; ou literária, que apresenta uma preocupação com a estética, pouca preocupação com as normas gramaticais e é praticada pelos escritores. Toda linguagem possui suas regras, sendo assim – para que a comunicação se estabeleça de forma coerente –, é preciso que o autor (do texto ou do discurso) adapte suas expressões conforme o público que deseja alcançar e utilize-se dessas regras como forma de aproximação. Conteúdo adaptado do material da professora Juliana Serpa 1.2 Texto acadêmico 1.2.1 Gênero textual Dificilmente encontraremos um texto que seja exclusivo de um tipo ou gênero textual. Para identificação, precisamos observar qual sequência textual está mais evidente. Narrativo:  marcado pela temporalidade;  o fato e a ação estão presentes;  desenvolve-se numa linha de tempo e espaço;  o texto de sequência narrativa pode apresentar-se de diversas formas, como: conto, romance, fábula, piada, quadrinhos, conto de fada etc. Descritivo:  apresentação do estado do ser descrito em um determinado momento;  o texto de sequência descritiva pode apresentar-se de diversas formas, como: cardápio, lista de compras, anúncio de classificados, bula(composição) etc. Argumentativo:  defesa de um ponto de vista;  objetivo de persuadir o leitor ou ouvinte;  progressão lógica de ideias com linguagem formal, objetiva e denotativa ou subjetiva e conotativa;  o texto de sequência argumentativa pode apresentar-se de diversas formas, como: redações dissertativas, crítica, editorial de jornal ou revista etc. Explicativo:  tem por função informar ou explicar sobre algum assunto;  tem por objetivo identificar conceitos e definições;  o leitor adquire conhecimento;  o texto de sequência explicativa pode apresentar-se de diversas formas, como, verbetes de dicionário, textos dos manuais, textos da bula, livros didáticos, textos científicos etc.
  • 9. 9 Instrucional:  a marca fundamental é o verbo no imperativo;  indica ordem, orientação;  o texto de sequência injuntiva pode apresentar-se de diversas formas, como: propaganda, receita culinária (modo de preparo), manual de instrução de um aparelho, horóscopo, bula de remédio etc. 1.2.2 Intertextualidade “Intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade”. (http://www.infoescola.com/portugues/intertextualidade-parafrase-e-parodia/) 1.2.3 Ler e compreender Faulstich (2003, p.14) aponta dois tipos de leitura para que um texto técnico seja bem lido: a leitura informativa e a leitura crítica. Vejamos: segundo essa autora, ao se fazer uma leitura informativa, busca-se respostas a questões específicas. Para tal, propõe a elaboração de uma leitura seletiva. Mas o que vem a ser uma leitura seletiva? Nesse tipo de leitura, o leitor deve buscar no tópico frasal ou na frase-núcleo a palavra-chave, pois “é em torno dela que o autor normalmente desenvolve a ideia principal” (op. cit., 2003, p. 14). Antes de iniciarmos as atividades, cabe-nos explicar o que vem a ser frase-núcleo ou tópico frasal. Para tal, consultamos especialistas no assunto: Othon Garcia, Magda Soares e Edson Nascimento Campos. Para Garcia (1992, p. 206), trata-se do parágrafo inicial, representado por um ou dois períodos, em que se expressa de maneira sucinta a ideia-núcleo a ser desenvolvida posteriormente. Para Soares e Campos (1978, p.62), após delimitar o assunto escolhido e após escolher o objetivo orientador do parágrafo, cria-se uma ou mais frases para traduzir o objetivo escolhido. A essa frase ou frases, esses autores denominam tópico frasal ou frase-núcleo. Vamos exercitar! Leia o texto abaixo e aponte a palavra-chave. “A propaganda, seja ela comercial ou ideológica, está sempre ligada aos objetivos econômicos e aos interesses da classe dominante. Essa ligação, no entanto, é ocultada por uma inversão: a propaganda sempre mostra que quem sai ganhando com o consumo de tal ou qual produto ou ideia não é o dono da empresa, nem os representantes do sistema, mas, sim, o consumidor. Assim, a propaganda é mais um veículo da ideologia dominante.” ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1997. Se você apontou a palavra “propaganda”, você acertou. Após a seleção da palavra-chave principal, você deverá identificar as palavras-chave secundárias. Com certeza, você apontou: propaganda ideológica, propaganda comercial, objetivos econômicos, classe dominante, consumidor e ideologia dominante.
  • 10. 10 Agora que você já sabe o que é leitura informativa. Ao ler textos de outras disciplinas, isto é, de outras áreas do conhecimento, exercite os conceitos aprendidos. No que tange à leitura crítica, Faulstich (2003, p.18) salienta que “a leitura crítica exige uma visão abrangente em torno do assunto que está sendo focalizado”. E acrescenta que é preciso que se faça uma pré-leitura do material a ser analisado. Ainda segundo essa autora (op. cit., 2003, p. 18), “ler criticamente significa reconhecer a pertinência dos conteúdos apresentados, tendo como base o ponto de vista do autor e a relação entre este e as sentenças-tópico”. Apresentamos-lhe, abaixo, um texto que faz parte da obra da Profª. Drª. Magda Soares (Linguagem e escola: uma perspectiva social), para a sua apreciação. E, também, para que você observe como há coerência entre os parágrafos. Após a leitura, identifique a palavra-chave de cada parágrafo e as palavras-chave secundárias. Observe, também, que a coerência é que permite o estabelecimento de uma hierarquia entre a ideia mais abrangente e as que a auxiliam, dando-lhe base. O título do texto é: Uma primeira explicação: a ideologia do dom. “Democracia?” A pergunta é de Mario Quintana. E ele mesmo fornece a resposta: “É dar, a todos, o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso depende de cada um”. Que todos tenham seu lugar na escola — e a todos terá sido dado o mesmo ponto de partida. Qual será o ponto de chegada — o sucesso ou o fracasso —, isso dependerá de cada um. Eis aí definida a ideologia do dom, segundo a qual as causas do sucesso ou do fracasso na escola devem ser buscadas nas características dos indivíduos: a escola oferece “igualdade de oportunidades”; o bom aproveitamento dessas oportunidades dependerá do dom — aptidão, inteligência, talento — de cada um. A ideologia do dom oculta-se sob um discurso que se pretende científico: a existência de desigualdades naturais, de diferenças individuais vem sendo legitimada pela Psicologia, desde sua já distante constituição como ciência autônoma, na segunda metade do século XIX. Assim, a Psicologia Diferencial e a Psicometria — ramos da Psicologia — legitimam desigualdades e diferenças pela mensuração de aptidões intelectuais (aptidão verbal, numérica, espacial etc.), de prontidão para a aprendizagem, de inteligência ou de quociente intelectual (QI) etc., por meio de testes, escalas, provas, aparentemente “objetivos”, “neutros”, “científicos”. Essas desigualdades e diferenças individuais assim legitimadas é que explicaram as diferenças de rendimento escolar. Dessa forma, não seria a escola responsável pelo fracasso do aluno, a causa estaria na ausência, deste, de condições básicas para aprendizagem, condições que só ocorreriam na presença de determinadas características indispensáveis ao bom aproveitamento daquilo que a escola oferece. Esta seria responsável, isto sim, pelo “atendimento às diferenças individuais”, isto é, por tratar desigualmente os desiguais. Passa, assim, a ser “justo” que a escola selecione os “mais capazes” (por exemplo, pelos exames vestibulares), classifique e hierarquize os alunos (por exemplo: em “turmas fortes” e “turmas fracas”), identifique “bem-dotados” e “superdotados”, e a eles dê atenção especial, e oriente os alunos para diferentes modalidades de ensino (por exemplo: os “menos capazes” para um 2º grau profissionalizante, os “mais capazes” para um 2º grau que leve ao acesso a cursos superiores). A função da escola, segundo a ideologia do dom, seria, pois, a de adaptar, ajustar os alunos à sociedade segundo suas aptidões e características individuais. Nessa ideologia, o fracasso do aluno explica-se por sua incapacidade de adaptar-se, de ajustar-se ao que lhe é oferecido. E de tal forma esse conceito está presente na escola e internalizado nos indivíduos que o aluno sempre
  • 11. 11 culpa a si mesmo pelo fracasso, raramente pondo em dúvida o direito da escola de reprová-lo ou rejeitá-lo, ou a justiça dessa reprovação ou rejeição. Assim, para a ideologia do dom, não é a escola que se volta contra o povo; é este que se volta contra a escola, por incapacidade de responder adequadamente às oportunidades que lhe são oferecidas. Embora a ideologia do dom esteja até hoje muito presente na educação, a cientificidade de seus pressupostos foi irremediavelmente abalada quando se evidenciou, sobretudo a partir da ampliação do acesso das camadas populares à escola, que as “diferenças naturais” não ocorriam, na verdade, apenas entre indivíduos, mas, sobretudo, entre grupos de indivíduos: entre os grupos social e economicamente privilegiados e os grupos desfavorecidos, entre pobres e ricos, entre as classes dominantes e as classes dominadas. Ao trabalho! Faça uma leitura crítica do texto, discuta-o com alguém. Você concorda com as afirmações apresentadas? Por quê? Separe as ideias apresentadas, parágrafo por parágrafo, e forme a sua opinião sobre o assunto. É nesse momento, após ter feito a leitura informativa e a leitura crítica, decompondo o texto, que se faz a leitura interpretativa ou cognitiva. Segundo Faulstich (2003, p.22), para que se faça uma leitura interpretativa é preciso ter o total domínio da leitura informativa. E acrescenta que entender um texto é compreender claramente as ideias expressas pelo autor, no intuito de interpretar e ir além dessas ideias, ajustando as informações analisadas no texto com as que o leitor já possui em seu arquivo de conhecimentos. 1.3 Ortografia Ortografia é a parte da gramática que estabelece a forma correta de escrever as palavras. 1.3.1 Emprego das Letras Conteúdo adaptado do material da professora Juliana Serpa O emprego das letras depende da origem da palavra, contudo, existem algumas orientações que podem facilitar bastante. Usa-se x em vez de ch a) Depois de ditongos - ameixa, faixa, paixão Exceto: recauchutar (e derivados) e guache. b) Depois das iniciais me e en - mexer, enxada, enxuto Exceto: mecha (e derivados), enchova, encher (derivado de cheio), encharcar (derivado de charco) Usa-se c e ç a) Depois de ditongos - foice, coice, ouço, traição b) Palavras de origem árabe, tupi ou africana - cetim, paçoca, miçanga c) Nos sufixos -ação, -aço, -iço e -iça - acentuação, ricaço, caniço, carniça d) Nomes derivados do verbo ter - deter – detenção / ater – atenção
  • 12. 12 Usa-se s a) depois de ditongos - pausa, maisena, deusa, coisa b) no sufixo -ês (indicando origem, procedência) - chinês, francês, polonês c) nos sufixos –esa e –isa (formando feminino) - princesa, profetisa, freguesa d) Palavras substantivadas derivadas de verbos com radicais terminados por nd - compreender – compreensão / pretender – pretensão; ascender – ascensão / expandir – expansão Usa-se z a) Substantivos abstratos derivados de adjetivos - moleza (derivado de “mole”), certeza (derivado de “certo”) b) No sufixo -triz (formando feminino) - imperatriz, atriz c) Nos sufixos formadores de aumentativos e diminutivos - florzinha, paizinho, cafezinho, pezão d) nos verbos formados pelo sufixo -izar - utilizar, atualizar, hospitalizar Usa-se j a) nas palavras de origem tupi, africana ou árabe - jiboia, canjica, alfanje (foice para roçar o mato) b) nas palavras derivadas de outras que já contêm a letra j - varejo - varejista c) na conjugação de verbos terminados em –jar - viajar, bocejar, cacarejar Usa-se g a) nos substantivos terminados por –agem, -igem, -ugem - barragem, vertigem, ferrugem Exceto: pajem, lambujem b) nas terminações –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio - pedágio, colégio, vestígio, relógio, refúgio ATENÇÃO! Quando o radical da palavra terminar por -s, este será conservado: análise = analisar / friso = frisar ATENÇÃO! Quando o radical da palavra terminar por -s, este será conservado: rosa - rosinha / lápis - lapisinho
  • 13. 13 1.3.2 Atual acordo ortográfico O que muda com o atual ACORDO ORTOGRÁFICO? Alfabeto - ganha três letras Antes: 23 letras. Depois: 26 letras: entram k, w e y. Quando utilizá-las:  em nomes próprios estrangeiros – Kafka;  siglas, símbolos e unidades de medidas internacionais – km, kg;  palavras estrangeiras usadas por nós com a grafia original – show. Trema - desaparece em todas as palavras Antes: Freqüente, lingüiça, aguentar (fica o TREMA em nomes como Müller). Depois: Frequente, linguiça, aguentar. Acentuação - Some o acento no i e no u fortes depois de ditongos (junção de duas vogais), em palavras paroxítonas. Antes: Baiúca, bocaiúva, feiúra. Depois: Baiuca, bocaiuva, feiura. *Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí. Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas. - Some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos como averiguar, apaziguar. Antes: averigúe, apazigúe. Ele argúi, enxagúe. Você averigue, apazigue. Ele argui. Enxague você. Depois: arguir, redarguir, enxaguar. - Some o acento diferencial Antes: pára, para, péla, pêlo, pólo,polo, pêra. Depois: para, pela, pelo, polo, pera, coa. *Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode (presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo ou não (é facultativo). - Some o acento dos ditongos abertos éi e ió das palavras paroxítonas (as que têm a penúltima sílaba mais forte). Antes: européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, paranóia, jibóia, assembleia. Depois: europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia, paranoia, jiboia, assembleia. *Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte - são oxítonas).
