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Especialização em Aleitamento Materno – Passo 1
Trabalhos de Conclusão de Curso
Coordenação: Profa. Ludmila Tavares Costa Ercolin
Prof. Marcus Renato de Carvalho
Piracicaba, São Paulo
2021
Sumário
Título Trabalho Aluna Página
A IMPORTÂNCIA DA HORA DE OURO E O
PAPEL DA DOULA
Aline Orsi Fogaça de Almeida 1
O IMPACTO DA AMAMENTAÇÃO E DE
OUTRAS FORMAS DE ALEITAMENTO
NA MASTIGAÇÃO E NA SAÚDE DA
CRIANÇA
Aline Pedroni Pereira 4
“MAIS COR, POR FAVOR!”
ATENDIMENTOS DE LACTAÇÃO SOB A
PERSPECTIVA LGBTQIA+
Ana Carolina Lorga Salis 8
EFEITOS DA LUZ ARTIFICIAL NOTURNA
SOBRE A SECREÇÃO DE MELATONINA
MATERNA E CONSEQUÊNCIAS NA
GESTAÇÃO E LACTÂNCIA
Cecília Mercado 14
O ENSINO SOBRE ALEITAMENTO
MATERNO DURANTE A GRADUÇÃO EM
MEDICINA
Cecília Freire de Carvalho Pinton 20
INFLUÊNCIA DAS AVÓS NO
ALEITAMENTO MATERNO
Cristiane Moretti Gouveia 25
A VISÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
DENTRO DA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA NEONATAL FRENTE AS
DIFICULDADES EM PROMOVER O
ALEITAMENTO MATERNO
Deisiane Pessoa da Silva Santos 28
A VISITA DOMICILIAR E O
ALEITAMENTO MATERNO NA
ADOLESCÊNCIA
Flávia Corrêa Porto de Abreu D’
Agostini
31
DIABETES GESTACIONAL: ORDENHA DE
COLOSTRO ANTENATAL COMO FORMA
DE PROMOVER E PROTEGER O
ALEITAMENTO
Flavia Gheller Schaidhauer 34
QUAL A RELAÇÃO DO ALEITAMENTO
MATERNO E A CÁRIE DENTÁRIA? -
REVISÃO DE LITERATURA
Isabella Claro Grizzo 37
ESCOLARIDADE MATERNA E SUA
INFLUÊNCIA NAS TAXAS DE
ALEITAMENTO
Júlia Dias Silvestri Vaz Pinto 41
ALEITAMENTO MATERNO NA
ADOLESCÊNCIA: APOIO À PRÁTICA DE
AMAMENTAÇÃO E PREVENÇÃO AO
DESMAME PRECOCE
Lívia Elisei de Faria 44
MAMANALGESIA VACINAS:
ALEITAMENTO MATERNO COMO ALÍVIO
DA DOR
Márcia Simone de Araújo
Machado Siebert
47
MÉTODO CANGURU E CONTATO PELE A
PELE NO PROCESSO DE LUTO MATERNO
Mariana Cavenage Filó 50
CRECHE AMIGA DA AMAMENTAÇÃO:
PROMOTORA DO ALEITAMENTO
MATERNO EXCLUSIVO E CONTINUADO
Mariana de Campos Chaves 53
LEITE MATERNO CAUSA CÁRIE? Micaela Cardoso 56
A CÁRIE DENTÁRIA E O ALEITAMENTO
MATERNO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA
Nádia Masson 59
DOS DESAFIOS DA INFERTILIDADE AOS
DESAFIOS NO ALEITAMENTO MATERNO
Paula Honorio Marconi Buzatto 62
RESPIRAR: A RELAÇÃO ENTRE A
DURAÇÃO DA AMAMENTAÇÃO E O
PADRÃO RESPIRATÓRIO
Rita de Cássia Olmos Pedroni 65
IMPACTOS DA AMAMENTAÇÃO NOS
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Sissiane Escobar de Souza 67
A IMPORTÂNCIA DA REDE PRIMÁRIA
COMO APOIO NA PRÁTICA DA
AMAMENTAÇÃO
Tatiana do Prado Lima Bonini 70
ANQUILOGLOSSIA E O IMPACTO NA
AMAMENTAÇÃO
Thais Varanda Stocco 73
AMAMENTAÇÃO E A PRÁTICA DO
ACONSELHAMENTO EM TEMPOS DE
PANDEMIA: UM PROJETO DE
AVALIAÇÃO
Virginia Volpato Santichio 77
HORA DE OURO: PROTOCOLOS QUE
PROPICIEM OS BENEFÍCIOS DESTE
MOMENTO NA VIDA DA MÃE E BEBÊ
Vivian Ivon Rosio Montaño Farell
Borsato
80
DESENHO PARA TURMA DE
ALEITAMENTO MATERNO DE
PIRACICABA
Laura Lino 83
HOMENAGEM PARA A TURMA DE
ALEITAMENTO MATERNO DE
PIRACICABA
Profa. Ana Paula Vioto 84
1
A IMPORTÂNCIA DA HORA DE OURO E O
PAPEL DA DOULA
Aline Orsi Fogaça de Almeida1
Resumo
Os primeiros 60 minutos de vida do bebê são muito importante para ele, favorecendo o
vínculo com sua mãe e evitando complicações neonatais. Então, os profissionais que
assistem essa dupla, durante o pré-natal e parto, precisam ser facilitadores e
incentivadores do contato pele a pele e a amamentação na primeira hora, considerando
todos os benefícios imediatos e a longo prazo que essa oportunidade traz para a saúde
do bebê e sua mãe. A doula precisa estar ao dessa mulher e desse bebê apoiando-os para
que a Hora de Ouro aconteça de maneira respeitosa e com a menor intervenção
profissional possível.
Palavras-chaves: Contato pele a pele. Amamentação. Hora de Ouro. Doula
1. INTRODUÇÃO
A hora de ouro, primeiros 60 minutos de vida do bebê, é marcada pela relevância para
o seu crescimento e desenvolvimento proporcionando benefícios imediatos e a longo
prazo em sua saúde (SHARMA et al., 2017; KARIMI et al., 2019).
O Contato Pele a Pele (CPP) e a Amamentação na Primeira Hora (APH) são
práticas simples que desempenham papel importante durante esse período de adaptação
neonatal, fortalecendo o vínculo entre mãe e bebê e evitando complicações neonatais
precoces, como a hipotermia e hipoglicemia neonatais (BRASIL, 2013; NECZYPOR &
HOLLEY, 2017). O contato pele a pele é uma estratégia que, impacta no sucesso da
amamentação, trazendo benefícios que repercutem em todo ciclo da vida da criança
(GUALA et al., 2017).
A literatura revela as repercussões negativas que a privação desse contato materno
provoca nos recém-nascidos. Entre esses o aumento dos níveis de estresse, evidenciado
por choro intenso e prolongado, que poderão comprometer o funcionamento pulmonar, a
pressão intracraniana e o fechamento do forame oval (NECZYPOR & HOLLEY, 2017).
2. O PARTO, A DOULA E A HORA DE OURO
Pós graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo1 – Piracicaba/SP. E-mail:
aline.orsi80@gmail.com
2
O inquérito nacional Nascer Brasil (2014), mostrou números elevados de
separação precoce entre o binômio mãe-bebê quando o tipo de parto foi a cesárea (LEAL
& RANGE, 2014). Fato também observado por outras pesquisas, que revelaram que
mulheres submetidas a cesariana, tem quase três vezes mais risco de não realizar o CPP
com APH. Assim como os RNs nascidos por parto vaginal apresentaram maior prontidão
para dar início a amamentação comparados àqueles nascidos por cesariana, visto que
ficaram mais tempo em contato precoce com a mãe (ALLEN et al., 2019; SACO et al.,
2019).
Mesmo com as estatísticas do alto índice de nascimentos por via cirúrgica, devese
questionar a falta de protocolos que apoiem o CPP nesses casos. Qualquer criança instável
deve ser imediatamente avaliada e estabilizada, contudo, mães e bebês estáveis merecem
experimentar as mesmas práticas humanizadoras que os que passam por parto normal
(PHILLIPS, 2013). Com monitoramento adequado à criança e à mãe, o CPP pode manter-
se ininterrupto.
Uma ampla variedade de profissionais médicos, como enfermeiros obstetras,
doulas, médicos da família, anestesistas e obstetras/ginecologistas podem estar
envolvidos no processo de parto da mulher. É necessária uma comunicação próxima entre
esses profissionais para criar um ambiente de segurança e cuidado centrado na paciente
(HUTCHISON et al., 2021).
Estudos clínicos de significância estatística provam que a participação da doula
facilita o trabalho de parto, incluindo o aumento do parto normal espontâneo, menor
duração do trabalho de parto e redução do parto cesáreo e parto vaginal instrumental e do
uso de qualquer analgesia, além de redução dos sentimentos negativos relacionados a
experiência do parto (KOZHIMANNIL et al., 2016; HODNETT et al., 2017). Incentivar
o contato pele a pele na primeira hora e a amamentação o mais breve possível, respeitando
as condições biológicas e socias do bebê e da mãe, também são atividades que a doula
pode ter durante a assistência ao parto.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a importância da Hora de Ouro e seu impacto na vida do bebê e sua
mãe, todos os profissionais (médicos, enfermeiros, doulas) que assistem esse momento
precisam favorecer e incentivar o encontro dessa díade. Esse apoio será fundamental para
facilitar o encontro prazeroso entre mãe e bebê. As doulas podem iniciar a conversa com
a mulher sobre os benefícios da Hora de Ouro desde o pré-natal e na Hora de Ouro serem
apoio técnico e emocional a fim de apoiar e proteger essa hora.
4. REFERÊNCIAS
ALLEN J, PARRATT JA, ROLFE MI, HASTIE CR, SAXTON A, FAHY KM.
Immediate, uninterrupted skin-to-skin contact and breastfeeding after birth: a
crosssectional electronic survey. Midwifery [Internet]. 2019
BRASIL, Ministério da Saúde. Além da sobrevivência: Práticas integradas de atenção ao
parto, benéficas para a nutrição e a saúde de mães e crianças. [Internet] Brasília, DF(BR);
3
2013 » https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-
content/uploads/2019/06/alem_sobrevivencia_praticas_integradas_atencao.pdf
GUALA A, BOSCARDINI L, VISENTIN R, ANGELLOTTI P, GRUGNI L,
BARBAGLIA M, et al. Skin-to-skin contact in cesarean birth and duration of
breastfeeding: a cohort study. Sci World J [Internet]. 2017
HODNETT ED et al. “Continuous support for women during childbirth.” Cochrane
Database of Systematic Reviews, jul 7(7), 2017.
HUTCHISON J, MAHDY H, HUTCHISON J. Stages of labor. Treasure Island (FL):
StatPearls Publishing, Jan, 2021.
KARIMI FZ, SADEGHI R, MALEKI-SAGHOONI N, KHADIVZADEH T. The effect
of mother-infant skin to skin contact on success and duration of first breastfeeding: A
systematic review and meta-analysis. Taiwan J Obstet Gynecol [Internet]. 2019
KOZHIMANNIL KB, HARDEMAN RR. “Modeling the Cost-Effectiveness of Doula
Care Associated with Reductions in Preterm Birth and Cesarean Delivery.” Birth,
Volume 43, Issue 1, 2016.
LEAL MC, RANGE SGN. Born in Brazil. Thematic executive research summary.
National Survey on Childbirth and Birth. [Internet] Rio de Janeiro, RJ(BR): Fundação
Oswaldo Cruz; 2014 »
http://www.ensp.fiocruz.br/portalensp/informe/site/arquivos/anexos/nascerweb.pdf
NECZYPOR JL, HOLLEY SL. Providing evidence-Based care during the Golden hour.
Nurs Womens Health [Internet]. 2017
PHILLIPS R. The sacred hour: Uninterrupted Skin-to-Skin Contact Immediately After
Birth. Newborn Infant Nurs Rev [Internet]. 2013
SHARMA D, SHARMA P, SHASTRI S. Golden 60 minutes of newborn’s life: Part 2:
Term neonate. J Matern Fetal Neonatal Med [Internet]. 2017
4
O IMPACTO DA AMAMENTAÇÃO E DE OUTRAS
FORMAS DE ALEITAMENTO NA MASTIGAÇÃO
E NA SAÚDE DA CRIANÇA
Aline Pedroni Pereira1
Resumo
A amamentação desempenha importante papel no desenvolvimento orofacial do bebê,
favorecendo e preparando o organismo para a mastigação. Em contrapartida, diferentes
formas de aleitar podem comprometer o funcionamento do sistema estomatognático,
prejudicando assim a qualidade da função mastigatória e as preferencias alimentares da
criança. Essas consequências podem trazer prejuízos a longo prazo e favorecer doenças
sistêmicas.
Palavras chaves: Amamentação. Função mastigatória. Desenvolvimento orofacial.
INTRODUÇÃO
Muitos benefícios relacionados à saúde infantil foram atribuídos a amamentação,
que desempenha importante papel no desenvolvimento das estruturas faciais do bebê e
pode ser considerada um fator de proteção contra o estabelecimento de maloclusões, além
de contribuir para o funcionamento fisiológico do sistema estomatognático e ser
responsável pela respiração, deglutição, sucção, mastigação e articulação da fala
(CARVALHO et al, 2021). Os músculos envolvidos na amamentação, especialmente o
masseter, são os mesmos músculos que posteriormente (a partir dos 6 meses) irão realizar
a mastigação (GOMES et al, 2006). Portanto, a mastigação continua esse processo de
estimulação orofacial e quando realizada corretamente, desempenha um papel juntamente
com os aspectos genéticos e ambientais, para a estabilidade da oclusão dentária,
funcionalidade e equilíbrio do sistema estomatognático (PIRES et al, 2012).
Apesar dos benefícios da amamentação para o preparo dos músculos mastigatórios,
outras formas de sucção, como aquelas envolvidas na mamadeira e no uso de chupeta,
produzem diferentes estímulos, que podem comprometer e alterar o desenvolvimento
motor e a posição e força das estruturas estomatognáticas, com impacto prejudicial nas
funções orais, incluindo a mastigação (CARRASCOZA et al, 2006).
A mastigação é um processo aprendido. Portanto, a hipótese é que, uma musculatura
alterada por outras formas de sucção, ou mesmo não trabalhada anteriormente pela
amamentação, pode desencadear uma situação facilitadora para um ato mastigatório
ineficiente e com menor estímulo mioneural e levar a uma escolha alimentar inadequada,
favorecendo fatores de risco para outras doenças sistêmicas.
DESENVOLVIMENTO
1 Pós-graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo1, pólo Piracicaba. Email:
alinepedroni@hotmail.com
5
Um dos inúmeros benefícios que a amamentação traz para o longo prazo, é o
desenvolvimento motor oral, através da movimentação intensa dos lábios, língua,
mandíbula, maxila e bochecha. Os movimentos mandibulares envolvidos na extração do
leite materno, fornecem estímulos para o crescimento da articulação temporomandibular,
favorecendo o crescimento e desenvolvimento harmonioso da face (SANCHES, 2004).
Por outro lado, o uso de bicos artificiais, que podem ocorrer simultânea ou separadamente
a amamentação, têm um efeito negativo na função motora oral das crianças, por alterarem
o padrão da musculatura perioral e não estimularem a articulação temporomandibular e,
consequentemente o crescimento da mandibula. Vários estudos relacionaram a influência
negativa desses dispositivos na função mastigatória (CARRASCOZA et al, 2006).
Estudo coorte realizado em 2012, encontrou que, os efeitos da amamentação e uso de
mamadeira ou chupeta na função mastigatória eram independentes, ou seja, mesmo que
as crianças usassem mamadeiras e/ou chupetas, a amamentação ainda tem um impacto
positivo sobre a mastigação. Isso significa que a função mastigatória de crianças que
foram alimentadas com bicos artificiais, seria ainda mais fortemente afetada sem os
movimentos musculares estimulantes da mastigação proporcionados pela sucção no peito
(PIRES et al, 2012).
De acordo com as atuais recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS)
e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), os trabalhadores da saúde
devem proteger, promover e apoiar o aleitamento materno exclusivo até 6 meses e sua
continuação até os 2 anos de idade ou mais. Entretanto, o aleitamento materno exclusivo
não é uma opção viável para todos por diversos motivos. Recém-nascidos que precisam
de suplementação por razões médicas precisam ser alimentados com um método
alternativo. O aleitamento por copo é visto, na maioria das situações, como um método
superior a outros métodos de alimentação de lactentes (NYQVIST e UWE, 2006). Gomes
e colaboradores (2006) fizeram uma análise detalhada de dados eletromiográficos dos
músculos masseter, temporal e bucinador em bebes alimentados por copo e mamadeira.
Maiores semelhanças entre bebês alimentados ao peito e por copo foram encontradas,
reforçando a hipótese da "confusão de bicos" em bebês após exposição à alimentação por
mamadeira.
Pires e colaboradores (2012) detectaram uma associação significativa entre
manutenção da amamentação por 12 meses ou mais e função mastigatória superior. Em
contrapartida, o uso de chupeta e mamadeira foram associados a uma redução nos escores
da função mastigatória. O estudo concluiu que a amamentação tem um impacto positivo
na mastigação, uma vez que a duração da amamentação foi positivamente associada à
qualidade da função mastigatória, garantindo estímulos funcionais para um adequada
crescimento e desenvolvimento facial.
A frequência da substituição do aleitamento materno, oferecido em mamadeiras e,
geralmente, associada à chupeta, promove o desmame e pode postergar a introdução de
diferentes texturas e consistências à criança, especificidades alimentares importantes no
desenvolvimento sensório motor oral (ARAÚJO et al., 2007).
A mastigação é o primeiro estágio do processo digestivo, que também envolve
estímulos sensoriais relacionados ao sabor e ao prazer de comer. Pessoas com uma função
mastigatória ineficiente deglutem grandes partículas de alimento ou alteram sua dieta.
Podendo resultar no decréscimo da absorção de nutrientes e ingestão não balanceada de
alimentos, pelo consumo preferencial de alimentos mais macios e fáceis de serem
mastigados, como os industrializados, em detrimento dos ricos em fibras e nutrientes, que
necessitam uma maior eficiência mastigatória (FRIEDLANDER et al., 2007). A
capacidade tampão de um alimento bem mastigado também é significativamente maior
do que de um alimento parcialmente ou não mastigado. Um alimento sólido permanece
6
mais tempo no estômago do que um de consistência mais líquida. Essa dieta prejudicada
pode então aumentar o risco de distúrbios gastrointestinais e de doenças relacionadas a
carências nutricionais (BUDTZ-JORGENSEN et al., 2000). Estudos também
encontraram que alterações no comportamento mastigatório e maior dificuldade para
realizar a função estão associados a indivíduos com sobrepeso e obesidade
(PEDRONIPEREIRA, 2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fica claro que o aleitamento materno tem uma função importante no
desenvolvimento motor oral da criança, favorecendo uma boa função mastigatória, e
consequentemente melhores escolhas alimentares no futuro, contribuindo para a
diminuição de diversas doenças sistêmicas. E, o uso de bicos artificiais tem efeito
contrário e foi associado a um menor desempenho da função mastigatória.
REFERÊNCIAS
BUDTZ-JORGENSEN et al. Sucessful aging – the case for prosthetic therapy. J Public
Health Dent. 2000.
CARRASCOZA K. C. et al., Consequences of bottle-feeding to the oral facial
development of initially breastfed children. J Pediatr (Rio J). 2006.
CARVALHO, Wendel Chaves et al. As repercussões da amamentação e do uso de
bicos artificiais na função estomatognática e na saúde sistêmica do bebê nos
primeiros mil dias de vida: Uma revisão bibliográfica. Research, Society and
Development 10.10. 2021.
DE ARAUJO C. M. et a. Aleitamento materno e uso de chupeta: repercussões na
alimentação e no desenvolvimento do sistema sensório motor oral. Revista Paulista
de Pediatria 25.1. 2007.
FRIEDLANDER A. H. et al. Metabolic syndrome: pathogenesis, medical care and
dental implications. JADA. 2007
GOMES, CS et al. Surface electromyography of facial muscles during natural and
artificial feeding of infants. J Pediatr (Rio J). 2006.
NYQVIST, K. H. and UWE E. Surface electromyography of facial muscles during
natural and artificial feeding of infants: identification of differences between breast,
cup-and bottle-feeding. 2006.
PEDRONI-PEREIRA A. et al, Chewing in adolescents with overweight and obesity:
An exploratory study with behavioral approach. Appetite 107. 2016.
PIRES, S. C. et al. Influence of the duration of breastfeeding on quality of muscle
function during mastication in preschoolers: a cohort study. BMC Public Health.
2012.
7
SANCHES M. T. Clinical management of oral disorders in breastfeeding. J Pediatr
(Rio J). 2004.
8
“MAIS COR, POR FAVOR!” ATENDIMENTOS DE
LACTAÇÃO SOB A PERSPECTIVA LGBTQIA+
Ana Carolina Lorga Salis1
Resumo
A população LGBTQIA+ encontra-se desamparada quanto ao atendimento de seus
direitos, incluindo o acesso aos espaços de saúde. A partir da iminente necessidade de
formação de profissionais de saúde preparados para atender essa população, esse
trabalho apresenta uma alusão a um modelo de cuidado inclusivo e integral de
atendimento, de maneira que deixemos as portas abertas às novas configurações
familiares, para que se sintam aceitas, acolhidas e respeitadas ao adentrarem nos
espaços de saúde e atendidas e apoiadas ao término dos atendimentos. A escassez de
estudos sobre a temática LGBTQIA+ na área de saúde e a carência da literatura
brasileira a respeito acarretam um consequente impacto negativo na assistência a essa
população que demanda particularidades médicas, culturais e sociais.
Palavras-chave: LGBT, Inclusivo, Amamentação, Integral, Saúde.
1 INTRODUÇÃO
A população LGBTQIA+ tem seus direitos humanos básicos agredidos, e muitas
vezes se encontra em situação de vulnerabilidade. Diante dessa realidade, esse trabalho
tem o intuito de fornecer referências àqueles que cuidam ou virão a cuidar, de familias
LGBTQIA+, que muitas vezes deixam de buscar atendimento ou de revelar suas
identidades de gênero e/ou orientações sexuais aos cuidadores de saúde, por serem vítimas
da cis-heteronormatividade desses ambientes.
O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo (TRANS MURDER MONITORING,
2021), mesmo reconhecendo o absolutismo desse dado, o fato é que milhões de vidas são tiradas
pelo simples motivo de não adequação de gênero e/ou identidade sexual. Aqui ocorre uma morte
LGBT a cada 23 horas (GGB, 2020), uma pessoa LGBT é agredida a cada hora (GGB, 2020) e
a expectativa de vida das travestis e transexuais é de 35 anos (ANTRA, 2018), mostrando a
vulnerabilidade dessas pessoas e tornando ainda mais importante nosso papel no acolhimento e
apoio a sua luta dentro de nossos consultórios e hospitais.
Pós-graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo 1, polo Piracicaba. E-mail:
calorgasalis@gmail.com
9
2 FAMÍLIAS LGBTQIA+ E AMAMENTAÇÃO
Para que possamos oferecer um atendimento digno e respeitoso, inicialmente
devemos nos familiarizar com terminologias referentes a identidades de gênero (cis ou
transgênero), expressões de gênero (feminino, masculino, não binário, andrógino), sexos
biológicos (feminino, masculino, intersexo e nulo), orientações sexuais (homossexual,
bissexual, heterossexual, pansexual, assexual), além de temáticas específicas e
terminologias próprias, tais como “chestfeeding” (dar o peito ou amamentar no tórax),
nome social , papel parental e escolha de pronomes (ele/dele, ela/dela) e compreender que
possuem necessidades médicas específicas (p.ex: saúde reprodutiva, tratamentos
hormonais) (SAULO, 2021).
Famílias LGBT, assim como outras, precisam de acesso a suportes tradicionais de
lactação, com escuta empática, consideração, respeito, liberdade de expressão,
atendimento atualizado e competência. As principais demandas que encontramos como
consultores de lactação dos indivíduos LGBTQIA+ são atendimento pré-natal
(informação, preparo e entrosamento), co-lactação (duas mães, homem trans com mulher
trans, mulher cis com mulher trans, homem cis com homem trans...), indução da lactação
(homens ou mulheres trans, mães adotivas, barriga solidária...) e cessação da lactação para
aqueles que não desejam amamentar.
Estamos falhando diariamente no cuidado dessas pessoas. Um profissional
despreparado pode esmaecer ainda mais quem já se encontra em condição de
vulnerabilidade. Discriminação afeta a qualidade da atenção, piora a acurácia diagnóstica,
fidelidade do paciente e adesão terapêutica. Precisamos trabalhar contínua e arduamente
pela equidade e normalização de preceitos e particularidades LGBTQIA+.
