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ESPAÇO ABERTO




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                                                                    Eduardo de Campos Valadares

                                       Neste artigo é apresentada uma proposta de inserção de experimentos de baixo custo no
                                    ensino de ciências centrado no aluno e na comunidade. São salientados o seu potencial de
                                    ampliar a motivação, o entusiasmo e o interesse pela ciência e suas aplicações práticas.

                                                        experimentos de baixo custo, criatividade, comunidade



                                                                     Recebido em 20/3/01, aceito em 12/4/01




     U
            m dos grandes desafios atuais           logia de ensino de ciências simples,                          pequenos desafios que permitam avan-
            do ensino de ciências nas               factível e de baixo custo e, mais impor-                      ços graduais. É de se esperar que tais
38
            escolas de nível fundamental e          tante ainda, que leve em conta a parti-                       mudanças levem algum tempo. A inclu-
     médio é construir uma ponte entre o            cipação dos alunos no processo de                             são de protótipos e experimentos
     conhecimento ensi-                                              aprendizado. Esta pro-                       simples em nossas aulas tem sido um
     nado e o mundo co-           A inclusão de protótipos e         posta tem sido testada                       fator decisivo para estimular os alunos
     tidiano dos alunos.           experimentos simples em           com sucesso em cur-                          a adotar uma atitude mais empreende-
     Não raro, a ausência          nossas aulas tem sido um          sos de física básica vol-                    dora e a romper com a passividade que,
     deste vínculo gera                fator decisivo para           tados para as licencia-                      em geral, lhes é subliminarmente
     apatia e distancia-              estimular os alunos a          turas em ciências da                         imposta nos esquemas tradicionais de
     mento entre os alunos          adotar uma atitude mais          UFMG e em oficinas de                        ensino. Os projetos que temos priori-
     e atinge também os               empreendedora e a              criatividade oferecidas                      zado utilizam basicamente materiais
     próprios professores.        romper com a passividade           a professores do ensi-                       reciclados e de baixo custo. Isto torna
     Ao se restringirem a            que, em geral, lhes é           no médio e fundamen-                         os projetos acessíveis a todas as
     uma abordagem es-             subliminarmente imposta           tal e ao público em ge-                      escolas, especialmente aquelas caren-
     tritamente formal, eles      nos esquemas tradicionais          ral, incluindo crianças e                    tes de recursos financeiros.
     acabam não contem-                     de ensino                adolescentes. Nesta                              Uma idéia dominante em nossa pro-
     plando as várias pos-                                           perspectiva, uma maior                       posta é o uso de protótipos e expe-
     sibilidades que existem para tornar a          aproximação da escola com a comuni-                           rimentos como instrumentos de desco-
     ciência mais “palpável” e associá-la           dade é também contemplada.                                    berta, que permitem a alunos e profes-
     com os avanços científicos e tecno-                                                                          sores desenvolver atitudes científicas em
     lógicos atuais que afetam diretamente          Por um ensino mais participativo                              contextos relevantes ao nosso dia-a-dia.