  • 14. 14 - Some o acento circunflexo das formas verbais terminadas em eem. Antes: dêem, vêem, lêem, relêem, descrêem etc. Depois: deem, veem, leem, releem, descreem etc - Some o acento circunflexo do encontro oo, seguido ou não de s. Antes: abençôo, perdôo, enjôo, vôo, zôo etc. Depois: abençoo, perdoo, enjoo, voo, zoo etc. Hífen - veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos: Prefixos: agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, semi, sobre, supra, tele, ultra... - Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo: auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotel. - Em todos os demais casos ”juntamos”: autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial, antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma, ultrassom. - Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: Hiper, inter, super super-homem, inter-regional. - Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico. - Sub / Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: sub-base, sub-reino, sub-humano( a forma subumano também é correta). - Em todos os demais casos: subsecretário, subeditor. - Vice e Ex sempre mantém o hífen: vice-rei, vice-presidente , ex-vereador, ex-aluno. - Em todos os demais casos: pansexual, circuncisão. - Pan, circum - Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais: pan-hispanismo, pan-mágico, pan-negritude, pan-africano, pan-eslávico, pan-iconográfico, pan-ótico. circum-hospitalar, circum-meridiano, circum-navegação, circum-ambiente, circum-escolar, circum-uretral.
  • 15. 15 Tabela Simplificada - Principais Usos do Hífen Vogais diferentes Não use hífen infraestrutura, coautor Vogais iguais Use hífen semi-interno, contra-ataque Consoantes diferentes Não use hífen intermunicipal, superproteção Consoantes iguais Use hífen hiper-realista, super-requintado Vogal + Consoante Não use hífen autoproteção, autopeça Consoante + Vogal Não use hífen superamigo, hiperacidez Vogal + R ou S Não use hífen e duplique as consoantes: RR e SS ultrarrápido, autossuficiente ex, sem, pré, pró, pós, recém, além, aquém, vice Use hífen ex-aluno, sem-terra, pré-operatório, pró-réu, pós-graduação, recém-nascido, além-mar, aquém-mar, vice-prefeito Palavra iniciada por H Use hífen anti-higiênico, ultra-humano Tabela produzida pela professora Juliana Serpa 1.3.3 Acentuação Acento tônico Palavras de apenas uma sílaba TÔNICAS (com uma sílaba forte) O(S); E(S); A(S) Exemplo: pó, sós; fé, pés; já, pás. Palavras de mais de uma sílaba OXÍTONAS (em que a última sílaba é forte) O(S); E(S); A(S); EM (ENS) Exemplos: avó, cipó; café, cafés; Pará, Carajás; porém, vinténs. Diante de casos mais complexos ou dúvidas, recorra a um bom dicionário!
  • 16. 16 PAROXÍTONAS (em que a penúltima sílaba é forte) Terminadas em: r - caráter l - provável x - tórax n - hífen* ps- bíceps us- vírus i, is - júri, júris ã, ãs - órfã, um, uns - álbum, álbuns ditongos (ea, ia, io, ua etc)-área, pátria, próprio, água *Não acentuadas se terminarem em – ENS - hifens PROPAROXÍTONAS (em que a sílaba tônica (forte) é a antepenúltima) Todas são acentuadas Exemplo: supersônico, lâmpada, cândido, mórbido, tétano, dúvidas, pântano, código, sólido, árvore etc. 1.3.4 Dúvidas Gráficas Dúvidas acerca de expressões e algumas “inutilidades” As dúvidas, a seguir, são acerca de expressões. Primeiramente, a palavra “acerca”. Leia: acerca de, há cerca de, a cerca de. Qual o significado de cada uma destas expressões? No início da frase, quando se afirma que as dúvidas são acerca de expressões, já há a “dica” do significado desta expressão. Acerca (junto) significa SOBRE, A RESPEITO. Assim: Escreve-se sobre as dúvidas, acerca das dúvidas, a respeito das dúvidas. Pode-se, também, falar acerca de alguém, isto é, sobre alguém, a respeito de alguém. Agora, observe  Há cerca de dez expressões difíceis no texto. (Neste caso, substitua a expressão por existem perto de).  Há cerca de 775 alunos estudando Português Instrumental neste semestre.  Havia cerca de dez provas para revisar.  Houve cerca de 772 aprovações. Observe outro exemplo  Não entro na plataforma há cerca de vinte dias. (Substitua por faz perto de.) Entretanto, muito cuidado ao utilizar a expressão a cerca de. Tal expressão deve ser usada quando há a ideia de futuro ou de distância. Observe  Encontrar-nos-emos daqui a cerca de dez dias. (FUTURO)  O corpo se encontra a cerca de três metros da calçada. (DISTÂNCIA)
  • 17. 17 Agora, observe outra expressão muito falada na atualidade. Entretanto, no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras (ABL), não há o registro dessa expressão. Ela não existe! Poderá um dia ser registrada, possivelmente. Mas, no momento, ela não existe. E a norma culta, às vezes um tanto cruel, abomina esta expressão. Trata-se do famoso “a nível de”. Houve um momento, antes de renomados gramáticos informarem que a expressão era inexistente, que era “chic” falar o “a nível de”. Ouvia-se alto e bom som a expressão nos telejornais, nos programas de entrevistas, entre outros. (Cabe destacar que a expressão alto e bom som assim deve ser falada e escrita : ouvi alto e bom som e não “em alto e bom tom”, pois tente substituir por “em baixo...”) Assim, ouvia-se nos “salões nobres da vida”, a nível de informática, a nível de Brasil, a nível de economia mundial, a nível de Educação, a nível de globalização, mundialização e planetarização, e por aí segue uma extensa lista da utilização dessa expressão. Encontramos essa expressão, pela primeira vez, numa tradução. Trata-se do livro Macrotendências, uma importante obra, lançada nos anos 1980, sobre análise econômica, escrita por John Naisbitt. E, acreditem, é uma tradução feita em Portugal, em 1988. Lê-se, na página 52 dessa obra, “A nível universitário ...” Tal expressão deve ser evitada. É modismo! Em vez de escrever ou falar a nível de, escreva ou fale:  por falar em Educação, (...)  em se tratando de Educação, (...)  em Informática, (...) No entanto, a expressão EM NÍVEL DE existe!!! E pode ser utilizada quando houver a ideia de nivelamento. Observe  A reunião será em nível de diretoria. (Isto quer dizer em termos de, no plano de, em outras palavras, trata-se de uma reunião somente para diretores — gerentes e supervisores não estão convocados.) Cabe lembrar que há a forma ao nível de, com o significado de “à mesma altura”, por exemplo, “está ao nível do mar”. Mais uma expressão para a sua apreciação: HAJA VISTA. É uma expressão invariável com o sentido de “tendo em vista”. Atenção: não existe “haja visto”. Exemplos  Ele tirou dez, haja vista que estudou em demasia.  Ela foi aprovada, haja vista as notas do boletim. Outro assunto: modismo? Sim! De tempos em tempos, surgem expressões utilizadas por muitos, entretanto, com significado duvidoso e inútil. É o caso de tempo hábil, vida útil e meio ambiente, já consagrado. Observe  Não tenho tempo para ouvi-lo agora.  Tenho tempo para realizar esta tarefa.  Teremos tempo para estudar, professor?