“A minha maior conquista se transformou na minha doença. E ironicamente,
quem foram os principais responsáveis pelo meu adoecimento? Pessoas que
curam. Pessoas que deveriam curar” (Relato de uma bicha carbonizada,
AMORIM G, rede social. Livro: Saúde LGBTQIA+, 2021, p.103).
A saúde de uma população é afetada pela qualidade do apoio que recebe. Pressões
surdas e mudas, iniquidades e desigualdades em saúde podem levar a desafios
intransponíveis e resultados devastadores.
Se nossa preocupação principal, como consultores de lactação, é o futuro das
crianças, faz-se necessário que saibamos que elas escorregam muito bem nesse arco-íris
e que, de nós esperam apenas aceitação, apoio e acolhimento.
“Crianças criadas por pais LGBT são bem ajustadas e saudáveis, nessas famílias
as crianças prosperam.” (TASKER, 2015).
Isto posto, e considerando que essa população vem crescendo em número e
representatividade, nós profissionais da saúde podemos criar condições e desenvolver
habilidades em nossas condutas de maneira que os convidemos a entrar, apuremos nossos
olhares sobre suas particularidades e evitemos equívocos em suas abordagens, mitigando
sofrimentos e equalizando atendimentos. (ver APÊNDICE).
10
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A falta de informação gera discriminação, atendimentos desatualizados, incompletos
e muitas vezes situações de violências. Vivências de hostilidade e desrespeito afastam essas
pessoas dos serviços de saúde, o que pode ser ainda mais grave quando somado a outros
fatores de vulnerabilidade, com destaque para grupos populacionais de negros, deficientes,
pobres, imigrantes, prostitutas, entre outros.
Posto isso, sigamos aprendendo e ensinando para que cada dia mais estejamos
preparados para respeitar sem julgar e responder a demanda de saúde de TODAS AS
PESSOAS. VAMOS COLORIR NOSSOS ATENDIMENTOS, POLÍTICAS
PÚBLICAS, REDES SOCIAIS, CAMPANHAS E BIBLIOTECAS. “MAIS COR, POR
FAVOR!”
4 REFERÊNCIAS
ANTRA, Associação Nacional de Travestis e Transexuais, disponível em
www.antrabrasil.org.
ASSOCIATION OF ONTARIO MIDWIVES, Tip Sheet – Providing Care to “Trans
Men and All Masculine Spectrum” Clients, 2016, disponível em
www.genderminorities.com.
CIASCA, Saulo, et al. Saúde LGBTQIA+: práticas de cuidado transdisciplinar.
Editores: Saulo Vito Ciasca, Andrea Hercowitz, Ademir Lopes Junior. Santana de Paraíba
(SP). Manole, 2021.
FERRI, Rita, et al. Lactation Care for Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender, Queer,
Questioning, Plus Patients. Breastfeed Med. 5(15): 284-293. Maio de 2020.
GGB – Levantamento Grupo Gay da Bahia, 2020. Disponível em www.ggb.org.br.
GRANT Jaime, et al. Injustice at Every Turn: A Report of the National Transgender
Discrimination Survey. Washington: National Center for Transgender Equality and
National Gay and Lesbian Task Force, 2011. Disponível
em https://transequality.org/sites/default/files/docs/resource/NTDS_Report.pd
“MAIS COR, POR FAVOR” – nome de programa do canal GNT, desde janeiro de 2016.
REISMAN Tamar, Goldstein Zil. Case report: Induced lactation in a transgender woman.
Transgender Health, Nova Iorque, 3: 24–26. Janeiro de 2018
TASKER, Fiona. Lesbian Mothers, Gay Fathers, and Their Children: a Review. Journal of
Developmental & Behavioral Pediatrics, Londres, 26:224–240. Junho de 2005.
TRANS MURDER MONITORING, novembro de 2021.
Disponível em www.transrespect.org.
11
5 APÊNDICE
SUGESTÃO DE MODELO DE ATENDIMENTO INCLUSIVO PARA FAMÍLIAS LGBTQIA+
1) Conhecer terminologias próprias dessa população e ter consciência da fluidez desses
termos, mantendo-nos sempre atualizado a respeito.
2) Conhecer as particularidades médicas e sociais dessa população (por exemplo:
homens gestantes e lactantes e suas implicações).
3) Usar o pronome (ele/dele, ela/dela), nome (registro/social, caso escolham o social não
precisamos questioná-los sobre seus nomes de registro) ou papel parental (“Como
gostaria que seu bebê te chamasse?”) escolhidos pela pessoa ao se referir a ela. Não
pressupor o gênero da pessoa pela aparência, somente a própria pessoa pode lhe dar
essa informação (“Olá! Como estão? Me chamo Ana e podem se referir a mim com
o pronome feminino. E com vocês? Que pronome devo usar?”). Alguns homens trans
podem parecer mulheres, enquanto algumas pessoas que podem parecer muito
masculinas, se identificam como “mulher”. Erros podem ocorrer, mas devemos nos
desculpar, após corrigi-los.
4) Colocar o pronome que gostaria que fosse usado para você ao se apresentar, no início
dos atendimentos ou escritos após o seu nome no WhatsApp, Instagram, formulários
(exemplo: Ana C. Lorga Salis - ela/dela). Essa pode ser uma maneira virtual de apoio
e de se mostrar aberto a esse tipo de atendimento.
5) Treinar toda equipe para um atendimento inclusivo e respeitoso (atendentes do
estacionamento, secretárias, assistentes, enfermeiros, médicos). O membro da equipe
que tem o primeiro contato com clientes potenciais deve estar ciente de que algumas
pessoas procuram nossos atendimentos para ajudar na lactação, não se identificam
como “mulheres” e que podem preferir ser tratados por nomes diferentes dos nomes
que aparecem em seus cartões de saúde.
6) Durante atendimento a essa população evite usar termos do tipo “mulheres”, “mães”,
“materna”, “Senhora” e pratique falar sobre “pessoas grávidas”, “cuidadores”,
“lactante”, “leite humano”, “gestante”.
7) Quando se referir ao público em geral, usar frases do tipo: - “Boa noite a todas as
pessoas aqui presentes!”, “A pessoa (indivíduo) que amamenta…”, “Todas as pessoas
que gestam...”, “Dar o peito…”, “O leite humano…”. E talvez pensarmos em incluir
os homens que amamentam, em nossas campanhas mundiais de amamentação,
mudando termos do tipo “Semana Mundial de Aleitamento Materno” para ‘Semana
Mundial do Aleitamento Humano”, uma vez que fica perceptível o desconfortáveis
desses PAIS com o termo “MATERNO”, devido à sua falta de inclusão e à disforia
de gênero que essa palavra pode gerar nesses indivíduos.
8) Ter formulários e prontuários com linguagem inclusiva (trocar “mãe” e “pai” por
“responsáveis”, usar “pessoa que amamenta”, ao invés de “mãe”) e pulseiras de
identificação adequadas ao gênero e papel parental informado pelas pessoas que irão
vesti-las.
12
9) Certificar-se de que todas as perguntas são necessárias para um atendimento
adequado. Explicar por que tais perguntas são relevantes. Pessoas trans são
frequentemente sujeitas a perguntas desnecessárias de curiosos.
10) Não pressupor que a pessoa deseja amamentar. É sempre preferível perguntar, usando
perguntas abertas (“Como estão pensando em alimentar o bebê?”, “O que sabem
sobre indução da lactação?”), sobretudo homens trans que não passaram por cirurgia
de remoção da glândula mamária, uma vez que a decisão de não amamentar pode ser
baseada em razões fisiológicas ou de saúde mental. Nesses casos, oferecer
informações sobre cessação de produção de leite.
11) Confidencialidade pode ser fundamental para essa população. Perguntar sobre como
gostariam que essas questões fossem tratadas. Alguns/algumas pacientes podem
querer um tratamento diferente quando em ambientes não privados.
12) Ornamentar o espaço de saúde com pelo menos um item capaz de mostrar que somos
seus apoiadores e capazes de atendê-los (exemplo: almofada arco-íris, adesivos
coloridos, placa/quadro com dizeres inclusivos). Essa é uma forma sutil e impactante
de reconhecêlos. Uma simples caneca arco-íris pode tornar o ambiente mais
receptivo.
13) Colocar placas inclusivas nas portas dos banheiros dos estabelecimentos de saúde
(“unissex”, “todos os gêneros”) ou deixá-las sem placa de referência ao sexo
(“banheiro”). O acesso ao banheiro costuma ser muito estressante para quem não se
encaixa perfeitamente nas normas de gênero masculino ou feminino.
14) Evitar suposições relacionadas aos parceiros/as do/a paciente. Homens e mulheres
trans, assim como todas as pessoas, podem ter qualquer orientação sexual (por
exemplo: mulher trans homossexual que se relaciona com outra mulher cis ou trans).
15) Estar ciente de que homens trans podem se sentir desconfortáveis no exame físico da
mama. Usar a palavra “tórax”, ao invés de “mama”, e pedir licença antes de tocá-los
pode minimizar seu incômodo.
16) Tratar de todos os assuntos necessários com naturalidade e respeito, nunca de maneira
pejorativa.
17) Entender que amamentação cruzada acontece somente quando o bebê é amamentado
por uma pessoa que não ocupa o papel parental naquela família.
18) Dar igual atenção, direitos e importância à mãe não gestante (no caso de duas mães).
Essas mães costumam se sentir invisíveis e muitas vezes são tratadas como pai.
19) Tal como acontece com todas as pessoas, realizar o rastreio de sintomas de ansiedade
e depressão. A saúde mental pode ser um tema de maior destaque para essa
população.
20) Estar ciente sobre sentimentos negativos ou desconfortos, nossos ou de funcionários
das instituições de saúde, relacionado à essas pessoas. Somente após reconhecer
nossos preconceitos, será possível desconstruí-los. Existe uma ansiedade social
13
baseada na suposição de que as pessoas LGBT são pais inadequados. Informar-nos a
respeito pode ajudar nessa reconstrução.
21) Oferecer uma lista de grupos de apoio para essa população, assim como de
profissionais “LGBT apoiadores”.
14
EFEITOS DA LUZ ARTIFICIAL NOTURNA
SOBRE A SECREÇÃO DE MELATONINA MATERNA E
CONSEQUÊNCIAS NA GESTAÇÃO E LACTÂNCIA
Cecilia Mercado1
Resumo
Neste trabalho é ressaltada importância da melatonina materna como modulador do ritmo
circadiano do bebê, mas também como um hormônio essencial para a manutenção fetal e
homeostase placentária e uterina. Atuando sobre os genes relógio que tem papeis
importantes na fisiologia reprodutiva e orgânica materna e do bebê. A exposição exagerada
a contaminação luminosa é um fator que pode alterar fortemente todos estes processos
dependentes da melatonina.
Palavras chave: Melatonina (ML), crononutrição, Luz artificial noturna (LAN),
cronodisrupção, gestação e lactância, dispositivos eletrônicos auto luminosos (DEA)
1. INTRODUÇÃO
Atualmente a LAN e uso de DEAs está completamente naturalizado. A pandemia de
covid19 trouxe mudanças comportamentais como adoção do teletrabalho, aulas on-line,
incrementando a exposição as telas de DEAs. O objetivo do trabalho é informar sobre
alternativas para evitar disrupcões no marca-passo circadiano em gestante-feto e lactante, e
promover o melhor desenvolvimento e evitar alterações comportamentais e metabólicas
futuras.
Para tal, é importante a compreensão sobre a Melatonina que é um hormônio
sintetizado e secretado a noite na glândula pineal estimulada pela região do cérebro chamado
núcleo supraquiasmático no hipotálamo (APÊNDICE 1).
1 Pós graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo 1 pólo Piracicaba; email:
doccecim1512@gmail.com
15
É regulador central do relógio circadiano (RC), sensível a sinais claro/escuro
percebidos na retina pelos fotorreceptores de melanopsina nas células retinais ganglionares,
reagindo a luz com longitudes de onda curta correspondente a faixas dentre 420-600nm com
pico de absorção nos 446-447nm (BRENNAN, & LYONS, 2007).
2. REGULAÇÃO DO RC E O EFEITO SO O LEITE MATERNO (LM)
A secreção de ML endógena é rítmica tendo o pico de secreção entre as 2/3hs (QIN
et.
al., 2019). A secreção da ML no LM apresenta ritmo diário similar, sincronizando com os
ritmos do bebé. No final da gravidez a gestante exibe uma mudança incremental de ML
noturna endógena, preparando o feto para o nascimento. Embrião e feto dependem da ML
transplacentária para o correto desenvolvimento (ASTIZ & OSTER, 2021). O LM é
considerado um “crononutriente”. O nível de ML materna alcança seu pico no colostro
decrescendo no leite de transição e no leite maduro progressivamente) (APÊNDICE 2) (QIN
et. al., 2019). A ML sérica de RN adquire ritmicidade com 2-3 meses (BRENNAN, &
LYONS, 2007; McCARTHY et. al., 2019).
3. CRONODISRUPÇÃO E CONSEQUÊNCIAS
A LAN é uma das principais causantes do desacople entre o RC endógeno com o ciclo
externo claro-escuro. DAEs emitem radiação luminosa em cumprimentos de onda próximas
do pico de sensibilidade para a ML (luz azul, 470nm) sendo causal da cronodisrupção
(WOOD et. al., 2013; CHO et. al., 2015; DOMINONI et. al., 2016). ML é marca-passos
central que regula e sincroniza os relógios periféricos de outros órgãos (BEDROSIAN &
NELSON, 2017). O desbalanço da rede hormonal pode causar transtornos que afetam funções
neurológicas e comportamentais, endocrinológicas e metabólicas, cardiovasculares (tanto em
gestastes quanto em fetos e RN) e reprodutivas e imunológicas (APÊNDICE 1)
(SCHEIERMANN et. al., 2013; CIPOLLA-NETO et. al., 2014; McCARTHY et. al., 2019;
HAHN-HOLBROOK et. al., 2019; GUNATA et.al., 2020; GOMBERT & CODOÑER-
FRANCH, 2021).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na revisão são feitas as seguintes recomendações: 1-Extração diferenciada
16
(diurna/noturna) e rotulagem do LM ordenhado para a doação aos Bancos de Leite Humanos
(BLH); 2- Leite e formulações industriais que contenham dosagem de ML e rotulagem
adequadas reguladas pela ANVISA para melhorar uso terapêutico ou nutricional; 3-Uso de
filtros protetores para telas para mães expostas a luz noturna. Criar uma rotina de sono que
respeite horários de claro/escuro; 4- UTIs neonatais devem considerar o uso de infraestrutura
com iluminação ambiental amiga da MLe favorecer partos no horário noturno, no escuro ou
com luz tênue ou levemente vermelha (McCARTHY et al., 2019; HAZELHOFF et al., 2021);
5- promover consumo de alimentos que sejam ricos em triptofano e ML.
5. REFERÊNCIAS
1. Astiz, Mariana, & Henrik Oster. 2021. “Feto-Maternal Crosstalk in the Development
of the Circadian Clock System”. Frontiers in Neuroscience 14 (janeiro): 631687.
2. Bedrosian, T A, & R J Nelson. 2017. “Timing of Light Exposure Affects Mood and
Brain Circuits”. Translational Psychiatry 7 (1): e1017–e1017.
3. Brennan, R, J E Jan, & C J Lyons. 2007. “Light, Dark, and Melatonin: Emerging
Evidence for the Importance of Melatonin in Ocular Physiology”. Eye 21 (7): 901–
8.
4. Cho, YongMin, Seung-Hun Ryu, Byeo Ri Lee, Kyung Hee Kim, Eunil Lee, & Jaewook
Choi. 2015. “Effects of Artificial Light at Night on Human Health: A Literature
Review of Observational and Experimental Studies Applied to Exposure
Assessment”. Chronobiology International 32 (9): 1294–1310.
5. Cipolla-Neto, J., F. G. Amaral, S. C. Afeche, D. X. Tan, & R. J. Reiter. 2014.
“Melatonin, Energy Metabolism, and Obesity: A Review”. Journal of Pineal
Research 56 (4):
6. Dominoni, Davide M., Jeremy C. Borniger, & Randy J. Nelson. 2016. “Light at Night,
Clocks and Health: From Humans to Wild Organisms”. Biology Letters 12 (2):
20160015.
7. Gombert, Marie, & Pilar Codoñer-Franch. 2021. “Melatonin in Early Nutrition:
LongTerm Effects on Cardiovascular System”. International Journal of Molecular
Sciences 22 (13): 6809.
8. Gunata, M., H. Parlakpinar, & H.A. Acet. 2020. “Melatonin: A Review of Its Potential
Functions and Effects on Neurological Diseases”. Revue Neurologique 176 (3): 148–
65.
9. Hahn-Holbrook, Jennifer, Darby Saxbe, Christine Bixby, Caroline Steele, & Laura
Glynn.
17
2019. “Human Milk as ‘Chrononutrition’: Implications for Child Health and
Development”. Pediatric Research 85 (7): 936–42.
10. Hazelhoff, Esther M., Jeroen Dudink, Johanna H. Meijer, & Laura Kervezee. 2021.
“Beginning to See the Light: Lessons Learned From the Development of the
Circadian System for Optimizing Light Conditions in the Neonatal Intensive Care
Unit”. Frontiers in Neuroscience 15 (março): 634034.
11. McCarthy, Ronald, Emily S. Jungheim, Justin C. Fay, Keenan Bates, Erik D. Herzog, &
Sarah K. England. 2019. “Riding the Rhythm of Melatonin Through Pregnancy to
Deliver on Time”. Frontiers in Endocrinology 10 (setembro): 616.
12. Qin, Yishi, Weiyang Shi, Jialu Zhuang, Yu Liu, Lili Tang, Jun Bu, Jianhua Sun, e Fei
Bei.
2019. “Variations in Melatonin Levels in Preterm and Term Human Breast Milk
during the First Month after Delivery”. Scientific Reports 9 (1): 17984.
13. Scheiermann, Christoph, Yuya Kunisaki, & Paul S. Frenette. 2013. “Circadian Control
of the Immune System”. Nature Reviews Immunology 13 (3): 190–98.
14. Wood, Brittany, Mark S. Rea, Barbara Plitnick, & Mariana G. Figueiro. 2013. “Light
Level and Duration of Exposure Determine the Impact of Self-Luminous Tablets
on Melatonin Suppression”. Applied Ergonomics 44 (2): 237–40.
18
APÊNDICES:
APÊNDICE 1
19
Figura.1 Efeito da cronodisrupção mediada por LAN sobre a fisiologia no Gestante e na
Lactação APÊNDICE 2
Figura 2. A) Concentrações de ML no relógio Circadiano. Concentrações de ML noturna na
Gestação B) Concentração Noturna de ML no leite materno para primeiro mês de vida de
bebês pre-termo e termo.
20
O ENSINO SOBRE ALEITAMENTO MATERNO
DURANTE A GRADUÇÃO EM MEDICINA
Cecília Freire de Carvalho Pinton1
Resumo
Este estudo discute sobre a necessidade de se abordar de maneira mais aprofundada e
estruturada o tema Aleitamento Materno durante o curso de graduação em medicina. Destaca
a importância do atendimento qualificado do profissional médico para a proteção, promoção
e apoio ao aleitamento materno e sua manutenção. Este artigo resulta de uma pesquisa
realizada pela autora a partir dos estudos abordados na Pós-graduação em Aleitamento
Materno pelo Instituto Passo 1.
Palavras-chave: Aleitamento materno. Amamentação. Educação médica.
1 INTRODUÇÃO
O Aleitamento Materno (AM) exclusivo até os 6 meses de vida e complementado até os
dois anos ou mais traz inúmeros benefícios para saúde do bebê e para saúde da mulher que
amamenta. É a estratégia isolada que mais previne mortes infantis, um importante indicador de
saúde pública. Além disso, está associado a benefícios a longo prazo como diminuição do risco
de sobrepeso e obesidade, diabetes mellitus tipo 2, síndrome metabólica e suas complicações
(VICTORA et al., 2016). Dada a sua relevância para promoção e prevenção em saúde, esse
tema ainda é pouco abordado durante a graduação do curso de medicina.
2 O TEMA ALEITAMENTO MATERNO NO ENSINO MÉDICO
Os currículos dos cursos médicos no Brasil são relativamente padronizados, seguindo
as diretrizes curriculares nacionais, porém a educação em aleitamento materno varia muito entre
as faculdades pela falta de um currículo mínimo exigido durante a graduação (FRAZÃO et al.,
2019). Esse mesmo problema é observado em outros países como EUA e Reino Unido (BIGGS
et al., 2020; GARY et al., 2017).
A decisão individual das mulheres em amamentar ou não seus bebês, bem como
prolongar o AM além dos primeiros meses de vida, sofre forte influência da opinião e do apoio
do profissional médico. Por isso, independentemente da especialidade do médico, ele deve ter
uma compreensão básica da importância da amamentação e promovê-la como um importante
1
Pós – Graduanda em Especialização em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo1. Piracicaba/SP. E-mail:
ceciliafcpinton@gmail.com
21
cuidado de prevenção em saúde. Informações erradas e práticas inadequadas em relação ao AM
estão associada a piores taxas de aleitamento.
A formação médica atual é insuficiente em termos de conhecimento teórico e
habilidades práticas em amamentação. Os alunos, ao final do curso, entendem a importância do
aleitamento materno, porém não se sentem preparados para enfrentar os desafios da
amamentação e dar suporte as famílias durante esse processo, principalmente quando ocorrem
dificuldades. Muito do que se aprende sobre amamentação depende da experiência dos médicos
assistentes e da experiência prática individual com os pacientes atendidos ao invés de um
currículo formal de educação em AM.
Frazão e colaboradores (2019) realizaram uma pesquisa com os alunos do curso de medicina
de uma Universidade de Alagoas, realizada através de um questionário que abrangia diversas
áreas de conhecimento sobre AM, para avaliar a progressão do conhecimento médico durante
a graduação sobre o tema e observou que o índice de acerto progrediu de forma irregular e se
questiona se os acertos ocorreram de forma aleatória, se as informações estão organizadas com
um objetivo claro de aprendizado e se os alunos estão sendo motivamos a refletir sobre o que
estão aprendendo. E conclui que esse despreparo do conhecimento esteja sendo levado para
vida profissional.
De acordo com a pesquisa realizada por Meek e colaboradores (2020) realizada com
profissionais médicos e não médicos com interesse em melhorar o treinamento e educação
médica em AM foram identificados barreias e oportunidades para a inclusão de conteúdo sobre
amamentação na educação médica (APÊNDICE 1).
O ensino sobre AM deve aliar conhecimento teórico e prático, incluindo o manejo dos
principais problemas em amamentação e deve ocorrer em vários campos de estágios como
maternidade, atenção básica, ambulatórios de amamentação, banco de leite, etc.
A OMS, UNICEF e Academia de Medicina da Amamentação recomendam que os
estudantes de medicina e profissionais médicos devem conhecer as evidências científicas da
amamentação como padrão ouro da alimentação infantil, conhecer a fisiologia da
amamentação, os aspectos nutricionais do leite materno, a mecânica da amamentação,
compreender o manejo clínico de mães e recém nascidos normais e as influências psicossociais
que impactam o início e manutenção da amamentação e devem evitar a criação de barreiras
para o estabelecimento do AM (GARY et al., 2017). Os Apêndices 2 e 3, tabelas adaptadas de
Gary e colaboradores (2017), resumem as recomendações dessas instituições a respeito dos
conhecimentos e habilidades sobre AM que os estudantes de medicina devem ter.
Uma importante estratégia para estimular o interesse dos alunos em estudarem mais
sobre esse tema seria a inclusão de mais questões sobre aleitamento materno nas provas de
títulos e de acesso a residência médica.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para melhora do conhecimento teórico e das habilidades práticas do médico em
formação, sugere-se criar um currículo básico em AM, abordando o tema durante toda a
graduação, com aumento progressivo da complexidade, que ofereça ao médico ferramentas para
que ele se sinta seguro e preparado no manejo clínico da amamentação, favorecendo o aumento,
das taxas de aleitamento materno na população em que irá trabalhar.
4 REFERÊNCIAS
22
BIGGS, KV, Fidler KJ, Shenker NS, Brown H. Are the doctors od the future ready to
support breasrfeeding? A cross-sectional study in the UK. International Breastfeeding
Jounal, v.15, n.1, p.46-53, mai 2020.
FRAZÃO, SIRMANI MELO; VASCONCELOS, MARIA VIVIANE LISBOA DE;
PEDROSA, CELIA MARIA. Conhecimento dos Discentes sobre Aleitamento Materno em
um Curso Médico. Revista Brasileira de Educação Médica. 43(2):58-66; 2019.
