A Commédia Dell'Arte surgiu na Itália do século 16 como um teatro popular improvisado e baseado em máscaras. As principais máscaras eram Pantaleão, Doutor, Arlequim e Brighella. Ao longo dos séculos 17 e 18, a técnica se espalhou pela Europa, mas acabou perdendo sua espontaneidade original ao se adaptar aos gostos da nobreza.
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20th April 2011
A COMMÉDIA DELL’ARTE
Rebecca Piro
ORIGENS
Os primeiros referenciais da Commédia Dell’Arte encontram-se no Teatro Latino (antes da conquista da Grécia), ou
mais especificamente, na Atellana: peça curta no gênero da farsa, com reduzida parte escrita e ênfase na
improvisação dos atores. Pappus (velho namorador de mocinhas), Maccus (o avarento), Baccus (o bêbado) e
Baldus (o fanfarrão), são máscaras latinas que se equivalem as da Commédia Dell’Arte: Pappus seria o Pantaleão,
Maccus seria o Pulcinela, e etc. Outras linhas correspondentes podem ser traçadas entre estas duas formas de
teatro popular. Semelhança entre alguns figurinos (por exemplo, o vestido branco de Mimus e o de Pulcinela) e a
palavra que designa bufões: Zanni, para Dell’Arte e Sannio, para os latinos. Depois da conquista da Grécia o teatro
romano torna-se literário. Plauto, ao aproveitar as contribuições do Mimo e da Atellana, faz aparecer em sua obra
os principais pontos do teatro de improvisação: presença de máscara, tradição dos enredos, pornografia e
representação com valores rítmicos.
FORMAÇÃO E POSICIONAMENTO HISTÓRICO
A revolução cristã da Idade Média produziu um teatro popular, ingênuo e essencialmente religioso. Apesar das
manifestações existentes (mistérios, jograis e máscaras), o período era de crise teatral. Ao longo do tempo, com a
infiltração de elementos leigos aos sagrados, ouve-se o anúncio do Renascimento. É a passagem da Confraria
amadora medievais para as Companhias profissionais italianas.
O Humanismo, que surge no séc. XV, baseado nos modelos gregos latinos, e centrado na figura do
homem, é o pano de fundo para as novas mudanças cênicas, No séc. XVI, espera-se uma dicotomia básica entre
o teatro da corte e o teatro popular. O maior representante é a Commédia Dell'Arte que nasceu do pastoral, passou
pelo mistério religioso e medieval e agora segura os moldes da cultura clássica. Haviam também tragédias. Em
reação a este teatro literário e erudito, nasce nas ruas, vibrando com o povo, lembrando as festas dionisíacas, um
teatro improvisado: Commédia Dell'Arte (1545). Seu predecessor foi Ângelo Beolo (1502 - 1542), II Ruzzanti, que
percorreu a Itália representado farsas com seus companheiros.
A COMMÉDIA DELL’ARTE E SEU DESENVOLVIMENTO
Comédia bufonesca, histriônica, de máscaras, improvisada de argumento, italiana. As denominações foram mas
prevaleceu Commédia Dell'Arte. Arte no sentido de "mister", ofício, profissão. Vislumbra a possibilidade de se fazer
teatro não condiciona a palavra escrita, e onde a dimensão cênica se define, em primeira e última instância, pela
presença do ator no palco. Não era teatro interpretativo, mas criador. Essa busca da teatralidade passa também
pelo fator dinheiro, mercado, ou seja, segundo Tessari, ela é: "uma indústria de produtos estéticos". Seus
elementos essenciais são o profissionalismo, as máscaras, e a improvisação. O ator especializa-se. Aparece a
presença feminina no espetáculo cênico. Formam-se trupes. O objetivo era obter o riso, a sátira, a ridicularização.
No século XVII, a corte, que a princípio esnobara o teatro popular, começa a absorvê-lo. A aristocracia
convida os comediantes a representarem dentro dos palácios. Ocorre uma grande diáspora. As trupes italianas
viajam por diversos países europeus: França, Alemanha e Rússia. É o triunfo e ao mesmo tempo o começo da
decadência, pois, ao se contaminar com a nobreza, perda sua especificidade. E na primeira metade do séc. XVIII,
a Commédia Dell'Arte já está estéril. Para satisfazer o gosto da côrte, abandona os assuntos da atualidade. As
atrizes são escolhidas pela beleza a fim de inebriar os nobres e engordar as rendas. A pornografia vulgariza-se. A
simplicidade do espetáculo é substituída pelo luxo de uma mis-en-scene repleta de truques que ofusca o talento
dos atores. Estes quase não fazem mais improvisação, devida a cristalização do excesso de tradições.