  • 18. 18 Pergunta: por que pôr depois da palavra tempo a palavra hábil? Por que dar essa “habilidade” ao tempo? Não é inútil? Portanto, evite a expressão. Observe  A vida útil do aparelho é de quatro anos. Existe vida inútil? Aparelho tem vida? Por que não trocar a palavra? Por que não falar em “durabilidade” do aparelho. Problemas com a garantia? No que tange à expressão “meio ambiente”, já consagrada, sugerimos que você procure no dicionário o sinônimo de meio e o sinônimo de ambiente. Percebeu? Problemas do meio. Problemas do ambiente ou problemas ambientais. É só buscar a simplicidade. Agora, responda sinceramente: você está a fim de continuar a ler esta apostila? Que bom! Ao trabalho! Observe  Eu estou a fim de ir ao teatro assistir à peça “Gota D’água — Breviário”, no Sesc Copacabana.  Ela está a fim de terminar os estudos de Filosofia. No sentido de finalidade, com o propósito de, você deve usar a expressão desta forma (escreve-se separadamente) A FIM DE, isto é, no intuito de, com a intenção de. Agora, caro(a) aluno (a), na expressão afim de, há a ideia de afinidade. Exemplos  O português é uma língua afim do espanhol.  Descobrimos que eles são parentes afins (isto é, parentes por afinidade). Em princípio, parece fácil. No entanto, é preciso exercitar, praticar, pôr as informações no papel ou na tela do computador, é preciso aplicar as informações adquiridas. Observe a palavra em negrito: em princípio. Em princípio é diferente de a princípio. Em princípio significa teoricamente, em tese, de um modo geral, em termos. A princípio significa no começo, inicialmente. Por exemplo Em princípio, não somos contra o ensino da Gramática Normativa. (Teoricamente não somos contra.) A princípio, éramos contra o internetês ou língua escrita teclada. (Agora não somos mais, pois concebemos o internetês como mais uma possibilidade de comunicação, que deve ser usada somente na grande rede - nunca em trabalhos acadêmicos.) Onde foi que paramos? Aonde você vai? Continue a leitura! Onde paramos? Esse "onde" é um advérbio. Agora, observe a frase abaixo: Aprecio o autor onde você se baseou. ONDE? O pronome onde deve ser usado caso o antecedente forneça a ideia de “lugar”. Nesse caso, onde é pronome relativo e não advérbio. Observe que a palavra “autor” não dá a ideia de lugar, portanto, você deve usar em que. Assim - Aprecio o autor em que você se baseou. Agora - Fomos à cidade onde você nasceu.
  • 19. 19 Perfeito! Cidade dá a ideia de lugar. Também pode ser “em que” você nasceu ou “na qual” você nasceu. Outra forma de uso: onde substituindo quando No ano de 1898, onde as pessoas ainda não conheciam o computador, havia problemas diferentes. A palavra anterior não dá a ideia de lugar e sim de tempo, portanto: No ano de 1898, quando as pessoas ainda não conheciam o computador, havia problemas diferentes. E como se deve usar onde e aonde (como advérbio)? Resposta - Você deve usar a palavra onde com verbos que não indicam movimento. Por exemplo - Onde você está? Você está onde? Entretanto, com verbos que indicam movimento, você deve usar aonde. Por exemplo - Aonde você vai? Você vai aonde? — Você quer chegar aonde com essas informações? — Você me pergunta? Note bem: a palavra muitas vezes. Evite escrever muita das vezes. É inadequado. Repetindo, utilize: muitas vezes. Esta atividade é de reciclagem ou de atualização? Certamente de atualização. Vamos fazer um curso de atualização em Informática? Vamos fazer um curso de atualização em História? Em Educação Artística? Nós nos atualizamos! Entretanto, usamos a palavra reciclar para coisas, por exemplo, reciclar o lixo, reciclar latinhas etc. Observe que os nomes de disciplinas devem ser escritos com letras maiúsculas ou minúsculas, pois o atual Acordo ortográfico, assim o permite, isto é, tornou-se opcional. Introdução à Filosofia ou introdução à filosofia; Teoria da Comunicação ou teoria da comunicação; Banco de Dados ou banco de dados; Algoritmos ou algoritmos; Matemática ou matemática; Língua Portuguesa IV ou língua portuguesa IV; Oficina de Redação ou oficina de redação etc. E a palavra através, como usá-la? É preferível usar esta palavra com o seu sentido original, equivalente a “por dentro de”, que dá a ideia de atravessar. Por exemplo - A bala passou através do pequenino corpo. Jogou o olhar através da janela e viu a bela cena. Entretanto, já é aceitável o uso desta locução prepositiva (através de) no sentido de “por meio de”, “por intermédio de”. Como dito anteriormente, é preferível o sentido original. Observe. Começou a estudar através de livros esotéricos. Começou a estudar com livros esotéricos. Fez a edificação através de muito esforço. Fez a edificação com muito esforço. Elaborou a pesquisa através de investigação bibliográfica. Elaborou a pesquisa por meio de investigação bibliográfica. Há ou A? Usa-se "há", quando o espaço de tempo já tiver decorrido e puder ser substituído por "faz". Por exemplo - "Eu nasci há dez mil anos." (Faz dez mil anos que eu nasci.) Usa-se "A", quando o espaço de tempo ainda não transcorreu (e, mesmo se tiver transcorrido, não puder ser substituído por "faz"). Por exemplo - Ele estará aqui daqui a duas horas.
  • 20. 20 MAS E MAIS Observe as frases. Ela é mais esperta que a irmã e também é mais bonita, mas tem um gênio... Mais - advérbio de intensidade. Mas - conjunção adversativa (pode ser substituída por porém, entretanto, contudo, todavia, no entanto). OS PORQUÊS a) POR QUÊ Usado no final de frase (também antes de um ponto e vírgula ou dois pontos). Você parou por quê? Ela parou, mas eu não sei por quê. b) PORQUÊ "Porquê" junto e com acento = motivo ou indagação. Está substantivado e admite artigo ou pronome adjetivo. Exemplos - Não sei o porquê de você ter parado de tocar esse instrumento. Estou procurando resposta aos teus porquês. c) PORQUE Esse porque, junto e sem acento significa "pois", enfim, uma explicação. Parei de tocar o instrumento porque quis. d) POR QUE No início da frase (ou após – menos no final), uma indagação, escreve-se separado e sem acento. Por que você parou? Então, diga-me por que você parou? Por que = por que motivo, pelo qual, por qual, o motivo pelo qual Não sei por que você parou. Não sei por que estrada elas foram. MAL e MAU Mal é o contrário de bem - é um advérbio. Seu mal é relembrar o passado. Mal ele chegou, ela saiu. Mau é o contrário de bom - é um adjetivo. Ele não é mau. *Mal pode ser também um substantivo. Exemplo - A dengue é um mal que assola o país.
  • 21. 21 1.4 Frase, período e oração De acordo com Othon Garcia (1992, p. 6), Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação. Pode expressar um juízo, indicar uma ação, estado ou fenômeno, transmitir um apelo, uma ordem ou exteriorizar emoções. (...) Oração, às vezes, é sinônimo de frase ou de período (simples), quando encerra um pensamento completo e vem limitada por ponto final, ponto de interrogação, de exclamação e, em certos casos, por reticências. Vamos dialogar com o Mestre Othon Garcia? Primeiramente, vamos procurar as palavras-chave do texto. Há duas definições no trecho lido. Correto? Eis as palavras-chave: frase e oração. Com relação ao vocábulo frase, o autor informa que se trata de todo enunciado suficiente por si só. Podemos afirmar que frase é uma unidade mínima de comunicação linguística. Assim, entendemos frase como qualquer vocábulo ou grupo de vocábulos necessários para atender à necessidade do emissor, isto é, de quem fala, para efetivar a comunicação. Observe o diálogo a seguir, intitulado “dedinho de prosa”. Observe que a palavra não, logo após a pergunta, como resposta, sozinha, não pode ser considerada como uma frase. Entretanto, no pequeno diálogo, dedinho de prosa, ela passa a ser frase. O mesmo ocorre com a palavra sim. Podemos citar outros exemplos. Vale ressaltar que, na língua falada, a frase é marcada pela entonação. Porém, na língua escrita, a referida entonação vem representada pelos sinais de pontuação. Tipos de Frase Existem vários tipos de frase. A frase pode ou não ter verbos. Chamamos de frase nominal a frase sem verbos. Tradicionalmente, as frases são classificadas do seguinte modo: frase interrogativa, frase declarativa, frase exclamativa, frase imperativa e frase optativa. — Meia-volta! — Sujeira! — Você está lendo “Política para não ser idiota”? — Não. — Trata-se de um livro de Mario Sergio Cortella e de Renato Janine Ribeiro. Está interessado em ler? — Sim.
  • 22. 22 Frase interrogativa: ocorre quando se faz uma pergunta direta ou indiretamente. Por exemplo, para se fazer uma pergunta direta. E uma pergunta indireta. Frase declarativa: é utilizada para afirmação ou para negação de alguma coisa. Exemplos Frase exclamativa: é aquela em que expressamos admiração, surpresa. Exemplos Frase optativa: é usada para exprimir um desejo e vem, geralmente, com um verbo no modo subjuntivo. Exemplos — Espero que sejas recompensado. — Quero que vivas muito, meu amor. — Que calor! — Você é um doce! — É um espetáculo! — É belíssima! — Ouvir o outro é fundamental para as relações interpessoais. — Não posso controlar a interpretação do leitor. — Não sei por que o texto pontuado já é um texto interpretado. — Você já leu a última obra de Pierre Lévy e André Lemos? — O que significa hermenêutica?