GARY AJ, BIRGMINGHAM EE, JONES LB. Improving breastfeeding medicine in
undergraduate medical education: A student survey and extensive curriculum review
with suggestions for improvement. Education for Health, v. 30, n2, p. 163-168, 2017
MEEK JY et al. Landscape Analysis of Breastfeeding- Related Physician Education in the
United States. Breastfeeding medicine: the oficial jornal of the Academy of Breastfeeding
Medicine, v.15, n.6, p. 401-411, jun 2020
VICTORA CG, BAHL R, BARROS AJ, FRANÇA GV, HORTON S, KRASEVEC J, et al.
Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect. Lancet, v.
387, n. 10017, p. 475-490, jan. 2016.
5. APÊNDICES
APÊNDICE 1: Barreiras e oportunidades identificadas pelo informante-chave para inclusão de
conteúdo sobre amamentação na educação médica
Barreiras Oportunidades
1- Relutância em priorizar a amamentação como
parte da educação médica e prática
2- Falta de confiança dos médicos em suas
habilidades e conhecimentos para fornecer
aconselhamento sobre
amamentação
3- Falta de conscientização e apoio do paciente e
da população para a amamentação
4- Seleção de médicos com interesse em
amamentação para Educação Médica Continuada
5 – Falta de uma mensagem unificada de todas as
especialidades médicas de que a amamentação é a
principal e melhor nutrição para o bebê
6- Influência das empresas de fórmulas no
ambiente de educação médica (por exemplo
congressos nacionais) transmite uma mensagem
confusa para os
estudantes e ao público
7- Falta de preceptores de apoio a lactação
disponíveis, principalmente em clinicas e hospitais
menores
Traduzido e adaptado de Meek e colaboradores (2020)
1- Desenvolvimento de uma instituição específica que
defenda a amamentação
2 – Treinamento sobre aspectos práticos da
amamentação e manejo da lactação
3 – Estabelecimento de padrões curriculares
sobre amamentação e manejo da lactação para as
escolas médicas
4- Integração da amamentação à nutrição durante
o ensino médico básico
5- Inclusão da amamentação e manejo da
lactação nos exames certificação do conselho
6 – Treinamento em amamentação e manejo da lactação
para toda a equipe de atendimento
23
APÊNDICE 2: Competências baseadas no Conhecimentos em cuidados de amamentação para
graduandos em medicina.
24
APÊNDICE 3: Competências baseadas nas Habilidades em cuidados de amamentação para
graduandos em medicina.
25
INFLUÊNCIA DAS AVÓS NO ALEITAMENTO MATERNO
Cristiane Moretti Gouveia1
RESUMO
Os benefícios do aleitamento materno são amplamente discutidos na comunidade acadêmica e
órgãos governamentais de saúde. Apesar disso, a prevalência de desmame precoce continua
alta. Diversos fatores interferem na decisão de uma mulher amamentar ou não. Dentre esses
fatores, as avós representam um modelo a ser seguido devido seus conhecimentos, experiências
e saberes. Portanto, é necessário estudar a influência delas no desfecho da amamentação. O
ambiente familiar é o primeiro local de aprendizagem relacionados à saúde e tradicionalmente,
as mulheres são responsáveis pela higiene, alimentação e cuidados dos familiares. A nutrizes
percebem que as avós influenciam positivamente ou negatividade a sua decisão de amamentar e
reconhecem que a opinião das avós constitui elemento significativo para reforçar a sua decisão
em manter a amamentação. As avós são consideradas elemento fundamental para a manutenção
ou abandono do aleitamento materno. Mitos, crenças e proibições são passados de geração em
geração e estão relacionados pelo contexto social, cultural e histórico da nutriz.
Palavras chave: Avós; Aleitamento Materno; Desmame Precoce; Interferência Familiar.
1. INTRODUÇÃO
Os benefícios do aleitamento materno são amplamente discutidos como sendo o melhor e único
alimento nos primeiros seis meses de vida e alimento complementar até os dois anos ou mais
(BRASIL,2015). Apesar de todas as vantagens conhecidas e da recomendação do Ministério da
Saúde, o desmame precoce é uma realidade frequente em nossa sociedade (MARTINS E
MONTRONE, 2017).
Giugliane (apud MARTINS E MONTRONE, 2017) considera que há uma diversidade de
fatores que podem influenciar a decisão da mulher em relação à amamentação, como a falta de
conhecimento dos benefícios e prejuízos do aleitamento materno e técnicas de amamentação,
falta de apoio familiar e profissionais de saúde e propaganda de indústrias de leite. Portanto, a
amamentação não é totalmente instintiva e nem automática no ser humano, muitas vezes deve ser
aprendida para ser prolongada com êxito. Nesse sentido, as mulheres, ao se depararem pela
primeira vez com o aleitamento materno, requerem que lhes sejam apresentados modelos ou guias
práticos de como devem conduzir-se nesse processo, que na maioria das vezes tem como primeira
referência o meio familiar, as amizades e vizinhança nos quais estão inseridas (ANGELO et al,
2015).
Sendo o êxito da amamentação multifatorial, destaca-se o suporte familiar. No contexto familiar,
as avós são referências significativas no repasse de informações que interferem na decisão da
mulher amamentar ou não. São elas ainda que detêm conhecimentos que foram validados por
suas experiências de vida, sendo socialmente aceitos, respeitados e valorizados (ANGELO et al.,
2020). Sendo as avós peça chave em todo o processo de nascimento e
Enfermeira, especializanda em Aleitamento Materno pela Passo1, pólo Piracicaba-SP.
26
alimentação e próximas das mulheres no período do puerpério é justificável estudar a influência que
as avós exercem para o sucesso ou não da amamentação.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica cuja base de dados utilizada foi a Biblioteca Virtual
de Saúde (BVS) acessada no dia 09 de agosto de 2021. As palavras chaves utilizadas foram avós
e aleitamento materno, causas de desmame precoce, interferência familiar no desmame precoce
e dificuldades no aleitamento. Foram encontrados 66 artigos. Destes artigos encontrados, foram
escolhidos aqueles escritos em língua portuguesa e oriundos de autores brasileiros, para que,
melhor descrevessem a realidade brasileira. Além disso, foram incluídos artigos publicados entre
os anos de 2015 a 2021, totalizando 09 (nove) referências bibliográficas.
3. AS AVÓS E A AMAMENTAÇÃO
O ambiente familiar é o primeiro local de aprendizagem relacionados à saúde e tradicionalmente,
as mulheres são responsáveis pela higiene, alimentação e cuidados dos familiares. Seus
integrantes compartilham experiências, condutas e ensinamentos, o que indica ser este local o
espaço onde as mulheres buscam apoio para o desenvolvimento das atividades maternas e para a
amamentação (QUEIROZ et al., 2016). O apoio à lactante é baseado na história pessoal de mães,
sogras, tias, irmãs que podem ser de sucesso ou insucesso com o processo de amamentação
levando ou não ao desmame precoce (MARTINS E MONTRONE, 2017; CARVALHO et al.,
2018).
Segundo pesquisa sobre a influência das avós no aleitamento materno exclusivo em um hospital
do interior paulista, realizada por Ferreira e colaboradores (2018), as avós, principalmente
maternas, ocupam uma posição importante na família que aguarda a chegada do bebê devido ao
contato diário, que elas referiam ter com suas filhas e netos. Além disso, as avós (materna ou
paterna) tiveram maior possibilidade de ajuda no cotidiano da casa e nos cuidados com os netos.
Os conhecimentos, atitudes e práticas das avós direcionam a amamentação de suas filhas e noras
oferecendo o apoio necessário para o sucesso do aleitamento materno e/ou promovendo a
contenção visualizada pelo início do desmame precoce (ANGELO et. al., 2020).
A nutrizes percebem que as avós influenciam positivamente ou negatividade a sua decisão de
amamentar e reconhecem que a opinião das avós constitui elemento significativo para reforçar a
sua decisão em manter a amamentação (SIQUEIRA et al., 2017). A avó que amamentou,
frequentemente representa um modelo a ser seguido, influenciando positivamente ou
negativamente a adesão ao aleitamento, uma vez que, as nutrizes viveram a experiência de serem
amamentadas (ANGELO et al., 2015).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As avós são consideradas elemento fundamental para a manutenção ou abandono do aleitamento
materno. Mitos, crenças e proibições são passados de geração em geração e estão relacionados
pelo contexto social, cultural e histórico da nutriz. Experiências positivas ou negativas durante a
amamentação, muitas vezes, reproduzem os ensinamentos aprendidos com suas mães, que por
sua vez, aprenderam com vivências maternas anteriores.
É importante incluir familiares e principalmente as avós, no contexto de cuidados à gestante e
lactante. Profissionais de saúde devem considerar incluir as avós em programas de aleitamento
materno, para que possam expor suas crenças e sentimentos relativos à amamentação. Assim, as
27
avós estarão mais preparadas para exercer uma influência positiva para a amamentação de suas
filhas e noras.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA
ANGELO, B.H.B. et al. Práticas de apoio das avós à amamentação: revisão integrativa. Revista
Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 15, n. 2, p. 161-170, 2015.
ANGELO, B. H.B. et al. Conhecimentos, atitudes e práticas das avós relacionados ao aleitamento
materno: uma metassíntese. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Recife, v.28, e.3214,
2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2015.
BRITO, R.S. et al. Aleitamento materno: conhecimento de avós adscritas à estratégia saúde da
família. Rev. Enferm UFSM, Santa Maria, v.5, n.2, p. 305-315, 2015.
CARVALHO, E.S. et al. Dificuldades do aleitamento materno exclusivo diante da interferência
familiar. Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, 2018.
DIAS, L.M.O. et al. Influência familiar e a importância das políticas públicas de aleitamento
materno. Revista Saúde em Foco, Teresina, Edição nº 11, 2019.
FERREIRA, T.D. et al. Influência das avós no aleitamento materno exclusivo: estudo descritivo
transversal. Revista Einstein, São Paulo, v. 16, n.4, 2018.
MARTINS, R.M.C.; MONTRONE, A.V.G. O aprendizado entre mulheres da família sobre
amamentação e os cuidados com o bebê: contribuições para atuação de profissionais de saúde.
Rev. APS, São Carlos, v.20, n.1, p. 21-29, 2017.
QUEIROZ, P.H.B.; ZANOLLI, M.L.; MENDES, R.T. A interferência relativa das avós no
aleitamento materno de suas filhas adolescentes. Rev Bras Promoç Saúde, Fortaleza, v.29, n.2,
p. 253-258, 2016.
SIQUEIRA, F.P.C.; CASTILHO, A.R.; KUABARA, C.T.M. Percepção da mulher quanto à
influência das avós no processo de amamentação. Rev Enferm UFPE on line, Recife, v.11,
supl.6, p. 2565-75, 2017.
28
A VISÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
DENTRO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
NEONATAL FRENTE AS DIFICULDADES EM
PROMOVER O ALEITAMENTO MATERNO
Deisiane Pessoa da Silva Santos1
Resumo
Um grande problema de saúde pública no Brasil é o desmame precoce em bebês
internados em Unidades de Terapia Intensiva. São muitas as causas que interferem no
aleitamento materno, como situação socioeconômica, cultura, idade, cultura e entre
outros fatores. Sabemos que existem políticas de promoção a saúde e proteção ao
aleitamento materno. Nesta revisão o objetivo é deixar claro a importância de capacitar
profissionais de saúde a atender esse binômio, essa família, prestando um atendimento
de qualidade e interdisciplinar.
Palavras-chave: Aleitamento Materno. Desmame. Profissionais de saúde. Capacitação de
Profissionais de saúde.
1 INTRODUÇÃO
O aleitamento materno é o alimento mais importante para a criança nos primeiros
meses de vida, pois é capaz de suprir e saciar todas as necessidades nutricionais, sistema
imunológico e neuropsicomotor e todo seu desenvolvimento emocional e cognitivo. Os
benefícios são inúmeros tanto para a criança tanto para a mãe que amamenta, aumento o
vínculo entre a díade e contribui para saúde física e psíquica da mãe (MARQUES et al.,
2016).
Em 1981 o programa nacional de incentivo ao aleitamento materno foi
oficializado, seu objetivo é combater a desnutrição infantil, através de ações que incluam
apoio a amamentação na comunidade, campanhas de mídias, marketing sobre os leites
artificiais, treinamento aos profissionais de saúde, aconselhamento e leis que protegem a
amamentação (ALENCAR, 2008 apud MARQUES et al., 2016).
1
Pós – Graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo 1. Piracicaba/SP. E-mail:
deisiane.silva@unimedpiracicaba.com.br
29
O cenário da amamentação nas Unidades de Terapia Intensivas Neonatais (UTIN)
mostra como os profissionais que assistem os bebês e seus pais precisam de mais
capacitação e acolhimento relacionados à prática do aleitamento:
[...] Todavia, nos casos em que as crianças nascem prematuras, certas
particularidades e dificuldades acabam por gerar um desmame precoce do
aleitamento materno, especialmente atribuído ao retardo da sucção direta da
criança do seio materno; pela hospitalização da criança por um período mais
longo; estresse materno e familiar; além de existirem lacunas no incentivo ao
aleitamento materno nesse contexto (ABREU et al.,2015).
2 DIFICULDADES DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE EM PROMOVER E
INCENTIVAR O ALEITAMENTO MATERNO DENTRO DAS UTINs
O processo que esse bebê recebe o leite materno da mama ou ordenhado é
influenciado por valores sociais, ideologias e interesses, tanto econômicos e tanto pelas
experiências anteriores das mulheres, suas inseguranças e dificuldades encontradas nesse
contexto hospitalar (MARQUES et al., 2016).
O bebê internado em uma UTIN, muitas das vezes está restrito em receber o colo
materno, devido sondas, soroterapias, cateter de oxigênio e outros materiais que impedem
essa mãe de segurar seu filho, no entanto, é importante que equipe de enfermagem
promova a aproximação entre essa díade promovendo, assim que possível for, contato
pele a pele e o incentivo ao Método Canguru (COUTINHO e KAISER, 2015).
O apoio da equipe de enfermagem, em trazer esclarecimentos que poderão fazer a
total diferença no sentindo de bem-estar dessa díade mãe-filho, entendendo essas
angustias, medos, insegurança sobre a amamentação, estabelecendo uma relação de
confiança com a mãe, fornecendo orientações básicas para a vida do neonato e avaliar o
cuidado prestado. Lidando muitas das vezes com os entraves, barreiras, considerando a
própria experiência do enfermeiro em cuidar, resultando em atendimento e cuidado com
qualidade (COUTINHO e KAISER, 2015).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os artigos levantados, as características socioeconômicas e
culturais que acompanham o aleitamento em uma unidade de terapia intensiva neonatal
são um dos fatores que levam ao desmame precoce desses bebês, aumentando os índices
de morbimortalidade. Além disso, a falta de capacitação profissional é questão a ser
melhorada para que a equipe de saúde possa ser rede de apoio técnico e emocional para
essas famílias.
REFERÊNCIAS
COUTINHO, Sandra Eugênio e KAISER, Elaine Dagmar. Visão da enfermagem sobre
o aleitamento materno em uma unidade de internação neonatal: relato de experiência.
Boletim Científico de Pediatria. V 4, N 1, jul/2015.
30
FERNANDES, Bruno César et al. Cuidados de Enfermagem no Incentivo ao Aleitamento
Materno de Recém-Nascidos Prematuros. Id on Line-Revista Multidisciplinar e de
Psicologia. V 14 N. 53, p. 926-934, dez/2020.
MARQUES, Gabriela Cardoso Moreira et al. Aleitamento Materno: Vivido de mães que
tiveram bebês internados em unidade de terapia intensiva neonatal. Revista de
Enfermagem- UFPE On Line. Recife, V 10, p. 495-500, fev/2016.
31
A VISITA DOMICILIAR E O ALEITAMENTO
MATERNO NA ADOLESCÊNCIA
Flávia Corrêa Porto de Abreu D’ Agostini1
Resumo
As mães adolescentes têm menor probabilidade de começar a amamentar quando comparado
a uma mãe em fase adulta, e metade das mães adolescentes amamentam até o 6º mês de vida.
A visita domiciliar propicia o aprimoramento das competências parentais e no
desenvolvimento infantil das famílias com mães e pais adolescentes. Este estudo mostra a
importância da visita domiciliar pelo enfermeiro no acompanhamento do aleitamento materno
na adolescência. Conclui-se que a maternidade na fase da adolescência conclama de apoio dos
profissionais de saúde no enfrentamento dos obstáculos e demandas da maternidade e do
aleitamento materno e a visita domiciliar realizada pelo enfermeiro permite prestar uma
melhor assistência à adolescente para se obter o sucesso do aleitamento materno.
Palavras-chaves: Aleitamento materno; Visita domiciliar; Enfermagem; Adolescente
1 INTRODUÇÃO
A adolescência é o período entre 12 à 18 anos de acordo com o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), sendo uma fase de grande adaptações, transformações e mudanças no
âmbito físico, psíquico e social. (BRASIL, 1990).
Considerando que a recomendação do aleitamento materno (AM) exclusivo até o sexto mês de
vida da criança e até 2 anos de idade de forma complementada (BRASIL, 2015) e, que a
compreensão da gravidez e da amamentação na adolescência permite um olhar ampliado dos
profissionais de saúde, devido à grande parcela dos casos ocorrer em populações de maior
vulnerabilidade social e econômica (CRUZ; CARVALHO; IRFFI, 2016).
Considerando que a visita domiciliar (VD) deve ser adotada pelos profissionais de saúde
como uma ferramenta de cuidado a indivíduos e famílias em seu contexto, além de permitir a
construção do vínculo entre o indivíduo/ família e o profissional visitador (ROCHA et al.,
2017).
1
Pós-graduanda em Aleitamento pelo Instituto Passo1 polo Piracicaba/SP, flaviacpa90@gmail.com
32
Este estudo tem por objetivo é identificar a importância da visita domiciliar pelo enfermeiro
no acompanhamento do aleitamento materno na adolescência.
2 DESENVOLVIMENTO
As adolescentes reconhecem a amamentação como uma experiência que fortalece o vínculo
afetivo entre mãe e bebê, mas a dificuldade neste processo traz sentimentos ambíguos a mãe
adolescente (TAVEIRA; ARAÚJO, 2019). Entretanto, as mães adolescentes têm menor
probabilidade de começar a amamentar quando comparado a uma mãe em fase adulta, e metade
das mães adolescentes amamentam até o 6º mês de vida (CONDE; et.al, 2017).
Durante o pré-natal muitas gestantes adolescentes não recebem o incentivo e a orientação
sobre o aleitamento materno dos serviços de saúde, e muitas delas acabam recendo algum tipo
de intervenção somente após o parto (TESSARI; SOARES; SOARES; ABREU, 2019). E as
mães adolescentes apresentam dificuldades na amamentação na falta de conhecimento,
dificuldade na pega e em conciliar a amamentação e as atividades escolares (TESSARI;
SOARES; SOARES; ABREU, 2019).
As mães adolescentes são mais propensas a serem socialmente isoladas (RASKIN et al.,
2017), por isso é fundamental elas receberem as visitas dos enfermeiros em virtude de terem
alguém para conversar, fazer perguntas, para ouvi-las, apoiá-las emocionalmente (ZAPART;
KNIGHT; KEMP, 2016).
A visita domiciliar propicia o aprimoramento das competências parentais e no
desenvolvimento infantil das famílias com mães e pais adolescentes (ROCHA et al., 2017).
Além disso, promovem impactos positivos na abordagem do aleitamento materno em mães
adolescentes. O tema da amamentação deve ser abordado durante a gestação e após nascimento
pelos enfermeiros durante a VD, pois ter esse profissional em domicílio é muito significante e
auxilia no acompanhamento e promoção do cuidado (ZAPART; KNIGHT; KEMP, 2016).
Caso a mãe adolescente apresente qualquer dificuldade durante a amamentação poderá ser
identificado pelo enfermeiro durante a visita domiciliar, seja pelo apoio e/ou encaminhamento
a outros serviços de saúde e da comunidade para uma atenção adicional (STETLER et al.,
2018).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maternidade na fase da adolescência conclama de apoio dos profissionais de saúde no
enfrentamento dos obstáculos e demandas da maternidade e do AM. Portanto, a VD promove
uma compreensão ampliada do significado da maternidade e da amamentação para a mãe
adolescente, e permite ao enfermeiro a prestar uma melhor assistência à adolescente para se
obter o sucesso do aleitamento materno.
33
4 REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Estratégia Nacional para
Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no Sistema
Único de Saúde: manual de implementação / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 152 p.
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adolescente, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 13 julho 1990, 1990.
CONDE, R. G.; GUIMARÃES, C. M. S.; GOMES-SPONHOLZ, F. A.; ORIÁ, M. O. B.;
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exclusivo entre mães adolescentes. Acta Paulista de Enfermagem [online]. 2017, v. 30, n. 4
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<https://doi.org/10.1590/19820194201700057>. ISSN 1982-0194.
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regional e comportamental da gravidez na adolescência no Brasil. Planejamento e Políticas
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ROCHA, K. B. et al. Home visit in the health field: a systematic literature review. Psicologia,
Saúde e Doença, v. 18, n. 1, p. 170–185, 2017.
STETLER, K. et al. Lessons learned: implementation of pilot universal postpartum nurse
home visiting program, Massachusetts 2013–2016. Maternal and Child Health Journal, v.
22, n. 1, p. 11–16, 2018.
TESSARI, W; SOARES, L. G.; SOARES, L. G; ABREU, I. S. Percepção de mães e pais
adolescentes sobre o aleitamento materno. Enfermagem em Foco, [S.l.], v. 10, n. 2, ago.
2019. ISSN 2357-707X. Disponível em:
<http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/1865>. Acesso em: 17 set.
2021. doi:https://doi.org/10.21675/2357-707X.2019.v10.n2.1865.
ZAPART, S.; KNIGHT, J.; KEMP, L. ‘It was easier because i had help’: mothers’ reflections
on the long-term impact of sustained nurse home visiting. Maternal and Child Health
Journal, v. 20, n. 1, p. 196–204, 2016.
34
DIABETES GESTACIONAL: ORDENHA DE
COLOSTRO ANTENATAL COMO FORMA DE
PROMOVER E PROTEGER O ALEITAMENTO.
Flavia Gheller Schaidhauer1
Resumo
Diabetes Gestacional é um problema de saúde pública mundial, chegando a afetar 90% das
gestantes em ambulatórios de gestação de alto risco. O atraso da lactogênese II associada a essa
morbidade está bem estabelecida, bem como o uso de substitutos de leite materno em caso de
hipoglicemia neonatal. A ordenha antenatal tem se mostrado uma estratégia promissora para
evitar uso de substitutos de leite humano, e melhorar as taxar de início de aleitamento e redução
de desmame precoce.
Palavras-chave: diabetes gestacional, hipoglicemia neonatal, aleitamento.
1 INTRODUÇÃO
O Diabetes gestacional é um problema de saúde pública mundial, afetando 1-35% das
mulheres grávidas (Silva et al, 2021). Um dos principais fatores é resistência periférica a
insulina, mesmo com altos níveis de produção de insulina no final terceiro trimestre de gestação
(Zhu e Zhang, 2016).
A ordenha antenatal de colostro, armazenamento e congelamento, e sua disponibilidade após
nascimento é uma opção que tem sido estudada para evitar uso precoce de substitutos do leite
humano (Foster et al, 2014).
1 Pós graduanda em Aleitamento Materno Instituo Passo 1 Piracicaba flavia.schaidaheur@gmail.com
35
2 BARREIRAS AO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO
Recém-nascidos filhos de mães com diabetes gestacional tem risco aumentado de
intercorrências ao nascer que levam a introdução precoce de substitutos do leite humano (Foster
et al, 2014).
Mulheres com diabetes gestacional tem atitudes e crenças menos favoráveis em relação ao
aleitamento, e menor apoio dos médicos e companheiros (Doughty, 2018).
Devido maior internação na unidade de cuidados intensivos e diminuição da autoeficacia
materna em amamentar, ocorre a perda da amamentação ou desmame próximo aos 3 meses de
idade nessa população (Morrison et al, 2014).
3 ORDENHA DE COLOSTRO ANTENATAL
Estudos mostram que a ordenha de colostro antenatal não diminui a incidência de
hipoglicemia neonatal ou internações em unidades de cuidados intensivos, mas esse
procedimento deixa as mães mais otimistas e empoderadas para usar seu leite e manter o
aleitamento (Doughty et al, 2018).
Gestantes com DMG que são bem-informadas dos riscos referentes a sua condição, tem
melhores desfechos em relação ao aleitamento, bem como são mais propensas a trabalhar o
aleitamento antes mesmo do nascimento, algumas aderindo ao protocolo de ordenha antenatal
de colostro (Park et al, 2021)
Devido a falta de estudos, a revisão sistemática realizada pela Cochrane em 2014, não
conseguiu avaliar a segurança e a eficácia da ordenha de colostro antenatal (East et al, 2014)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diabetes gestacional vem aumentando anualmente no mundo todo, e é uma das
principais causas de desfechos ruins relacionados ao concepto (OMS, 2013).
