O documento discute a exploração florestal sustentável na Amazônia, mencionando os desafios do desmatamento, as alternativas econômicas como a comercialização de produtos florestais e a importância de políticas públicas que promovam o desenvolvimento regional e a conservação dos recursos naturais.
Foster Brown InformaçõE Adicionais Sobre MudançAs Globais Foster 24nov07
Exploração Florestal e Sustentabilidade - Andrea Alechandre
1. ACADEMIA AMAZÔNICA
“ Tópicos Especiais: Teoria e Prática para a Construção de uma
Amazônia Sustentável”
Exploração Florestal e
Sustentabilidade
Andréa Alechandre
Eng. Agrônoma, M.Sc.
Professora
DCA, PZ/UFAC
Estudante NAEA/UFPA
andreaalechandre@yahoo.com.br
Rio Branco, 26 de novembro de 2007
2. • Área florestada no mundo: 40 milhões de
Km2 (FAO).
• Floresta Amazônica: 5,5 milhões de Km2.
• Amazônia Brasileira: 3,5 milhões de Km2.
• Desmatamento de florestas nativas no
mundo.
3. Cerca de 370 milhões de hectares de florestas
nativas no mundo (9% do total) são
manejadas por comunidades (ITTO, 2007).
No sudeste da Ásia mais de 30 milhões de
pessoas dependem da floresta (DE BEER &
MCDERMOTT, 1989).
Efeitos do desmatamento (FEARNSIDE, 2005):
• Contribui para aumentar o efeito estufa;
• Provoca erosão e perda de produtividade dos
solos;
• Provoca mudanças no regime hidrológico;
• Perda de biodiversidade.
4. Em quanto tempo
podem ocorrer
transformações
drásticas na
paisagem?
5. EXEMPLO CLÁSSICO NO
BRASIL
Mata Atlântica
no Sul da
Bahia
5% floresta em 1945
6% floresta em 1990
Dupont & Addad, 1997
6. Porém como assegurar o desenvolvimento
sustentável para uma região que vem sendo
espoliada há séculos e que não conhece
nenhum programa de desenvolvimento
voltado para atender as demandas das suas
populações?
7. Amazônia:
mosaicos de ecossistemas
naturais e antrópicos
Como será a Amazônia daqui a 50
anos?
Depende da Estratégia de Desenvolvimento das
POLÍTICAS PÚBLICAS
8. Alternativas econômicas ao desflorestamento:
• a comercialização de produtos florestais certificados;
• o pagamento de serviços ambientais a comunidades
rurais;
• a implantação de Sistemas Agroflorestais;...
Fearnside (2005) propõe a repressão através de
procedimentos de licenciamento, monitoramento e
multas como estratégias para desacelerar o
desmatamento na Amazônia.
É necessária a promoção de políticas públicas que
promova, ao mesmo tempo, o desenvolvimento
regional e a conservação dos recursos florestais
naturais.
12. É possível conciliar a
conservação dos recursos
naturais com a melhoria
da qualidade de vida das
populações tradicionais?
Capacitação para gestão dos
seus recursos.
Neoextrativismo: extrativismo
com tecnologia respeitando o
modo de vida das populações
tradicionais.
Valorização dos produtos
florestais: preços justos.
Compensação por serviços
ambientais (conservação das
florestas, água, solos, manejo
florestal, reflorestamento).
13. REPRESENTAÇÃO DE UMA COLOCAÇÃO
UNIDADE DE MANEJO FAMILIAR DO SERINGAL – 300 a 700 hectares
Usos da Terra nos
Seringais do Acre AGROPECUÁRIA: 5 a 10% da área
– culturas anuais e perenes,
criação de animais domésticos
EXTRATIVISMO: 90 a 95% da área da
Colocação – manejo de fauna e flora
Estrada
de seringa
1 hectare floresta = + 150 espécies arbóreas
Paradoxo: riqueza da biodiversidade x pobreza
das famílias extrativistas
Amazônia: famílias pobres conservam florestas ricas!
14. Quantificando Carbono X Dinheiro
1 hectare floresta = 100 a 200 tC
1 família maneja 270 a 630 ha de floresta
1 família conserva 27 a 126 mil tC
Valor do C conservado por família na Resex:
US$ 270 a 1.260 mil/Colocação
R$ 540.000 a 2.520.000/Colocação
RECM estoca 90-180 mi tC que “valem” US$ 0,9-1,8 Bi
Quem pagará? X Quem fará a gestão do dinheiro?