  • 23. 23 Frase imperativa: indica ordem, pedido ou súplica, de modo afirmativo ou negativo. Exemplos A formação do imperativo Como é formado o modo imperativo? Antes de responder à questão, é preciso informar que, em português, há três modos de indicar a atitude de quem fala em relação ao fato que se comunica. São eles: o modo indicativo, o modo subjuntivo e o modo imperativo. Por exemplo, no modo indicativo. No modo subjuntivo. No modo imperativo. O modo imperativo pode ser afirmativo ou negativo. Então, surge a pergunta: como é formado o imperativo afirmativo? Simples! O modo imperativo afirmativo é formado pelo presente do indicativo e pelo presente do subjuntivo. Como? Outra pergunta importante. Do presente do indicativo, saem a 2ª pessoa do singular (tu) e a 2ª pessoa do plural (vós). No entanto, retira-se o “s” final que essas formas apresentam. As outras pessoas (ele, nós, eles) são as do presente do subjuntivo. O imperativo negativo é formado somente pelo presente do subjuntivo, mais a palavra não. Leia a obra de Cortella e Ribeiro: “Política para não ser idiota”. Gostaria de que você lesse a obra “A mulher que escreveu a Bíblia”. “Defendo a ideia de que a corrupção não aumentou; ela só está sendo mais percebida.” (CORTELLA e RIBEIRO, 2010) — Redija um parágrafo. (afirmativa) — Se dirigir, não beba. (negativa)
  • 24. 24 Exemplificando o imperativo afirmativo com o verbo cantar Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Eu canto Que eu cante — Tu cantas (-s) Que tu cantes canta (tu) Ele canta Que ele cante cante (você) Nós cantamos Que nós cantemos cantemos (nós) Vós cantais (-s) Que vós canteis cantai (vós) Eles cantam Que eles cantem Cantem (vocês) No imperativo negativo, temos: Não cantes (tu) Não cante (você) Não cantemos (nós) Não canteis (vós) Não cantem (vocês) 1.5 Uso adequado dos pronomes Em primeiro lugar, é preciso informar que os pronomes pessoais oblíquos exercem a função de complemento (objeto direto, objeto indireto, complemento nominal). PRONOMES RETOS OBLÍQUOS ÁTONOS OBLÍQUOS TÔNICOS EU ME MIM, COMIGO TU TE TI, CONTIGO ELE, ELA SE, O, A, LHE SI, CONSIGO, ELE, ELA NÓS NOS NÓS, CONOSCO VÓS VOS VÓS, CONVOSCO ELES, ELAS SE, OS, AS, LHES SI, CONSIGO, ELES, ELAS Observação: evite iniciar frases com pronomes oblíquos átonos. "Me fale sobre a sua vida." De acordo com a norma culta, na língua escrita, não se deve iniciar frase com pronome oblíquo. Assim: Fale-me sobre a sua vida.
  • 25. 25 Como usar adequadamente os pronomes oblíquos átonos? Se o verbo for transitivo direto, você deverá usar o pronome oblíquo átono adequado (o, a, os, as). Exemplos. Eu jogo bola. (Eu jogo o quê? Bola - objeto direto). Eu a jogo. Entretanto, se o verbo for transitivo indireto, você deverá usar o pronome oblíquo átono adequado (lhe, lhes, a ele, a ela). Ela obedeceu ao diretor. (Obedeceu a quem? Ao diretor - objeto indireto.) Ela lhe obedeceu. Ela obedeceu a ele. Para compreender melhor o assunto, consulte um dicionário. É o verbo que determina se o objeto é direto ou indireto. E se o verbo estiver na terceira pessoa do plural ou terminar por ditongo nasal? Fica assim: levam + o = levam-no dão + o = dão-no põe + o = põe-no E se o verbo terminar por R, S ou Z? Fica assim: enviar + o = enviá-lo (observe o acento, nesse caso) observamos + o = observamo-lo pões + o = põe-lo fiz + o = fi-lo No que tange aos pronomes demonstrativos, para indicar lugar, observe: a) quando está perto do emissor da mensagem, use - "Este aqui." b) quando está perto do receptor da mensagem, use - "Esse aí." c) Quando está distante, use - "Aquele lá." Para indicar tempo, observe: a) para indicar o tempo presente – hoje - "Este dia." b) para indicar tempo passado - "Nessa semana, eu li a obra de José Saramago." (A semana anterior.) c) para indicar o tempo futuro - "Nesta semana, realizarei vários projetos." d) para fazer referência a algo que já foi citado - "Não lia quase nada. Por esse motivo, foi reprovado." Alguma dúvida? É para eu entrar no AVA ou é para mim entrar no AVA, a fim de esclarecer alguma dúvida? Se você disse: "É para eu entrar no AVA...", você acertou.
  • 26. 26 "EU" é pronome pessoal reto. "MIM" é pronome pessoal oblíquo tônico. Sempre que houver verbo no infinitivo, usa-se o pronome reto (EU), que é sujeito. "MIM" nunca exerce a função de sujeito e, obrigatoriamente, deve ser usado com preposição: a mim, de mim, entre mim, para mim... 1.6 Estudo sobre verbos É a palavra que pode ser flexionada em número, pessoa, tempo e modo. Observe. Cantei – flexão de número (está no singular); – flexão de pessoa (é da primeira pessoa); – flexão de tempo (é o pretérito perfeito); – flexão de modo (é o indicativo). Segundo Sacconi (1994, p. 187), “ao conjunto de flexões verbais se dá o nome de conjugação. Verbo é, assim, a palavra que pode ser conjugada; indica essencialmente um desenvolvimento, um processo (ação, estado ou fenômeno)”. Flexão de número: singular (cantei) plural (cantamos). Flexão de pessoa: indica as pessoas do discurso. Flexão de modo: “indica a maneira, o modo como o fato se realiza. São três os modos: o indicativo, o subjuntivo e o imperativo. [...] Além dos modos, existem as formar nominais: infinitivo, gerúndio e particípio” (op. cit., 1994, p. 188). Flexão de tempo: “indica o momento ou a época em que se realiza o fato. São três os tempos: o presente, o pretérito e o futuro. Somente o pretérito e o futuro são divisíveis” (op. cit, 1994, p. 188). Conjugações São três as conjugações: primeira conjugação: verbos terminados em “AR” (cantAR, falAR, dAR), caracterizada pela vogal temática “A”. segunda conjugação: verbos terminados em “ER” (perdER, vendER, sofrER), caracterizada pela vogal temática “E”. terceira conjugação: verbos terminados em “IR” (partIR, pedIR, construIR), caracterizada pela vogal temática “I”. Observação: verbo “pôr” é da segunda conjugação. Sua forma antiga era “poer”. Verbo Radical Terminação Vogal Temática Estudar ESTUD AR A Escrever ESCREV ER E Partir PART IR I
  • 27. 27 Morfologia Quanto à morfologia, classificam-se em: regulares, irregulares, anômalos, defectivos e abundantes. Regulares: são aqueles que não sofrem alterações no radical durante a conjugação. Exemplos: atuar, continuar, suar, recuar, disputar, amar, falar, cantar, vender, partir etc. Irregulares: são aqueles que sofrem pequenas alterações no radical durante a conjugação. Exemplos: dar, estar, caber, crer, dizer, fazer, haver, poder, pôr, querer, saber, trazer, valer, ver, agredir, fugir, cobrir, ir, vir, cair, ouvir, rir etc. Anômalos: são aqueles que sofrem grandes alterações no radical durante a conjugação. Exemplo: ser = sou, é, fui, era, serei. Defectivos: são aqueles que não possuem conjugação completa. Exemplos: adequar, delinquir, reaver, falir, abolir, colorir, emergir, exaurir, explodir, computar, precaver, feder etc. Adequar – Presente do indicativo Eu - Tu - Ele/Ela - Nós Adequamos Vós Adequais Eles/Elas - Abundantes: são aqueles que possuem dois particípios, um regular e outro irregular. Verbo (infinitivo) Particípio regular Particípio irregular Aceitar aceitado aceito Benzer benzido bento completar completado completo Eleger elegido eleito Fixar fixado fixo Gastar gastado gasto Morrer morrido morto Pagar pagado pago Pegar pegado pego* Segundo Sacconi (1994, p. 223), o particípio “pego”(ê) é da língua popular. Observação: Não são abundantes os verbos “trazer” (trazido – particípio regular somente) e chegar (chegado – particípio regular somente).
  • 28. 28 Pessoas verbais 1ª pessoa do singular EU 2ª pessoa do singular TU 3ª pessoa do singular ELE 1ª pessoa do plural NÓS 2ª pessoa do plural VÓS 3ª pessoa do plural ELES Modos Indicativo: presente; pretéritos perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito; futuro do presente e futuro do pretérito. Subjuntivo: presente; pretérito imperfeito; futuro. Imperativo: afirmativo e negativo Formas nominais: infinitivo impessoal; infinitivo pessoal; gerúndio e particípio. Verbos auxiliares Para Sacconi (1994, p. 224), “são os que auxiliam a conjugação de outro, chamado principal, que é expresso numa das formas nominais”. Os mais comuns são: ser, estar, ter, haver (irregulares). Exemplos Temos falado acerca desse assunto. Havíamos comprado um barco. Foi preso o assassino. Está impresso o documento. Verbos pronominais “São os que se conjugam com pronomes átonos integrantes, ou seja, com pronomes que fazem parte do verbo. [...] Tais pronomes petrificaram-se junto ao verbo; por isso, alguns lhes chamam pronomes fossilizados ou pronomes integrantes dos verbos” (op. cit., 1994, p. 224). Exemplos fornecidos por esse autor. Eu me arrependi do que fiz. Ela se queixa de tudo. Observação: o verbo deparar não é pronominal. Exemplo Deparei com a situação.
  • 29. 29 Verbos reflexivos “São os que se conjugam com pronomes átonos que exercem a função de objeto – direto ou indireto” (SACCONI, 1994, p. 224). Exemplo fornecido por esse autor. Eu me cortei (me = objeto direto) Ainda de acordo com esse autor, por serem reflexivos, esses verbos aceitam a posposição das expressões a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo, a nós mesmos. Principais verbos: banhar-se, vestir-se, lavar-se, machucar-se, ver-se (ao espelho), pintar-se, tatuar-se, trancar-se, ferir-se etc. 1 - Quais as principais diferenças entre a linguagem escrita e a falada?
  • 30. 30
  • 31. 31 Unidade II – Coerência e Coesão  Reconhecer e empregar os elementos de coerência e coesão textual.