36
Protocolo de ordenha de colostro antenatal tem sido priorizado para esse grupo em vários
países, como Estados Unidos e Austrália, como forma de proteger e promover aleitamento
materno nessa população, que tem incidência alta de desmame precoce (menos de 3 meses) ou
mesmo ausência completa de aleitamento (Foster et al, 2014).
Não há estudos suficientes que avaliam a segurança e a eficácia da ordenha colostro antenatal,
porém há estudos mostrando que mulheres que fazem protocolo de ordenha acabam tendo maior
autoconfiança e auto-eficácia em iniciar e manter aleitamento de seus filhos, melhorando os
índices de aleitamento nessa população (Nguyen et al, 2019).
4 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
Silva, José Roberto da et al. Gestational Diabetes Mellitus: the importance of the production in
knowledge. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil [online]. 2016, v. 16, n. 2 [Accessed
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Breastfeeding Outcomes: A Systematic Review. Asia Pac J Public Health. 2019
Apr;31(3):183198.
37
QUAL A RELAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E A
CÁRIE DENTÁRIA? - REVISÃO DE LITERATURA
Isabella Claro Grizzo1
Resumo
O presente estudo refere-se a uma revisão de literatura relacionando a cárie dentária com o
aleitamento materno. Com o passar dos anos a ciência desenvolveu diversos conceitos sobre a
etiologia da cárie, diante do cenário atual, sabe-se que se trata de uma doença multifatorial,
ou seja, diversos fatores associados para que ocorra o aparecimento da lesão cariosa e não
simplesmente a presença do açúcar/carboidrato na cavidade oral, e sim, necessário um
desequilíbrio dos fatores associados a doença cárie para o aparecimento da lesão. Sendo
assim, esse estudo irá apresentar através de artigos recentes, a relação da lesão cariosa com
o leite materno e se ele é capaz ou não de provocar o aparecimento das lesões, baseando-se no
conceito da doença x lesão e composição do leite materno.
Palavras-chave: Cárie dentária. Suscetibilidade a cárie dentária. Aleitamento materno.
Amamentação.
1. INTRODUÇÃO
A cárie dentária é mundialmente conhecida e estudada por apresentar uma elevada
prevalência mundial (11-53%) e ser considerada um problema de saúde pública, uma vez que o
desenvolvimento das lesões desequilibra a saúde oral do indivíduo, pode causar inflações dores
e simultaneamente afetar a qualidade de vida dos pacientes com lesões cariosas ativa. (THAM
et al., 2015; AVILA et al., 2015; SHEIHAM et al., 2006; RAMOS-JORGE et al., 2014) Nesse
contexto, estudar a etiologia da cárie dentária tornou-se extremamente viável, pois sabendo-se
como ela se desenvolve, é possível agir impedindo sua progressão e assim controlando a
prevalência mundial de cárie.
Por muitos anos acreditou-se que a cárie dentária era uma doença transmissível, causada apenas
pelo consumo do açúcar, no entanto, atualmente seu conceito dado por Pits et al é pautado na
definição de doença dinâmica, multifatorial e mediada pelo biofilme. Ou seja, para a lesão
cariosa se desenvolver clinicamente precisamos ter vários fatores associados, esses fatores são:
presença do biofilme dentário, ausência do flúor, presença das bactérias acidogênicas e
acidúricas e a presença do açúcar. O risco de cárie dentária está relacionado ao teor de
carboidratos do leite materno associada a duração do contato do leite e a dentição irrompida (ou
seja, frequência da alimentação e práticas de alimentação que resultam em agrupamento de leite
materno ou fórmula em torno das superfícies dos dentes, como a alimentação de bebês para
dormir) (THAM et al., 2015).
O processo do desenvolvimento da lesão se caracteriza pela queda do pH da cavidade oral,
nessa queda o esmalte dentário entra no processo de desmineralização, quando se tem a remoção
do biofilme e presença do Flúor, ele participará de trocas iônicas entre a superfície dentária e a
cavidade, formando a fluroapatita que contribuirá para o processo de remineralização, esse
processo ocorre constantemente na cavidade oral. No entanto, quando ocorre um desequilíbrio
1
Pós – Graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo1. Piracicaba/SP. E-mail:
isabella.grizzo@usp.br
38
nesse processo, ocorrendo mais desmineralização do que a remineralização as lesões cariosas
aparecem. (MAGALHÃES A.C. et al, 2021)
Considerando que o leite materno contém lactose em sua composição e durante a
metabolização torna-se açúcar e o açúcar contribui para queda do pH do meio e o processo de
desmineralização é desencadeado há uma grande discussão sobre ele ser promotor de cárie
dentária na primeira infância e assim, tornou-se oportuno realizar uma revisão sobre o potencial
cariogênico do leite materno. Então, foi realizada uma busca no PUBMED de artigos com os
termos “dental caries” AND “breastfeeding”. Encontrou-se 477 artigos. Colocou-se um filtro
para artigos a partir de 2015 resultando em 145 estudos, desses 145, foi utilizado um segundo
filtro para inclusão de apenas estudos clínicos randomizados ou revisões sistemáticas e o
número de estudos obtidos foi de 7. Com esses 7 artigos, foi realizada a leitura de títulos e
resumos para uma exclusão preliminar e assim um estudo foi excluído pois seu tema fugia do
abordado no presente estudo. Os 6 estudos resultantes foram lidos completamente e na leitura,
dois foram excluídos por fugirem do foco do estudo, sendo incluídos nessa revisão 4 estudos.
2. LEITE MATERNO E CÁRIE
Assim como a cárie dentária na primeira infância tem impacto na saúde geral das
crianças o aleitamento materno também se apresenta relevante nesse aspecto, no entanto são
apontados os impactos benéficos dessa prática, como redução da mortalidade infantil, redução
do desenvolvimento de doenças sistêmicas, redução da desnutrição infantil, entre outros
inúmeros benefícios que já são comprovados pela ciência (AVILA et al., 2015; BIRUNG et al
2015), frente a eficácia do leite materno, é de suma importância o conhecimento da relação do
aleitamento e cárie, para não estimular um desmame precoce com o objetivo de manter o
bebê/criança livre de lesões cariosas.
Dos quatro estudos incluídos para essa revisão todos referem-se a uma relação fraca ou nula
entre o aleitamento com a cárie dentária, deixando claro que a relação apontada em alguns
estudos pode estar relacionada a falta de metodologia, viés do estudo ou outro tipo de alimento
introduzido na vida da criança juntamente com o aleitamento.
Tham e colaboradores (2015) sugeriu que o aleitamento materno além 1 ano de idade aumentou
o risco de cárie na primeira infância, mas advertiu que, pode haver confusão com efeitos dos
hábitos alimentares e da higiene oral quando não são adequadamente controlados. Já Moynihan
e colaboradores (2019) indicou que as melhores evidências disponíveis revelam que o
aleitamento até dois anos não aumenta o risco a cárie na primeira infância, quando comparado
com o aleitamento até um ano de idade. Mas fatores protetores como, escovação diária,
exposição dos dentes ao flúor, controle da dieta, devem ser introduzidos na vida das crianças a
partir do momento que o aleitamento materno passar a não ser exclusivo.
Um estudo conduzido por Neves e colaboradores (2016) avaliou o potencial de cariogenicidade
do leite materno, ou seja, avaliou a queda do pH provocada pelo leite materno na cavidade oral
e obteve como resultado que o leite materno não diminuiu o pH do biofilme dental nem em
crianças livres de cárie, nem em crianças que já apresentavam cárie da primeira infância.
Estudos experimentais prévios a Neves já haviam apontado que o leite materno não pode
apresentar um potencial cariogênico, desde que seja a única fonte de carboidratos (ARAÚJO et
al., 1997; ERICKSON & MAZHARI, 1999).
Sendo assim, nota-se que os estudos que associaram uma relação do aleitamento após os seis
meses de idade como risco de carie, podem ter um viés em relação aos outros hábitos
introduzidos na criança juntamente com o aleitamento. A Organização Mundial da Saúde
preconiza o aleitamento materno exclusivo até os seis meses, diante disso, após esse período e
muitas vezes, antes disso, o bebê recebe outras fontes alimentares, como fórmulas infantil, no
intuito de complementar o aleitamento e a própria introdução alimentar, e assim, outras fontes
39
de carboidratos que são capazes de promover a queda de pH na cavidade oral suficiente para o
desenvolvimento de lesões cariosas são expostas a superifice dentária do bebê/ criança e
por atuarem no mesmo momento que o aleitamento acontece, uma confusão pode acontecer.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a leitura de diversos trabalhos e avaliando a etologia da cárie dentária pôde-se
concluir que o leite materno, isoladamente na alimentação do bebê, não tem potencial para o
desenvolvimento das lesões cariosas, mas quando associado com outras fontes de alimento pode
ser confundido como um fator de risco para cárie precoce da primeira infância.
4. REFERÊNCIAS
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Childhood Caries. JDR Clin Trans Res. 2019 Jul;4(3):202-216. doi:
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41
ESCOLARIDADE MATERNA E SUA
INFLUÊNCIA NAS TAXAS DE ALEITAMENTO
Júlia Dias Silvestri Vaz Pinto1
Resumo
Uma vez que o leite materno traz diversas vantagens para bebês, suas mães e para a sociedade
como um todo, é de grande importância entender quais são os fatores que colaboram ou
atrapalham na manutenção na prática do aleitamento materno. Esse trabalho tem como
objetivo elencar os principais fatores relacionados ao desmame precoce, e se a taxa de
escolaridade materna é relevante dentre eles.
Palavras-chave: Aleitamento Materno (Breast Feeding, Lactancia Materna). Escolaridade
(Educational Status, Escolaridad). Desmame (Weaning, Destete).
1 INTRODUÇÃO
O leite materno é comprovadamente o melhor alimento existente para alimentar um bebê
no início da vida, não necessitando de nenhum outro complemento nos primeiros 6 meses, e
sendo importante de maneira complementada dali pra frente (LIMA, 2018). Com base nisso, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda aleitamento materno (AM) de maneira
exclusiva até o sexto mês do bebê, e de maneira complementada até os 2 anos ou mais. Além
da enorme superioridade nutricional e imunológica conferida pelo leite materno quando em
comparação aos leites artificiais existentes no mercado, ser amamentado está relacionado com
quedas de taxas de mortalidade infantil, risco de obesidade e diabetes ao longo de toda a vida
daquele bebê, além de potencial aumento da inteligência (VICTORA, 2016).
Sendo assim, é relevante que sejam identificadas as causas mais comuns de desmame
nos primeiros meses de vida, uma vez que isso causa impacto na saúde da sociedade como um
todo. No presente estudo foram reunidos artigos científicos a fim de identificar quanto o nível
de escolaridade materna foi relevante para a manutenção do aleitamento de seus bebês.
2 A INFLUÊNCIA DA ESCOLARIDADE MATERNA NAS
TAXAS DE ALEITAMENTO
Para entender os motivos do desmame precoce, é de grande valor que antes entendamos
quais são as gestantes que demonstram maior intenção materna em amamentar (IMA), para
depois tentar interpretar quais foram os fatores dificultadores durante esse processo. Se
analisarmos a revisão sistemática de Oliveira Vieira e colaboradores (2016), as características
1
Pós-Graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo1. Piracicaba/SP. E-mail: juliavaz.jv@gmail.com
42
associadas à maior IMA foram: primeira gestação, maior escolaridade e idade materna,
experiência prévia com a amamentação, ausência do hábito de fumar e residir com o
companheiro. Sendo assim, já pode-se perceber que desde a gestação, a escolaridade é um
grande fator influenciador nas ideias das mães e famílias sobre o ato de amamentar.
Quando passamos para a esfera da prática, ou seja, se esse bebê realmente foi ou não
amamentado e até quando, a baixa escolaridade materna continua se mostrando como uma forte
variável de desmame, sendo difícil identificar se essa relação se dá de maneira direta ou indireta.
Pereira-Santos et. al. (2017) agrupou em sua metanálise 22 estudos brasileiros e concluiu que
“idade inferior a vinte anos, baixa escolaridade, primiparidade, trabalho materno no puerpério
e a baixa renda familiar estão associados com a interrupção do AM exclusivo até os seis meses
de idade”. Já a revisão integrativa de Pinheiro (2021) demonstra os motivos citados pelos
autores como sendo de maior importância para a descontinuidade do AM até 6 meses “a mãe
trabalhar fora de casa, baixo nível de escolaridade das mães, leite fraco, traumas mamilares, uso
de bicos artificiais e deficiência na consulta de pré-natal”.
Infelizmente, tal influência não é um problema atual e muito menos simples de ser
manejado, uma vez que a escolaridade materna também está associada a fatores
socioeconômicos e culturais. Bem como demonstra o estudo de Escobar et. al. (2002), usando
amostra de 599 crianças em São Paulo, 1998, “maior escolaridade da mãe e presença de rede
de esgoto mostraram relação com maior tempo de aleitamento”. Se mudarmos o nosso foco
para o Norte do país, as informações continuam extremamente semelhantes, sendo que os
fatores que mais influenciaram foram faixa etária e escolaridade materna, mãe com trabalho
fora do lar, estado civil materno, incentivo do companheiro quanto ao AM e o escore da escala
de autoeficácia (MARGOTTI, 2016).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todos os artigos encontrados mostram que quanto maior a escolaridade materna,
maiores são as chances de aleitamento de seus bebês. Isso nos leva a pensar que o entendimento
sobre a importância e valor do AM são conhecimentos que ainda estão restritos a camadas de
maior escolaridade. Além disso, vale a pena extrapolar a análise em questão para a associação
de que mulheres com maiores taxas de escolaridade, em sua grande maioria, também estão em
níveis socioeconômicos mais altos. Esse fator muitas vezes facilita alguns pilares necessários
para a manutenção do AM, como licença maternidade remunerada, rede de apoio presente,
babás e creches, entre outros.
Nós da área da saúde temos a responsabilidade e missão de lutar por maiores taxas de
aleitamento. Tendo em vista que não conseguimos mudar consideravelmente a existência de
diferentes níveis socioeconômicos e de escolaridade na nossa sociedade, podemos concluir que
pode ser vantajoso trabalhar em difundir a informação sobre a importância do AM nos níveis
mais básicos de ensino, como por exemplo no ensino fundamental e médio. Uma vez que
amamentar é parte da natureza humana, faz sentido que crianças e adolescentes escutem e
aprendam sobre como sua espécie nasce e se desenvolve, e não que isso seja explicado apenas
para aquelas mulheres que já estão gestantes e prestes a passar pelo momento de lactação.
Quanto mais se conhece as vantagens que envolvem aleitar ao seio uma criança, maiores as
chances de seus benefícios superem os medos das mães, e interferências de bicos e leites
43
artificiais do mercado que muitas vezes têm marketing que nos levam a crer que são melhores
que o aleitamento natural.
Após essa análise, quanto mais pessoas conseguirmos atingir acerca do tema, e o quanto
antes, maiores serão as possibilidades desta mãe que deseja amamentar não se sentir sozinha
nessa luta, uma vez que seu parceiro ou parceira, familiares e amigos também a apoiam e criam
um ambiente propício para o AM ser mantido.
4 REFERÊNCIAS
ESCOBAR, A. M. U. et. al. Aleitamento materno e condições socioeconômico-culturais:
fatores que levam ao desmame precoce. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil , 2002.
LIMA, A. P. C.; NASCIMENTO, D. S.; MARTINS, M. M. F. A prática do aleitamento
materno e os fatores que levam ao desmame precoce: uma revisão integrativa. Journal of
Health & Biological Sciences, 2018.
MARGOTTI, E; MARGOTTI, W. Fatores relacionados ao Aleitamento Materno Exclusivo
em bebês nascidos em hospital amigo da criança em uma capital do Norte brasileiro. Saúde
em Debate, 2017.
PEREIRA-SANTOS, M. et. al. Prevalência e fatores associados à interrupção precoce do
aleitamento materno exclusivo: metanálise de estudos epidemiológicos brasileiros. Revista
Brasileira de Saúde Materno Infantil , 2017.
PINHEIRO, B. M.; NASCIMENTO, R. C.; VETORAZO, J. V. P. Fatores que influenciam o
desmame precoce do aleitamento materno: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica
Acervo Enfermagem, 2021.
VIEIRA, T. O.; MARTINS, C. C.; SANTANA, G. S.; VIEIRA, G. O.; SILVA, L. R.
Intenção materna de amamentar: revisão sistemática. Ciência & Saúde Coletiva, 2016.
VICTORA, C. G. et. al. Amamentação no século 21: epidemiologia, mecanismos, e efeitos ao
longo da vida. The Lancet: Série sobre amamentação, 2016.
44
ALEITAMENTO MATERNO NA ADOLESCÊNCIA:
APOIO À PRÁTICA DE AMAMENTAÇÃO E
PREVENÇÃO AO DESMAME PRECOCE
Lívia Elisei de Faria¹
Resumo
A gestação na adolescência pode influenciar negativamente na prática da amamentação,
levando ao desmame precoce. Contudo, com apoio adequado dos profissionais da saúde
e familiares desde o pré-natal, o aleitamento materno pode-se manter por mais tempo e
aumentar a confiança da mãe adolescente nos cuidados com seu filho.
Palavras-chave: Aleitamento materno. Adolescente. Desmame precoce.
1. INTRODUÇÃO
A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2017) define como adolescência o período
da vida que compreende a faixa etária de 10 a 19 anos (cerca de 20 a 30% da população
mundial, no Brasil alcançando até 23% da população). É o período de transição entre
puberdade e idade adulta, onde ocorre grandes e profundas transformações psíquicas,
físicas e sociais.
A gravidez nesta fase pode implicar em reajustes interpessoais e intrapsíquicos,
determinando insegurança, medo e ansiedade diante desta nova condição, podendo gerar
sobrecarga física e emocional, comprometendo a maturação psicossexual e forçando a
adolescente desenvolver precocemente capacidades para prestar cuidado ao seu filho.
Segundo dados do Departamento de Informática do SUS (DATASUS, 2019), 14,7% dos
nascidos vivos no Brasil eram de mães adolescentes e, no estado de São Paulo a taxa foi
de 14,5% de nascidos vivos.
A amamentação na adolescência pode ser um desafio, pois a nova mãe se depara com
um complexo processo adaptativo, que embora seja natural, amamentar não é apenas
instintivo, necessitando de aprendizado e tempo para ser aprimorado, além de suporte
emocional adequado em seu meio social, que nem sempre é alcançado (CARVALHO &
GOMES, 2019). Por outra ótica, a experiência da amamentação pode ser um momento
importante de crescimento pessoal e formação de vínculo mãe-bebê.
1 Pós-graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo 1 pólo Piracicaba/SP. E-mail:
li_elisei@yahoo.com.br
45
2. ADOLESCÊNCIA E AMAMANTAÇÃO
A prática do aleitamento materno entre as adolescentes tende a não ter boa adesão
ou predispor o desmame precoce e, a decisão pessoal da mãe em amamentar deve ser
apoiada com informação atualizada e compreendida sobre os benefícios da amamentação
a curto e longo prazo para a saúde do binômio (QUEIROZ et al, 2016).
Desde o pré-natal a adolescente deve receber atenção integral e ampliada dos
profissionais de saúde e familiares (incluindo avós, parceiro (a) e outros membros) a fim
de incentivar, promover e apoiar o aleitamento materno. Deve-se criar um vínculo de
confiança e comunicação, com escuta atenta aos anseios e dúvidas desta jovem mãe,
orientando quanto à prática da amamentação e auxiliando-a a superar suas dificuldades,
na medida que vai alternando sua condição de filha adolescente para mãe adolescente
(SEHNEM et al, 2016).
O profissional da saúde desde a primeira consulta de pré-natal, no nascimento, no pós-
parto imediato e puericultura deve promover o aleitamento materno, dar suporte
psicológico, explicar a fisiologia da amamentação, benefícios, cuidados com as mamas e
estimular a autoconfiança da nova mãe. Concomitantemente, o incentivo e apoio familiar,
principalmente dos parceiros e avós, são fundamentais para iniciar e manter o aleitamento
materno por mais tempo, visto que os familiares estão presentes no cotidiano desta mãe
adolescente e são eles que irão compartilhar suas experiências anteriores, tornando
referência na prática à amamentação (CHICAROLLI et al, 2019).
A amamentação bem sucedida desperta na adolescente sentimento profundo de ligação
com o filho e de realização como mulher e mãe, mas esta também vivencia momentos
cansativos, por vezes refletidos em sofrimento (SEHNEM et al, 2016). Algumas situações
são percebidas pela mãe como obstáculo à amamentação, dentre elas: traumas mamilares
(fissuras), problemas na sucção, dificuldades na pega, choro e irritabilidade do bebê,
crenças de produção insuficiente ou leite fraco, falta de suporte profissional e necessidade
de retorno ao trabalho e estudos, favorecendo o desmame precoce. A menor duração do
aleitamento materno também está relacionada à alimentação precoce com mamadeira e
uso de chupeta (PONCE DE LEON et al, 2009).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adolescência é um período de intensa transformação e vários enfrentamentos e a mãe
adolescente precisa de apoio de seu companheiro (a), de sua família, amigos e dos
profissionais da saúde. É de suma importância que a jovem mãe esteja ciente dos
benefícios do aleitamento materno para sua saúde e do bebê numa tentativa de evitar o
desmame precoce, já que a prevalência do aleitamento materno exclusivo entre as
adolescentes é baixa e tende a diminuir nos primeiros seis meses devida do bebê.
Durante a gestação e nas consultas de pré-natal devem ser realizadas práticas educativas
sobre amamentação com grupos de gestantes para trocas de experiências; com olhar
atento à mãe adolescente, promovendo, protegendo e apoiando a amamentação, com
estratégias de aconselhamento que oportunizem à estas mães expressarem seus
sentimentos, dúvidas, medos e, a partir disso encorajá-las a amamentar. Os profissionais
de saúde devem agir como facilitadores deste processo, juntamente com os familiares,
46
sobretudo avós e companheiro(a), para promover autonomia e empoderamento das mães
para que possam fazer a melhor escolha do modo de alimentação do seu filho.
REFERÊNCIAS
Carvalho, M.R. & Gomes, C. Amamentação Bases Científicas. 4° ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2019.
Queiroz, P.H.B., Zanolli, M.L., Mendes, R.T. A interferência relativa das avós no aleitamento
materno de suas filhas adolescentes, 2016.
Sehnem, G.D., Tamara, L.B., Lipinski, J.M., Tier, C.G. Vivência da amamentação por
mães adolescentes: experiências positivas, ambivalências e dificuldades. Revista de
Enfermagem UFSM, 2016.
Chicarolli, Amanda, Garcia, A.P.S., Carniel, Francieli. Aleitamento materno: desmame precoce
entre mães adolescentes, 2019.
Ponce de Leon, C.G.R.M., Funguetto, S.S., Rodrigues, J.C.T, de Souza, R.G. Vivência da
amamentação por mães adolescentes, 2009.
Oliveira, A.C., Dias, Í.K.R., Figueredo, F.E., Oliveira, J.D, Cruz, R.S.B.L.C., Sampaio,
K.J.A.J. Aleitamento materno exclusivo: causas da interrupção na percepção de mães
adolescentes. Revista de Enfermagem UFPE, 2016.
Maranhão, T.A., Gomes, K.R.O., Nunes, L.B., de Moura, L.N.B. Fatores associados ao
aleitamento materno exclusivo entre mães adolescentes. Cad Saúde Coletiva, 2015.
World Health Organization. WHO. Recommendations on Adolescent Health. Geneva,
Switzerland: World Health Organization, 2017
A adolescência e o aleitamento materno. Documento científico da Sociedade Brasileira de
Pediatria, 2020.
Prevenção da gravidez na adolescência. Guia prático de atualização da Sociedade Brasileira de
Pediatria, 2019.