15. Valor Econômico Potencial dos Produtos
Florestais (Ehringhaus, 1999)
alimentos
borracha remédios
4 espécies/ha
1 espécie 16-19 espécies/ha
R$ 25-50/ha/ano R$ 400-488/ha/ano ~R$ 275/ha/ano
cascas sementes madeira
4 espécies/ha 4-5 espécies/ha 2-3 espécies/ha
R$28-110/ha
R$150-200/ha/ano R$450-662/ha/ano
Valor Total POTENCIAL Valor Total ATUAL
30 espécies 2 espécies
R$1.325-1.788/ha/ano R$175-200/ha/ano
16. USOS DA IMAGEM DA
SUSTENTABILIDADE
LINHA EKOS – NATURA
(Imagens retiradas do site www.natura.com.br)
17. USOS DA IMAGEM DA
SUSTENTABILIDADE
Imagens do site www.aveda.com
18. UMA DEFINIÇÃO DE PRODUTOS
FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS (PFNM)
Os PFNM’s são todos os produtos biológicos que
se extraem de florestas naturais para uso humano,
incluindo alimentos, remédios, resinas, látex,
corantes, forragem e fibras, vida silvestre
(produtos e animais vivos), lenha, junco, bambu e
carvão vegetal (Fox,1995).
19. LIMITAÇÕES DOS PFNMs
Cadeias produtivas não consolidadas
Legislação não adequada
Dependência de instituições externas (OGs e ONGs)
Identificação de mercados que valorizem o manejo
Padronização
Regularidade de fornecimento
Organização de comunidades
Intermediários/preços/distâncias
Higiene/qualidade do produto
Volume ofertado x volume necessário
Capacitação de recursos humanos
Condições de escoamento
Distância dos grandes centros consumidores
20. VANTAGENS DOS PFNMs
Demanda crescente por ativos da biodiversidade
amazônica.
Relação cultural das populações tradicionais com
a floresta.
Baixo investimento comparado ao PFM: pode
alcançar um maior número de famílias.
Menor impacto sobre as florestas.
Alta diversidade de produtos.
Nichos de mercado específicos.
Apoio institucional (OGs e ONGs).
Uso da imagem de sustentabilidade /
biodiversidade / cultura.
21. CESTA DE PRODUTOS
MANEJADOS DE FORMA
SUSTENTÁVEL POR
COMUNIDADES LOCAIS
23. Vivem da criação de gado.
Alimentam-se de uma mistura de leite e
sangue do gado.
Raramente comem a carne.
O sangue é retirado do mesmo animal
todos os meses por um buraco feito com
uma flecha no seu pescoço.
Depois o ferimento é cuidadosamente
tratado.
24. PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS POTENCIAIS
PARA MANEJO FLORESTAL COMUNITÁRIO NO ESTADO DO
ACRE
25. Área: 1,4 milhões de
hectares (10% do estado)
(ZEE, 2001)
População: 40 mil
habitantes (7% do
estado) (IBGE, 2000)
PFNMs Potenciais para a
Usos
Regional do Baixo Acre
óleo de copaíba medicinal, cosmético
castanha-do-brasil alimentar
seringueira industrial, artesanal
jatobá medicinal, cosmético
sementes florestais (30
artesanato, reflorestamento
spp.)