  • 32. 32 2.1 - Coerência e adequação vocabular 2.1.1 Coerência Assim como as palavras se organizam na oração, as orações também se organizam no período, por processos de subordinação e coordenação. Conforme afirma o Mestre Othon Garcia (1992), “nossa liberdade de construir frases está, assim, condicionada a um mínimo de gramaticalidade — que não significa apenas nem necessariamente correção (há frases que, apesar de, até certo ponto, incorretas, são plenamente inteligíveis)”. E acrescenta que, desprovidas da articulação sintática necessária, não há frase, há somente um agrupamento de palavras sem sentido. Observe. “O estamos notável disse escritor grunhido de ao que volta português.” É claro que não há sentido em tal agrupamento. Faz-se necessária a organização de tal agrupamento de palavras. Assim - “O notável escritor português disse que estamos de volta ao grunhido”. Entretanto, esse autor adverte que: “não basta que a frase seja gramatical para ser inteligível: importa, ainda, que ela preencha outras condições (...); importa, enfim, que ela, além da condição de gramaticalidade” exclua a ambiguidade, exclua as tautologias nulificadoras de significado, ou seja, as repetições desnecessárias, exclua as incoerências semânticas, revele conformidade com a experiência geral de uma dada comunidade cultural e que não seja caótica na sua estrutura. Em primeiro lugar, qual o significado de “exclua a ambiguidade”? Observe a frase abaixo. O professor magoado saiu da sala. O “professor magoado” ou “o professor saiu magoado”? E quanto à segunda afirmação: “exclua as tautologias nulificadoras”. Tautologia é a repetição de ideias com palavras distintas, às vezes, expressões distintas; nulificadoras, que tornam nulas. Assim, temos: sair para fora, entrar para dentro, antecipar para antes, conviver juntos, criar novos, sentidos pêsames, emulsão de óleo, adiar para depois, parte integrante, entre outros. Observe: se vai sair, só pode ser para fora de algum lugar; se vai entrar, vai entrar em algum lugar; se vai antecipar, é porque já é antes; se vai conviver, só pode ser junto de alguém; se vai criar, é porque é novo; se você deseja expressar os seus sentimentos, é com pesar, então, use as expressões “meus sentimentos” ou “meus pêsames”; emulsão: só pode ser de óleo, não há emulsão com água; se vai adiar, só pode ser para depois, nunca adiar para “ontem”; se é parte, já é integrante; e assim por diante. A compreensão somente ocorre quando há coerência, que é o resultado da articulação das ideias no texto, veiculando sentidos para o receptor. Primeiramente, vejamos as definições da palavra “coerência”, encontradas em dois dicionários. • Coerência s.f. 1. Qualidade, estado ou atitude de coerente. 2. Harmonia, entre ideias ou acontecimentos. (Aurélio)
  • 33. 33 • Coerência s.f. Do latim cohaerente 1. Qualidade ou estado do que é coerente; conformidade, harmonia entre dois fatos ou ideias; nexo; conexão; (fís.) aderência recíproca entre as moléculas de um corpo. (Dicionário Brasileiro Globo) Em diálogo com as definições e ligando-as ao nosso assunto, podemos perceber que o conceito está ligado à existência de conexão, de sentido entre ideias. Para corroborar tal afirmação, apresentamos as palavras de Tiski-Franckowiak (2008, p. 87): (...) a compreensão do todo envolve processos mentais, elos que relacionam os fatos, ou seja, elementos que relacionam e interligam os fatos. Segundo essa autora, o processo de compreensão das relações entre os elementos de uma gestalt se inicia com um insight, que significa aquele “heureca!” ou “achei!”. O insight é aquele estalo que, de repente, acontece, e o sujeito pode até dizer, numa linguagem informal, que “caiu a ficha”. Para que ocorra o insight, é necessária a presença de elementos suficientes no campo externo (idem). De acordo com essa pesquisadora, “o ser humano tende naturalmente para a complementação e a organização das coisas incompletas, busca o equilíbrio das formas perfeitas (ibidem)". Nesse momento, à procura de organização e de compreensão, o receptor da mensagem busca a coerência, busca explicação, busca sentidos. Em se tratando de textos escritos, que será o nosso objeto de estudo, cabe lembrar que o produtor da mensagem pode não conseguir realizar as articulações entre os elementos da mensagem de maneira coerente. Nesse sentido, a seguir, discutimos os problemas de coerência textual. Van Dijk e Kintsch, citados por Koch e Travaglia (2002, p. 42), apontam diversos tipos de coerência. Para explicar o que foi dito, apresentamos os tipos de coerência com exemplos, fornecidos por Koch e Travaglia (2002, p. 43) — dois pesquisadores que mais entendem desse assunto no país. a) Coerência semântica — é a que se refere à relação existente entre os significados dos elementos das frases em sequência em um texto ou entre os elementos do texto em sua totalidade. Exemplo “A frente da casa de vovó é voltada para o leste e tem uma enorme varanda. Todas as tardes ela fica na varanda em sua cadeira de balanço apreciando o pôr do sol.” Observe que a posição da frente da casa — a varanda — está voltada para o local onde o sol nasce (leste). A seguir, o autor da mensagem informa que, à tarde, a vovó gosta de ficar na varanda apreciando o poente (oeste). Ora, se a varanda é voltada para o leste... Portanto, não há coerência se não existir relação entre os elementos do texto em sua totalidade. b) Coerência sintática — é a que se refere aos meios sintáticos para expressar a coerência semântica. Os meios sintáticos para expressar a coerência semântica são, por exemplo, os conectivos, o uso de pronomes, entre outros. Exemplos “A felicidade, onde não existem técnicas científicas para sua obtenção, faz-se de pequenos fragmentos captados de sensíveis expressões vivenciais (...)” (Koch e Travaglia)
  • 34. 34 Observe que a utilização de “onde” causa a incoerência sintática. Para tornar o trecho coerente, é preciso reconstruí-lo. “A felicidade, para cuja obtenção não existem técnicas científicas, faz-se de fragmentos captados de sensíveis expressões vivenciais.” Outros exemplos fornecidos por Kock e Travaglia (202, p. 42). “João foi à festa, todavia porque não fora convidado.” ”João foi à festa, todavia ele não fora convidado.” No primeiro exemplo, observe que não há continuidade da ideia. Com a utilização de “todavia”, espera-se a continuação da ideia, que não é apresentada. No segundo exemplo, o texto é coerente, pois toda a ideia é apresentada pelo produtor do trecho. Kock e Travaglia (2002, p. 44) salientam que “a coerência sintática nada mais é do que um aspecto da coesão que pode auxiliar no estabelecimento da coerência”. c) Coerência estilística — o produtor da mensagem deve usar em seu texto elementos linguísticos, isto é, léxico, tipos de estruturas, frases etc., que pertençam ao mesmo estilo ou registro linguístico. No entanto, o uso de estilos diversos parece não criar problemas para a compreensão. Esses autores (op. cit., 2002, p. 45) afirmam que, na verdade, “esta é uma noção que tem utilidade na explicação de quebra estilística”. E exemplificam o caso com o uso de gírias em textos acadêmicos, sobretudo orais, e com o uso de expressões de ressalvas antes de anunciar o que se deseja, com expressões como “se me permitem o termo”, para usar expressão popular que bem expressa isso, “com o perdão da palavra”, entre outros. Observe o exemplo fornecido por esses autores em que há uma incoerência estilística inaceitável pelas normas sociais; entretanto, não é problemática do ponto de vista do estabelecimento de sentido, caso a intenção do produtor da mensagem fosse a de irreverência ou de não respeito ao sentimento do receptor. Exemplo Prezado Fulano, neste momento, quero expressar meus profundos sentimentos por sua mãe ter batido as botas. d) Coerência pragmática — relaciona-se com o texto visto como uma sequência de atos da fala. Tais atos devem satisfazer as mesmas condições “presentes em uma dada situação comunicativa”. Caso contrário, temos incoerência (op. cit., 2002, p. 46). Observe o exemplo fornecido por esses autores. Se um amigo faz um pedido a outro, pode-se esperar a seguinte sequência de atos: • pedido/atendimento; • pedido/promessa; • pedido/jura; • pedido/solicitação de esclarecimento; • atendimento ou promessa; • pedido/recusa/justificativa; • pedido/recusa. E não sequências, como: • pedido/ameaça; • pedido/declaração de algo que não se relaciona com o pedido.
  • 35. 35 Caso sejam apresentadas essas últimas sequências, vistas como incoerentes, o autor do pedido, provavelmente, pode pedir esclarecimentos e considerar a fala do outro como recusa ou descaso, entre outras possibilidades — acrescentam esses autores. Exemplos Você não vai ao Rock in Rio? Eu entrei na página e deixei o comentário sobre o texto. Como nos alertam Koch e Travaglia (2002, p. 46), vale lembrar que: A coerência é um fenômeno que resulta da ação conjunta de todos esses níveis e de sua influência no estabelecimento do sentido do texto, uma vez que a coerência é, basicamente, um princípio de interpretabilidade do texto, caracterizado por tudo de que o processo aí implicado possa depender, inclusive a própria produção do texto, na medida em que o produtor do texto quer que seja entendido e o constitui para isso, excetuadas situações muito especiais. 2.1.2 - Adequação Vocabular Uso adequado dos verbos definir, colocar, botar e pôr, adequar e reverter. O Objetivo desta atividade é o de minimizar as inadequações para a construção de futuros textos. Responda. — Você já foi picado(a) por um pernilongo? Certamente, a sua resposta será: — Sim! — Você já foi mordido(a) por um leão? — É claro que não! — você, certamente, responderá. Pensemos juntos: o pernilongo é pequenino; já o leão, com uma arcada dentária enorme, é tão grande. Entretanto, é o pequenino que nos atinge; o grande, se nos pegar, provavelmente nos deixará “fora de cena”. Pois é! Vamos transformar essa questão em uma lição. “As pequenas coisas nos atingem; as grandes podem nos pegar, mas não estaremos aqui, depois, para contar a história.” E tal fato pode acontecer num texto: pequenas inadequações podem desvalorizar o que foi escrito. São as pequeninas coisas... Lembre-se: um texto deve apresentar, entre outras qualidades, adequação vocabular. Como você já sabe e percebeu também, adequar o vocabulário é uma coisa pequenina, entretanto, importantíssima! É imprescindível o cuidado no uso de determinadas palavras. Quando você está construindo um texto, no calor e no entusiasmo do ato criativo, possivelmente você acredita que certas palavras são sinônimas. Porém, algumas vezes, há enganos. Por exemplo, atualmente, há o uso (excessivo) de um verbo que “está na moda” — na TV e na mídia impressa — e circula pelos “salões nobres da vida” lépido e fagueiro: o verbo definir. Observe as frases a seguir e note como o verbo foi utilizado.  O Presidente definirá como vai abaixar os juros do BC.  Milena e Marcos, finalmente, definiram a data do casamento.  Os deputados não definiram quem dirigirá esta CPI.