     a nossa sociedade.                                 O nosso ponto de partida é a cons-                        Temos observado que quanto mais
          Embora a falta de recursos financei-      trução do conhecimento pelos alunos e                         simples e conceitual é o experimento ou
     ros e o pouco tempo que os educado-            para os alunos, no qual o papel do pro-                       protótipo, tanto mais instrutivo e atraente
     res dispõem para conceber aulas mais           fessor seja essencialmente o de um faci-                      ele se torna. Nesta linha de atuação, o
     atraentes e motivadoras sejam fatores          litador do processo pedagógico. Para                          professor pode e deve instigar seus
     que contribuam para o cenário do-              tanto ele deve ser capaz de gerar um                          alunos a simplificar os experimentos e
     minante nas escolas, talvez o obstáculo        ambiente favorável ao trabalho em                             protótipos até reduzi-los a um mínimo
     mais decisivo seja de natureza cultural.       equipe e à manifestação da criatividade                       em termos de materiais empregados,
     Neste contexto, propomos uma metodo-           dos seus alunos por intermédio de                             minimizando custos e maximizando o
                                                                                                                  valor pedagógico de cada projeto es-
     A seção “Espaço aberto” visa abordar questões sobre educação, de um modo geral, que sejam de interesse dos   pecífico. Esta estratégia permite aos
     professores de química.                                                                                      alunos desenvolver novas habilidades e

     QUÍMICA NOVA NA ESCOLA                                           Experimentos de baixo custo                                           N° 13, MAIO 2001
a capacidade de buscar soluções                  mo, desvinculado de sua dimensão so-
alternativas e mais baratas, que é a ba-         cial. A proposta de disponibilizar para a
se de grande parte da pesquisa e                 comunidade experiências pedagógicas
desenvolvimento realizados nos labora-           inovadoras, desenvolvidas no âmbito da
tórios tecnológicos. Deste modo, a es-           escola, visa justamente aproximar a es-
cola dá uma oportu-                                                cola das necessida-
nidade única a seus                 As feiras de ciências          des do público leigo,
alunos de vivenciar                 constituem um bom              extremamente curioso
concretamente o co-                exemplo de atividades           e ávido por conheci-
nhecimento “construí-             voltadas para aumentar a         mentos científicos e
do” por eles próprios e            motivação dos alunos.           tecnológicos, desde
de internalizar o signi-            Entretanto, além de            que traduzidos de for-
ficado dos conceitos            esporádicas, elas são, quase       ma lúdica e divertida
científicos aplicados a          sempre, desvinculadas das         (Valadares, 1999).
contextos bem-defi-                 práticas pedagógicas           Além disso, o contato
nidos. Tudo isso em um           adotadas em sala de aula e        com o grande público
ambiente favorável ao                     vice-versa               contribui de forma mui-
desenvolvimento so-                                                to positiva para a auto-
cial, científico, tecnológico e pessoal dos      estima dos alunos e para o crescimento
alunos.                                          cultural da comunidade como um todo,
    Uma etapa fundamental de nossa               contribuindo também para a valorização
proposta é a apresentação em sala de             social da escola.
aula dos trabalhos desenvolvidos pelas
equipes de alunos. Com isso eles po-             Exemplos de experimentos de baixo
dem aperfeiçoar a sua capacidade de              custo
                                                                                              Figura 1: Redemoinhos de água.
se expressar de forma clara, sucinta e               Abaixo apresentamos três exem-                                                      39
objetiva, ressaltando o que é essencial,         plos de experimentos de baixo custo
tendo à mão dispositivos que lhes per-           envolvendo materiais reciclados que          a posição das garrafas.
mitem visualizar as idéias e os concei-          ilustram o espírito de nossa proposta.           Este experimento permite visualizar
tos subjacentes.                                 Vários outros experimentos, incluindo        a ocupação do espaço por gases. Ao
    Um passo posterior é a organização           protótipos de robôs, aquecimento so-         se criar o redemoinho a vazão da
de exposições interativas do acervo              lar, foguetes e “discos voadores”            garrafa superior para a inferior aumen-
desenvolvido no âmbito da escola,                (hovercrafts) podem ser encontrados          ta, pois o ar pode agora passar de uma
voltadas para o grande público.                  em Valadares (2000).                         garrafa para a outra, cedendo espaço
Da sala de aula para a comunidade                                                             para a água.
                                                Redemoinhos de água (vórtices):
    As feiras de ciências constituem um         explorando os redemoinhos das pias            Átomos em movimento
bom exemplo de atividades voltadas pa-                                                            Uma analogia macroscópica que
ra aumentar a motivação dos alunos. En-         Material
                                                   Duas garrafas PET (Poli Tereftalato        permite visualizar o comportamento de
tretanto, além de esporádicas, elas são,                                                      um gás “ideal”, no qual as interações
quase sempre, desvinculadas das                 de Etileno) de 2 L com tampa, 1 caixi-
                                                nha plástica de filme fotográfico             entre moléculas são desprezíveis (dis-
práticas pedagógicas adotadas em sala                                                         tância média entre as moléculas muito
de aula e vice-versa. Exposições interati-      (encontrada aos montes nas lojas que
                                                revelam fotos; converse com o gerente         grande, ou seja, gases com baixas
vas realizadas em locais públicos, como                                                       concentrações) e as colisões são fron-
praças, centros comerciais, parques e           de uma loja e peça algumas caixas) e
                                                canudinhos de refrigerantes.                  tais, com conservação de energia e
eventos sócio-culturais, proporcionam
                                                                                              momento linear.