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TCCs da Especialização em Aleitamento / turma de Piracicaba / Passo 1

  • 1. Especialização em Aleitamento Materno – Passo 1 Trabalhos de Conclusão de Curso Coordenação: Profa. Ludmila Tavares Costa Ercolin Prof. Marcus Renato de Carvalho Piracicaba, São Paulo 2021
  • 2. Sumário Título Trabalho Aluna Página A IMPORTÂNCIA DA HORA DE OURO E O PAPEL DA DOULA Aline Orsi Fogaça de Almeida 1 O IMPACTO DA AMAMENTAÇÃO E DE OUTRAS FORMAS DE ALEITAMENTO NA MASTIGAÇÃO E NA SAÚDE DA CRIANÇA Aline Pedroni Pereira 4 “MAIS COR, POR FAVOR!” ATENDIMENTOS DE LACTAÇÃO SOB A PERSPECTIVA LGBTQIA+ Ana Carolina Lorga Salis 8 EFEITOS DA LUZ ARTIFICIAL NOTURNA SOBRE A SECREÇÃO DE MELATONINA MATERNA E CONSEQUÊNCIAS NA GESTAÇÃO E LACTÂNCIA Cecília Mercado 14 O ENSINO SOBRE ALEITAMENTO MATERNO DURANTE A GRADUÇÃO EM MEDICINA Cecília Freire de Carvalho Pinton 20 INFLUÊNCIA DAS AVÓS NO ALEITAMENTO MATERNO Cristiane Moretti Gouveia 25 A VISÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DENTRO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL FRENTE AS DIFICULDADES EM PROMOVER O ALEITAMENTO MATERNO Deisiane Pessoa da Silva Santos 28 A VISITA DOMICILIAR E O ALEITAMENTO MATERNO NA ADOLESCÊNCIA Flávia Corrêa Porto de Abreu D’ Agostini 31 DIABETES GESTACIONAL: ORDENHA DE COLOSTRO ANTENATAL COMO FORMA DE PROMOVER E PROTEGER O ALEITAMENTO Flavia Gheller Schaidhauer 34 QUAL A RELAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E A CÁRIE DENTÁRIA? - REVISÃO DE LITERATURA Isabella Claro Grizzo 37 ESCOLARIDADE MATERNA E SUA INFLUÊNCIA NAS TAXAS DE ALEITAMENTO Júlia Dias Silvestri Vaz Pinto 41 ALEITAMENTO MATERNO NA ADOLESCÊNCIA: APOIO À PRÁTICA DE AMAMENTAÇÃO E PREVENÇÃO AO DESMAME PRECOCE Lívia Elisei de Faria 44 MAMANALGESIA VACINAS: ALEITAMENTO MATERNO COMO ALÍVIO DA DOR Márcia Simone de Araújo Machado Siebert 47 MÉTODO CANGURU E CONTATO PELE A PELE NO PROCESSO DE LUTO MATERNO Mariana Cavenage Filó 50
  • 3. CRECHE AMIGA DA AMAMENTAÇÃO: PROMOTORA DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO E CONTINUADO Mariana de Campos Chaves 53 LEITE MATERNO CAUSA CÁRIE? Micaela Cardoso 56 A CÁRIE DENTÁRIA E O ALEITAMENTO MATERNO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA Nádia Masson 59 DOS DESAFIOS DA INFERTILIDADE AOS DESAFIOS NO ALEITAMENTO MATERNO Paula Honorio Marconi Buzatto 62 RESPIRAR: A RELAÇÃO ENTRE A DURAÇÃO DA AMAMENTAÇÃO E O PADRÃO RESPIRATÓRIO Rita de Cássia Olmos Pedroni 65 IMPACTOS DA AMAMENTAÇÃO NOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Sissiane Escobar de Souza 67 A IMPORTÂNCIA DA REDE PRIMÁRIA COMO APOIO NA PRÁTICA DA AMAMENTAÇÃO Tatiana do Prado Lima Bonini 70 ANQUILOGLOSSIA E O IMPACTO NA AMAMENTAÇÃO Thais Varanda Stocco 73 AMAMENTAÇÃO E A PRÁTICA DO ACONSELHAMENTO EM TEMPOS DE PANDEMIA: UM PROJETO DE AVALIAÇÃO Virginia Volpato Santichio 77 HORA DE OURO: PROTOCOLOS QUE PROPICIEM OS BENEFÍCIOS DESTE MOMENTO NA VIDA DA MÃE E BEBÊ Vivian Ivon Rosio Montaño Farell Borsato 80 DESENHO PARA TURMA DE ALEITAMENTO MATERNO DE PIRACICABA Laura Lino 83 HOMENAGEM PARA A TURMA DE ALEITAMENTO MATERNO DE PIRACICABA Profa. Ana Paula Vioto 84
  • 4. 1 A IMPORTÂNCIA DA HORA DE OURO E O PAPEL DA DOULA Aline Orsi Fogaça de Almeida1 Resumo Os primeiros 60 minutos de vida do bebê são muito importante para ele, favorecendo o vínculo com sua mãe e evitando complicações neonatais. Então, os profissionais que assistem essa dupla, durante o pré-natal e parto, precisam ser facilitadores e incentivadores do contato pele a pele e a amamentação na primeira hora, considerando todos os benefícios imediatos e a longo prazo que essa oportunidade traz para a saúde do bebê e sua mãe. A doula precisa estar ao dessa mulher e desse bebê apoiando-os para que a Hora de Ouro aconteça de maneira respeitosa e com a menor intervenção profissional possível. Palavras-chaves: Contato pele a pele. Amamentação. Hora de Ouro. Doula 1. INTRODUÇÃO A hora de ouro, primeiros 60 minutos de vida do bebê, é marcada pela relevância para o seu crescimento e desenvolvimento proporcionando benefícios imediatos e a longo prazo em sua saúde (SHARMA et al., 2017; KARIMI et al., 2019). O Contato Pele a Pele (CPP) e a Amamentação na Primeira Hora (APH) são práticas simples que desempenham papel importante durante esse período de adaptação neonatal, fortalecendo o vínculo entre mãe e bebê e evitando complicações neonatais precoces, como a hipotermia e hipoglicemia neonatais (BRASIL, 2013; NECZYPOR & HOLLEY, 2017). O contato pele a pele é uma estratégia que, impacta no sucesso da amamentação, trazendo benefícios que repercutem em todo ciclo da vida da criança (GUALA et al., 2017). A literatura revela as repercussões negativas que a privação desse contato materno provoca nos recém-nascidos. Entre esses o aumento dos níveis de estresse, evidenciado por choro intenso e prolongado, que poderão comprometer o funcionamento pulmonar, a pressão intracraniana e o fechamento do forame oval (NECZYPOR & HOLLEY, 2017). 2. O PARTO, A DOULA E A HORA DE OURO Pós graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo1 – Piracicaba/SP. E-mail: aline.orsi80@gmail.com
  • 5. 2 O inquérito nacional Nascer Brasil (2014), mostrou números elevados de separação precoce entre o binômio mãe-bebê quando o tipo de parto foi a cesárea (LEAL & RANGE, 2014). Fato também observado por outras pesquisas, que revelaram que mulheres submetidas a cesariana, tem quase três vezes mais risco de não realizar o CPP com APH. Assim como os RNs nascidos por parto vaginal apresentaram maior prontidão para dar início a amamentação comparados àqueles nascidos por cesariana, visto que ficaram mais tempo em contato precoce com a mãe (ALLEN et al., 2019; SACO et al., 2019). Mesmo com as estatísticas do alto índice de nascimentos por via cirúrgica, devese questionar a falta de protocolos que apoiem o CPP nesses casos. Qualquer criança instável deve ser imediatamente avaliada e estabilizada, contudo, mães e bebês estáveis merecem experimentar as mesmas práticas humanizadoras que os que passam por parto normal (PHILLIPS, 2013). Com monitoramento adequado à criança e à mãe, o CPP pode manter- se ininterrupto. Uma ampla variedade de profissionais médicos, como enfermeiros obstetras, doulas, médicos da família, anestesistas e obstetras/ginecologistas podem estar envolvidos no processo de parto da mulher. É necessária uma comunicação próxima entre esses profissionais para criar um ambiente de segurança e cuidado centrado na paciente (HUTCHISON et al., 2021). Estudos clínicos de significância estatística provam que a participação da doula facilita o trabalho de parto, incluindo o aumento do parto normal espontâneo, menor duração do trabalho de parto e redução do parto cesáreo e parto vaginal instrumental e do uso de qualquer analgesia, além de redução dos sentimentos negativos relacionados a experiência do parto (KOZHIMANNIL et al., 2016; HODNETT et al., 2017). Incentivar o contato pele a pele na primeira hora e a amamentação o mais breve possível, respeitando as condições biológicas e socias do bebê e da mãe, também são atividades que a doula pode ter durante a assistência ao parto. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando a importância da Hora de Ouro e seu impacto na vida do bebê e sua mãe, todos os profissionais (médicos, enfermeiros, doulas) que assistem esse momento precisam favorecer e incentivar o encontro dessa díade. Esse apoio será fundamental para facilitar o encontro prazeroso entre mãe e bebê. As doulas podem iniciar a conversa com a mulher sobre os benefícios da Hora de Ouro desde o pré-natal e na Hora de Ouro serem apoio técnico e emocional a fim de apoiar e proteger essa hora. 4. REFERÊNCIAS ALLEN J, PARRATT JA, ROLFE MI, HASTIE CR, SAXTON A, FAHY KM. Immediate, uninterrupted skin-to-skin contact and breastfeeding after birth: a crosssectional electronic survey. Midwifery [Internet]. 2019 BRASIL, Ministério da Saúde. Além da sobrevivência: Práticas integradas de atenção ao parto, benéficas para a nutrição e a saúde de mães e crianças. [Internet] Brasília, DF(BR);
  • 6. 3 2013 » https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp- content/uploads/2019/06/alem_sobrevivencia_praticas_integradas_atencao.pdf GUALA A, BOSCARDINI L, VISENTIN R, ANGELLOTTI P, GRUGNI L, BARBAGLIA M, et al. Skin-to-skin contact in cesarean birth and duration of breastfeeding: a cohort study. Sci World J [Internet]. 2017 HODNETT ED et al. “Continuous support for women during childbirth.” Cochrane Database of Systematic Reviews, jul 7(7), 2017. HUTCHISON J, MAHDY H, HUTCHISON J. Stages of labor. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, Jan, 2021. KARIMI FZ, SADEGHI R, MALEKI-SAGHOONI N, KHADIVZADEH T. The effect of mother-infant skin to skin contact on success and duration of first breastfeeding: A systematic review and meta-analysis. Taiwan J Obstet Gynecol [Internet]. 2019 KOZHIMANNIL KB, HARDEMAN RR. “Modeling the Cost-Effectiveness of Doula Care Associated with Reductions in Preterm Birth and Cesarean Delivery.” Birth, Volume 43, Issue 1, 2016. LEAL MC, RANGE SGN. Born in Brazil. Thematic executive research summary. National Survey on Childbirth and Birth. [Internet] Rio de Janeiro, RJ(BR): Fundação Oswaldo Cruz; 2014 » http://www.ensp.fiocruz.br/portalensp/informe/site/arquivos/anexos/nascerweb.pdf NECZYPOR JL, HOLLEY SL. Providing evidence-Based care during the Golden hour. Nurs Womens Health [Internet]. 2017 PHILLIPS R. The sacred hour: Uninterrupted Skin-to-Skin Contact Immediately After Birth. Newborn Infant Nurs Rev [Internet]. 2013 SHARMA D, SHARMA P, SHASTRI S. Golden 60 minutes of newborn’s life: Part 2: Term neonate. J Matern Fetal Neonatal Med [Internet]. 2017
  • 7. 4 O IMPACTO DA AMAMENTAÇÃO E DE OUTRAS FORMAS DE ALEITAMENTO NA MASTIGAÇÃO E NA SAÚDE DA CRIANÇA Aline Pedroni Pereira1 Resumo A amamentação desempenha importante papel no desenvolvimento orofacial do bebê, favorecendo e preparando o organismo para a mastigação. Em contrapartida, diferentes formas de aleitar podem comprometer o funcionamento do sistema estomatognático, prejudicando assim a qualidade da função mastigatória e as preferencias alimentares da criança. Essas consequências podem trazer prejuízos a longo prazo e favorecer doenças sistêmicas. Palavras chaves: Amamentação. Função mastigatória. Desenvolvimento orofacial. INTRODUÇÃO Muitos benefícios relacionados à saúde infantil foram atribuídos a amamentação, que desempenha importante papel no desenvolvimento das estruturas faciais do bebê e pode ser considerada um fator de proteção contra o estabelecimento de maloclusões, além de contribuir para o funcionamento fisiológico do sistema estomatognático e ser responsável pela respiração, deglutição, sucção, mastigação e articulação da fala (CARVALHO et al, 2021). Os músculos envolvidos na amamentação, especialmente o masseter, são os mesmos músculos que posteriormente (a partir dos 6 meses) irão realizar a mastigação (GOMES et al, 2006). Portanto, a mastigação continua esse processo de estimulação orofacial e quando realizada corretamente, desempenha um papel juntamente com os aspectos genéticos e ambientais, para a estabilidade da oclusão dentária, funcionalidade e equilíbrio do sistema estomatognático (PIRES et al, 2012). Apesar dos benefícios da amamentação para o preparo dos músculos mastigatórios, outras formas de sucção, como aquelas envolvidas na mamadeira e no uso de chupeta, produzem diferentes estímulos, que podem comprometer e alterar o desenvolvimento motor e a posição e força das estruturas estomatognáticas, com impacto prejudicial nas funções orais, incluindo a mastigação (CARRASCOZA et al, 2006). A mastigação é um processo aprendido. Portanto, a hipótese é que, uma musculatura alterada por outras formas de sucção, ou mesmo não trabalhada anteriormente pela amamentação, pode desencadear uma situação facilitadora para um ato mastigatório ineficiente e com menor estímulo mioneural e levar a uma escolha alimentar inadequada, favorecendo fatores de risco para outras doenças sistêmicas. DESENVOLVIMENTO 1 Pós-graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo1, pólo Piracicaba. Email: alinepedroni@hotmail.com
  • 8. 5 Um dos inúmeros benefícios que a amamentação traz para o longo prazo, é o desenvolvimento motor oral, através da movimentação intensa dos lábios, língua, mandíbula, maxila e bochecha. Os movimentos mandibulares envolvidos na extração do leite materno, fornecem estímulos para o crescimento da articulação temporomandibular, favorecendo o crescimento e desenvolvimento harmonioso da face (SANCHES, 2004). Por outro lado, o uso de bicos artificiais, que podem ocorrer simultânea ou separadamente a amamentação, têm um efeito negativo na função motora oral das crianças, por alterarem o padrão da musculatura perioral e não estimularem a articulação temporomandibular e, consequentemente o crescimento da mandibula. Vários estudos relacionaram a influência negativa desses dispositivos na função mastigatória (CARRASCOZA et al, 2006). Estudo coorte realizado em 2012, encontrou que, os efeitos da amamentação e uso de mamadeira ou chupeta na função mastigatória eram independentes, ou seja, mesmo que as crianças usassem mamadeiras e/ou chupetas, a amamentação ainda tem um impacto positivo sobre a mastigação. Isso significa que a função mastigatória de crianças que foram alimentadas com bicos artificiais, seria ainda mais fortemente afetada sem os movimentos musculares estimulantes da mastigação proporcionados pela sucção no peito (PIRES et al, 2012). De acordo com as atuais recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), os trabalhadores da saúde devem proteger, promover e apoiar o aleitamento materno exclusivo até 6 meses e sua continuação até os 2 anos de idade ou mais. Entretanto, o aleitamento materno exclusivo não é uma opção viável para todos por diversos motivos. Recém-nascidos que precisam de suplementação por razões médicas precisam ser alimentados com um método alternativo. O aleitamento por copo é visto, na maioria das situações, como um método superior a outros métodos de alimentação de lactentes (NYQVIST e UWE, 2006). Gomes e colaboradores (2006) fizeram uma análise detalhada de dados eletromiográficos dos músculos masseter, temporal e bucinador em bebes alimentados por copo e mamadeira. Maiores semelhanças entre bebês alimentados ao peito e por copo foram encontradas, reforçando a hipótese da "confusão de bicos" em bebês após exposição à alimentação por mamadeira. Pires e colaboradores (2012) detectaram uma associação significativa entre manutenção da amamentação por 12 meses ou mais e função mastigatória superior. Em contrapartida, o uso de chupeta e mamadeira foram associados a uma redução nos escores da função mastigatória. O estudo concluiu que a amamentação tem um impacto positivo na mastigação, uma vez que a duração da amamentação foi positivamente associada à qualidade da função mastigatória, garantindo estímulos funcionais para um adequada crescimento e desenvolvimento facial. A frequência da substituição do aleitamento materno, oferecido em mamadeiras e, geralmente, associada à chupeta, promove o desmame e pode postergar a introdução de diferentes texturas e consistências à criança, especificidades alimentares importantes no desenvolvimento sensório motor oral (ARAÚJO et al., 2007). A mastigação é o primeiro estágio do processo digestivo, que também envolve estímulos sensoriais relacionados ao sabor e ao prazer de comer. Pessoas com uma função mastigatória ineficiente deglutem grandes partículas de alimento ou alteram sua dieta. Podendo resultar no decréscimo da absorção de nutrientes e ingestão não balanceada de alimentos, pelo consumo preferencial de alimentos mais macios e fáceis de serem mastigados, como os industrializados, em detrimento dos ricos em fibras e nutrientes, que necessitam uma maior eficiência mastigatória (FRIEDLANDER et al., 2007). A capacidade tampão de um alimento bem mastigado também é significativamente maior do que de um alimento parcialmente ou não mastigado. Um alimento sólido permanece
  • 9. 6 mais tempo no estômago do que um de consistência mais líquida. Essa dieta prejudicada pode então aumentar o risco de distúrbios gastrointestinais e de doenças relacionadas a carências nutricionais (BUDTZ-JORGENSEN et al., 2000). Estudos também encontraram que alterações no comportamento mastigatório e maior dificuldade para realizar a função estão associados a indivíduos com sobrepeso e obesidade (PEDRONIPEREIRA, 2016). CONSIDERAÇÕES FINAIS Fica claro que o aleitamento materno tem uma função importante no desenvolvimento motor oral da criança, favorecendo uma boa função mastigatória, e consequentemente melhores escolhas alimentares no futuro, contribuindo para a diminuição de diversas doenças sistêmicas. E, o uso de bicos artificiais tem efeito contrário e foi associado a um menor desempenho da função mastigatória. REFERÊNCIAS BUDTZ-JORGENSEN et al. Sucessful aging – the case for prosthetic therapy. J Public Health Dent. 2000. CARRASCOZA K. C. et al., Consequences of bottle-feeding to the oral facial development of initially breastfed children. J Pediatr (Rio J). 2006. CARVALHO, Wendel Chaves et al. As repercussões da amamentação e do uso de bicos artificiais na função estomatognática e na saúde sistêmica do bebê nos primeiros mil dias de vida: Uma revisão bibliográfica. Research, Society and Development 10.10. 2021. DE ARAUJO C. M. et a. Aleitamento materno e uso de chupeta: repercussões na alimentação e no desenvolvimento do sistema sensório motor oral. Revista Paulista de Pediatria 25.1. 2007. FRIEDLANDER A. H. et al. Metabolic syndrome: pathogenesis, medical care and dental implications. JADA. 2007 GOMES, CS et al. Surface electromyography of facial muscles during natural and artificial feeding of infants. J Pediatr (Rio J). 2006. NYQVIST, K. H. and UWE E. Surface electromyography of facial muscles during natural and artificial feeding of infants: identification of differences between breast, cup-and bottle-feeding. 2006. PEDRONI-PEREIRA A. et al, Chewing in adolescents with overweight and obesity: An exploratory study with behavioral approach. Appetite 107. 2016. PIRES, S. C. et al. Influence of the duration of breastfeeding on quality of muscle function during mastication in preschoolers: a cohort study. BMC Public Health. 2012.
  • 10. 7 SANCHES M. T. Clinical management of oral disorders in breastfeeding. J Pediatr (Rio J). 2004.
  • 11. 8 “MAIS COR, POR FAVOR!” ATENDIMENTOS DE LACTAÇÃO SOB A PERSPECTIVA LGBTQIA+ Ana Carolina Lorga Salis1 Resumo A população LGBTQIA+ encontra-se desamparada quanto ao atendimento de seus direitos, incluindo o acesso aos espaços de saúde. A partir da iminente necessidade de formação de profissionais de saúde preparados para atender essa população, esse trabalho apresenta uma alusão a um modelo de cuidado inclusivo e integral de atendimento, de maneira que deixemos as portas abertas às novas configurações familiares, para que se sintam aceitas, acolhidas e respeitadas ao adentrarem nos espaços de saúde e atendidas e apoiadas ao término dos atendimentos. A escassez de estudos sobre a temática LGBTQIA+ na área de saúde e a carência da literatura brasileira a respeito acarretam um consequente impacto negativo na assistência a essa população que demanda particularidades médicas, culturais e sociais. Palavras-chave: LGBT, Inclusivo, Amamentação, Integral, Saúde. 1 INTRODUÇÃO A população LGBTQIA+ tem seus direitos humanos básicos agredidos, e muitas vezes se encontra em situação de vulnerabilidade. Diante dessa realidade, esse trabalho tem o intuito de fornecer referências àqueles que cuidam ou virão a cuidar, de familias LGBTQIA+, que muitas vezes deixam de buscar atendimento ou de revelar suas identidades de gênero e/ou orientações sexuais aos cuidadores de saúde, por serem vítimas da cis-heteronormatividade desses ambientes. O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo (TRANS MURDER MONITORING, 2021), mesmo reconhecendo o absolutismo desse dado, o fato é que milhões de vidas são tiradas pelo simples motivo de não adequação de gênero e/ou identidade sexual. Aqui ocorre uma morte LGBT a cada 23 horas (GGB, 2020), uma pessoa LGBT é agredida a cada hora (GGB, 2020) e a expectativa de vida das travestis e transexuais é de 35 anos (ANTRA, 2018), mostrando a vulnerabilidade dessas pessoas e tornando ainda mais importante nosso papel no acolhimento e apoio a sua luta dentro de nossos consultórios e hospitais. Pós-graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo 1, polo Piracicaba. E-mail: calorgasalis@gmail.com
  • 12. 9 2 FAMÍLIAS LGBTQIA+ E AMAMENTAÇÃO Para que possamos oferecer um atendimento digno e respeitoso, inicialmente devemos nos familiarizar com terminologias referentes a identidades de gênero (cis ou transgênero), expressões de gênero (feminino, masculino, não binário, andrógino), sexos biológicos (feminino, masculino, intersexo e nulo), orientações sexuais (homossexual, bissexual, heterossexual, pansexual, assexual), além de temáticas específicas e terminologias próprias, tais como “chestfeeding” (dar o peito ou amamentar no tórax), nome social , papel parental e escolha de pronomes (ele/dele, ela/dela) e compreender que possuem necessidades médicas específicas (p.ex: saúde reprodutiva, tratamentos hormonais) (SAULO, 2021). Famílias LGBT, assim como outras, precisam de acesso a suportes tradicionais de lactação, com escuta empática, consideração, respeito, liberdade de expressão, atendimento atualizado e competência. As principais demandas que encontramos como consultores de lactação dos indivíduos LGBTQIA+ são atendimento pré-natal (informação, preparo e entrosamento), co-lactação (duas mães, homem trans com mulher trans, mulher cis com mulher trans, homem cis com homem trans...), indução da lactação (homens ou mulheres trans, mães adotivas, barriga solidária...) e cessação da lactação para aqueles que não desejam amamentar. Estamos falhando diariamente no cuidado dessas pessoas. Um profissional despreparado pode esmaecer ainda mais quem já se encontra em condição de vulnerabilidade. Discriminação afeta a qualidade da atenção, piora a acurácia diagnóstica, fidelidade do paciente e adesão terapêutica. Precisamos trabalhar contínua e arduamente pela equidade e normalização de preceitos e particularidades LGBTQIA+. “A minha maior conquista se transformou na minha doença. E ironicamente, quem foram os principais responsáveis pelo meu adoecimento? Pessoas que curam. Pessoas que deveriam curar” (Relato de uma bicha carbonizada, AMORIM G, rede social. Livro: Saúde LGBTQIA+, 2021, p.103). A saúde de uma população é afetada pela qualidade do apoio que recebe. Pressões surdas e mudas, iniquidades e desigualdades em saúde podem levar a desafios intransponíveis e resultados devastadores. Se nossa preocupação principal, como consultores de lactação, é o futuro das crianças, faz-se necessário que saibamos que elas escorregam muito bem nesse arco-íris e que, de nós esperam apenas aceitação, apoio e acolhimento. “Crianças criadas por pais LGBT são bem ajustadas e saudáveis, nessas famílias as crianças prosperam.” (TASKER, 2015). Isto posto, e considerando que essa população vem crescendo em número e representatividade, nós profissionais da saúde podemos criar condições e desenvolver habilidades em nossas condutas de maneira que os convidemos a entrar, apuremos nossos olhares sobre suas particularidades e evitemos equívocos em suas abordagens, mitigando sofrimentos e equalizando atendimentos. (ver APÊNDICE).