  • 36. 36 Agora, consulte o dicionário o sinônimo do verbo DEFINIR. Compare o que você encontrou no dicionário com as palavras grifadas nos exemplos. Certamente, você percebeu que ninguém mais decide, marca, estabelece, determina, escolhe... O que realmente parece é que a ordem é DEFINIR. Vamos definir! Você, provavelmente, perguntará: — Mas isso é errado? Não se trata de certo ou errado. O problema é maior. Maior porque se trata de empobrecimento vocabular. Afirma-se, aqui, que simplicidade vocabular não significa pobreza vocabular. É inadequado utilizar o verbo definir com tais significados. Portanto...  O Presidente decidirá como vai abaixar os juros do BC.  Milena e Marcos, finalmente, marcaram a data do casamento.  Os deputados não escolheram quem dirigirá esta CPI. Para sua informação, o mesmo ocorre com os verbos colocar, botar e pôr. Alguns autores de Manuais de Redação e professores renomados perceberam o uso excessivo do verbo colocar. Etimologicamente, colocar vem do latim collocare (co + locare), que significa pôr, pôr ao lado de, pousar. De acordo com o Prof. Sergio Nogueira Duarte da Silva, o uso do verbo colocar só é apropriado quando houver claramente a ideia de “lugar”. Exemplos Coloque as almofadas naquele canto. Vamos colocar os livros na estante. Então, evite usar o verbo colocar quando não houver claramente a ideia de lugar. Utilize os outros verbos, como botar e pôr. Eis alguns exemplos... A galinha do vizinho bota ovo amarelinho. (E não coloca.) A galinha põe ovos diariamente. (E não coloca.) Vestiu a camiseta do América Futebol Clube. (E não colocou.) Chegou mais um: vamos botar água no feijão! (E não colocar.) O planejamento escolar é ótimo. Vamos pô-lo em prática. (E não colocá-lo.) Trata-se de uma sugestão — de um ponto de vista — fazer tais substituições. Há quem discorde. Mas, a maioria concorda com essa substituição. Entretanto, vamos pensar juntos: não é mais simples? Cabe destacar o uso corrente do... “Posso fazer uma colocação?” e “O autor coloca que ...” Outra vez, vamos pensar juntos? COLOQUE OUTRO VERBO NO LUGAR DE COLOCAR! Por exemplo - Posso falar? Posso opinar? Posso argumentar? Posso afirmar? (Em vez de: posso fazer uma colocação?)
  • 37. 37 Outro exemplo... Margulis e Sagan (2002, p. 211) afirmam que os componentes de nosso corpo retornam para a biosfera de que vieram. E advertem que “na economia restrita da arrogância e da fantasia humanas, os indivíduos podem acumular grande riqueza e poder”, no entanto, ressaltam que, “na economia solar da realidade biológica, cada um de nós é despachado para abrir espaço para a próxima geração”. E salientam que, “recebidos de empréstimo, o carbono, o hidrogênio e o nitrogênio de nosso corpo têm que ser devolvidos ao banco biosférico”. (MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion. O que é vida? São Paulo: Zahar, 2002.) Observe: os autores afirmam, advertem, ressaltam, salientam... (E não colocam!). Morin (2000, p. 59) afirma que “conhecer e pensar não é chegar a uma verdade absolutamente certa, mas dialogar com a incerteza”. (MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil, 2000.) Observe: o autor afirma e não coloca. Fique atento ao significado das expressões: em vez de e ao invés de Usa-se a expressão EM VEZ DE quando há a ideia de substituição. Exemplo Vou ao cinema, em vez de ir ao teatro. Na expressão AO INVÉS DE, há a ideia de contrariedade. Exemplo Ele subiu, ao invés de descer. Agora, outros verbos utilizados de forma inadequada: adequar e reverter. Consulte o dicionário e anote o sinônimo desses verbos. A seguir, leia as frases abaixo e faça uma comparação com o que você acabou de anotar, isto é, com os sinônimos encontrados no dicionário.  A alternativa não se adeqúa (ou adéqua) a essa questão.  Para melhorar o produto, é necessário que a firma se adéque (ou adeqúe) à nova visão empresarial. O verbo adequar vem do latim adaequare. Trata-se de um verbo defectivo: usado somente nas formas arrizotônicas. Arrizotônicas! Ao dicionário! O significado desta palavra é: a (prefixo grego, significa não) + rizo (radical grego, significa raiz). Decifrou a charada agora? Arrizotônica significa que tem a tonicidade fora da raiz, isto é, a tonicidade não está em “adeq”, mas nas terminações. Relembrando: o verbo adequar é defectivo. “Defectivo: diz-se do verbo a que faltam pessoas (eu, tu, ele...), modos ou tempos.” Em outras palavras — e para encurtar o assunto — o verbo adequar não apresenta as três pessoas do singular (eu, tu, ele) e a 3ª pessoa do plural (eles) do presente do indicativo. Consequentemente, nada haverá no presente do subjuntivo. Cabe lembrar que nos tempos do pretérito e do futuro tudo “corre” normalmente.
  • 38. 38 Então, você poderá, certamente, escrever ou dizer... Ele adequou... Eu adequava... Ela adequara... Eu adequaria... Ela adequará... Eu estou adequando... Isto é adequado... Assim, as frases dos exemplos podem ser escritas da seguinte forma.  A alternativa não está adequada a essa questão.  Para melhorar o produto, é necessário que a firma fique adequada à nova visão empresarial. Com relação ao verbo reverter, no dicionário, há a seguinte definição: REVERTER = v. tr.ind. Regressar; tornar (ao ponto de partida); retroceder; voltar (para a posse de alguém); do latim revertere. Leia, agora, as frases abaixo e compare-as com a definição da palavra.  É necessário reverter a situação em que se encontra a Educação.  — Vamos reverter o placar — grita a torcida furiosa.  O professor quer reverter o quadro atual. É claro que se trata de uso excessivo do verbo em questão. Portanto, se a ideia não for a de retornar, utilize, por exemplo, mudar, inverter ou alterar, conforme o caso.  É necessário mudar (ou alterar) a situação em que se encontra a Educação.  — Vamos inverter o placar — grita a torcida furiosa.  O professor quer mudar o quadro atual. Como bem nos lembra o Prof. Sergio Nogueira, não se pode confundir o verbo reverter (que tem o prefixo –re) com verter e inverter. Veja: verter para o inglês: O livro está sobre a mesa (The book is on the table.) reverter (prefixo –re): dá a ideia de repetição, volta, regresso. Se você disser que é preciso “reverter a situação atual”, isso significa voltar à situação anterior. Entretanto, quando os médicos dizem que é necessário “reverter o quadro clínico”, estão cobertos de razão. Isso quer dizer que haverá uma volta à situação inicial, ou seja, a um estado saudável (o que é muito bom).
  • 39. 39 2.1.3 - Redundâncias O que é redundância? Redundância é um substantivo feminino, qualidade de redundante. REDUNDANTE é um adjetivo, que significa supérfluo, excessivo, pleonástico. Por exemplo, a música que o Raul Seixas cantava e que ainda muitos dela se lembram... “Eu nasci há dez mil anos atrás...” Se foi há dez mil anos, só pode ser “atrás”. A palavra em destaque é redundante. Não há necessidade de enfatizá-la. Observe outros exemplos. Ela fará parte integrante da banca. Se fará parte, é porque integra. Use uma ou outra palavra. Assim, é melhor: Ela fará parte da banca. Receberam o piso salarial mínimo. Sé é piso, só pode ser mínimo, não é? Apenas diga ou escreva: piso salarial. Todos os países do mundo estão lutando contra esse mal. É melhor afirmar: Todos os países estão lutando contra esse mal. (Os países, é claro, pertencem ao mundo.) Os candidatos, na hora do abraço, foram cercados por todos os lados. Se foram cercados... Não dá para cercar e deixar espaços abertos. Melhor afirmar: “Os candidatos, na hora do abraço, foram cercados” (pela multidão, com certeza!). A Diretora da escola afirmou que o projeto é inteiramente subsidiado. Ora, o projeto apenas é subsidiado. Inteiramente? Procure no dicionário o significado da palavra subsídio. Percebeu? Como se lê a palavra subsídio, com o som de “s” ou de “z”? Com o som de “s”, é claro. Uma curiosidade: procure no dicionário como se lê a palavra OBSOLETO. Interessante, não é? A sílaba tônica está no LE (aberto). 2.2 - Coesão textual Os urubus e os sabiás “(1) Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... (2) Os urubus, aves por natureza ‘becadas’, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza, eles haveriam de se tornar grandes cantores. (3) E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão de mandar nos outros. (4) Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamavam por Vossa Excelência. (5) Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. (6) A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas com os sabiás... (7) Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito. (8) “- Onde estão os documentos dos seus concursos?” (9) E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvesse. (10) Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. (11) E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente... (12) – Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem. (13) E os urubus, uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...
  • 40. 40 (14) MORAL: em terra de urubus diplomados não se ouve canto de sabiá.” Rubem Alves. Estórias de Quem Gosta de Ensinar. “Um texto não é uma soma de sequência de frases isoladas.” Analisando o texto de “Os urubus e os sabiás”. 1. “Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam...” Que tudo é esse? O que foi que aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam? 2. “E para isto fundaram escolas...” Isto o quê? De que se está falando? Qual o sujeito dos verbos fundaram, importaram, gargarejaram, mandaram, fizeram? É o mesmo de teriam? 3. Fala-se em quais deles. Deles quem? E quem são os outros? 4. Qual o referente de eles em (4)? 5. Tem-se novamente a palavra tudo: (5) “Tudo ia muito bem...”Esta segunda ocorrência do termo tem o mesmo sentido da primeira? 6. A quem se refere o pronome eles (7)? 7. E o pronome possessivo seus (8)? 8. Quais são as pobres aves de que se fala em (9)? E as tais coisas? 9. E elas, em (10), refere-se a pobres aves ou a tais coisas? 10. De que passarinho se fala em (13)? “Se tais perguntas são facilmente respondidas, é porque os termos em questão são elementos da língua que têm por função estabelecer relações textuais: são recursos de coesão textual.” Outro grupo de palavras que tem como função assinalar determinadas relações de sentido entre os enunciados ou partes de enunciados: mas – oposição ou contraste mesmo – oposição ou contraste para – finalidade, meta foi assim que (4) – consequência até que – tempo E (11) – adição de argumentos ou ideias porque – explicação, justificativa
  • 41. 41 2.2.1 Coesão Textual - Teoria I. Coesão por retomada ou por antecipação 1. Retomada ou antecipação por uma palavra gramatical (pronomes, verbos, numerais, advérbios) “Eu darei sempre o primeiro lugar à modéstia entre todas as belas qualidades. Ainda sobre a inocência? Ainda, sim. A inocência basta uma falta para a perder; da modéstia só culpas graves, só crimes verdadeiros podem privar. Um acidente, um acaso podem destruir aquela, a esta só uma ação determinada e voluntária.” (Almeida Garrett. Viagens na minha terra.) A palavra aquela retoma o substantivo inocência; o vocábulo esta recupera a palavra modéstia. Todos os termos a que servem para retomar outros são chamados de anafóricos. “Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele. O professor era grande, gordo e silencioso, de ombros contraídos.”(Clarice Lispector. A legião estrangeira.) O possessivo seu e o pronome pessoal reto de 3ª pessoa ele antecipam a expressão o professor. São, pois, catafóricos. O pronome pessoal oblíquo o retoma a expressão seu trabalho anterior. É, então, um termo anafórico. 2. Retomada por palavra lexical (substantivos, verbos, adjetivos) Lia muito, toda espécie de livro. Policiais, então, nem se fala, devorava. Elipse Na elipse, temos a retomada de um termo que seria repetido, mas que é apagado, por ser facilmente depreendido do contexto. “Itamar Franco era um homem feliz ao passar a faixa presidencial para Fernando Henrique Cardoso, mas estava tristonho ao acordar no dia seguinte. Já não era presidente da República desde 1º de janeiro e precisava deixar o Palácio do Jaburu (...) Calado, foi ao banheiro e embalou alguns objetos.” (Veja: 24, jan. 1995.) O sujeito do primeiro era é explicitamente mencionado, Itamar Franco. Os outros verbos do texto têm o mesmo sujeito. No entanto, ele vem elíptico, isto é, oculto. 2.3 - Concordância nominal e verbal 2.3.1 Concordância Verbal Antes de iniciar o trabalho, seguem algumas orientações sobre concordância verbal. Tais orientações foram retiradas da obra “Nossa Gramática: teoria e prática”, de Sacconi (1994, p. 367- 369). 1) A turma não aprovou o trabalho ou a turma não aprovaram o trabalho? Com coletivos (a turma, um bando...), concorda no singular. A turma não aprovou o trabalho. 2) Um milhão de pessoas passou o Ano Novo em Copacabana ou um milhão passaram o Ano Novo em Copacabana?