aos alunos e à comunidade uma oportu-           Passo a passo
nidade única de popularizar a ciência e             Faça um furo no centro das duas           Material
suas aplicações de forma lúdica. Nossa          tampas, de 1,5 cm a 1,8 cm de diâme-              Cinqüenta bolinhas de isopor de 2,5
experiência tem demonstrado que tais            tro. Pique uns dois ou três canudinhos,       cm de diâmetro, lixeira de plástico com
exposições encontram grande recepti-            coloque os pedaços dentro de uma              furos na parede lateral (de 1,5 cm a
vidade junto ao grande público, além de         das garrafas e encha-a de água. Ros-          2 cm), através dos quais é possível
contribuir para o crescimento pessoal da        queie bem as tampas nas duas garra-           acompanhar as bolinhas de isopor
equipe de alunos e professores envol-           fas. Serre o fundo da caixa de filme e        (“moléculas”) em movimento, papelão,
vida na sua organização.                        encaixe-a até a metade na tampa da            secador de cabelo.
    Em nosso meio escolar, é muito co-          garrafa com água. Encaixe a tampa da          Passo-a-passo
mum haver uma super-valorização do              garrafa vazia na caixa de filme, até que         Recorte um disco de papelão um
conhecimento, como um fim em si mes-            as duas tampas se encostem. Inverta           pouco menor que a lixeira (cerca de

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA                                  Experimentos de baixo custo                                   N° 13, MAIO 2001
de leite ou suco, pedaço de canudinho       de onda e a mesma freqüência da luz
                                                  (2 cm), adesivo instantâneo universal       incidente). A origem do céu azul pode
                                                  (por exemplo, cola Superbonder® ou          ser atribuída ao espalhamento Rayleigh,
                                                  Araldite® super-rápida®).                   que é mais intenso para comprimentos
                                                  Passo a passo                               de onda menores, e à sensibilidade do
                                                       Faça um furo na caixa, a uns 2 cm      olho humano, maior para o azul do que
                                                  do fundo, com um diâmetro um pouco          para o violeta, cujo comprimento de
                                                  menor que o do canudinho. Introduza         onda é ainda menor que o do azul.
                                                  0,5 cm de canudinho no furo e use cola          Esfregando o balão de festas nos
                                                  para vedação. Faça uma abertura na          cabelos secos (veja experimento an-
                                                  parte de cima da caixa, o suficiente para   terior) você pode atrair o filete d’água
                                                  encaixar a lanterna. Tampe o canudinho      com a luz confinada nele por reflexão
                                                  com o dedo e encha a caixa com água.        total (o princípio da fibra óptica).
                                                  Em um ambiente escuro, encaixe a lan-       Considerações finais
                                                  terna acesa na abertura superior da cai-
                                                  xa e tire o dedo do canudinho. Deixe o          As idéias aqui expostas têm sido
                                                  filete de água bater na palma de sua        testadas sistematicamente com suces-
     Figura 2: Átomos em movimento.                                                           so. Temos recebido um número cres-
                                                  mão. Você está demonstrando o prin-
                                                  cípio de uma fibra ótica (mangueira de      cente de convites para organizar ofici-
     2 cm de diferença). Faça uma alça de         luz), usada cada vez mais em telefonia,     nas de criatividade, tanto em escolas
     papelão e fixe-a no disco (êmbolo).          substituindo os fios de cobre. Repita a     privadas, que dispõem de infra-estru-
     Coloque as bolinhas de isopor dentro         experiência misturando umas gotas de        tura e recursos financeiros, como em
     da lixeira e tampe-a com o disco. Dire-      leite na água e veja o que acontece com     escolas públicas, com poucos recur-
     cione o jato de ar do secador de cabelo      a intensidade da luz (espalhamento          sos e alunos oriundos de famílias de
     como indicado e veja o que acontece          Rayleigh de luz, produzido por partícu-     baixa renda. Isso mostra que, indepen-
40   com as bolinhas. Diminua o volume            las de dimensões bem menores que o          dentemente da situação econômica e
     disponível para elas empurrando o            comprimento de onda da luz incidente        social das escolas, há um nítido inter-
     êmbolo para dentro.                          – no caso da atmosfera terrestre, as        esse em valorizar o papel da criativi-
         Este “experimento” permite visuali-      moléculas que a compõem são muito           dade na educação básica em ciências.
