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ENERGIA SOLAR 
Quase todas as fontes de energia – hidráulica, biomassa, eólica, combustíveis fósseis e energia 
dos oceanos – são formas indiretas de energia solar. Além disso, a radiação solar pode ser 
utilizada diretamente como fonte de energia térmica, para aquecimento de fluidos e 
ambientes e para geração de potência mecânica ou elétrica. Pode ainda ser convertida 
diretamente em energia elétrica, por meio de efeitos sobre determinados materiais, entre os 
quais se destacam o termoelétrico e o fotovoltaico. 
O aproveitamento da iluminação natural e do calor para aquecimento de ambientes, 
denominado aquecimento solar passivo, decorre da penetração ou absorção da radiação solar 
nas edificações, reduzindo-se, com isso, as necessidades de iluminação e aquecimento. Assim, 
um melhor aproveitamento da radiação solar pode ser feito com o auxílio de técnicas mais 
sofisticadas de arquitetura e construção. 
O aproveitamento térmico para aquecimento de fluidos é feito com o uso de coletores ou 
concentradores solares. Os coletores solares são mais usados em aplicações residenciais e 
comerciais (hotéis, restaurantes, clubes, hospitais etc.) para o aquecimento de água (higiene 
pessoal e lavagem de utensílios e ambientes). Os concentradores solares destinam-se a 
aplicações que requerem temperaturas mais elevadas, como a secagem de grãos e a produção 
de vapor. 
A conversão direta da energia solar em energia elétrica ocorre pelos efeitos da radiação (calor 
e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores. Entre esses, 
destacam-se os efeitos termoelétrico e fotovoltaico. O primeiro caracteriza-se pelo surgimento 
de uma diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais, em condições 
específicas. No segundo, os fótons contidos na luz solar são convertidos em energia elétrica, 
por meio do uso de células solares. 
Entre os vários processos de aproveitamento da energia solar, os mais usados atualmente são 
o aquecimento de água e a geração fotovoltaica de energia elétrica. No Brasil, o primeiro é 
mais encontrado nas regiões Sul e Sudeste, devido a características climáticas, e o segundo, 
nas regiões Norte e Nordeste, em comunidades isoladas da rede de energia elétrica. 
TECNOLOGIAS DE APROVEITAMENTO 
APROVEITAMENTOS TÉRMICOS 
Coletor solar: A radiação solar pode ser absorvida por coletores solares, principalmente para 
aquecimento de água, a temperaturas relativamente baixas (inferiores a 100ºC). O uso dessa 
tecnologia ocorre predominante- mente no setor residencial, mas há demanda significativa e 
aplicações em outros setores, como edifícios públicos e comerciais, hospitais, restaurantes, 
hotéis e similares. Esse sistema de aproveitamento térmico da energia solar, também 
denominado aquecimento solar ativo, envolve o uso de um coletor solar discreto. O coletor é 
instalado normalmente no teto das residências e edificações. Devido à baixa densidade da 
energia solar que incide sobre a superfície terrestre, o atendimento de uma única residência
pode requerer a instalação de vários metros quadrados de coletores. Para o suprimento de 
água quente de uma residência típica (três ou quatro moradores), são necessários cerca de 4 
m² de coletor. 
Concentrador solar: O aproveitamento da energia solar aplicado a sistemas que requerem 
temperaturas mais elevadas ocorre por meio de concentradores solares, cuja finalidade é 
captar a energia solar incidente numa área relativamente grande e concentrá-la numa área 
muito menor, de modo que a temperatura desta última aumente substancialmente. 
Os sistemas parabólicos de alta concentração atingem temperaturas bastante elevadas e 
índices de eficiência que variam de 14% a 22% de aproveitamento da energia solar incidente, 
podendo ser utilizada para a geração de vapor e, conseqüentemente, de energia elétrica. 
Contudo, a necessidade de focalizar a luz solar sobre uma pequena área exige algum 
dispositivo de orientação, acarretando custos adicionai s ao sistema, os quais tendem a ser 
minimizados em sistemas de grande porte. 
CONVERSÃO DIRETA DA RADIAÇÃO SOLAR EM ENERGIA ELÉTRICA 
Além dos processos térmicos descritos acima, a radiação solar pode ser diretamente 
convertida em energia elétrica, por meio de efeitos da radiação (calor e luz) sobre 
determinados materiais, particularmente os semi- condutores. Entre esses, destacam-se os 
efeitos termoelétrico e fotovoltaico. O primeiro se caracteriza pelo surgimento de uma 
diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais, quando tal junção está a uma 
temperatura mais elevada do que as outras extremidades dos fios. Embora muito empregado 
na construção de medidores de temperatura, seu uso comercial para a geração de eletricidade 
tem sido impossibilitado pelos baixos rendimentos obtidos e pelos custos elevados dos 
materiais. 