  • 13. 10 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A falta de informação gera discriminação, atendimentos desatualizados, incompletos e muitas vezes situações de violências. Vivências de hostilidade e desrespeito afastam essas pessoas dos serviços de saúde, o que pode ser ainda mais grave quando somado a outros fatores de vulnerabilidade, com destaque para grupos populacionais de negros, deficientes, pobres, imigrantes, prostitutas, entre outros. Posto isso, sigamos aprendendo e ensinando para que cada dia mais estejamos preparados para respeitar sem julgar e responder a demanda de saúde de TODAS AS PESSOAS. VAMOS COLORIR NOSSOS ATENDIMENTOS, POLÍTICAS PÚBLICAS, REDES SOCIAIS, CAMPANHAS E BIBLIOTECAS. “MAIS COR, POR FAVOR!” 4 REFERÊNCIAS ANTRA, Associação Nacional de Travestis e Transexuais, disponível em www.antrabrasil.org. ASSOCIATION OF ONTARIO MIDWIVES, Tip Sheet – Providing Care to “Trans Men and All Masculine Spectrum” Clients, 2016, disponível em www.genderminorities.com. CIASCA, Saulo, et al. Saúde LGBTQIA+: práticas de cuidado transdisciplinar. Editores: Saulo Vito Ciasca, Andrea Hercowitz, Ademir Lopes Junior. Santana de Paraíba (SP). Manole, 2021. FERRI, Rita, et al. Lactation Care for Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender, Queer, Questioning, Plus Patients. Breastfeed Med. 5(15): 284-293. Maio de 2020. GGB – Levantamento Grupo Gay da Bahia, 2020. Disponível em www.ggb.org.br. GRANT Jaime, et al. Injustice at Every Turn: A Report of the National Transgender Discrimination Survey. Washington: National Center for Transgender Equality and National Gay and Lesbian Task Force, 2011. Disponível em https://transequality.org/sites/default/files/docs/resource/NTDS_Report.pd “MAIS COR, POR FAVOR” – nome de programa do canal GNT, desde janeiro de 2016. REISMAN Tamar, Goldstein Zil. Case report: Induced lactation in a transgender woman. Transgender Health, Nova Iorque, 3: 24–26. Janeiro de 2018 TASKER, Fiona. Lesbian Mothers, Gay Fathers, and Their Children: a Review. Journal of Developmental & Behavioral Pediatrics, Londres, 26:224–240. Junho de 2005. TRANS MURDER MONITORING, novembro de 2021. Disponível em www.transrespect.org.
  • 14. 11 5 APÊNDICE SUGESTÃO DE MODELO DE ATENDIMENTO INCLUSIVO PARA FAMÍLIAS LGBTQIA+ 1) Conhecer terminologias próprias dessa população e ter consciência da fluidez desses termos, mantendo-nos sempre atualizado a respeito. 2) Conhecer as particularidades médicas e sociais dessa população (por exemplo: homens gestantes e lactantes e suas implicações). 3) Usar o pronome (ele/dele, ela/dela), nome (registro/social, caso escolham o social não precisamos questioná-los sobre seus nomes de registro) ou papel parental (“Como gostaria que seu bebê te chamasse?”) escolhidos pela pessoa ao se referir a ela. Não pressupor o gênero da pessoa pela aparência, somente a própria pessoa pode lhe dar essa informação (“Olá! Como estão? Me chamo Ana e podem se referir a mim com o pronome feminino. E com vocês? Que pronome devo usar?”). Alguns homens trans podem parecer mulheres, enquanto algumas pessoas que podem parecer muito masculinas, se identificam como “mulher”. Erros podem ocorrer, mas devemos nos desculpar, após corrigi-los. 4) Colocar o pronome que gostaria que fosse usado para você ao se apresentar, no início dos atendimentos ou escritos após o seu nome no WhatsApp, Instagram, formulários (exemplo: Ana C. Lorga Salis - ela/dela). Essa pode ser uma maneira virtual de apoio e de se mostrar aberto a esse tipo de atendimento. 5) Treinar toda equipe para um atendimento inclusivo e respeitoso (atendentes do estacionamento, secretárias, assistentes, enfermeiros, médicos). O membro da equipe que tem o primeiro contato com clientes potenciais deve estar ciente de que algumas pessoas procuram nossos atendimentos para ajudar na lactação, não se identificam como “mulheres” e que podem preferir ser tratados por nomes diferentes dos nomes que aparecem em seus cartões de saúde. 6) Durante atendimento a essa população evite usar termos do tipo “mulheres”, “mães”, “materna”, “Senhora” e pratique falar sobre “pessoas grávidas”, “cuidadores”, “lactante”, “leite humano”, “gestante”. 7) Quando se referir ao público em geral, usar frases do tipo: - “Boa noite a todas as pessoas aqui presentes!”, “A pessoa (indivíduo) que amamenta…”, “Todas as pessoas que gestam...”, “Dar o peito…”, “O leite humano…”. E talvez pensarmos em incluir os homens que amamentam, em nossas campanhas mundiais de amamentação, mudando termos do tipo “Semana Mundial de Aleitamento Materno” para ‘Semana Mundial do Aleitamento Humano”, uma vez que fica perceptível o desconfortáveis desses PAIS com o termo “MATERNO”, devido à sua falta de inclusão e à disforia de gênero que essa palavra pode gerar nesses indivíduos. 8) Ter formulários e prontuários com linguagem inclusiva (trocar “mãe” e “pai” por “responsáveis”, usar “pessoa que amamenta”, ao invés de “mãe”) e pulseiras de identificação adequadas ao gênero e papel parental informado pelas pessoas que irão vesti-las.
  • 15. 12 9) Certificar-se de que todas as perguntas são necessárias para um atendimento adequado. Explicar por que tais perguntas são relevantes. Pessoas trans são frequentemente sujeitas a perguntas desnecessárias de curiosos. 10) Não pressupor que a pessoa deseja amamentar. É sempre preferível perguntar, usando perguntas abertas (“Como estão pensando em alimentar o bebê?”, “O que sabem sobre indução da lactação?”), sobretudo homens trans que não passaram por cirurgia de remoção da glândula mamária, uma vez que a decisão de não amamentar pode ser baseada em razões fisiológicas ou de saúde mental. Nesses casos, oferecer informações sobre cessação de produção de leite. 11) Confidencialidade pode ser fundamental para essa população. Perguntar sobre como gostariam que essas questões fossem tratadas. Alguns/algumas pacientes podem querer um tratamento diferente quando em ambientes não privados. 12) Ornamentar o espaço de saúde com pelo menos um item capaz de mostrar que somos seus apoiadores e capazes de atendê-los (exemplo: almofada arco-íris, adesivos coloridos, placa/quadro com dizeres inclusivos). Essa é uma forma sutil e impactante de reconhecêlos. Uma simples caneca arco-íris pode tornar o ambiente mais receptivo. 13) Colocar placas inclusivas nas portas dos banheiros dos estabelecimentos de saúde (“unissex”, “todos os gêneros”) ou deixá-las sem placa de referência ao sexo (“banheiro”). O acesso ao banheiro costuma ser muito estressante para quem não se encaixa perfeitamente nas normas de gênero masculino ou feminino. 14) Evitar suposições relacionadas aos parceiros/as do/a paciente. Homens e mulheres trans, assim como todas as pessoas, podem ter qualquer orientação sexual (por exemplo: mulher trans homossexual que se relaciona com outra mulher cis ou trans). 15) Estar ciente de que homens trans podem se sentir desconfortáveis no exame físico da mama. Usar a palavra “tórax”, ao invés de “mama”, e pedir licença antes de tocá-los pode minimizar seu incômodo. 16) Tratar de todos os assuntos necessários com naturalidade e respeito, nunca de maneira pejorativa. 17) Entender que amamentação cruzada acontece somente quando o bebê é amamentado por uma pessoa que não ocupa o papel parental naquela família. 18) Dar igual atenção, direitos e importância à mãe não gestante (no caso de duas mães). Essas mães costumam se sentir invisíveis e muitas vezes são tratadas como pai. 19) Tal como acontece com todas as pessoas, realizar o rastreio de sintomas de ansiedade e depressão. A saúde mental pode ser um tema de maior destaque para essa população. 20) Estar ciente sobre sentimentos negativos ou desconfortos, nossos ou de funcionários das instituições de saúde, relacionado à essas pessoas. Somente após reconhecer nossos preconceitos, será possível desconstruí-los. Existe uma ansiedade social
  • 16. 13 baseada na suposição de que as pessoas LGBT são pais inadequados. Informar-nos a respeito pode ajudar nessa reconstrução. 21) Oferecer uma lista de grupos de apoio para essa população, assim como de profissionais “LGBT apoiadores”.
  • 17. 14 EFEITOS DA LUZ ARTIFICIAL NOTURNA SOBRE A SECREÇÃO DE MELATONINA MATERNA E CONSEQUÊNCIAS NA GESTAÇÃO E LACTÂNCIA Cecilia Mercado1 Resumo Neste trabalho é ressaltada importância da melatonina materna como modulador do ritmo circadiano do bebê, mas também como um hormônio essencial para a manutenção fetal e homeostase placentária e uterina. Atuando sobre os genes relógio que tem papeis importantes na fisiologia reprodutiva e orgânica materna e do bebê. A exposição exagerada a contaminação luminosa é um fator que pode alterar fortemente todos estes processos dependentes da melatonina. Palavras chave: Melatonina (ML), crononutrição, Luz artificial noturna (LAN), cronodisrupção, gestação e lactância, dispositivos eletrônicos auto luminosos (DEA) 1. INTRODUÇÃO Atualmente a LAN e uso de DEAs está completamente naturalizado. A pandemia de covid19 trouxe mudanças comportamentais como adoção do teletrabalho, aulas on-line, incrementando a exposição as telas de DEAs. O objetivo do trabalho é informar sobre alternativas para evitar disrupcões no marca-passo circadiano em gestante-feto e lactante, e promover o melhor desenvolvimento e evitar alterações comportamentais e metabólicas futuras. Para tal, é importante a compreensão sobre a Melatonina que é um hormônio sintetizado e secretado a noite na glândula pineal estimulada pela região do cérebro chamado núcleo supraquiasmático no hipotálamo (APÊNDICE 1). 1 Pós graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo 1 pólo Piracicaba; email: doccecim1512@gmail.com
  • 18. 15 É regulador central do relógio circadiano (RC), sensível a sinais claro/escuro percebidos na retina pelos fotorreceptores de melanopsina nas células retinais ganglionares, reagindo a luz com longitudes de onda curta correspondente a faixas dentre 420-600nm com pico de absorção nos 446-447nm (BRENNAN, & LYONS, 2007). 2. REGULAÇÃO DO RC E O EFEITO SO O LEITE MATERNO (LM) A secreção de ML endógena é rítmica tendo o pico de secreção entre as 2/3hs (QIN et. al., 2019). A secreção da ML no LM apresenta ritmo diário similar, sincronizando com os ritmos do bebé. No final da gravidez a gestante exibe uma mudança incremental de ML noturna endógena, preparando o feto para o nascimento. Embrião e feto dependem da ML transplacentária para o correto desenvolvimento (ASTIZ & OSTER, 2021). O LM é considerado um “crononutriente”. O nível de ML materna alcança seu pico no colostro decrescendo no leite de transição e no leite maduro progressivamente) (APÊNDICE 2) (QIN et. al., 2019). A ML sérica de RN adquire ritmicidade com 2-3 meses (BRENNAN, & LYONS, 2007; McCARTHY et. al., 2019). 3. CRONODISRUPÇÃO E CONSEQUÊNCIAS A LAN é uma das principais causantes do desacople entre o RC endógeno com o ciclo externo claro-escuro. DAEs emitem radiação luminosa em cumprimentos de onda próximas do pico de sensibilidade para a ML (luz azul, 470nm) sendo causal da cronodisrupção (WOOD et. al., 2013; CHO et. al., 2015; DOMINONI et. al., 2016). ML é marca-passos central que regula e sincroniza os relógios periféricos de outros órgãos (BEDROSIAN & NELSON, 2017). O desbalanço da rede hormonal pode causar transtornos que afetam funções neurológicas e comportamentais, endocrinológicas e metabólicas, cardiovasculares (tanto em gestastes quanto em fetos e RN) e reprodutivas e imunológicas (APÊNDICE 1) (SCHEIERMANN et. al., 2013; CIPOLLA-NETO et. al., 2014; McCARTHY et. al., 2019; HAHN-HOLBROOK et. al., 2019; GUNATA et.al., 2020; GOMBERT & CODOÑER- FRANCH, 2021). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base na revisão são feitas as seguintes recomendações: 1-Extração diferenciada
  • 19. 16 (diurna/noturna) e rotulagem do LM ordenhado para a doação aos Bancos de Leite Humanos (BLH); 2- Leite e formulações industriais que contenham dosagem de ML e rotulagem adequadas reguladas pela ANVISA para melhorar uso terapêutico ou nutricional; 3-Uso de filtros protetores para telas para mães expostas a luz noturna. Criar uma rotina de sono que respeite horários de claro/escuro; 4- UTIs neonatais devem considerar o uso de infraestrutura com iluminação ambiental amiga da MLe favorecer partos no horário noturno, no escuro ou com luz tênue ou levemente vermelha (McCARTHY et al., 2019; HAZELHOFF et al., 2021); 5- promover consumo de alimentos que sejam ricos em triptofano e ML. 5. REFERÊNCIAS 1. Astiz, Mariana, & Henrik Oster. 2021. “Feto-Maternal Crosstalk in the Development of the Circadian Clock System”. Frontiers in Neuroscience 14 (janeiro): 631687. 2. Bedrosian, T A, & R J Nelson. 2017. “Timing of Light Exposure Affects Mood and Brain Circuits”. Translational Psychiatry 7 (1): e1017–e1017. 3. Brennan, R, J E Jan, & C J Lyons. 2007. “Light, Dark, and Melatonin: Emerging Evidence for the Importance of Melatonin in Ocular Physiology”. Eye 21 (7): 901– 8. 4. Cho, YongMin, Seung-Hun Ryu, Byeo Ri Lee, Kyung Hee Kim, Eunil Lee, & Jaewook Choi. 2015. “Effects of Artificial Light at Night on Human Health: A Literature Review of Observational and Experimental Studies Applied to Exposure Assessment”. Chronobiology International 32 (9): 1294–1310. 5. Cipolla-Neto, J., F. G. Amaral, S. C. Afeche, D. X. Tan, & R. J. Reiter. 2014. “Melatonin, Energy Metabolism, and Obesity: A Review”. Journal of Pineal Research 56 (4): 6. Dominoni, Davide M., Jeremy C. Borniger, & Randy J. Nelson. 2016. “Light at Night, Clocks and Health: From Humans to Wild Organisms”. Biology Letters 12 (2): 20160015. 7. Gombert, Marie, & Pilar Codoñer-Franch. 2021. “Melatonin in Early Nutrition: LongTerm Effects on Cardiovascular System”. International Journal of Molecular Sciences 22 (13): 6809. 8. Gunata, M., H. Parlakpinar, & H.A. Acet. 2020. “Melatonin: A Review of Its Potential Functions and Effects on Neurological Diseases”. Revue Neurologique 176 (3): 148– 65. 9. Hahn-Holbrook, Jennifer, Darby Saxbe, Christine Bixby, Caroline Steele, & Laura Glynn.
  • 20. 17 2019. “Human Milk as ‘Chrononutrition’: Implications for Child Health and Development”. Pediatric Research 85 (7): 936–42. 10. Hazelhoff, Esther M., Jeroen Dudink, Johanna H. Meijer, & Laura Kervezee. 2021. “Beginning to See the Light: Lessons Learned From the Development of the Circadian System for Optimizing Light Conditions in the Neonatal Intensive Care Unit”. Frontiers in Neuroscience 15 (março): 634034. 11. McCarthy, Ronald, Emily S. Jungheim, Justin C. Fay, Keenan Bates, Erik D. Herzog, & Sarah K. England. 2019. “Riding the Rhythm of Melatonin Through Pregnancy to Deliver on Time”. Frontiers in Endocrinology 10 (setembro): 616. 12. Qin, Yishi, Weiyang Shi, Jialu Zhuang, Yu Liu, Lili Tang, Jun Bu, Jianhua Sun, e Fei Bei. 2019. “Variations in Melatonin Levels in Preterm and Term Human Breast Milk during the First Month after Delivery”. Scientific Reports 9 (1): 17984. 13. Scheiermann, Christoph, Yuya Kunisaki, & Paul S. Frenette. 2013. “Circadian Control of the Immune System”. Nature Reviews Immunology 13 (3): 190–98. 14. Wood, Brittany, Mark S. Rea, Barbara Plitnick, & Mariana G. Figueiro. 2013. “Light Level and Duration of Exposure Determine the Impact of Self-Luminous Tablets on Melatonin Suppression”. Applied Ergonomics 44 (2): 237–40.
  • 22. 19 Figura.1 Efeito da cronodisrupção mediada por LAN sobre a fisiologia no Gestante e na Lactação APÊNDICE 2 Figura 2. A) Concentrações de ML no relógio Circadiano. Concentrações de ML noturna na Gestação B) Concentração Noturna de ML no leite materno para primeiro mês de vida de bebês pre-termo e termo.
  • 23. 20 O ENSINO SOBRE ALEITAMENTO MATERNO DURANTE A GRADUÇÃO EM MEDICINA Cecília Freire de Carvalho Pinton1 Resumo Este estudo discute sobre a necessidade de se abordar de maneira mais aprofundada e estruturada o tema Aleitamento Materno durante o curso de graduação em medicina. Destaca a importância do atendimento qualificado do profissional médico para a proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno e sua manutenção. Este artigo resulta de uma pesquisa realizada pela autora a partir dos estudos abordados na Pós-graduação em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo 1. Palavras-chave: Aleitamento materno. Amamentação. Educação médica. 1 INTRODUÇÃO O Aleitamento Materno (AM) exclusivo até os 6 meses de vida e complementado até os dois anos ou mais traz inúmeros benefícios para saúde do bebê e para saúde da mulher que amamenta. É a estratégia isolada que mais previne mortes infantis, um importante indicador de saúde pública. Além disso, está associado a benefícios a longo prazo como diminuição do risco de sobrepeso e obesidade, diabetes mellitus tipo 2, síndrome metabólica e suas complicações (VICTORA et al., 2016). Dada a sua relevância para promoção e prevenção em saúde, esse tema ainda é pouco abordado durante a graduação do curso de medicina. 2 O TEMA ALEITAMENTO MATERNO NO ENSINO MÉDICO Os currículos dos cursos médicos no Brasil são relativamente padronizados, seguindo as diretrizes curriculares nacionais, porém a educação em aleitamento materno varia muito entre as faculdades pela falta de um currículo mínimo exigido durante a graduação (FRAZÃO et al., 2019). Esse mesmo problema é observado em outros países como EUA e Reino Unido (BIGGS et al., 2020; GARY et al., 2017). A decisão individual das mulheres em amamentar ou não seus bebês, bem como prolongar o AM além dos primeiros meses de vida, sofre forte influência da opinião e do apoio do profissional médico. Por isso, independentemente da especialidade do médico, ele deve ter uma compreensão básica da importância da amamentação e promovê-la como um importante 1 Pós – Graduanda em Especialização em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo1. Piracicaba/SP. E-mail: ceciliafcpinton@gmail.com
  • 24. 21 cuidado de prevenção em saúde. Informações erradas e práticas inadequadas em relação ao AM estão associada a piores taxas de aleitamento. A formação médica atual é insuficiente em termos de conhecimento teórico e habilidades práticas em amamentação. Os alunos, ao final do curso, entendem a importância do aleitamento materno, porém não se sentem preparados para enfrentar os desafios da amamentação e dar suporte as famílias durante esse processo, principalmente quando ocorrem dificuldades. Muito do que se aprende sobre amamentação depende da experiência dos médicos assistentes e da experiência prática individual com os pacientes atendidos ao invés de um currículo formal de educação em AM. Frazão e colaboradores (2019) realizaram uma pesquisa com os alunos do curso de medicina de uma Universidade de Alagoas, realizada através de um questionário que abrangia diversas áreas de conhecimento sobre AM, para avaliar a progressão do conhecimento médico durante a graduação sobre o tema e observou que o índice de acerto progrediu de forma irregular e se questiona se os acertos ocorreram de forma aleatória, se as informações estão organizadas com um objetivo claro de aprendizado e se os alunos estão sendo motivamos a refletir sobre o que estão aprendendo. E conclui que esse despreparo do conhecimento esteja sendo levado para vida profissional. De acordo com a pesquisa realizada por Meek e colaboradores (2020) realizada com profissionais médicos e não médicos com interesse em melhorar o treinamento e educação médica em AM foram identificados barreias e oportunidades para a inclusão de conteúdo sobre amamentação na educação médica (APÊNDICE 1). O ensino sobre AM deve aliar conhecimento teórico e prático, incluindo o manejo dos principais problemas em amamentação e deve ocorrer em vários campos de estágios como maternidade, atenção básica, ambulatórios de amamentação, banco de leite, etc. A OMS, UNICEF e Academia de Medicina da Amamentação recomendam que os estudantes de medicina e profissionais médicos devem conhecer as evidências científicas da amamentação como padrão ouro da alimentação infantil, conhecer a fisiologia da amamentação, os aspectos nutricionais do leite materno, a mecânica da amamentação, compreender o manejo clínico de mães e recém nascidos normais e as influências psicossociais que impactam o início e manutenção da amamentação e devem evitar a criação de barreiras para o estabelecimento do AM (GARY et al., 2017). Os Apêndices 2 e 3, tabelas adaptadas de Gary e colaboradores (2017), resumem as recomendações dessas instituições a respeito dos conhecimentos e habilidades sobre AM que os estudantes de medicina devem ter. Uma importante estratégia para estimular o interesse dos alunos em estudarem mais sobre esse tema seria a inclusão de mais questões sobre aleitamento materno nas provas de títulos e de acesso a residência médica. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para melhora do conhecimento teórico e das habilidades práticas do médico em formação, sugere-se criar um currículo básico em AM, abordando o tema durante toda a graduação, com aumento progressivo da complexidade, que ofereça ao médico ferramentas para que ele se sinta seguro e preparado no manejo clínico da amamentação, favorecendo o aumento, das taxas de aleitamento materno na população em que irá trabalhar. 4 REFERÊNCIAS
  • 25. 22 BIGGS, KV, Fidler KJ, Shenker NS, Brown H. Are the doctors od the future ready to support breasrfeeding? A cross-sectional study in the UK. International Breastfeeding Jounal, v.15, n.1, p.46-53, mai 2020. FRAZÃO, SIRMANI MELO; VASCONCELOS, MARIA VIVIANE LISBOA DE; PEDROSA, CELIA MARIA. Conhecimento dos Discentes sobre Aleitamento Materno em um Curso Médico. Revista Brasileira de Educação Médica. 43(2):58-66; 2019. GARY AJ, BIRGMINGHAM EE, JONES LB. Improving breastfeeding medicine in undergraduate medical education: A student survey and extensive curriculum review with suggestions for improvement. Education for Health, v. 30, n2, p. 163-168, 2017 MEEK JY et al. Landscape Analysis of Breastfeeding- Related Physician Education in the United States. Breastfeeding medicine: the oficial jornal of the Academy of Breastfeeding Medicine, v.15, n.6, p. 401-411, jun 2020 VICTORA CG, BAHL R, BARROS AJ, FRANÇA GV, HORTON S, KRASEVEC J, et al. Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect. Lancet, v. 387, n. 10017, p. 475-490, jan. 2016. 5. APÊNDICES APÊNDICE 1: Barreiras e oportunidades identificadas pelo informante-chave para inclusão de conteúdo sobre amamentação na educação médica Barreiras Oportunidades 1- Relutância em priorizar a amamentação como parte da educação médica e prática 2- Falta de confiança dos médicos em suas habilidades e conhecimentos para fornecer aconselhamento sobre amamentação 3- Falta de conscientização e apoio do paciente e da população para a amamentação 4- Seleção de médicos com interesse em amamentação para Educação Médica Continuada 5 – Falta de uma mensagem unificada de todas as especialidades médicas de que a amamentação é a principal e melhor nutrição para o bebê 6- Influência das empresas de fórmulas no ambiente de educação médica (por exemplo congressos nacionais) transmite uma mensagem confusa para os estudantes e ao público 7- Falta de preceptores de apoio a lactação disponíveis, principalmente em clinicas e hospitais menores Traduzido e adaptado de Meek e colaboradores (2020) 1- Desenvolvimento de uma instituição específica que defenda a amamentação 2 – Treinamento sobre aspectos práticos da amamentação e manejo da lactação 3 – Estabelecimento de padrões curriculares sobre amamentação e manejo da lactação para as escolas médicas 4- Integração da amamentação à nutrição durante o ensino médico básico 5- Inclusão da amamentação e manejo da lactação nos exames certificação do conselho 6 – Treinamento em amamentação e manejo da lactação para toda a equipe de atendimento
  • 26. 23 APÊNDICE 2: Competências baseadas no Conhecimentos em cuidados de amamentação para graduandos em medicina.
  • 27. 24 APÊNDICE 3: Competências baseadas nas Habilidades em cuidados de amamentação para graduandos em medicina.
