O documento discute a virtualização e como ela está relacionada à transformação digital e cultural em curso. Ele define virtualização como um processo de transformação de um modo de ser em outro através da descoberta de novas questões e problemas. A virtualização do corpo é discutida, com o corpo se tornando transparente através da medicina e se estendendo por meio de implantes, transplantes e atividades esportivas radicais.
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O que é o virtual? Pierre Lévy
1. O QUE É O VIRTUAL?
AULA 1 SOBRE A OBRA,
SEMINÁRIO PIERRE LÉVY
2. • Introdução
• 1. O que é a virtualização?
• 2. A virtualização do corpo
3. INTRODUÇÃO
• Movimento geral de virtualização
• “Embora a digitalização das mensagens e a
extensão do ciberespaço desempenhem um
papel capital na mutação em curso, trata-se de
uma onda de fundo que ultrapassa amplamente a
informatização.” (p. 11)
4. • Desrealização geral, apocalipse cultural?
• “(…) entre as evoluções culturais em andamento
nesta virada do terceiro milênio - e apesar de seus
inegáveis aspectos sombrios e terríveis - exprime-
se uma busca da hominização.” (p. 11)
• Mudanças das técnicas, da economia e dos
costumes são rápidas e desestabilizantes
A virtualização constitui a essência da mutação em curso
Devir-outro ou heterogênese do humano
5. • Virtualização: processo de transformação de um
modo de ser em outro
• “(…) este livro estuda a virtualização que retorna
do real ou do atual em direção ao virtual.” (p. 12)
• Potência e ato - Aristóteles
Virtual como falso, ilusório ou imaginário
Virtual como fecundo, poderoso, potência - virtus=força
6. • Desafios do livro:
• Filosófico: conceito de virtualização
• Antropológico: relação entre o processo de
hominização e a virtualização
• Sociopolítico: compreender a mutação
contemporânea para poder atuar nela (escolhas
entre diversas modalidades de virtualização).
Cartografia do virtual / Compêndio de virtualização
Capítulos - p. 13
7. O QUE É A VIRTUALIZAÇÃO?
• Virtual (é, emergente e problemático) / atual (existe,
veio a ser, emergiu, repentino) = diferença
qualitativa, de natureza, coprodução (exemplo:
relacionamentos humanos)
• Possível (é, estático e constituído) / real (existe,
concreto, esperado e estável) = diferença puramente
lógica, quantitativa (exemplo: rodar um software)
• Todos são
8. Por um lado, a entidade carrega e produz suas
virtualidades, por outro lado o virtual constitui a entidade
Atualização: solução de um problema que não estava
contida previamente no enunciado - criação, invenção de
uma forma a partir de uma configuração dinâmica de forças
e de finalidades
“O real assemelha-se ao possível; em troca, o atual em nada
se assemelha ao virtual: responde-lhe.” (p. 17)
Virtualização: movimento inverso da atualização -
composição de um campo problemático dinâmico, mutação
de identidade, deslocamento do centro de gravidade
ontológico do objeto considerado.
9. • “Virtualizar uma entidade qualquer consiste em descobrir
uma questão geral à qual ela se relaciona, em fazer mudar
a entidade em direção a essa interrogação e em redefinir
a atualidade de partida como resposta a uma questão
particular.” (p. 18)
• Exemplo: empresa virtual
• Problematizar com ênfase ontológica - “(…) a virtualização
fluidifica as distinções instituídas, aumenta os graus de
liberdade, cria um vazio motor.” (p. 18) - irreversibilidade,
indeterminação, invenção
10. • Virtualização como êxodo, desterritorialização,
nomadização (empresa virtual e hipertexto)
• Não presença, não pertencimento
• Dobras no espaço-tempo
• Hora e lugar, que são, para Lévy, coerções, se tornam
contingentes
• Diversas espacialidades e diversas durações: trens,
redes digitais, formas de vida que iam se deslocando,
das amebas às aves e mamíferos, turismo
11. • Saída da presença - desterritorialização
• Efeito moebius - passagem do interior ao exterior
e do exterior ao interior (público/privado,
subjetivo/objetivo, mapa/território, autor/livro) -
Misturas de espaços e tempos
Virtualização é sempre heterogênese, processo de
acolhimento da alteridade, devir outro
Ok, mas é ainda espaço-tempo
12. A VIRTUALIZAÇÃO DO CORPO
• Reconstruções: dietética, body building, cirurgia
plástica
• "Os equipamentos de visualização médica tornam
transparente nossa interioridade orgânica. Os
enxertos e as próteses nos misturam aos outros e
aos artefatos.” (p. 27)
• Externalização da vida física e psíquica: circuitos
econômicos, institucionais e tecnocientíficos
13. • Percepções: externalizadas pelos sistemas de telecomunicação
(telefone para audição, televisão para visão, telemanipulações
para o tato e a interação sensório-motora). Câmeras e gravadores
permitem perceber as sensações de outras pessoas em outro
momento e lugar. Realidade virtual permite experimentar uma
integração dinâmica de diferentes modalidades perceptivas.
• Projeções: máquinas, redes de transporte, circuitos de produção
e transferência de energias, armas constituem braços virtuais e
desterritorializados compartilhados. Telepresença como projeção
da voz e da imagem, realidade virtual como quase presença.
• Reviravoltas: imagens médicas pluralizam as versões do corpo e
o tornam transparente - raios X, scanners, ressonância magnética,
ecografia virtualizam a superfície do corpo. O interior passa ao
exterior ao mesmo tempo em que permanece dentro.
14. • Hipercorpo: transplantes, circulação de órgãos e sangue, que são
socializados de um indivíduo a outro e entre mortos e vivos.
Implantes e próteses, o mineral e o vivo. “(…) o hipercorpo da
humanidade estende seus tecidos quiméricos entre as epidermes,
entre as espécies, para além das fronteiras e dos oceanos, de uma
margem a outra do rio da vida.” (p. 31)
• Intensificações: natação, esportes radicais de queda (paraquedas, asa
delta, bungee jump) e deslizamento (windsurfe, surfe, esqui alpino,
esqui aquático). Movimento de saída da norma, hibridação, devires,
tornar-se peixe, tornar-se pássaro.
• Resplandescência: o corpo sai de si mesmo, adquire novas
velocidades, conquista novos espaços, se multiplica. Virtualização do
corpo como reinvenção, reencarnação, vetorização, heterogênese do
humano. Risco de alienação, reificação mercantil e amputação. (p. 33)