Cálice, canção composta por Chico Buarque e Gilberto Gil durante a ditadura militar que houve no Brasil (1964-1985), sendo simbólica na manifestação pelo regresso da democracia tomada por militares.
Cálice, canção de protesto contra a ditadura militar no Brasil
1. Nela percebe-se muitas metáforas elaborado jogo de
palavras para despistar a censura da ditadura militar.
A palavra-título, por exemplo, é cantado pelo coral que
acompanha o cantor de forma a soar como um raivoso
"Cale-se!".
A canção teve sua execução proibida durante anos no Brasil.
Só foi lançada em disco em novembro de 1978 no álbum Chico
Buarque, tendo Milton Nascimento nos versos de Gil.
Cálice é uma canção escrita e originalmente
interpretada pelos cantores brasileiros:
Chico Buarque
Gilberto Gil
Canção escrita em 1973
2. Boa parte da música faz uma analogia entre a Paixão de Cristo e o
sofrimento vivido pela população aterrorizada com o regime
autoritário.
Analisando a canção
vetada:
"Como beber dessa bebida amarga.
Tragar a dor, engolir a labuta.
Chico se pergunta "Como aguentar a repressão e prosseguir?
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta.
Apesar de silenciadas, as pessoas não deixam de sofrer, apenas
não são ouvidas. A boca está calada, mas a dor permanece.
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra.
Em "filho da outra", na verdade, é ele dizer que seria mais fácil se
ele fosse filho da p*! Nesse ponto, de forma desafiadora, ele reflete
que quem não sofre é cruel e repressor.
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta".
Esse verso critica a alteração da verdade por parte da imprensa,
controlada pelo Estado e a violência desmedida.
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano.
Eram comuns os ataques “surpresa” da polícia militar, que
invadiam casas e tiravam pessoas de suas camas.
Alguns eram presos, alguns torturados, outros desaparecia e Chico
teme em se tornar vítima dos ataques.
3. Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa.
Apesar de se sentir impotente e atordoado com a repressão, Chico
mostra que não deixou de estar atento.
O monstro da lagoa era uma expressão usada para falar dos corpos
de pessoas desaparecidas, que emergiam em mares ou rios nessa
época.
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
A porca gorda representa a ganância do governo corrupto que não
consegue mais operar. Já a polícia, com toda a sua brutalidade, não
corta: seu poder vai enfraquecendo, de tanto abusar da violência.
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
Com tudo isso acontecendo, fica difícil abrir a porta e sair de casa. É
muito sofrimento preso na garganta, com as coisas de ponta-cabeça.
Daí vem o pileque homérico: tudo estava tão fora do lugar que é como
se o mundo tivesse bêbado.
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Nessa parte ele convoca uma passagem bíblica "Paz na terra aos
homens de boa vontade", expondo que com o o regime militar, não
adianta ter boa vontade, pois a paz não vem.
Mas a vida boêmia ainda existe, mesmo que reprimida. O pensamento
crítico ainda existe, mesmo que calado. São esses os bêbados do
centro da cidade: as pessoas rebeldes que tentam sobreviver em meio
ao caos.
4. “Cálice” ficou cinco anos proibida. Só seria gravada em 1978,
por Chico e Milton".
5. Chico Buarque juntamente de Gilberto Gil apresentaram
a canção "Cálice" no Phono 73, uma espécie de festival
que reunia grandes artistas da gravadora Phonogram.
Consequentemente o som dos microfones foi cortado em
plena atração. Confira:
Escola Estadual Professor Elídio Murcelli Filho
Disciplina: Geografia
Professor: Regina
Tema: Músicas do Patrimônio Cultural Brasileiro
Aluno: Natanael Passos
Turma: 2 Ano "A"
Grato pela atenção!