  • 28. 25 INFLUÊNCIA DAS AVÓS NO ALEITAMENTO MATERNO Cristiane Moretti Gouveia1 RESUMO Os benefícios do aleitamento materno são amplamente discutidos na comunidade acadêmica e órgãos governamentais de saúde. Apesar disso, a prevalência de desmame precoce continua alta. Diversos fatores interferem na decisão de uma mulher amamentar ou não. Dentre esses fatores, as avós representam um modelo a ser seguido devido seus conhecimentos, experiências e saberes. Portanto, é necessário estudar a influência delas no desfecho da amamentação. O ambiente familiar é o primeiro local de aprendizagem relacionados à saúde e tradicionalmente, as mulheres são responsáveis pela higiene, alimentação e cuidados dos familiares. A nutrizes percebem que as avós influenciam positivamente ou negatividade a sua decisão de amamentar e reconhecem que a opinião das avós constitui elemento significativo para reforçar a sua decisão em manter a amamentação. As avós são consideradas elemento fundamental para a manutenção ou abandono do aleitamento materno. Mitos, crenças e proibições são passados de geração em geração e estão relacionados pelo contexto social, cultural e histórico da nutriz. Palavras chave: Avós; Aleitamento Materno; Desmame Precoce; Interferência Familiar. 1. INTRODUÇÃO Os benefícios do aleitamento materno são amplamente discutidos como sendo o melhor e único alimento nos primeiros seis meses de vida e alimento complementar até os dois anos ou mais (BRASIL,2015). Apesar de todas as vantagens conhecidas e da recomendação do Ministério da Saúde, o desmame precoce é uma realidade frequente em nossa sociedade (MARTINS E MONTRONE, 2017). Giugliane (apud MARTINS E MONTRONE, 2017) considera que há uma diversidade de fatores que podem influenciar a decisão da mulher em relação à amamentação, como a falta de conhecimento dos benefícios e prejuízos do aleitamento materno e técnicas de amamentação, falta de apoio familiar e profissionais de saúde e propaganda de indústrias de leite. Portanto, a amamentação não é totalmente instintiva e nem automática no ser humano, muitas vezes deve ser aprendida para ser prolongada com êxito. Nesse sentido, as mulheres, ao se depararem pela primeira vez com o aleitamento materno, requerem que lhes sejam apresentados modelos ou guias práticos de como devem conduzir-se nesse processo, que na maioria das vezes tem como primeira referência o meio familiar, as amizades e vizinhança nos quais estão inseridas (ANGELO et al, 2015). Sendo o êxito da amamentação multifatorial, destaca-se o suporte familiar. No contexto familiar, as avós são referências significativas no repasse de informações que interferem na decisão da mulher amamentar ou não. São elas ainda que detêm conhecimentos que foram validados por suas experiências de vida, sendo socialmente aceitos, respeitados e valorizados (ANGELO et al., 2020). Sendo as avós peça chave em todo o processo de nascimento e Enfermeira, especializanda em Aleitamento Materno pela Passo1, pólo Piracicaba-SP.
  • 29. 26 alimentação e próximas das mulheres no período do puerpério é justificável estudar a influência que as avós exercem para o sucesso ou não da amamentação. 2. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão bibliográfica cuja base de dados utilizada foi a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) acessada no dia 09 de agosto de 2021. As palavras chaves utilizadas foram avós e aleitamento materno, causas de desmame precoce, interferência familiar no desmame precoce e dificuldades no aleitamento. Foram encontrados 66 artigos. Destes artigos encontrados, foram escolhidos aqueles escritos em língua portuguesa e oriundos de autores brasileiros, para que, melhor descrevessem a realidade brasileira. Além disso, foram incluídos artigos publicados entre os anos de 2015 a 2021, totalizando 09 (nove) referências bibliográficas. 3. AS AVÓS E A AMAMENTAÇÃO O ambiente familiar é o primeiro local de aprendizagem relacionados à saúde e tradicionalmente, as mulheres são responsáveis pela higiene, alimentação e cuidados dos familiares. Seus integrantes compartilham experiências, condutas e ensinamentos, o que indica ser este local o espaço onde as mulheres buscam apoio para o desenvolvimento das atividades maternas e para a amamentação (QUEIROZ et al., 2016). O apoio à lactante é baseado na história pessoal de mães, sogras, tias, irmãs que podem ser de sucesso ou insucesso com o processo de amamentação levando ou não ao desmame precoce (MARTINS E MONTRONE, 2017; CARVALHO et al., 2018). Segundo pesquisa sobre a influência das avós no aleitamento materno exclusivo em um hospital do interior paulista, realizada por Ferreira e colaboradores (2018), as avós, principalmente maternas, ocupam uma posição importante na família que aguarda a chegada do bebê devido ao contato diário, que elas referiam ter com suas filhas e netos. Além disso, as avós (materna ou paterna) tiveram maior possibilidade de ajuda no cotidiano da casa e nos cuidados com os netos. Os conhecimentos, atitudes e práticas das avós direcionam a amamentação de suas filhas e noras oferecendo o apoio necessário para o sucesso do aleitamento materno e/ou promovendo a contenção visualizada pelo início do desmame precoce (ANGELO et. al., 2020). A nutrizes percebem que as avós influenciam positivamente ou negatividade a sua decisão de amamentar e reconhecem que a opinião das avós constitui elemento significativo para reforçar a sua decisão em manter a amamentação (SIQUEIRA et al., 2017). A avó que amamentou, frequentemente representa um modelo a ser seguido, influenciando positivamente ou negativamente a adesão ao aleitamento, uma vez que, as nutrizes viveram a experiência de serem amamentadas (ANGELO et al., 2015). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS As avós são consideradas elemento fundamental para a manutenção ou abandono do aleitamento materno. Mitos, crenças e proibições são passados de geração em geração e estão relacionados pelo contexto social, cultural e histórico da nutriz. Experiências positivas ou negativas durante a amamentação, muitas vezes, reproduzem os ensinamentos aprendidos com suas mães, que por sua vez, aprenderam com vivências maternas anteriores. É importante incluir familiares e principalmente as avós, no contexto de cuidados à gestante e lactante. Profissionais de saúde devem considerar incluir as avós em programas de aleitamento materno, para que possam expor suas crenças e sentimentos relativos à amamentação. Assim, as
  • 30. 27 avós estarão mais preparadas para exercer uma influência positiva para a amamentação de suas filhas e noras. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA ANGELO, B.H.B. et al. Práticas de apoio das avós à amamentação: revisão integrativa. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 15, n. 2, p. 161-170, 2015. ANGELO, B. H.B. et al. Conhecimentos, atitudes e práticas das avós relacionados ao aleitamento materno: uma metassíntese. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Recife, v.28, e.3214, 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. BRITO, R.S. et al. Aleitamento materno: conhecimento de avós adscritas à estratégia saúde da família. Rev. Enferm UFSM, Santa Maria, v.5, n.2, p. 305-315, 2015. CARVALHO, E.S. et al. Dificuldades do aleitamento materno exclusivo diante da interferência familiar. Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, 2018. DIAS, L.M.O. et al. Influência familiar e a importância das políticas públicas de aleitamento materno. Revista Saúde em Foco, Teresina, Edição nº 11, 2019. FERREIRA, T.D. et al. Influência das avós no aleitamento materno exclusivo: estudo descritivo transversal. Revista Einstein, São Paulo, v. 16, n.4, 2018. MARTINS, R.M.C.; MONTRONE, A.V.G. O aprendizado entre mulheres da família sobre amamentação e os cuidados com o bebê: contribuições para atuação de profissionais de saúde. Rev. APS, São Carlos, v.20, n.1, p. 21-29, 2017. QUEIROZ, P.H.B.; ZANOLLI, M.L.; MENDES, R.T. A interferência relativa das avós no aleitamento materno de suas filhas adolescentes. Rev Bras Promoç Saúde, Fortaleza, v.29, n.2, p. 253-258, 2016. SIQUEIRA, F.P.C.; CASTILHO, A.R.; KUABARA, C.T.M. Percepção da mulher quanto à influência das avós no processo de amamentação. Rev Enferm UFPE on line, Recife, v.11, supl.6, p. 2565-75, 2017.
  • 31. 28 A VISÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DENTRO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL FRENTE AS DIFICULDADES EM PROMOVER O ALEITAMENTO MATERNO Deisiane Pessoa da Silva Santos1 Resumo Um grande problema de saúde pública no Brasil é o desmame precoce em bebês internados em Unidades de Terapia Intensiva. São muitas as causas que interferem no aleitamento materno, como situação socioeconômica, cultura, idade, cultura e entre outros fatores. Sabemos que existem políticas de promoção a saúde e proteção ao aleitamento materno. Nesta revisão o objetivo é deixar claro a importância de capacitar profissionais de saúde a atender esse binômio, essa família, prestando um atendimento de qualidade e interdisciplinar. Palavras-chave: Aleitamento Materno. Desmame. Profissionais de saúde. Capacitação de Profissionais de saúde. 1 INTRODUÇÃO O aleitamento materno é o alimento mais importante para a criança nos primeiros meses de vida, pois é capaz de suprir e saciar todas as necessidades nutricionais, sistema imunológico e neuropsicomotor e todo seu desenvolvimento emocional e cognitivo. Os benefícios são inúmeros tanto para a criança tanto para a mãe que amamenta, aumento o vínculo entre a díade e contribui para saúde física e psíquica da mãe (MARQUES et al., 2016). Em 1981 o programa nacional de incentivo ao aleitamento materno foi oficializado, seu objetivo é combater a desnutrição infantil, através de ações que incluam apoio a amamentação na comunidade, campanhas de mídias, marketing sobre os leites artificiais, treinamento aos profissionais de saúde, aconselhamento e leis que protegem a amamentação (ALENCAR, 2008 apud MARQUES et al., 2016). 1 Pós – Graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo 1. Piracicaba/SP. E-mail: deisiane.silva@unimedpiracicaba.com.br
  • 32. 29 O cenário da amamentação nas Unidades de Terapia Intensivas Neonatais (UTIN) mostra como os profissionais que assistem os bebês e seus pais precisam de mais capacitação e acolhimento relacionados à prática do aleitamento: [...] Todavia, nos casos em que as crianças nascem prematuras, certas particularidades e dificuldades acabam por gerar um desmame precoce do aleitamento materno, especialmente atribuído ao retardo da sucção direta da criança do seio materno; pela hospitalização da criança por um período mais longo; estresse materno e familiar; além de existirem lacunas no incentivo ao aleitamento materno nesse contexto (ABREU et al.,2015). 2 DIFICULDADES DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE EM PROMOVER E INCENTIVAR O ALEITAMENTO MATERNO DENTRO DAS UTINs O processo que esse bebê recebe o leite materno da mama ou ordenhado é influenciado por valores sociais, ideologias e interesses, tanto econômicos e tanto pelas experiências anteriores das mulheres, suas inseguranças e dificuldades encontradas nesse contexto hospitalar (MARQUES et al., 2016). O bebê internado em uma UTIN, muitas das vezes está restrito em receber o colo materno, devido sondas, soroterapias, cateter de oxigênio e outros materiais que impedem essa mãe de segurar seu filho, no entanto, é importante que equipe de enfermagem promova a aproximação entre essa díade promovendo, assim que possível for, contato pele a pele e o incentivo ao Método Canguru (COUTINHO e KAISER, 2015). O apoio da equipe de enfermagem, em trazer esclarecimentos que poderão fazer a total diferença no sentindo de bem-estar dessa díade mãe-filho, entendendo essas angustias, medos, insegurança sobre a amamentação, estabelecendo uma relação de confiança com a mãe, fornecendo orientações básicas para a vida do neonato e avaliar o cuidado prestado. Lidando muitas das vezes com os entraves, barreiras, considerando a própria experiência do enfermeiro em cuidar, resultando em atendimento e cuidado com qualidade (COUTINHO e KAISER, 2015). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com os artigos levantados, as características socioeconômicas e culturais que acompanham o aleitamento em uma unidade de terapia intensiva neonatal são um dos fatores que levam ao desmame precoce desses bebês, aumentando os índices de morbimortalidade. Além disso, a falta de capacitação profissional é questão a ser melhorada para que a equipe de saúde possa ser rede de apoio técnico e emocional para essas famílias. REFERÊNCIAS COUTINHO, Sandra Eugênio e KAISER, Elaine Dagmar. Visão da enfermagem sobre o aleitamento materno em uma unidade de internação neonatal: relato de experiência. Boletim Científico de Pediatria. V 4, N 1, jul/2015.
  • 33. 30 FERNANDES, Bruno César et al. Cuidados de Enfermagem no Incentivo ao Aleitamento Materno de Recém-Nascidos Prematuros. Id on Line-Revista Multidisciplinar e de Psicologia. V 14 N. 53, p. 926-934, dez/2020. MARQUES, Gabriela Cardoso Moreira et al. Aleitamento Materno: Vivido de mães que tiveram bebês internados em unidade de terapia intensiva neonatal. Revista de Enfermagem- UFPE On Line. Recife, V 10, p. 495-500, fev/2016.
  • 34. 31 A VISITA DOMICILIAR E O ALEITAMENTO MATERNO NA ADOLESCÊNCIA Flávia Corrêa Porto de Abreu D’ Agostini1 Resumo As mães adolescentes têm menor probabilidade de começar a amamentar quando comparado a uma mãe em fase adulta, e metade das mães adolescentes amamentam até o 6º mês de vida. A visita domiciliar propicia o aprimoramento das competências parentais e no desenvolvimento infantil das famílias com mães e pais adolescentes. Este estudo mostra a importância da visita domiciliar pelo enfermeiro no acompanhamento do aleitamento materno na adolescência. Conclui-se que a maternidade na fase da adolescência conclama de apoio dos profissionais de saúde no enfrentamento dos obstáculos e demandas da maternidade e do aleitamento materno e a visita domiciliar realizada pelo enfermeiro permite prestar uma melhor assistência à adolescente para se obter o sucesso do aleitamento materno. Palavras-chaves: Aleitamento materno; Visita domiciliar; Enfermagem; Adolescente 1 INTRODUÇÃO A adolescência é o período entre 12 à 18 anos de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sendo uma fase de grande adaptações, transformações e mudanças no âmbito físico, psíquico e social. (BRASIL, 1990). Considerando que a recomendação do aleitamento materno (AM) exclusivo até o sexto mês de vida da criança e até 2 anos de idade de forma complementada (BRASIL, 2015) e, que a compreensão da gravidez e da amamentação na adolescência permite um olhar ampliado dos profissionais de saúde, devido à grande parcela dos casos ocorrer em populações de maior vulnerabilidade social e econômica (CRUZ; CARVALHO; IRFFI, 2016). Considerando que a visita domiciliar (VD) deve ser adotada pelos profissionais de saúde como uma ferramenta de cuidado a indivíduos e famílias em seu contexto, além de permitir a construção do vínculo entre o indivíduo/ família e o profissional visitador (ROCHA et al., 2017). 1 Pós-graduanda em Aleitamento pelo Instituto Passo1 polo Piracicaba/SP, flaviacpa90@gmail.com
  • 35. 32 Este estudo tem por objetivo é identificar a importância da visita domiciliar pelo enfermeiro no acompanhamento do aleitamento materno na adolescência. 2 DESENVOLVIMENTO As adolescentes reconhecem a amamentação como uma experiência que fortalece o vínculo afetivo entre mãe e bebê, mas a dificuldade neste processo traz sentimentos ambíguos a mãe adolescente (TAVEIRA; ARAÚJO, 2019). Entretanto, as mães adolescentes têm menor probabilidade de começar a amamentar quando comparado a uma mãe em fase adulta, e metade das mães adolescentes amamentam até o 6º mês de vida (CONDE; et.al, 2017). Durante o pré-natal muitas gestantes adolescentes não recebem o incentivo e a orientação sobre o aleitamento materno dos serviços de saúde, e muitas delas acabam recendo algum tipo de intervenção somente após o parto (TESSARI; SOARES; SOARES; ABREU, 2019). E as mães adolescentes apresentam dificuldades na amamentação na falta de conhecimento, dificuldade na pega e em conciliar a amamentação e as atividades escolares (TESSARI; SOARES; SOARES; ABREU, 2019). As mães adolescentes são mais propensas a serem socialmente isoladas (RASKIN et al., 2017), por isso é fundamental elas receberem as visitas dos enfermeiros em virtude de terem alguém para conversar, fazer perguntas, para ouvi-las, apoiá-las emocionalmente (ZAPART; KNIGHT; KEMP, 2016). A visita domiciliar propicia o aprimoramento das competências parentais e no desenvolvimento infantil das famílias com mães e pais adolescentes (ROCHA et al., 2017). Além disso, promovem impactos positivos na abordagem do aleitamento materno em mães adolescentes. O tema da amamentação deve ser abordado durante a gestação e após nascimento pelos enfermeiros durante a VD, pois ter esse profissional em domicílio é muito significante e auxilia no acompanhamento e promoção do cuidado (ZAPART; KNIGHT; KEMP, 2016). Caso a mãe adolescente apresente qualquer dificuldade durante a amamentação poderá ser identificado pelo enfermeiro durante a visita domiciliar, seja pelo apoio e/ou encaminhamento a outros serviços de saúde e da comunidade para uma atenção adicional (STETLER et al., 2018). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A maternidade na fase da adolescência conclama de apoio dos profissionais de saúde no enfrentamento dos obstáculos e demandas da maternidade e do AM. Portanto, a VD promove uma compreensão ampliada do significado da maternidade e da amamentação para a mãe adolescente, e permite ao enfermeiro a prestar uma melhor assistência à adolescente para se obter o sucesso do aleitamento materno.
  • 36. 33 4 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no Sistema Único de Saúde: manual de implementação / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 152 p. BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o estatuto da criança e do adolescente, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 13 julho 1990, 1990. CONDE, R. G.; GUIMARÃES, C. M. S.; GOMES-SPONHOLZ, F. A.; ORIÁ, M. O. B.; MONTEIRO, J. C. S. Autoeficácia na amamentação e duração do aleitamento materno exclusivo entre mães adolescentes. Acta Paulista de Enfermagem [online]. 2017, v. 30, n. 4 [Acessado 17 Setembro 2021] , pp. 383-389. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/19820194201700057>. ISSN 1982-0194. https://doi.org/10.1590/1982-0194201700057. CRUZ, M. S.; CARVALHO, F. J. V.; IRFFI, G. Perfil socieconômico, demográfico, cultural, regional e comportamental da gravidez na adolescência no Brasil. Planejamento e Políticas Públicas, n. 46, p. 243–266, 2016. ROCHA, K. B. et al. Home visit in the health field: a systematic literature review. Psicologia, Saúde e Doença, v. 18, n. 1, p. 170–185, 2017. STETLER, K. et al. Lessons learned: implementation of pilot universal postpartum nurse home visiting program, Massachusetts 2013–2016. Maternal and Child Health Journal, v. 22, n. 1, p. 11–16, 2018. TESSARI, W; SOARES, L. G.; SOARES, L. G; ABREU, I. S. Percepção de mães e pais adolescentes sobre o aleitamento materno. Enfermagem em Foco, [S.l.], v. 10, n. 2, ago. 2019. ISSN 2357-707X. Disponível em: <http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/1865>. Acesso em: 17 set. 2021. doi:https://doi.org/10.21675/2357-707X.2019.v10.n2.1865. ZAPART, S.; KNIGHT, J.; KEMP, L. ‘It was easier because i had help’: mothers’ reflections on the long-term impact of sustained nurse home visiting. Maternal and Child Health Journal, v. 20, n. 1, p. 196–204, 2016.
  • 37. 34 DIABETES GESTACIONAL: ORDENHA DE COLOSTRO ANTENATAL COMO FORMA DE PROMOVER E PROTEGER O ALEITAMENTO. Flavia Gheller Schaidhauer1 Resumo Diabetes Gestacional é um problema de saúde pública mundial, chegando a afetar 90% das gestantes em ambulatórios de gestação de alto risco. O atraso da lactogênese II associada a essa morbidade está bem estabelecida, bem como o uso de substitutos de leite materno em caso de hipoglicemia neonatal. A ordenha antenatal tem se mostrado uma estratégia promissora para evitar uso de substitutos de leite humano, e melhorar as taxar de início de aleitamento e redução de desmame precoce. Palavras-chave: diabetes gestacional, hipoglicemia neonatal, aleitamento. 1 INTRODUÇÃO O Diabetes gestacional é um problema de saúde pública mundial, afetando 1-35% das mulheres grávidas (Silva et al, 2021). Um dos principais fatores é resistência periférica a insulina, mesmo com altos níveis de produção de insulina no final terceiro trimestre de gestação (Zhu e Zhang, 2016). A ordenha antenatal de colostro, armazenamento e congelamento, e sua disponibilidade após nascimento é uma opção que tem sido estudada para evitar uso precoce de substitutos do leite humano (Foster et al, 2014). 1 Pós graduanda em Aleitamento Materno Instituo Passo 1 Piracicaba flavia.schaidaheur@gmail.com
  • 38. 35 2 BARREIRAS AO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO Recém-nascidos filhos de mães com diabetes gestacional tem risco aumentado de intercorrências ao nascer que levam a introdução precoce de substitutos do leite humano (Foster et al, 2014). Mulheres com diabetes gestacional tem atitudes e crenças menos favoráveis em relação ao aleitamento, e menor apoio dos médicos e companheiros (Doughty, 2018). Devido maior internação na unidade de cuidados intensivos e diminuição da autoeficacia materna em amamentar, ocorre a perda da amamentação ou desmame próximo aos 3 meses de idade nessa população (Morrison et al, 2014). 3 ORDENHA DE COLOSTRO ANTENATAL Estudos mostram que a ordenha de colostro antenatal não diminui a incidência de hipoglicemia neonatal ou internações em unidades de cuidados intensivos, mas esse procedimento deixa as mães mais otimistas e empoderadas para usar seu leite e manter o aleitamento (Doughty et al, 2018). Gestantes com DMG que são bem-informadas dos riscos referentes a sua condição, tem melhores desfechos em relação ao aleitamento, bem como são mais propensas a trabalhar o aleitamento antes mesmo do nascimento, algumas aderindo ao protocolo de ordenha antenatal de colostro (Park et al, 2021) Devido a falta de estudos, a revisão sistemática realizada pela Cochrane em 2014, não conseguiu avaliar a segurança e a eficácia da ordenha de colostro antenatal (East et al, 2014) 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diabetes gestacional vem aumentando anualmente no mundo todo, e é uma das principais causas de desfechos ruins relacionados ao concepto (OMS, 2013).
  • 39. 36 Protocolo de ordenha de colostro antenatal tem sido priorizado para esse grupo em vários países, como Estados Unidos e Austrália, como forma de proteger e promover aleitamento materno nessa população, que tem incidência alta de desmame precoce (menos de 3 meses) ou mesmo ausência completa de aleitamento (Foster et al, 2014). Não há estudos suficientes que avaliam a segurança e a eficácia da ordenha colostro antenatal, porém há estudos mostrando que mulheres que fazem protocolo de ordenha acabam tendo maior autoconfiança e auto-eficácia em iniciar e manter aleitamento de seus filhos, melhorando os índices de aleitamento nessa população (Nguyen et al, 2019). 4 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS Silva, José Roberto da et al. Gestational Diabetes Mellitus: the importance of the production in knowledge. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil [online]. 2016, v. 16, n. 2 [Accessed 11 August 2021] , pp. 85-87 Zhu, Y., & Zhang, C. (2016). Prevalence of Gestational Diabetes and Risk of Progression to Type 2 Diabetes: a Global Perspective. Current diabetes reports, 16(1),7. Forster, D. A., Jacobs, S., Amir, L. H., Davis, P., Walker, S. P., McEgan, K., Opie, G., Donath, S. M., Moorhead, A. M., Ford, R., McNamara, C., Aylward, A., & Gold, L. (2014). Safety and efficacy of antenatal milk expressing for women with diabetes in pregnancy: protocol for a randomised controlled trial. BMJ open, 4(10), e006571 Morrison MK, Collins CE, Lowe JM, Giglia RC. Factors associated with early cessation of breastfeeding in women with gestational diabetes. Women Birth. 2015 Jun;28(2):143-7 Doughty KN, Ronnenberg AG, Reeves KW, Qian J, Sibeko L. Barriers to Exclusive Breastfeeding Among Women With Gestational Diabetes Mellitus in the United States. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2018 May;47(3):301-315. Park S, Jang IS, Min D. Factors associated with the need for breastfeeding information among women with gestational diabetes mellitus: A cross-sectional study. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2021 May 26:S1976-1317(21)00040-2. East CE, Dolan WJ, Forster DA. Antenatal breast milk expression by women with diabetes for improving infant outcomes. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Jul 30;(7):CD010408. Nguyen PTH, Pham NM, Chu KT, Van Duong D, Van Do D. Gestational Diabetes and Breastfeeding Outcomes: A Systematic Review. Asia Pac J Public Health. 2019 Apr;31(3):183198.