     zar a pressão como resultado dos vá-         menores do que o comprimento de
     rios choques das bolinhas com as “pa-                                                    Agradecimentos
                                                  onda da luz do Sol na faixa do visível).
     redes “ do recipiente. Com o “êmbolo”        No espalhamento Rayleigh, a intensi-            Sinceros agradecimentos ao Prof.
     fixo em diferentes posições e aumen-         dade da luz espalhada varia com o in-       Luiz Otávio Fagundes Amaral pelas
     tando-se a intensidade do jato de ar, é      verso da quarta potência do compri-         sugestões e leitura crítica do texto.
     possível verificar o que acontece com        mento de onda da luz incidente (a luz           As ilustrações, gentilmente cedidas
     o “gás” quando a sua temperatura é           espalhada tem o mesmo comprimento           pela Editora UFMG, foram retiradas do
     aumentada.                                                                               livro do autor, Física mais que divertida.
     Desviando filetes d’água: explorando                                                     Eduardo de Campos Valadares (ecampos@dedalus.
     o caráter polar das moléculas de água                                                    lcc.ufmg.br), bacharel em física pela UFMG, mestre
                                                                                              em física pela UNICAMP e doutor em ciências pelo
     Material                                                                                 Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), é
         Balão de festas e filete d’água                                                      docente do Departamento de Física da UFMG.
     (torneira).                                                                               Para saber mais
     Passo a passo                                                                               VALADARES, E.C. Ciência e diversão.
         Esfregue o balão nos cabelos (se-                                                     Ciência Hoje das Crianças, n. 97, p. 23,
     cos). Aproxime o balão do filete.                                                         nov 1999.
         As moléculas da água, devido ao                                                         VALADARES, E.C. Física mais que
     seu caráter polar, serão atraídas pelo                                                    divertida. Inventos eletrizantes baseados
     balão eletrizado. Além do balão pode-                                                     em materiais reciclados e de baixo custo.
                                                                                               Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2000.
     se usar uma régua esfregada em uma
                                                                                                 Na internet: www.fisica.ufmg.br/divertida
     flanela, ou ainda um canudinho de re-
     fresco atritado.
                                                                                               Abstract: Proposals of Low-Cost Experiments Centered on
                                                                                               the Student and the Community – A proposal for the intro-
     Um passo além: o princípio das fibras                                                     duction of low-cost experiments centered on the student and
     ópticas - controle da luz com eletricidade                                                the community is presented in this paper. Their potential to
                                                                                               amplify the motivation, the enthusiasm and the interest for
                                                                                               science and its practical applications is highlighted.
     Material                                                                                  Keywords: low-cost experiments, creativeness, commu-
        Lanterna, embalagem de papelão,           Figura 3: Princípio das fibras óticas.       nity




     QUÍMICA NOVA NA ESCOLA                               Experimentos de baixo custo                                               N° 13, MAIO 2001

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Experimentos de baixo custo quimica