  • 42. 42 Um bilhão de pessoas não está com a virose ou um bilhão de pessoas não estão com a virose? Um milhão de pessoas passou o Ano Novo em Copacabana. Um milhão de pessoas não está com a virose. Observe... Um milhão e duzentos mil reais, um milhão e pouco, um bilhão e meio... Exemplo - Um trilhão e trezentos mil reais foram roubados do banco. Se não houver número determinado, continua no singular. Exemplo - Um bilhão e meio de pessoas verá o espetáculo pela televisão. 4) Concordância facultativa antes do pronome relativo que (concorda com o coletivo ou com o nome) Exemplo - Fez alusão à série de infortúnios que aconteceu (aconteceram) na sua vida. Ele não aprovou o trabalho da turma de operários que construiu (construíram) o prédio. 5) A maioria de, grande parte de, metade de Exemplo - A maioria dos entrevistados informou (informaram) que não esperam o outro terminar uma frase. Metade dos entrevistados refletiu (refletiram) sobre o ato de ouvir o outro. Grande parte dos entrevistados ouve (ouvem) mal. 6) Vinte por cento (20%), um por cento (1%) Exemplo - Trinta por cento dos entrevistados afirmam que ouvir é fundamental. Um por cento afirmou que não interrompe o outro. Trinta por cento do grupo pesquisado ouve (ouvem) mal. 7) Mais de, menos de, cerca de... Exemplo - Mais de um entrevistado chegou. Mais de dois entrevistados informaram que não gostariam de responder à pergunta. Cerca de oito entrevistados choraram. Mais de 1% da entrevista não é válida. Menos de 40% dos entrevistados ouvem bem. 8) um dos que, nenhum dos que O primeiro entrevistado é um dos que ouvem bem. 2.3.2 Concordância Nominal “A relação entre um substantivo (ou um pronome ou numeral substantivo) e as palavras que a ele se ligam para caracterizá-lo (artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais adjetivos) recebe o nome de concordância nominal (INFANTE, 1997, p. 463). Segundo esse autor, merecem destaque as seguintes palavras e construções - PRÓPRIO, MESMO, ANEXO, INCLUSO, QUITE E OBRIGADO. Tais palavras concordam em gênero e número com o pronome a que se referem. Observe os exemplos fornecidos por esse autor (op. cit., 1997, p. 465-467). “Elas próprias disseram: – Nós mesmas fizemos isso.” “Seguem inclusos os documentos requeridos.”
  • 43. 43 “Seguem anexas as cópias solicitadas.” “Estamos quites”. “O rapaz agradeceu: – Muito obrigado.” Com relação às palavras MEIO e BASTANTE (INFANTE, 1997, p. 466) Meio e bastante podem atuar como adjetivos ou como advérbios. No primeiro caso, referem-se a substantivos e são variáveis. Exemplos -‘Pedi meia cerveja e meia porção de batatas.’ ‘Bastantes coisas estão erradas.’ No segundo caso, referem-se a verbos, adjetivos ou advérbios e são invariáveis. Exemplos - ‘As jogadoras estavam meio desgastadas pela competição. ’ ‘A atleta não foi bem porque estava meio ansiosa. ’ ‘Andamos meio aborrecidos. ’ ‘Ainda acreditamos bastante em nós mesmos, apesar de estarmos bastante cansados. ’” Vale destacar que expressões como - É PROIBIDO, É BOM, É NECESSÁRIO, É PRECISO, quando desacompanhados de determinante (artigos, pronomes e numerais adjetivos), os substantivos podem ser tomados no sentido amplo (INFANTE, 1997, p. 466). Eis os exemplos fornecidos por esse autor - É proibido entrada. Água é bom. Liberdade é necessário. Com determinante, teríamos - A água é boa. É proibida a entrada. A liberdade é necessária.
  • 44. 44
  • 45. 45 Unidade III – Texto e sua estrutura  Identificar estruturas, interpretando textos e ideias.
  • 46. 46 3.1- Técnica de redação 3.1.1 Planejamento do Parágrafo Antes de iniciar o texto, faça um planejamento. Soares e Campos (1977, p. 68) sugerem que se deve ter em mente, antes da escrita do texto, o seguinte:  qual é o assunto?  qual é a delimitação do assunto?  qual é o objetivo? O que se pretende fazer? E fornecem (op. cit., 1977, p. 68) o seguinte exemplo (para se ter a ideia de como se deve elaborar o planejamento).  Assunto: o riso.  Delimitação do assunto: situações que provocam riso.  Objetivo: mostrar que o riso é provocado pela tristeza. (A palavra riso está presente no assunto, na delimitação do assunto e no objetivo.) Após a organização desses três pontos importantes do ato de planejar, elabore a frase- núcleo ou tópico frasal (a frase introdutória). Observe... Se o meu assunto é o riso, delimitei-o para abordar as situações que causam riso e o meu objetivo é o de “mostrar que o riso é provocado pela tristeza”; a frase-núcleo a ser elaborada para introduzir o texto deverá ser uma tradução do objetivo.  Tradução do objetivo? Você vai se perguntar, certamente. Isso mesmo: traduza o objetivo. O objetivo é o de “mostrar que o riso é provocado pela tristeza”, por exemplo – entre várias opções que você certamente pensará. Então, na sua frase-núcleo, você deverá deixar isso claro para o seu leitor. A seguir, há duas possibilidades fornecidas por esses autores (op. cit., 1977, p. 68). Possivelmente, você poderá criar outra(s); entretanto, você deverá estar atento(a) ao seu objetivo. Frase-núcleo 1 Todo mundo ri das desgraças dos outros. Como diz a velha marchinha de carnaval, “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. Frase-núcleo 2 O riso é, quase sempre, provocado pelo ridículo. Pela situação incômoda, pelo grotesco, pela tristeza. Observe que as duas frases introdutórias (chamadas frase-núcleo ou tópico frasal) contêm os elementos elaborados no objetivo. Percebeu agora a importância de planejar o texto? Assim, você não se perde do seu assunto. Isso proporciona mais “foco” (como se diz por aí...). Lembre-se de que, para a produção textual, 99% é fruto de transpiração; 1%, de inspiração. Leia o trecho a seguir.
  • 47. 47 Tipos de violência Nem sempre é fácil identificar a violência. Por exemplo, uma cirurgia não constitui violência, primeiro porque visa ao bem do paciente, depois porque é feita com o consentimento do doente. Mas certamente será violência se a operação for realizada sem necessidade ou se o paciente for usado como cobaia de experimento científico sem a devida autorização. Mas, se o motorista causador de um acidente alegar que não foi violento por não ter causado prejuízo voluntariamente, é preciso verificar se não houve descuido ou omissão da parte dele. Afinal, a violência passiva ocorre toda vez que deixamos de fazer determinadas ações cujo cumprimento seria necessário para salvar vidas ou evitar sofrimentos. É nesse sentido que podemos lastimar os altos índices de acidentes de trabalho apontados no Brasil pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Outras vezes, estamos diante da violência indireta. Por exemplo, se sabemos que o clorofluorcarbono (CFC) destrói a camada de ozônio da Terra e com isso provoca câncer de pele, usar um desodorante spray contendo CFC significa agressão não só aos contemporâneos, como também às gerações futuras. Há situações em que não existe violência física, mas outro tipo de violência, de natureza psicológica. Por exemplo, não existe violência quando tentamos superar as contradições e conflitos convencendo, por meio da persuasão, os que pensam de maneira diferente da nossa. No entanto, existe violência quando, mesmo sem usar o chicote ou a palmatória, o pai ou o professor exigem o comportamento desejado, doutrinando as crianças, impondo valores e dobrando-as para a obediência cega e aceitação passiva da autoridade. Nesse caso, embora não haja violência física, existe violência simbólica, já que a força que se exerce é de natureza psicológica e atua sobre a consciência, exigindo a adesão irrefletida, que só aparentemente é voluntária. Ocorre violência simbólica também nos casos em que um candidato a cargo público distorce informações para conseguir votos, quando a imprensa manipula a opinião pública ou ainda quando o governo usa propaganda e slogans para ocultar seus desmandos. Enfim, constitui violência simbólica toda manipulação ideológica que obriga a adesão sem crítica das consciências e das vontades. O manipulador dirige, molda as formas de pensar e agir de maneira que o manipulado acredita estar pensando e agindo por livre vontade. Portanto, a violência existe, mas não se apresenta como tal. Nem sempre a violência “salta à vista”, não sendo claramente percebida. Às vezes, não é possível se conhecer o agente causador, outras vezes a ação não é prevista nem nos códigos penais, e, portanto, a tendência é não reconhecê-la como violência propriamente dita. Por exemplo, a existência da pobreza parece ser consequência inevitável de uma certa ordem natural que comanda as relações entre os homens. Haveria, então, pessoas pobres ou países subdesenvolvidos devido à incompetência, ao descuido ou à fatalidade: “afinal, sempre foi assim...”, é o que se costuma dizer. Porém, na raiz desses problemas encontramos a violência da desigualdade social decorrente da injusta repartição das tarefas e dos privilégios que levam ao irregular aproveitamento dos bens produzidos pela comunidade. Nesse sentido, é violência a fome crônica em amplas regiões do mundo como resultado do planejamento econômico que visa, em primeiro lugar, ao interesse dos negócios. É também violência a criança permanecer fora da escola, privando-a de educação e do saber acumulado pela sociedade em que vive, porque precisa trabalhar, ou por outros motivos decorrentes dos desfavorecimentos da classe a que pertence. Chamamos de violência branca a esse tipo de privação, devido ao fato de não ser sangrenta (vermelha). Mas nem por isso pode ser considerada menos cruel.