O efeito fotovoltaico decorre da excitação dos elétrons de alguns materiais na presença da luz 
solar (ou outras formas apropriadas de energia). Entre os materiais mais adequados para a 
conversão da radiação solar em energia elétrica, os quais são usualmente chamados de células 
solares ou fotovoltaicas, destaca-se o silício. 
Para a geração de eletricidade em escala comercial, o principal obstáculo tem sido o custo das 
células solares. Segundo B(2000), atualmente os custos de capital variam entre 5 e 15 vezes os 
custos unitários de uma usina a gás natural que opera com ciclo combinado. Contudo, nos 
últimos anos tem-se observado redução nos custos de capital. Os valores estão situados na 
faixa de US$ 200 a US$ 300 por megaWatt-hora e entre US$ 3 e US$ 7 mil por quiloWatt 
instalado. 
ENERGIA SOLAR NO BRASIL 
Atualmente há vários projetos, em curso ou em operação, para o aproveitamento da energia 
solar no Brasil, particularmente por meio de sistemas fotovoltaicos de geração de eletricidade, 
visando ao atendimento de comunidades isoladas da rede de energia elétrica e ao 
desenvolvimento regional.
Além do apoio técnico, científico e financeiro recebido de diversos órgãos e instituições 
brasileiras (MME, Eletrobrás/CEPEL e universidades, entre outros), esses projetos têm tido o 
suporte de organismos internacionais, particularmente da Agência Alemã de Cooperação 
Técnica – GTZ e do Laboratório de Energia Renovável dos Estados Unidos (National Renewable 
Energy Laboratory) – NREL/DOE. Também a área de aproveitamento da energia solar para 
aquecimento de água tem adquirido importância nas regiões Sul e Sudeste do País, onde uma 
parcela expressiva do consumo de energia elétrica é destinada a esse fim, principalmente no 
setor residencial. 
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS 
Uma das restrições técnicas à difusão de projetos de aproveitamento de energia solar é a baixa 
eficiência dos sistemas de conversão de energia, o que torna necessário o uso de grandes 
áreas para a captação de energia em quantidade suficiente para que o empreendimento se 
torne economicamente viável. Comparada, contudo, a outras fontes, como a energia 
hidráulica, por exemplo, que muitas vezes requer grandes áreas inundadas, observa-se que a 
limitação de espaço não é tão restritiva ao aproveitamento da energia solar.

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  • 1. ENERGIA SOLAR Quase todas as fontes de energia – hidráulica, biomassa, eólica, combustíveis fósseis e energia dos oceanos – são formas indiretas de energia solar. Além disso, a radiação solar pode ser utilizada diretamente como fonte de energia térmica, para aquecimento de fluidos e ambientes e para geração de potência mecânica ou elétrica. Pode ainda ser convertida diretamente em energia elétrica, por meio de efeitos sobre determinados materiais, entre os quais se destacam o termoelétrico e o fotovoltaico. O aproveitamento da iluminação natural e do calor para aquecimento de ambientes, denominado aquecimento solar passivo, decorre da penetração ou absorção da radiação solar nas edificações, reduzindo-se, com isso, as necessidades de iluminação e aquecimento. Assim, um melhor aproveitamento da radiação solar pode ser feito com o auxílio de técnicas mais sofisticadas de arquitetura e construção. O aproveitamento térmico para aquecimento de fluidos é feito com o uso de coletores ou concentradores solares. Os coletores solares são mais usados em aplicações residenciais e comerciais (hotéis, restaurantes, clubes, hospitais etc.) para o aquecimento de água (higiene pessoal e lavagem de utensílios e ambientes). Os concentradores solares destinam-se a aplicações que requerem temperaturas mais elevadas, como a secagem de grãos e a produção de vapor. A conversão direta da energia solar em energia elétrica ocorre pelos efeitos da radiação (calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores. Entre esses, destacam-se os efeitos termoelétrico e fotovoltaico. O primeiro caracteriza-se pelo surgimento de uma diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais, em condições específicas. No segundo, os fótons contidos na luz solar são convertidos em energia elétrica, por meio do uso de células solares. Entre os vários processos de aproveitamento da energia solar, os mais usados atualmente são o aquecimento de água e a geração fotovoltaica de energia elétrica. No Brasil, o primeiro é mais encontrado nas regiões Sul e Sudeste, devido a características climáticas, e o segundo, nas regiões Norte e Nordeste, em comunidades isoladas da rede de energia elétrica. TECNOLOGIAS DE APROVEITAMENTO APROVEITAMENTOS TÉRMICOS Coletor solar: A radiação solar pode ser absorvida por coletores solares, principalmente para aquecimento de água, a temperaturas relativamente baixas (inferiores a 100ºC). O uso dessa tecnologia ocorre predominante- mente no setor residencial, mas há demanda significativa e aplicações em outros setores, como edifícios públicos e comerciais, hospitais, restaurantes, hotéis e similares. Esse sistema de aproveitamento térmico da energia solar, também denominado aquecimento solar ativo, envolve o uso de um coletor solar discreto. O coletor é instalado normalmente no teto das residências e edificações. Devido à baixa densidade da energia solar que incide sobre a superfície terrestre, o atendimento de uma única residência