açaí alimentar, cosmético
ubim artesanal
alimentar, medicinal,
patauá
cosmético
26. RESUMO DOS PFNMs POTENCIAIS POR REGIONAL
DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DO ACRE
Regional de
Produtos Florestais Não Madeireiros
Desenvolviment
Potenciais
o
óleo de copaíba, piassava, murmuru, fibras
Juruá
(titica, ambé), unha-de-gato, buriti, açaí
óleo de copaíba, murmuru, sementes
Tarauacá-Envira florestais, açaí, andiroba, fibras (cipó-titica,
ambé), andiroba de rama
óleo de copaíba, jarina, murmuru, sementes
Purus
florestais, andiroba de rama
óleo de copaíba, andiroba, castanha, jatobá,
Baixo Acre mulateiro, sangue de grado, açaí, buriti,
seringa
óleo de copaíba, jatobá, sementes
Alto Acre
florestais, açaí, patauá, ubim, seringa, jarina
27. N. de
Juru Tarauacá- Puru Baixo
PFNMs Potenciais Alto Acre Regionai
á Envira s Acre
s
5
açaí
2
andiroba
andiroba-de-rama 2
2
buriti
1
castanha-do-brasil
2
fibras (titica, ambe)
jarina 1
jatobá 2
1
mulateiro de várzea
murmuru 3
5
óleo de copaíba
patauá 5
1
piassava
sangue de grado 1
sementes florestais 3
2
seringueira
ubim 2
1
unha-de-gato
N. de PFNMs (Tot. =
8 8 7 11 7
29. ÁREAS DE ATUAÇÃO
24 seringais na Resex Chico Mendes e 3 seringais
na área de entorno: cerca de 300 famílias
Seringais de
Xapuri – copaíba
Seringais de
Brasiléia – copaíba
Seringais de
Brasiléia – palmeiras
Área de entorno –
copaíba e palmeiras
30. REPRESENTAÇÃO DE UMA COLOCAÇÃO
UNIDADE DE MANEJO FAMILIAR DO SERINGAL – 300 a 700 hectares
AGROPECUÁRIA: 5 a 10% da área
Usos da Terra nos – culturas anuais e perenes,
Seringais do Acre criação de animais domésticos
Estrada
de seringa
EXTRATIVISMO: 90 a 95% da área da
Colocação – manejo de fauna e flora
Desenho: Mônica de los Rios
31. ÓLEO DE COPAÍBA
• É um produto que sai pronto da
árvore.
• Conhecido pelas comunidades
locais (seringueiros, colonos,
índios, ribeirinhos).
• Bom preço.
• Não perecível (não estraga).
• Pouco volume: facilita transporte a
grandes distâncias; fácil
armazenamento.
• Método de extração simples.
• Baixo custo para o manejo: material
para extração custa cerca de
R$ 120,00.
• Pode ser coletado em qualquer
32. PREÇO DO ÓLEO DE COPAÍBA NO MERCADO -ACRE
SITUAÇÃO 1: Preço pago a granel
pela indústria:
•Produto não manejado – extraído R$ 4,00 a
com moto-serra ou machado (foto R$7,00 por litro de
ao lado) – geralmente causa a morte óleo (com embalagem
da árvore. + frete) – comércio
ilegal
•Sem autorização do IBAMA (sem
Plano de Manejo) – produto
Preço para o produtor
clandestino que pode ser
pelo atravessador:
apreendido.
R$ 2,00 a R$ 4,00
•Sem garantia de pureza. por litro de óleo
SITUAÇÃO 2:
•Produto manejado de forma sustentável –
Preço pago a granel
com uso de trado e com descanso da
pela indústria para a
árvore (foto ao lado) – não prejudica a
cooperativa:
planta.
R$ 20 a R$25,00 por
•Da mesma árvore podem ser feitas várias quilo de óleo (com
retiradas de óleo. embalagem + frete +
impostos)
•Com autorização do IBAMA (com Plano
de Manejo aprovado).
Preço para o
•Óleo classificado: óleo claro para produtor pela
indústria de medicamentos e óleo escuro cooperativa: R$
Óleos escuros
para indústria de sabonete e cremes. 15,00 por quilo de
óleo
•Com garantia de pureza – laudo de
análise fornecido pela UFAC.
•Gera receita para o Estado.
Óleos claros
33. Métodos de extração tradicional – produz alto
impacto para populações de baixa densidade
Derrubada de copaíba
Copaíba furada Copaíba morta
em roçado
com motosserra
34. POR QUE COMPRAR ÓLEO DE COPAÍBA DE
MANEJO SUSTENTÁVEL?
Árvore manejada de forma
sustentável – com uso de
trado – comunidades
capacitadas.
Com autorização do IBAMA
(Plano de Manejo).
Contribui para conservação
de florestas.
Gera renda adicional para
as famílias extrativistas.
35. POR QUE COMPRAR ÓLEO DE COPAÍBA DE
MANEJO SUSTENTÁVEL?