  • 1. ESPAÇO ABERTO + + + + Eduardo de Campos Valadares Neste artigo é apresentada uma proposta de inserção de experimentos de baixo custo no ensino de ciências centrado no aluno e na comunidade. São salientados o seu potencial de ampliar a motivação, o entusiasmo e o interesse pela ciência e suas aplicações práticas. experimentos de baixo custo, criatividade, comunidade Recebido em 20/3/01, aceito em 12/4/01 U m dos grandes desafios atuais logia de ensino de ciências simples, pequenos desafios que permitam avan- do ensino de ciências nas factível e de baixo custo e, mais impor- ços graduais. É de se esperar que tais 38 escolas de nível fundamental e tante ainda, que leve em conta a parti- mudanças levem algum tempo. A inclu- médio é construir uma ponte entre o cipação dos alunos no processo de são de protótipos e experimentos conhecimento ensi- aprendizado. Esta pro- simples em nossas aulas tem sido um nado e o mundo co- A inclusão de protótipos e posta tem sido testada fator decisivo para estimular os alunos tidiano dos alunos. experimentos simples em com sucesso em cur- a adotar uma atitude mais empreende- Não raro, a ausência nossas aulas tem sido um sos de física básica vol- dora e a romper com a passividade que, deste vínculo gera fator decisivo para tados para as licencia- em geral, lhes é subliminarmente apatia e distancia- estimular os alunos a turas em ciências da imposta nos esquemas tradicionais de mento entre os alunos adotar uma atitude mais UFMG e em oficinas de ensino. Os projetos que temos priori- e atinge também os empreendedora e a criatividade oferecidas zado utilizam basicamente materiais próprios professores. romper com a passividade a professores do ensi- reciclados e de baixo custo. Isto torna Ao se restringirem a que, em geral, lhes é no médio e fundamen- os projetos acessíveis a todas as uma abordagem es- subliminarmente imposta tal e ao público em ge- escolas, especialmente aquelas caren- tritamente formal, eles nos esquemas tradicionais ral, incluindo crianças e tes de recursos financeiros. acabam não contem- de ensino adolescentes. Nesta Uma idéia dominante em nossa pro- plando as várias pos- perspectiva, uma maior posta é o uso de protótipos e expe- sibilidades que existem para tornar a aproximação da escola com a comuni- rimentos como instrumentos de desco- ciência mais “palpável” e associá-la dade é também contemplada. berta, que permitem a alunos e profes- com os avanços científicos e tecno- sores desenvolver atitudes científicas em lógicos atuais que afetam diretamente Por um ensino mais participativo contextos relevantes ao nosso dia-a-dia. a nossa sociedade. O nosso ponto de partida é a cons- Temos observado que quanto mais Embora a falta de recursos financei- trução do conhecimento pelos alunos e simples e conceitual é o experimento ou ros e o pouco tempo que os educado- para os alunos, no qual o papel do pro- protótipo, tanto mais instrutivo e atraente res dispõem para conceber aulas mais fessor seja essencialmente o de um faci- ele se torna. Nesta linha de atuação, o atraentes e motivadoras sejam fatores litador do processo pedagógico. Para professor pode e deve instigar seus que contribuam para o cenário do- tanto ele deve ser capaz de gerar um alunos a simplificar os experimentos e minante nas escolas, talvez o obstáculo ambiente favorável ao trabalho em protótipos até reduzi-los a um mínimo mais decisivo seja de natureza cultural. equipe e à manifestação da criatividade em termos de materiais empregados, Neste contexto, propomos uma metodo- dos seus alunos por intermédio de minimizando custos e maximizando o valor pedagógico de cada projeto es- A seção “Espaço aberto” visa abordar questões sobre educação, de um modo geral, que sejam de interesse dos pecífico. Esta estratégia permite aos professores de química. alunos desenvolver novas habilidades e QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Experimentos de baixo custo N° 13, MAIO 2001