Mecanizada, já não era espontânea. Já não era a Commédia Dell'Arte. Em cena, durante dois séculos e meio, a
Commédia Dell'Arte foi fonte de organização para o Teatro Moderno, que foi substituindo as máscaras pelos
papéis. Vários beberam desta água: Moliére (França), Shakespeare (Inglaterra), Lopes de Vega (Espanha),
Goldoni (Itália) e mais Beaumarchais, Marivaus e etc. Dela originaram-se os Vaudeville, a Farsa Cirsence e o
Teatro Revista.
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TÉCNICA DE IMPROVISAÇÃO
A peça encenada na Commédia Dell'Arte não tinha um texto escrito, usava-se somente um libreto em que se
descrevia a linha fundamental da história. Estes tanto podiam ser muito curtos como muito longos e Flamínio Scala
reuniu esses libretos em um só volume que foi impresso mas uns foram perdidos ao longo dos anos e outros estão
espalhados por diversos arquivos italianos que continuam manuscrito e ainda desconhecidos dos investigadores
que provavelmente devem atingir a mil.
Com estes textos se preparava o espetáculo. Como se pode explicar o fato da Commédia Dell'Arte ter
passado do texto escrito para a improvisação? Um dos motivos foi o fato dos autores escreverem seus textos com
defeitos cênicos, isto é, o que estava escrito não funcionava em cena e tão pouco com o público, Os atores e
trabalhadores de cena tiraram esta conclusão e começaram a trabalhar em cima destas falhas. A Commédia
Dell'Arte era um teatro do povo. Os atores deram as costas a arte dramática e mergulharam na arte viva.
Um outro motivo pelo qual a Commédia Dell'Arte passou do texto escrito para a improvisação foram as
condições políticas. A censura e a opressão administrativa tornavam muito difícil levar em cena uma comédia
escrita, pois eram logo motivo de proibição. Já, um espetáculo improvisado não podia ser censurado previamente.
Isto não impedia as presenças "perigosas" observarem, durante o próprio espetáculo, se tinha algo a censurar.
Mas os autores conseguiam ser mais espertos, com a longa experiência que tinham, eles observavam estas
presenças "perigosas" em meio ao público e soltavam sua imaginação na arte de improvisar.
A palavra "lazzo" (plural lazzi), vem do latim: actio, isto é, ação. Significa truque, manobra bufonesca feitos
no meio de uma cena a fim de vivificar o espetáculo (os comediantes brasileiros chamam isto de "cacos"). Existem
muito tipos de lazzi: lazzo com a mosca, lazzo com a pulga, nem sempre acompanhados necessárias explicações,
mas sempre provocando gargalhadas no público, se permitindo também aos atores restantes se colocarem de
acordo com o prosseguimento do espetáculo e ao desenvolvimento da ação.
As companhias eram compostas por um grupo de pessoas onde cada uma era uma síntese de ator, autor,
diretor, bailarino, malabarista e coreógrafo. Cada ator tinha o seu "Zibaldoni" que eram livrinhos (ou cadernos)
onde eles anotavam o seu repertório, suas piadas, seus truques, tudo que tivesse experimentado em cena e
tivesse dado certo e obtido boa recepção junto ao público. Este caderninho era de suma importância e era
respeitado pelos demais atores. Esse material era colecionado e posto a prova ao longo da experiência dos anos.
MÁSCARA: (Dicionário Aurélio)= Objeto de cartão, pano ou madeira que representa uma cara ou parte dela, e
destinado a cobrir o rosto para disfarçar a pessoa que o põe. Fisionomia característica, aparência enganadora,
esculpido em barro, madeira, cortiça, papelão e guarnecida de pelos, cores e etc., com que os atores cobrem o
rosto ou parte dele na caracterização dramática e nos artigos teatrais greco-romano e oriental. Expressão
fisionômica do ator a qual reflete o estado emocional do personagem que ele interpreta. Personagem-tipo de
determinado gênero teatral: o Arlequim, a Colombina, o Pantaleão e o Briguela são algumas das máscaras da
Commédia Dell'Arte.
NA COMMÉDIA DELL'ARTE
Existem na Commédia Dell'Arte quatro máscaras principais que podem ser classificados em dois grupos distintos:
as máscaras dos vecchi (velhos) e os Zanni (criados). Posteriormente, Goldoni nomeou as quatro figuras:
Pantaleone e o Dottore (os vecchi), Arlequim e Brighella (os Zanni).