Óleo classificado: óleo fino para indústria de
medicamentos e óleo grosso para indústria de cosméticos
e de tintas.
Com garantia de pureza: compromisso do produtor,
treinamento e extração acompanhado por técnico e laudo
de análise fornecido pela UFAC (amostragem).
Produto com origem e com história.
36. Passos para a extração sustentável do óleo de copaíba
Material de extração:
- 01 trado de 3/4“ de 1,20 m de
comprimento; - mangueira
de borracha de 3/4“ de 1,50 m de
comprimento
Vasilhame plástico de 20 litros com funil de
engate;
Garrafas de 2 litros; - 20 cm cano de PVC de
1/2“;
- 01 tampa de PVC de 1/2“;
- 01 tarraxa (para fazer rosca)
- 01 serra para cano;
- 01 lima triangular para amolar o trado
Passos para a extração:
1) Com o trado se faz um orifício (buraco) no
tronco da árvore a uma altura adequada para
facilitar o esforço físico.
2) Quando o óleo é encontrado no tronco, o
cano ligado à mangueira e ao vasilhame,
deve ser colocado no buraco. A mangueira
37. Abertura de um orifício no
tronco com trado
3) Caso o óleo não seja encontrado podem ser
feitos mais uns 3 furos em alturas e posições
diferentes no tronco. E se mesmo assim não
sair óleo, deve ser colocado no buraco mais
baixo a garrafa PET ligada ao cano e à
mangueira por 3 ou 4 dias. Muitas vezes o
Fechamento do cano com
óleo sai aos poucos e pode ser colhido por
uma tampa
vários dias.
4) Os buracos abertos no tronco que não
deram óleo, devem ser fechados com “rolhas”
feitas de galhos.
Depois de 3 anos é feita nova
coleta
5) Após a retirada do óleo o cano deve ser
fechado com uma tampa de PVC.
6) Depois de três anos, a tampa pode ser
retirada com um alicate para uma nova coleta
39. Recepção, pesagem e identificação da origem do óleo de copaíba oriundo
da RESEX Chico Mendes
40. CLASSIFICAÇÃO DO ÓLEO DE COPAÍBA (Copaifera spp.)
QUANTO A COR, VISCOSIDADE (“grossura” do óleo) E TURBIDEZ
(transparência)
GRUPO A1 GRUPO A2 GRUPO A3 GRUPO A4
A1-1: cor clara A2-1: cor amarela A3-1: cor A2-1: cor opaca
baixa turbidez baixa turbidez vermelha baixa alta turbidez
baixa baixa turbidez baixa viscosidade
viscosidade viscosidade baixa viscosidade
A2-2: cor opaca
A1-2: cor clara A2-2: cor amarela; A3-2: cor alta turbidez
baixa turbidez baixa turbidez vermelha baixa média
média viscosidade média turbidez viscosidade
viscosidade média viscosidade
A1-3: cor clara A2-3: cor opaca
A2-3: cor amarela A3-3: cor
baixa turbidez alta turbidez
41.
42. SANGUE DE GRADO
(Croton lechleri - Euforbiácea)
Produto muito
procurado
R$ 30-50,00 por
litro
Usos:
Gastrite,
Úlceras,
Aumenta a
imunidade,
Cicatrizante.
43. PIAÇAVA
(Aphandra natalia- Palmae)
Produto com
mercado garantido
R$ 1,80-2,30 por kg
Usos: fibra
Fabricação
industrial da
vassouras.
Acre importa
fibras do
Amazonas e
Bahia
44. ANDIROBA DE RAMA
(Fevillea cordifolia-
Cucurbitaceae)
Produto com
mercado potencial
R$ 25,00/saca 20 kg
Uso:
Biodiesel:
60% de óleo
do
endosperma
45.
46. Larva do sure Rinostomus barbirotis e
patauá (Oenocarpus bataua)
47.
48.
49. Desmatamento de florestas naturais de 2000 a
2005. Em hectares por ano.
• Brasil lidera o ranking dos 140
países que mais desmataram
florestas nativas, responsável por:
• 42% do desmatamento mundial e
por
• 70% do desmatamento realizado
na América do Sul.
Estudo da FAO “Avaliação dos recursos florestais mundiais em 2005”:
www.fao.org/docrep/007/ae156e/AE156E02.htm