  • 2. a capacidade de buscar soluções mo, desvinculado de sua dimensão so- alternativas e mais baratas, que é a ba- cial. A proposta de disponibilizar para a se de grande parte da pesquisa e comunidade experiências pedagógicas desenvolvimento realizados nos labora- inovadoras, desenvolvidas no âmbito da tórios tecnológicos. Deste modo, a es- escola, visa justamente aproximar a es- cola dá uma oportu- cola das necessida- nidade única a seus As feiras de ciências des do público leigo, alunos de vivenciar constituem um bom extremamente curioso concretamente o co- exemplo de atividades e ávido por conheci- nhecimento “construí- voltadas para aumentar a mentos científicos e do” por eles próprios e motivação dos alunos. tecnológicos, desde de internalizar o signi- Entretanto, além de que traduzidos de for- ficado dos conceitos esporádicas, elas são, quase ma lúdica e divertida científicos aplicados a sempre, desvinculadas das (Valadares, 1999). contextos bem-defi- práticas pedagógicas Além disso, o contato nidos. Tudo isso em um adotadas em sala de aula e com o grande público ambiente favorável ao vice-versa contribui de forma mui- desenvolvimento so- to positiva para a auto- cial, científico, tecnológico e pessoal dos estima dos alunos e para o crescimento alunos. cultural da comunidade como um todo, Uma etapa fundamental de nossa contribuindo também para a valorização proposta é a apresentação em sala de social da escola. aula dos trabalhos desenvolvidos pelas equipes de alunos. Com isso eles po- Exemplos de experimentos de baixo dem aperfeiçoar a sua capacidade de custo Figura 1: Redemoinhos de água. se expressar de forma clara, sucinta e Abaixo apresentamos três exem- 39 objetiva, ressaltando o que é essencial, plos de experimentos de baixo custo tendo à mão dispositivos que lhes per- envolvendo materiais reciclados que a posição das garrafas. mitem visualizar as idéias e os concei- ilustram o espírito de nossa proposta. Este experimento permite visualizar tos subjacentes. Vários outros experimentos, incluindo a ocupação do espaço por gases. Ao Um passo posterior é a organização protótipos de robôs, aquecimento so- se criar o redemoinho a vazão da de exposições interativas do acervo lar, foguetes e “discos voadores” garrafa superior para a inferior aumen- desenvolvido no âmbito da escola, (hovercrafts) podem ser encontrados ta, pois o ar pode agora passar de uma voltadas para o grande público. em Valadares (2000). garrafa para a outra, cedendo espaço Da sala de aula para a comunidade para a água. Redemoinhos de água (vórtices): As feiras de ciências constituem um explorando os redemoinhos das pias Átomos em movimento bom exemplo de atividades voltadas pa- Uma analogia macroscópica que ra aumentar a motivação dos alunos. En- Material Duas garrafas PET (Poli Tereftalato permite visualizar o comportamento de tretanto, além de esporádicas, elas são, um gás “ideal”, no qual as interações quase sempre, desvinculadas das de Etileno) de 2 L com tampa, 1 caixi- nha plástica de filme fotográfico entre moléculas são desprezíveis (dis- práticas pedagógicas adotadas em sala tância média entre as moléculas muito de aula e vice-versa. Exposições interati- (encontrada aos montes nas lojas que revelam fotos; converse com o gerente grande, ou seja, gases com baixas vas realizadas em locais públicos, como concentrações) e as colisões são fron- praças, centros comerciais, parques e de uma loja e peça algumas caixas) e canudinhos de refrigerantes. tais, com conservação de energia e eventos sócio-culturais, proporcionam momento linear. aos alunos e à comunidade uma oportu- Passo a passo nidade única de popularizar a ciência e Faça um furo no centro das duas Material suas aplicações de forma lúdica. Nossa tampas, de 1,5 cm a 1,8 cm de diâme- Cinqüenta bolinhas de isopor de 2,5 experiência tem demonstrado que tais tro. Pique uns dois ou três canudinhos, cm de diâmetro, lixeira de plástico com exposições encontram grande recepti- coloque os pedaços dentro de uma furos na parede lateral (de 1,5 cm a vidade junto ao grande público, além de das garrafas e encha-a de água. Ros- 2 cm), através dos quais é possível contribuir para o crescimento pessoal da queie bem as tampas nas duas garra- acompanhar as bolinhas de isopor equipe de alunos e professores envol- fas. Serre o fundo da caixa de filme e (“moléculas”) em movimento, papelão, vida na sua organização. encaixe-a até a metade na tampa da secador de cabelo. Em nosso meio escolar, é muito co- garrafa com água. Encaixe a tampa da Passo-a-passo mum haver uma super-valorização do garrafa vazia na caixa de filme, até que Recorte um disco de papelão um conhecimento, como um fim em si mes- as duas tampas se encostem. Inverta pouco menor que a lixeira (cerca de QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Experimentos de baixo custo N° 13, MAIO 2001