  • 48. 48 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 1992. Primeiramente, leia todo o texto. Responda 1. Sobre qual assunto as autoras construíram o texto? 2. Como esse assunto foi delimitado? 3. Qual é o objetivo das autoras ao escrever sobre esse assunto? Nesse momento, após responder às perguntas, você está começando a refletir sobre o assunto e iniciando um diálogo com as autoras. Observe que o assunto é violência. Tal assunto foi delimitado assim: os tipos de violência. O objetivo das autoras foi o de identificar, exemplificando, os tipos de violência. Criada a frase-núcleo, você iniciará o desenvolvimento. Nesse estágio, você pode perguntar...  Deve-se planejar o desenvolvimento também? Certamente! Eis as etapas que Soares e Campos (1977, p. 75) sugerem para a elaboração de um belo texto: I. assunto; II. delimitação do assunto; III. determinação do objetivo; IV. redação da frase-núcleo; V. seleção dos aspectos que desenvolverão a frase-núcleo; VI. ordenação dos aspectos selecionados; VII. redação do desenvolvimento; VIII. formulação da conclusão (neste ponto, você deverá retomar a frase-núcleo – com a tradução clara do objetivo –, aspectos do desenvolvimento e finalizar). 3.1.2 Desenvolvimento Há formas de ordenação no desenvolvimento do parágrafo. 1. Ordenação por tempo e espaço Soares e Campos (1977, p. 88) afirmam que Frequentemente, quando falamos ou escrevemos, temos a necessidade de indicar em que lugar estão ou estavam as pessoas a que nos referimos, onde ocorreram ou ocorrem os fatos que narramos. A nossa conversa ou a nossa redação contém, então, uma série de referências a espaço: organizamos o conteúdo de nossas mensagens, ordenando-as por indicações de espaço. (...) Entretanto, nem sempre, ao escrever e ao falar organizamos as ideias exclusivamente por indicações de espaço. Torna-se necessário, frequentemente, fazer referências ao espaço e ao tempo, simultaneamente.
  • 49. 49 Soares e Campos (1977, p. 103) fornecem o seguinte exemplo:  assunto: a conquista do espaço  delimitação do assunto: a competição entre E.U.A. e Rússia pela conquista do espaço.  objetivo: mostrar a competição pela conquista do espaço nas últimas décadas do século XX.  forma de ordenação: por tempo e espaço Frase-núcleo Nas últimas décadas do século XX, houve uma acirrada competição pela conquista do espaço entre os E.U.A. e a Rússia. Planejamento do desenvolvimento (após pesquisa): Fato Tempo Espaço Um satélite espacial foi lançado ao espaço – o Sputinik Em 4 de outubro de 1957 Na antiga União Soviética, hoje Rússia. Foi conseguida a supremacia espacial, com a série de naves Apolo. Dez anos mais tarde Nos Estados Unidos O primeiro homem foi lançado à Lua. Em 20 de julho de 1969 Nos Estados unidos O domínio do espaço No final do século XX, Nos E.U.A. e na Rússia Fazendo o planejamento, fica mais fácil, certo? 2. Ordenação por enumeração Essa é a mais fácil. É indicada sempre que a delimitação do assunto e o objetivo do parágrafo conduzem à indicação de uma série de características, de fatos, de funções de fatores etc. 3. Ordenação por contraste Soares e Campos (1977, p. 133) apresentam o seguinte exemplo para clarificar o assunto... A visão do sertão não está, como a do litoral, fechada pela floresta, pelos canaviais; ela se estende até o infinito. O homem que vive na costa é prisioneiro do lodo que lhe dá cola ao pé, das ervas que retardam sua marcha, das árvores que o sufocam, dos velhos engenhos em ruínas cheios de fantasmas, dos bosques sagrados cheios de encantamento. O homem da caatinga nada tem diante de si, a não ser um céu imenso implacavelmente azul estendendo-se sobre seu chapéu de couro, e em que raras nuvens se esgarçam devoradas pelo sol insaciável. A seus pés, a grande extensão de areia, de espinhos, através da qual erra o gado em rebanhos. Tudo o incita à partida, à marcha, ao galope a cavalo, impelido pelo vento, em luta contra o espaço. (Roger Bastide, Brasil - terra de contrastes)
  • 50. 50 Esses autores (op.cit., 1977, p. 133) propõem o seguinte exercício: a) indique o trecho que representa a introdução do parágrafo e assinale as palavras ou expressões que nela mostram que o parágrafo se desenvolverá por contraste. A visão do sertão não está, como a do litoral, fechada pela floresta, pelos canaviais, ela se estende até o infinito. b) quais são os dois elementos contrastados no parágrafo? O homem, o litoral (costa), o homem do sertão (caatinga). c) qual é o ponto de diferença entre os dois elementos apresentados no parágrafo? Características ambientais condicionadas dos tipos humanos. 4. Ordenação por explicitação Outra forma de ordenação das ideias para desenvolver o parágrafo é a explicitação. Segundo os autores supracitados (op. cit., 1977, p. 157), “é frequente termos de redigir um parágrafo com o objetivo de explicitar uma ideia, esclarecer um conceito, justificar uma afirmativa”. Pode- se explicitar por definição, por exemplificação e por analogia. A seguir, exemplos fornecidos por esses autores. Explicitação por definição “O humor, numa concepção mais exigente, não é apenas a arte de fazer rir. Isso é comicidade ou qualquer outro nome que se escolha. Na verdade, humor é uma análise crítica do homem e da vida. Uma análise não obrigatoriamente comprometida com o riso, uma análise desmistificadora, reveladora, cáustica. Humor é uma forma de tirar a roupa da mentira, e o seu êxito está na alegria que ele provoca pela descoberta inesperada da verdade.” (Ziraldo) Observe as expressões que indicam definição: o humor não é... Isto é... Na verdade, humor é... (entre outras no texto) Explicitação por exemplificação “No Brasil, o empobrecimento ou a banalização da mensagem televisual decorre, na verdade, da incapacidade do comunicador (desde a direção das estações até os produtores de programas) de entender a verdadeira natureza do veículo que controla e de elaborar mensagens específicas. Um exemplo: um dos canais cariocas, achando que presta grande serviço à educação musical, transmite concertos dominicais de música erudita. A realização do programa é algo de extremamente dispersivo: quando a câmera se concentra na orquestra, o plano se reduz, e dificilmente pode o telespectador distinguir com clareza os músicos e seus instrumentos. Se a câmera desvia-se para o público, o espectador passa a ter um espetáculo paralelo: o das pessoas que dormem, conversam ou simplesmente escutam o concerto. A impressão final do telespectador é a de que a televisão não é veículo próprio à transmissão musical. Não o é, efetivamente, da forma como é feita, que não corresponde à especificidade de linguagem do veículo.” (Muniz Sodré) Explicitação por analogia A inteligência madura sabe que as palavras nunca dizem tudo sobre o que quer que seja, e por isso se ajusta à incerteza. Por exemplo, quando guiamos um carro, nunca sabemos o que vai acontecer em seguida; não importa a frequência com que passamos por aquele caminho: nunca
  • 51. 51 encontramos exatamente as mesmas condições de tráfego. Apesar disso, um motorista competente percorre toda espécie de caminho, e até com grande velocidade, sem sentir medo ou nervosismo. Em sua qualidade de motorista, está ele ajustado à incerteza e não se sente inseguro. Do mesmo modo, a pessoa intelectualmente madura, ‘não sabe tudo’, seja lá sobre o que for. E nem por isso se sente insegura, pois sabe que a única espécie de segurança que a vida oferece é a segurança dinâmica que provém de dentro: a segurança que deriva da infinita flexibilidade da inteligência – da orientação multipolar de uma infinidade de valores.” (S.I. Hayakawa) Observe: a inteligência madura sabe que as palavras nunca dizem tudo sobre o que quer que seja e, por isso, se ajusta à incerteza. Tal afirmativa é explicitada por meio de uma analogia. Segundo Soares e Campos (1977, p. 161), “o desenvolvimento se inicia com a expressão por exemplo, que, neste caso, não introduz uma exemplificação, mas uma analogia: a analogia (comparação) entre guiar um carro e viver com maturidade intelectual”. 3.1.3 Qualidades do Parágrafo UNIDADE - Uma só ideia predominante (usar sempre que possível um tópico frasal explícito; evitar pormenores impertinentes). COERÊNCIA - Relação entre as ideias predominantes e as secundárias. ÊNFASE - A ideia predominante não apenas aparece sob a forma de oração principal, mas também se coloca em posição de relevo, por estar no fim ou próximo do fim do período-parágrafo. Frase 1 - “Dizer que viajar é um prazer triste, uma aventura penosa, parece um absurdo. Imediatamente nos ocorrem as dificuldades de transporte da Idade Média, quando viajar devia ser realmente uma aventura arriscada e penosa”. Frase 2 - Evite pormenores impertinentes, acumulações, redundâncias O assassínio do Presidente Kennedy, naquela triste tarde de novembro, quando percorria a cidade de Dallas aclamado por numerosa multidão, cercado pela simpatia do povo do grande Estado do Texas, terra natal, aliás, do seu sucessor, o Presidente Johnson, chocou a humanidade inteira não só pelo impacto provocado pelo sacrifício do jovem estadista americano, tão cedo roubada à vida, mas também por uma espécie de sentimento de culpa coletiva, que nos fazia, por assim dizer, como que responsáveis por esse crime estúpido, que a história, sem dúvida, gravará como a mais abominável do século. Temos aí um exemplo de período prolixo e centopeico. Os pormenores em excesso são, na sua maioria, dispensáveis, pois em nada reforçam ou esclarecem a ideia - núcleo do período ("o assassínio do Presidente Kennedy... chocou a humanidade inteira..."):  naquela triste tarde de novembro: o fato que se comenta era ainda recente, e a indicação da data, portanto supérflua, embora se possa justificar a carga afetiva de "triste tarde de novembro" ;  quando percorria a cidade de Dallas: também dispensável, pois como a data, o nome da cidade onde ocorreu o crime estava ainda muito vivo na memória do leitor;  aclamado..., cercado pela simpatia do povo do grande Estado do Texas: pormenores óbvios, dadas as circunstâncias. Talvez se justifiquem só por estabelecer um contraste emotivo com o assassínio;