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Psicologia do Trabalho
MENDES, A. M.; BORGES, L. de O.; FERREIRA, M. C. Trabalho em transição, saúde em risco.
Brasília (DF): UNB, 2002. Cap. I Vivências de Prazer - Sofrimento e Saúde Psíquica no Trabalho:
Trajetória Conceitual e Empírica pp. 27-39. Ana Magnólia Mendes e Carla Faria Morrone
Professora: Barbara Sul S. Fleury - barbara.fleury@unialfa.com.br
Introdução
- Trajetória conceitual e empírica dos estudos sobre prazer/sofrimento no
trabalho
- Referencial teórico - Psicodinâmica do trabalho (França/80 - Brasil/90)
- Christophe Dejours 1987 - França - Médico do Trabalho, Psiquiatra e
Psicanalista - Escola Dejouriana
- Organização do trabalho como reflexo de contexto amplo sociocultural e
econômico
- Estratégias de enfrentamento e transformação das situações geradoras de
sofrimento
Introdução
- Trabalho como fonte de prazer como uma das razões de importância e
desejo de produzir
- Oportunidade de realização e identidade para se construir como sujeito
psicológico e social
- Trabalho como meio para estruturação psíquica do sujeito
- Condições de realização do trabalho podem o transformar em penoso e
doloroso levando ao sofrimento - decorrente do confronto entre
subjetividade e restrição de condições socioculturais e ambientais
- Tais condições são reflexo de um modo de produção específico - acumulação
flexível do capital
- Diversidades no capitalismo na relação trabalho/emprego, subemprego e
desemprego
Introdução
- Trabalho sendo ao mesmo tempo fonte de prazer e de sofrimento
- Contradição
- Movimento de luta do trabalhador para busca de prazer e evitação de
sofrimento com a finalidade de manutenção do equilíbrio psíquico
- Dinâmica como responsável pela saúde psíquica
- Diversidade de estratégias
- Objeto de estudo: o saudável no espaço de trabalho
- A realidade do sofrimento não oferece possibilidades de ajustamento das
necessidades do trabalhador, porém, não é permanente
- O sofrimento em si não é patológico - sinal de alerta para evitar adoecimento
- estratégias nas adversidades
Organização do Trabalho e Prazer-Sofrimento
- Organização do trabalho como processo intersubjetivo - diferentes sujeitos em
interação com uma realidade - dinâmica própria de interações enquanto lugar de
produção de significações psíquicas e construção de relações sociais
- Influências positivas ou negativas multideterminadas - confronto entre
características da personalidade e margem de liberdade no modelo de organização
- Operacionalmente: “ a divisão do trabalho, o conteúdo da tarefa - à medida que ele
dela deriva - o sistema hierárquico, as modalidades de comando, as relações de
poder, as questões de responsabilidade”
- Dinamicamente: resultado de compromissos entre sujeitos para definição de regras,
entre níveis hierárquicos para negociar as regras e obter novos compromissos -
evolução em função dos sujeitos, do coletivo, da história local e do tempo
Organização do Trabalho e Prazer-Sofrimento
- Dois elementos da organização do trabalho: Atividade de trabalho (tarefa
prescrita e real) e relações socioprofissionais
- A atividade não se desvincula do sujeito e do contexto - atribuição de
significado como resultado de componentes perceptivos, simbólicos e
dinâmicos subjacentes à relação indivíduo-trabalho
- Assume sentido particular para cada trabalhador
- As relações socioprofissionais possuem natureza ética e profissional -
diferentes níveis hierárquicos - variabilidade da organização -
intersubjetividade do sujeito histórico (passado, presente e futuro) com a
dinâmica coletiva do trabalho e identidade social
Organização do trabalho e Prazer-Sofrimento
- Interesses econômicos e políticos dos que definem o processo produtivo - os
padrões do sistema de produção determinam a estrutura organizacional e
cada categoria profissional se submete a um modelo específico - elementos
homogêneos ou contraditórios, facilitadores ou não das vivências de
prazer-sofrimento
- Aspectos sociais e culturais das organizações - atualidade de paradigmas da
cultura do desempenho, excelência, competição, produtividade e ideais do
empresariado
- Diferentes modelos de funcionamento ainda que no mesmo ambiente -
interpretação pelos trabalhadores a partir de inter-relação entre sua
subjetividade e realidade concreta - determinantes para vivências de prazer
e/ou sofrimento
Organização do trabalho e Prazer-Sofrimento
Organizações flexíveis: negociação para os trabalhadores (Mendes, 1995)
- “Propiciadoras” de prazer - integração e globalização dos processos,
métodos e instrumentos de trabalho, do conteúdo significativo das tarefas, da
autonomia, do uso das competências técnicas e criativas e das relações
hierárquicas baseadas na confiança, cooperação, participação e definição de
regras pelo coletivo de trabalho
- Prazer quando o trabalhador sente reconhecimento e valorização - realização
de tarefas com início, meio e fim; visualização dos resultados da produção;
descentralização das decisões; autonomia técnica; controle do processo
produtivo; possibilidade de aprender e desenvolver-se profissionalmente e
liberdade de expressão
Organização do trabalho e Prazer-Sofrimento
- Mendes e Abrahão (1996) - vivência de sofrimento associada à divisão e
padronização de tarefas, subutilização do potencial técnico e da criatividade,
rigidez hierárquica, falta de participação nas decisões e reconhecimento
profissional, ingerências políticas, centralização de informações, pouca
perspectiva de crescimento profissional e individualismo entre os colegas
- Lunardi e Mazilli (1996) organização autocrática e autoritária com elementos
implicados na gênese do sofrimento - descaso, desconhecimento ou negação
das dificuldades originadas na hierarquia e no grupo, sobrecarga e precárias
condições físicas
Organização do trabalho e Prazer-Sofrimento
- Atuais Paradigmas
- Périlleux (1996) - Caráter paradoxal - propiciador de sofrimento - Estímulo de
integração, diálogo e conciliação no grupo atrelado ao da privacidade e
autonomia - novas estruturas que enfocam criatividade, comunicação e
trabalho em equipe X processo de socialização problemático, interferências
nas condições de constituição do coletivo, modificação das condições de
compreensão e manifestação dos sentimentos
- Carpentier-Roy (1996) fusão da relação ator/sujeito ao privilégio ilusório da
autonomia - estrutura de controle sutil no qual o trabalhador renuncia seus
desejos, aspirações e necessidades X ideais propostos pela empresa
(individualismo)
- Patologia da Exclusão e Patologia da Excelência
Organização do trabalho e Prazer-Sofrimento
- Patologia da exclusão: ansiedade de perda e privação do emprego,
estratégias de defesa e adaptação, reformulação ou negação de seus
desejos em prol da manutenção do trabalho
- Patologia da excelência: imposição ao sujeito e ao coletivo propósitos
empresariais fundamentados na produtividade e eficácia. Falsas adesões.