Todos estes personagens apareciam com máscaras sobre o rosto.
Desde logo as máscaras foram associadas, em muitas épocas, às representações teatrais e é evidente que
ofereciam certas vantagens concretas: serviam para reforçar a teatralidade essencial da própria representação,
pois: "testifica que se trata de um autentico teatro e não de uma insípida reprodução da vida real. A máscara serve
para o ator criar um tipo surreal, facilitando sua viagem ao mundo da imaginação".
Uma máscara tem uma personalidade própria. O ator que usa a máscara, recebe deste objeto de cartão, a
realidade de seu papel. Usa sua personalidade e a própria natureza de seus raciocínios.
Na Commédia Dell'Arte os atores italianos perceberam que o usa da máscara inteira fazia com que o rosto
inanimado do ator, parecesse inadequado a sua agilidade corporal. Então, a partir daí, passaram a evitar o
emprego das mascaram completas e em seu lugar, usaram mascaras que só cobriam a metade do rosto ou nariz e
a parte da face, deixando a boca livre. Desta forma, conseguiram a liberação total da voz, e isto foi de importância
fundamental, pois os comediante consideravam primordial o dialogo de suas obras.
PERSONAGENS
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A companhia típica da Commédia Dell'Arte se compunha de mais ou menos 12 atores, mas ao contrario das outras
companhias, como a de Shakespeare, em que cada ator podia fazer mais de um personagem, os atores na
Commédia Dell'Arte não multiplicavam seus papeis. As comédias tinham figuras básicas e os personagens eram
de 8 a 12 por comédias, o mesmo numero de atores.
No centro destes personagens temos, basicamente 4 máscaras: 2 Vechi e 2 Zanni, identidicados por
Riccoboni como: os velhos: Pantaleone, o veneziano / Dottore, o bolonhês. Os criados: Arlequim, o bergamasco /
Scapino, o lombardo (ou Brighella, como chamou Goldoni).
Embora isso não fosse uma regra, os personagens quase sempre apareciam aos pares já que isso
facilitava o diálogo além de servir como espelho do outro.
Pantaleone: O mais constante e em um certo sentido, o mais importante dos personagens. Em muitas
obras, suas ações são mais negativas que positivas, por exemplo, quando serve de obstáculos para os casais de
amantes. Quase sempre é um chefe de família. Fala o dialeto veneziano e em geral é o primeiro a entrar em cena.
Dottore: Companheiro e vizinho de Pantaleone. As vezes seu amigo, as vezes inimigo. Como Pantaleone,
é um personagem sério, porém, mais lascínio. É um papel gracioso de um homem que pretende estar atualizado
em seu tempo, mas sua mente carregada de "cultura clássica", lhe confere um saber livresco de mitologia clássica,
máximas latinas e sentenças legais, que o impede de falar ou pensar de maneira lógica.
Arlequim: Se destaca por sua agilidade e destreza acrobática. Entra sempre em cena com a sensação de
absolta urgência. Vive num mundo onde os conceitos de moralidade não existem. De certo modo, suas palavras e
ações não possuem maldade. Raras vezes inicia uma intriga, mas tem uma enorme habilidade para escapar de
situações difíceis, mesmo se mostrando incapaz de pensar em ais de uma coisa de cada vez. Arlequim é uma
mescla de ignorância, simplicidade, ingenuidade e graça. É criado leal, paciente, crédulo e apaixonado.
Postado há 20th April 2011 por André dos Anjos
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♥ketilin♥ 16 de maio de 2011 19:31
legal...
to estudando sobre isso,agora tenho q fazer um trabalho sobre Dell'arte...
valeu,aqui achei um monte de coisas interesantes pro meu trabalho...
brigadu...
Responder
André dos Anjos 17 de maio de 2011 03:15
De nada!
Sinta-se em casa para fazer as pesquisa!
A ideia é essa msm!
Sei como é difícil achar muitas coisas na net e quando achamos é muito complexo!
tentarei ser sempre mais claro e objetivo!
esse trabalho está sendo o complemento das aulas que estou ministrando em Itapecerica da Serra
Abraços
e seja bem vinda
Responder
Anonymous 24 de agosto de 2019 10:45
Alguém pode me dizer, pelo menos uma peça deles?
Responder
4. 03/05/2021 A COMMÉDIA DELL’ARTE Rebecca Piro | Teatro
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