  • 40. 37 QUAL A RELAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E A CÁRIE DENTÁRIA? - REVISÃO DE LITERATURA Isabella Claro Grizzo1 Resumo O presente estudo refere-se a uma revisão de literatura relacionando a cárie dentária com o aleitamento materno. Com o passar dos anos a ciência desenvolveu diversos conceitos sobre a etiologia da cárie, diante do cenário atual, sabe-se que se trata de uma doença multifatorial, ou seja, diversos fatores associados para que ocorra o aparecimento da lesão cariosa e não simplesmente a presença do açúcar/carboidrato na cavidade oral, e sim, necessário um desequilíbrio dos fatores associados a doença cárie para o aparecimento da lesão. Sendo assim, esse estudo irá apresentar através de artigos recentes, a relação da lesão cariosa com o leite materno e se ele é capaz ou não de provocar o aparecimento das lesões, baseando-se no conceito da doença x lesão e composição do leite materno. Palavras-chave: Cárie dentária. Suscetibilidade a cárie dentária. Aleitamento materno. Amamentação. 1. INTRODUÇÃO A cárie dentária é mundialmente conhecida e estudada por apresentar uma elevada prevalência mundial (11-53%) e ser considerada um problema de saúde pública, uma vez que o desenvolvimento das lesões desequilibra a saúde oral do indivíduo, pode causar inflações dores e simultaneamente afetar a qualidade de vida dos pacientes com lesões cariosas ativa. (THAM et al., 2015; AVILA et al., 2015; SHEIHAM et al., 2006; RAMOS-JORGE et al., 2014) Nesse contexto, estudar a etiologia da cárie dentária tornou-se extremamente viável, pois sabendo-se como ela se desenvolve, é possível agir impedindo sua progressão e assim controlando a prevalência mundial de cárie. Por muitos anos acreditou-se que a cárie dentária era uma doença transmissível, causada apenas pelo consumo do açúcar, no entanto, atualmente seu conceito dado por Pits et al é pautado na definição de doença dinâmica, multifatorial e mediada pelo biofilme. Ou seja, para a lesão cariosa se desenvolver clinicamente precisamos ter vários fatores associados, esses fatores são: presença do biofilme dentário, ausência do flúor, presença das bactérias acidogênicas e acidúricas e a presença do açúcar. O risco de cárie dentária está relacionado ao teor de carboidratos do leite materno associada a duração do contato do leite e a dentição irrompida (ou seja, frequência da alimentação e práticas de alimentação que resultam em agrupamento de leite materno ou fórmula em torno das superfícies dos dentes, como a alimentação de bebês para dormir) (THAM et al., 2015). O processo do desenvolvimento da lesão se caracteriza pela queda do pH da cavidade oral, nessa queda o esmalte dentário entra no processo de desmineralização, quando se tem a remoção do biofilme e presença do Flúor, ele participará de trocas iônicas entre a superfície dentária e a cavidade, formando a fluroapatita que contribuirá para o processo de remineralização, esse processo ocorre constantemente na cavidade oral. No entanto, quando ocorre um desequilíbrio 1 Pós – Graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo1. Piracicaba/SP. E-mail: isabella.grizzo@usp.br
  • 41. 38 nesse processo, ocorrendo mais desmineralização do que a remineralização as lesões cariosas aparecem. (MAGALHÃES A.C. et al, 2021) Considerando que o leite materno contém lactose em sua composição e durante a metabolização torna-se açúcar e o açúcar contribui para queda do pH do meio e o processo de desmineralização é desencadeado há uma grande discussão sobre ele ser promotor de cárie dentária na primeira infância e assim, tornou-se oportuno realizar uma revisão sobre o potencial cariogênico do leite materno. Então, foi realizada uma busca no PUBMED de artigos com os termos “dental caries” AND “breastfeeding”. Encontrou-se 477 artigos. Colocou-se um filtro para artigos a partir de 2015 resultando em 145 estudos, desses 145, foi utilizado um segundo filtro para inclusão de apenas estudos clínicos randomizados ou revisões sistemáticas e o número de estudos obtidos foi de 7. Com esses 7 artigos, foi realizada a leitura de títulos e resumos para uma exclusão preliminar e assim um estudo foi excluído pois seu tema fugia do abordado no presente estudo. Os 6 estudos resultantes foram lidos completamente e na leitura, dois foram excluídos por fugirem do foco do estudo, sendo incluídos nessa revisão 4 estudos. 2. LEITE MATERNO E CÁRIE Assim como a cárie dentária na primeira infância tem impacto na saúde geral das crianças o aleitamento materno também se apresenta relevante nesse aspecto, no entanto são apontados os impactos benéficos dessa prática, como redução da mortalidade infantil, redução do desenvolvimento de doenças sistêmicas, redução da desnutrição infantil, entre outros inúmeros benefícios que já são comprovados pela ciência (AVILA et al., 2015; BIRUNG et al 2015), frente a eficácia do leite materno, é de suma importância o conhecimento da relação do aleitamento e cárie, para não estimular um desmame precoce com o objetivo de manter o bebê/criança livre de lesões cariosas. Dos quatro estudos incluídos para essa revisão todos referem-se a uma relação fraca ou nula entre o aleitamento com a cárie dentária, deixando claro que a relação apontada em alguns estudos pode estar relacionada a falta de metodologia, viés do estudo ou outro tipo de alimento introduzido na vida da criança juntamente com o aleitamento. Tham e colaboradores (2015) sugeriu que o aleitamento materno além 1 ano de idade aumentou o risco de cárie na primeira infância, mas advertiu que, pode haver confusão com efeitos dos hábitos alimentares e da higiene oral quando não são adequadamente controlados. Já Moynihan e colaboradores (2019) indicou que as melhores evidências disponíveis revelam que o aleitamento até dois anos não aumenta o risco a cárie na primeira infância, quando comparado com o aleitamento até um ano de idade. Mas fatores protetores como, escovação diária, exposição dos dentes ao flúor, controle da dieta, devem ser introduzidos na vida das crianças a partir do momento que o aleitamento materno passar a não ser exclusivo. Um estudo conduzido por Neves e colaboradores (2016) avaliou o potencial de cariogenicidade do leite materno, ou seja, avaliou a queda do pH provocada pelo leite materno na cavidade oral e obteve como resultado que o leite materno não diminuiu o pH do biofilme dental nem em crianças livres de cárie, nem em crianças que já apresentavam cárie da primeira infância. Estudos experimentais prévios a Neves já haviam apontado que o leite materno não pode apresentar um potencial cariogênico, desde que seja a única fonte de carboidratos (ARAÚJO et al., 1997; ERICKSON & MAZHARI, 1999). Sendo assim, nota-se que os estudos que associaram uma relação do aleitamento após os seis meses de idade como risco de carie, podem ter um viés em relação aos outros hábitos introduzidos na criança juntamente com o aleitamento. A Organização Mundial da Saúde preconiza o aleitamento materno exclusivo até os seis meses, diante disso, após esse período e muitas vezes, antes disso, o bebê recebe outras fontes alimentares, como fórmulas infantil, no intuito de complementar o aleitamento e a própria introdução alimentar, e assim, outras fontes
  • 42. 39 de carboidratos que são capazes de promover a queda de pH na cavidade oral suficiente para o desenvolvimento de lesões cariosas são expostas a superifice dentária do bebê/ criança e por atuarem no mesmo momento que o aleitamento acontece, uma confusão pode acontecer. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a leitura de diversos trabalhos e avaliando a etologia da cárie dentária pôde-se concluir que o leite materno, isoladamente na alimentação do bebê, não tem potencial para o desenvolvimento das lesões cariosas, mas quando associado com outras fontes de alimento pode ser confundido como um fator de risco para cárie precoce da primeira infância. 4. REFERÊNCIAS Moynihan P, Tanner LM, Holmes RD, Hillier-Brown F, Mashayekhi A, Kelly SAM, Craig D. Systematic Review of Evidence Pertaining to Factors That Modify Risk of Early Childhood Caries. JDR Clin Trans Res. 2019 Jul;4(3):202-216. doi: 10.1177/2380084418824262. Epub 2019 Feb 14. PMID: 30931717. Riggs E, Kilpatrick N, Slack-Smith L, Chadwick B, Yelland J, Muthu MS, Gomersall JC. Interventions with pregnant women, new mothers and other primary caregivers for preventing early childhood caries. Cochrane Database Syst Rev. 2019 Nov 20;2019(11):CD012155. doi: 10.1002/14651858.CD012155.pub2. PMID: 31745970; PMCID: PMC6864402. Avila WM, Pordeus IA, Paiva SM, Martins CC. Breast and Bottle Feeding as Risk Factors for Dental Caries: A Systematic Review and Meta-Analysis. PLoS One. 2015 Nov 18;10(11):e0142922. doi: 10.1371/journal.pone.0142922. PMID: 26579710; PMCID: PMC4651315. Tham R, Bowatte G, Dharmage SC, Tan DJ, Lau MX, Dai X, Allen KJ, Lodge CJ. Breastfeeding and the risk of dental caries: a systematic review and meta-analysis. Acta Paediatr. 2015 Dec;104(467):62-84. doi: 10.1111/apa.13118. PMID: 26206663. Sheiham A. Dental caries affects body weight, growth and quality of life in pre-school children. Br Dent J. 2006;201:625–626. 10.1038/sj.bdj.4814259 [PubMed] [CrossRef] [Google Scholar] Ramos-Jorge J, Pordeus IA, Ramos-Jorge ML, Marques LS, Paiva SM. Impact of untreated dental caries on quality of life of preschool children:different stages and activity. Community Dent Oral Epidemiol. 2014;42:311–322. 10.1111/cdoe.12086 [PubMed] [CrossRef] [Google Scholar] Health Ministry, Health Care Office, Surveillance Registry on Health. SB Brazil Project:oral health status of the population 2010-main results. [In Portuguese]. Available at: http://dab.saude.gov.br/CNSB/sbbrasil/arquivos/projeto_sb2010_relatorio_final.pdf. Neves PA, Ribeiro CC, Tenuta LM, Leitão TJ, Monteiro-Neto V, Nunes AM, Cury JA. Breastfeeding, Dental Biofilm Acidogenicity, and Early Childhood Caries. Caries Res.
  • 43. 40 2016;50(3):319-24. doi: 10.1159/000445910. Epub 2016 May 26. PMID: 27226212. Araújo FB, Cury JA, Araujo DR, Velasco LFL: Study in situ cariogenicity of human milk: clinical aspects. Rev ABO Nac 1997;4:42–44 Erickson PR, Mazhari E: Investigation of the role of human breast milk in caries development. Pediatr Dent 1999;21:86–90. Magalhães, Ana Carolina.; Rios, Daniela.; Wang, Linda.; Buzalaf, Marília AF. Cariologia da Base à Clínica. 1 ed. São Paulo: Barueri, 205 p, 2021.
  • 44. 41 ESCOLARIDADE MATERNA E SUA INFLUÊNCIA NAS TAXAS DE ALEITAMENTO Júlia Dias Silvestri Vaz Pinto1 Resumo Uma vez que o leite materno traz diversas vantagens para bebês, suas mães e para a sociedade como um todo, é de grande importância entender quais são os fatores que colaboram ou atrapalham na manutenção na prática do aleitamento materno. Esse trabalho tem como objetivo elencar os principais fatores relacionados ao desmame precoce, e se a taxa de escolaridade materna é relevante dentre eles. Palavras-chave: Aleitamento Materno (Breast Feeding, Lactancia Materna). Escolaridade (Educational Status, Escolaridad). Desmame (Weaning, Destete). 1 INTRODUÇÃO O leite materno é comprovadamente o melhor alimento existente para alimentar um bebê no início da vida, não necessitando de nenhum outro complemento nos primeiros 6 meses, e sendo importante de maneira complementada dali pra frente (LIMA, 2018). Com base nisso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda aleitamento materno (AM) de maneira exclusiva até o sexto mês do bebê, e de maneira complementada até os 2 anos ou mais. Além da enorme superioridade nutricional e imunológica conferida pelo leite materno quando em comparação aos leites artificiais existentes no mercado, ser amamentado está relacionado com quedas de taxas de mortalidade infantil, risco de obesidade e diabetes ao longo de toda a vida daquele bebê, além de potencial aumento da inteligência (VICTORA, 2016). Sendo assim, é relevante que sejam identificadas as causas mais comuns de desmame nos primeiros meses de vida, uma vez que isso causa impacto na saúde da sociedade como um todo. No presente estudo foram reunidos artigos científicos a fim de identificar quanto o nível de escolaridade materna foi relevante para a manutenção do aleitamento de seus bebês. 2 A INFLUÊNCIA DA ESCOLARIDADE MATERNA NAS TAXAS DE ALEITAMENTO Para entender os motivos do desmame precoce, é de grande valor que antes entendamos quais são as gestantes que demonstram maior intenção materna em amamentar (IMA), para depois tentar interpretar quais foram os fatores dificultadores durante esse processo. Se analisarmos a revisão sistemática de Oliveira Vieira e colaboradores (2016), as características 1 Pós-Graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo1. Piracicaba/SP. E-mail: juliavaz.jv@gmail.com
  • 45. 42 associadas à maior IMA foram: primeira gestação, maior escolaridade e idade materna, experiência prévia com a amamentação, ausência do hábito de fumar e residir com o companheiro. Sendo assim, já pode-se perceber que desde a gestação, a escolaridade é um grande fator influenciador nas ideias das mães e famílias sobre o ato de amamentar. Quando passamos para a esfera da prática, ou seja, se esse bebê realmente foi ou não amamentado e até quando, a baixa escolaridade materna continua se mostrando como uma forte variável de desmame, sendo difícil identificar se essa relação se dá de maneira direta ou indireta. Pereira-Santos et. al. (2017) agrupou em sua metanálise 22 estudos brasileiros e concluiu que “idade inferior a vinte anos, baixa escolaridade, primiparidade, trabalho materno no puerpério e a baixa renda familiar estão associados com a interrupção do AM exclusivo até os seis meses de idade”. Já a revisão integrativa de Pinheiro (2021) demonstra os motivos citados pelos autores como sendo de maior importância para a descontinuidade do AM até 6 meses “a mãe trabalhar fora de casa, baixo nível de escolaridade das mães, leite fraco, traumas mamilares, uso de bicos artificiais e deficiência na consulta de pré-natal”. Infelizmente, tal influência não é um problema atual e muito menos simples de ser manejado, uma vez que a escolaridade materna também está associada a fatores socioeconômicos e culturais. Bem como demonstra o estudo de Escobar et. al. (2002), usando amostra de 599 crianças em São Paulo, 1998, “maior escolaridade da mãe e presença de rede de esgoto mostraram relação com maior tempo de aleitamento”. Se mudarmos o nosso foco para o Norte do país, as informações continuam extremamente semelhantes, sendo que os fatores que mais influenciaram foram faixa etária e escolaridade materna, mãe com trabalho fora do lar, estado civil materno, incentivo do companheiro quanto ao AM e o escore da escala de autoeficácia (MARGOTTI, 2016). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Todos os artigos encontrados mostram que quanto maior a escolaridade materna, maiores são as chances de aleitamento de seus bebês. Isso nos leva a pensar que o entendimento sobre a importância e valor do AM são conhecimentos que ainda estão restritos a camadas de maior escolaridade. Além disso, vale a pena extrapolar a análise em questão para a associação de que mulheres com maiores taxas de escolaridade, em sua grande maioria, também estão em níveis socioeconômicos mais altos. Esse fator muitas vezes facilita alguns pilares necessários para a manutenção do AM, como licença maternidade remunerada, rede de apoio presente, babás e creches, entre outros. Nós da área da saúde temos a responsabilidade e missão de lutar por maiores taxas de aleitamento. Tendo em vista que não conseguimos mudar consideravelmente a existência de diferentes níveis socioeconômicos e de escolaridade na nossa sociedade, podemos concluir que pode ser vantajoso trabalhar em difundir a informação sobre a importância do AM nos níveis mais básicos de ensino, como por exemplo no ensino fundamental e médio. Uma vez que amamentar é parte da natureza humana, faz sentido que crianças e adolescentes escutem e aprendam sobre como sua espécie nasce e se desenvolve, e não que isso seja explicado apenas para aquelas mulheres que já estão gestantes e prestes a passar pelo momento de lactação. Quanto mais se conhece as vantagens que envolvem aleitar ao seio uma criança, maiores as chances de seus benefícios superem os medos das mães, e interferências de bicos e leites
  • 46. 43 artificiais do mercado que muitas vezes têm marketing que nos levam a crer que são melhores que o aleitamento natural. Após essa análise, quanto mais pessoas conseguirmos atingir acerca do tema, e o quanto antes, maiores serão as possibilidades desta mãe que deseja amamentar não se sentir sozinha nessa luta, uma vez que seu parceiro ou parceira, familiares e amigos também a apoiam e criam um ambiente propício para o AM ser mantido. 4 REFERÊNCIAS ESCOBAR, A. M. U. et. al. Aleitamento materno e condições socioeconômico-culturais: fatores que levam ao desmame precoce. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil , 2002. LIMA, A. P. C.; NASCIMENTO, D. S.; MARTINS, M. M. F. A prática do aleitamento materno e os fatores que levam ao desmame precoce: uma revisão integrativa. Journal of Health & Biological Sciences, 2018. MARGOTTI, E; MARGOTTI, W. Fatores relacionados ao Aleitamento Materno Exclusivo em bebês nascidos em hospital amigo da criança em uma capital do Norte brasileiro. Saúde em Debate, 2017. PEREIRA-SANTOS, M. et. al. Prevalência e fatores associados à interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo: metanálise de estudos epidemiológicos brasileiros. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil , 2017. PINHEIRO, B. M.; NASCIMENTO, R. C.; VETORAZO, J. V. P. Fatores que influenciam o desmame precoce do aleitamento materno: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Acervo Enfermagem, 2021. VIEIRA, T. O.; MARTINS, C. C.; SANTANA, G. S.; VIEIRA, G. O.; SILVA, L. R. Intenção materna de amamentar: revisão sistemática. Ciência & Saúde Coletiva, 2016. VICTORA, C. G. et. al. Amamentação no século 21: epidemiologia, mecanismos, e efeitos ao longo da vida. The Lancet: Série sobre amamentação, 2016.
  • 47. 44 ALEITAMENTO MATERNO NA ADOLESCÊNCIA: APOIO À PRÁTICA DE AMAMENTAÇÃO E PREVENÇÃO AO DESMAME PRECOCE Lívia Elisei de Faria¹ Resumo A gestação na adolescência pode influenciar negativamente na prática da amamentação, levando ao desmame precoce. Contudo, com apoio adequado dos profissionais da saúde e familiares desde o pré-natal, o aleitamento materno pode-se manter por mais tempo e aumentar a confiança da mãe adolescente nos cuidados com seu filho. Palavras-chave: Aleitamento materno. Adolescente. Desmame precoce. 1. INTRODUÇÃO A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2017) define como adolescência o período da vida que compreende a faixa etária de 10 a 19 anos (cerca de 20 a 30% da população mundial, no Brasil alcançando até 23% da população). É o período de transição entre puberdade e idade adulta, onde ocorre grandes e profundas transformações psíquicas, físicas e sociais. A gravidez nesta fase pode implicar em reajustes interpessoais e intrapsíquicos, determinando insegurança, medo e ansiedade diante desta nova condição, podendo gerar sobrecarga física e emocional, comprometendo a maturação psicossexual e forçando a adolescente desenvolver precocemente capacidades para prestar cuidado ao seu filho. Segundo dados do Departamento de Informática do SUS (DATASUS, 2019), 14,7% dos nascidos vivos no Brasil eram de mães adolescentes e, no estado de São Paulo a taxa foi de 14,5% de nascidos vivos. A amamentação na adolescência pode ser um desafio, pois a nova mãe se depara com um complexo processo adaptativo, que embora seja natural, amamentar não é apenas instintivo, necessitando de aprendizado e tempo para ser aprimorado, além de suporte emocional adequado em seu meio social, que nem sempre é alcançado (CARVALHO & GOMES, 2019). Por outra ótica, a experiência da amamentação pode ser um momento importante de crescimento pessoal e formação de vínculo mãe-bebê. 1 Pós-graduanda em Aleitamento Materno pelo Instituto Passo 1 pólo Piracicaba/SP. E-mail: li_elisei@yahoo.com.br
  • 48. 45 2. ADOLESCÊNCIA E AMAMANTAÇÃO A prática do aleitamento materno entre as adolescentes tende a não ter boa adesão ou predispor o desmame precoce e, a decisão pessoal da mãe em amamentar deve ser apoiada com informação atualizada e compreendida sobre os benefícios da amamentação a curto e longo prazo para a saúde do binômio (QUEIROZ et al, 2016). Desde o pré-natal a adolescente deve receber atenção integral e ampliada dos profissionais de saúde e familiares (incluindo avós, parceiro (a) e outros membros) a fim de incentivar, promover e apoiar o aleitamento materno. Deve-se criar um vínculo de confiança e comunicação, com escuta atenta aos anseios e dúvidas desta jovem mãe, orientando quanto à prática da amamentação e auxiliando-a a superar suas dificuldades, na medida que vai alternando sua condição de filha adolescente para mãe adolescente (SEHNEM et al, 2016). O profissional da saúde desde a primeira consulta de pré-natal, no nascimento, no pós- parto imediato e puericultura deve promover o aleitamento materno, dar suporte psicológico, explicar a fisiologia da amamentação, benefícios, cuidados com as mamas e estimular a autoconfiança da nova mãe. Concomitantemente, o incentivo e apoio familiar, principalmente dos parceiros e avós, são fundamentais para iniciar e manter o aleitamento materno por mais tempo, visto que os familiares estão presentes no cotidiano desta mãe adolescente e são eles que irão compartilhar suas experiências anteriores, tornando referência na prática à amamentação (CHICAROLLI et al, 2019). A amamentação bem sucedida desperta na adolescente sentimento profundo de ligação com o filho e de realização como mulher e mãe, mas esta também vivencia momentos cansativos, por vezes refletidos em sofrimento (SEHNEM et al, 2016). Algumas situações são percebidas pela mãe como obstáculo à amamentação, dentre elas: traumas mamilares (fissuras), problemas na sucção, dificuldades na pega, choro e irritabilidade do bebê, crenças de produção insuficiente ou leite fraco, falta de suporte profissional e necessidade de retorno ao trabalho e estudos, favorecendo o desmame precoce. A menor duração do aleitamento materno também está relacionada à alimentação precoce com mamadeira e uso de chupeta (PONCE DE LEON et al, 2009). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A adolescência é um período de intensa transformação e vários enfrentamentos e a mãe adolescente precisa de apoio de seu companheiro (a), de sua família, amigos e dos profissionais da saúde. É de suma importância que a jovem mãe esteja ciente dos benefícios do aleitamento materno para sua saúde e do bebê numa tentativa de evitar o desmame precoce, já que a prevalência do aleitamento materno exclusivo entre as adolescentes é baixa e tende a diminuir nos primeiros seis meses devida do bebê. Durante a gestação e nas consultas de pré-natal devem ser realizadas práticas educativas sobre amamentação com grupos de gestantes para trocas de experiências; com olhar atento à mãe adolescente, promovendo, protegendo e apoiando a amamentação, com estratégias de aconselhamento que oportunizem à estas mães expressarem seus sentimentos, dúvidas, medos e, a partir disso encorajá-las a amamentar. Os profissionais de saúde devem agir como facilitadores deste processo, juntamente com os familiares,
  • 49. 46 sobretudo avós e companheiro(a), para promover autonomia e empoderamento das mães para que possam fazer a melhor escolha do modo de alimentação do seu filho. REFERÊNCIAS Carvalho, M.R. & Gomes, C. Amamentação Bases Científicas. 4° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. Queiroz, P.H.B., Zanolli, M.L., Mendes, R.T. A interferência relativa das avós no aleitamento materno de suas filhas adolescentes, 2016. Sehnem, G.D., Tamara, L.B., Lipinski, J.M., Tier, C.G. Vivência da amamentação por mães adolescentes: experiências positivas, ambivalências e dificuldades. Revista de Enfermagem UFSM, 2016. Chicarolli, Amanda, Garcia, A.P.S., Carniel, Francieli. Aleitamento materno: desmame precoce entre mães adolescentes, 2019. Ponce de Leon, C.G.R.M., Funguetto, S.S., Rodrigues, J.C.T, de Souza, R.G. Vivência da amamentação por mães adolescentes, 2009. Oliveira, A.C., Dias, Í.K.R., Figueredo, F.E., Oliveira, J.D, Cruz, R.S.B.L.C., Sampaio, K.J.A.J. Aleitamento materno exclusivo: causas da interrupção na percepção de mães adolescentes. Revista de Enfermagem UFPE, 2016. Maranhão, T.A., Gomes, K.R.O., Nunes, L.B., de Moura, L.N.B. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo entre mães adolescentes. Cad Saúde Coletiva, 2015. World Health Organization. WHO. Recommendations on Adolescent Health. Geneva, Switzerland: World Health Organization, 2017 A adolescência e o aleitamento materno. Documento científico da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2020. Prevenção da gravidez na adolescência. Guia prático de atualização da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019.