  • 3. de leite ou suco, pedaço de canudinho de onda e a mesma freqüência da luz (2 cm), adesivo instantâneo universal incidente). A origem do céu azul pode (por exemplo, cola Superbonder® ou ser atribuída ao espalhamento Rayleigh, Araldite® super-rápida®). que é mais intenso para comprimentos Passo a passo de onda menores, e à sensibilidade do Faça um furo na caixa, a uns 2 cm olho humano, maior para o azul do que do fundo, com um diâmetro um pouco para o violeta, cujo comprimento de menor que o do canudinho. Introduza onda é ainda menor que o do azul. 0,5 cm de canudinho no furo e use cola Esfregando o balão de festas nos para vedação. Faça uma abertura na cabelos secos (veja experimento an- parte de cima da caixa, o suficiente para terior) você pode atrair o filete d’água encaixar a lanterna. Tampe o canudinho com a luz confinada nele por reflexão com o dedo e encha a caixa com água. total (o princípio da fibra óptica). Em um ambiente escuro, encaixe a lan- Considerações finais terna acesa na abertura superior da cai- xa e tire o dedo do canudinho. Deixe o As idéias aqui expostas têm sido filete de água bater na palma de sua testadas sistematicamente com suces- Figura 2: Átomos em movimento. so. Temos recebido um número cres- mão. Você está demonstrando o prin- cípio de uma fibra ótica (mangueira de cente de convites para organizar ofici- 2 cm de diferença). Faça uma alça de luz), usada cada vez mais em telefonia, nas de criatividade, tanto em escolas papelão e fixe-a no disco (êmbolo). substituindo os fios de cobre. Repita a privadas, que dispõem de infra-estru- Coloque as bolinhas de isopor dentro experiência misturando umas gotas de tura e recursos financeiros, como em da lixeira e tampe-a com o disco. Dire- leite na água e veja o que acontece com escolas públicas, com poucos recur- cione o jato de ar do secador de cabelo a intensidade da luz (espalhamento sos e alunos oriundos de famílias de como indicado e veja o que acontece Rayleigh de luz, produzido por partícu- baixa renda. Isso mostra que, indepen- 40 com as bolinhas. Diminua o volume las de dimensões bem menores que o dentemente da situação econômica e disponível para elas empurrando o comprimento de onda da luz incidente social das escolas, há um nítido inter- êmbolo para dentro. – no caso da atmosfera terrestre, as esse em valorizar o papel da criativi- Este “experimento” permite visuali- moléculas que a compõem são muito dade na educação básica em ciências. zar a pressão como resultado dos vá- menores do que o comprimento de rios choques das bolinhas com as “pa- Agradecimentos onda da luz do Sol na faixa do visível). redes “ do recipiente. Com o “êmbolo” No espalhamento Rayleigh, a intensi- Sinceros agradecimentos ao Prof. fixo em diferentes posições e aumen- dade da luz espalhada varia com o in- Luiz Otávio Fagundes Amaral pelas tando-se a intensidade do jato de ar, é verso da quarta potência do compri- sugestões e leitura crítica do texto. possível verificar o que acontece com mento de onda da luz incidente (a luz As ilustrações, gentilmente cedidas o “gás” quando a sua temperatura é espalhada tem o mesmo comprimento pela Editora UFMG, foram retiradas do aumentada. livro do autor, Física mais que divertida. Desviando filetes d’água: explorando Eduardo de Campos Valadares (ecampos@dedalus. o caráter polar das moléculas de água lcc.ufmg.br), bacharel em física pela UFMG, mestre em física pela UNICAMP e doutor em ciências pelo Material Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), é Balão de festas e filete d’água docente do Departamento de Física da UFMG. (torneira). Para saber mais Passo a passo VALADARES, E.C. Ciência e diversão. Esfregue o balão nos cabelos (se- Ciência Hoje das Crianças, n. 97, p. 23, cos). Aproxime o balão do filete. nov 1999. As moléculas da água, devido ao VALADARES, E.C. Física mais que seu caráter polar, serão atraídas pelo divertida. Inventos eletrizantes baseados balão eletrizado. Além do balão pode- em materiais reciclados e de baixo custo. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2000. se usar uma régua esfregada em uma Na internet: www.fisica.ufmg.br/divertida flanela, ou ainda um canudinho de re- fresco atritado. Abstract: Proposals of Low-Cost Experiments Centered on the Student and the Community – A proposal for the intro- Um passo além: o princípio das fibras duction of low-cost experiments centered on the student and ópticas - controle da luz com eletricidade the community is presented in this paper. Their potential to amplify the motivation, the enthusiasm and the interest for science and its practical applications is highlighted. Material Keywords: low-cost experiments, creativeness, commu- Lanterna, embalagem de papelão, Figura 3: Princípio das fibras óticas. nity QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Experimentos de baixo custo N° 13, MAIO 2001