  • 2. pode requerer a instalação de vários metros quadrados de coletores. Para o suprimento de água quente de uma residência típica (três ou quatro moradores), são necessários cerca de 4 m² de coletor. Concentrador solar: O aproveitamento da energia solar aplicado a sistemas que requerem temperaturas mais elevadas ocorre por meio de concentradores solares, cuja finalidade é captar a energia solar incidente numa área relativamente grande e concentrá-la numa área muito menor, de modo que a temperatura desta última aumente substancialmente. Os sistemas parabólicos de alta concentração atingem temperaturas bastante elevadas e índices de eficiência que variam de 14% a 22% de aproveitamento da energia solar incidente, podendo ser utilizada para a geração de vapor e, conseqüentemente, de energia elétrica. Contudo, a necessidade de focalizar a luz solar sobre uma pequena área exige algum dispositivo de orientação, acarretando custos adicionai s ao sistema, os quais tendem a ser minimizados em sistemas de grande porte. CONVERSÃO DIRETA DA RADIAÇÃO SOLAR EM ENERGIA ELÉTRICA Além dos processos térmicos descritos acima, a radiação solar pode ser diretamente convertida em energia elétrica, por meio de efeitos da radiação (calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semi- condutores. Entre esses, destacam-se os efeitos termoelétrico e fotovoltaico. O primeiro se caracteriza pelo surgimento de uma diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais, quando tal junção está a uma temperatura mais elevada do que as outras extremidades dos fios. Embora muito empregado na construção de medidores de temperatura, seu uso comercial para a geração de eletricidade tem sido impossibilitado pelos baixos rendimentos obtidos e pelos custos elevados dos materiais. O efeito fotovoltaico decorre da excitação dos elétrons de alguns materiais na presença da luz solar (ou outras formas apropriadas de energia). Entre os materiais mais adequados para a conversão da radiação solar em energia elétrica, os quais são usualmente chamados de células solares ou fotovoltaicas, destaca-se o silício. Para a geração de eletricidade em escala comercial, o principal obstáculo tem sido o custo das células solares. Segundo B(2000), atualmente os custos de capital variam entre 5 e 15 vezes os custos unitários de uma usina a gás natural que opera com ciclo combinado. Contudo, nos últimos anos tem-se observado redução nos custos de capital. Os valores estão situados na faixa de US$ 200 a US$ 300 por megaWatt-hora e entre US$ 3 e US$ 7 mil por quiloWatt instalado. ENERGIA SOLAR NO BRASIL Atualmente há vários projetos, em curso ou em operação, para o aproveitamento da energia solar no Brasil, particularmente por meio de sistemas fotovoltaicos de geração de eletricidade, visando ao atendimento de comunidades isoladas da rede de energia elétrica e ao desenvolvimento regional.
  • 3. Além do apoio técnico, científico e financeiro recebido de diversos órgãos e instituições brasileiras (MME, Eletrobrás/CEPEL e universidades, entre outros), esses projetos têm tido o suporte de organismos internacionais, particularmente da Agência Alemã de Cooperação Técnica – GTZ e do Laboratório de Energia Renovável dos Estados Unidos (National Renewable Energy Laboratory) – NREL/DOE. Também a área de aproveitamento da energia solar para aquecimento de água tem adquirido importância nas regiões Sul e Sudeste do País, onde uma parcela expressiva do consumo de energia elétrica é destinada a esse fim, principalmente no setor residencial. IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS Uma das restrições técnicas à difusão de projetos de aproveitamento de energia solar é a baixa eficiência dos sistemas de conversão de energia, o que torna necessário o uso de grandes áreas para a captação de energia em quantidade suficiente para que o empreendimento se torne economicamente viável. Comparada, contudo, a outras fontes, como a energia hidráulica, por exemplo, que muitas vezes requer grandes áreas inundadas, observa-se que a limitação de espaço não é tão restritiva ao aproveitamento da energia solar.