Sofrimento psíquico, desestruturação do coletivo, isolamento e competição
As Defesas como Estratégias de Enfrentamento do Sofrimento no Trabalho
- Estratégias defensivas - evitação do aspecto doloroso (muitas vezes
inconsciente) do sofrimento - negação ou minimização da percepção da
realidade - comportamentos de isolamento psicoafetivo e profissional -
resignação - descrença - renúncia à participação - indiferença e apatia
- desânimo, desencorajamento e desengajamento como falta de condições de
elaboração das vivências, propostas e condução de ações adequadas para
transformação
As Defesas como Estratégias de Enfrentamento do Sofrimento no Trabalho
Classificação de indicadores de utilização de estratégias defensivas por Jayet
(1994):
a) desmotivação e desencorajamento;
b) condutas de evitação (ex: absenteísmo)
c) comportamentos agressivos de violência ou rebelião
d) diluição das responsabilidades
e) evitação da consciência de situações desagradáveis
f) presença excessiva no local de trabalho fora do horário regular
g) individualismo e competição excessiva
As Defesas como Estratégias de Enfrentamento do Sofrimento no Trabalho
- Mendes (1994-1996) comportamentos defensivos:
- Racionalização: dissociação do processo de trabalho - justificativas racionais
às situações de conflito - frustração para explicar os motivos causadores de
sofrimento - percepção sobre o que deveria ser o trabalho e sobre o que é
- Passividade: Falta de ação para transformação - imutabilidade, imobilidade e
supervalorização da empresa
- Individualismo: Desestruturação das relações psicoafetivas com o coletivo
As Defesas como Estratégias de Enfrentamento do Sofrimento no Trabalho
- Mendes e Linhares (1996) Pesquisa com enfermeiros - confronto com o
binômio vida e morte: a) impessoalidade no contato com o paciente; b)
distanciamento emocional no contato com o paciente; c) evitação de
comunicação com paciente e familiares e d) valorização dos procedimentos
técnicos em detrimento de relação interpessoal
- Possibilidade de função positiva: equilíbrio psíquico, adaptação às situações
de desgaste emocional
- Por outro lado: mascarar sofrimento psíquico, estabilidade artificial, dimensão
patológica que interfere no trabalho e na vida social.
As Defesas como Estratégias de Enfrentamento do Sofrimento no Trabalho
Moliniet e Giujuzza (1997) - Estratégias defensivas próprias em diferentes
profissões
- Adequação à demandas, características e diferenciação de gênero
As defesas contra o sofrimento possuem papel contraditório
Necessidade para manutenção do equilíbrio psíquico X imobilismo e
alienação
Luta pelo prazer deve se sobrepor à utilização de defesas - possibilidade de
que o trabalhador se firme como sujeito reforçando sua identidade pessoal e
profissional
Transformando o Sofrimento e Vivenciando o Prazer no Trabalho
- O prazer, quando não vivenciado diretamente no trabalho, é resultante da
transformação das situações geradoras de sofrimento
- Processo tem origem no conceito de mobilização subjetiva - uso dos
recursos psicológicos do trabalhador e pelo espaço público de discussões
- Segundo Dejours ela permite a transformação do sofrimento a partir de uma
operação simbólica: o resgate do sentido do trabalho
- Sentido depende da inter-relação entre subjetividade, saber fazer e coletivo
- O coletivo é construído com base e regras com dimensões éticas que
organizam as relações - reconhecimento dos pares e hierarquia
- Cooperação - comunicação
- Conquista dos trabalhadores e consciência de classe - pode ser facilitado
pela empresa
Considerações Gerais da profª acerca das competências da Psicologia
- Quais as possibilidades reais na mudança estratégica organizacional?
- Atuação junto aos sujeitos trabalhadores no ambiente organizacional
- Atuação junto aos(às) trabalhadores(as) em ambientes clínicos
- Sofrimento/Prazer a partir da psicodinâmica e relação com a alienação da
atividade do trabalho no modo de produção capitalista
- Permanente estranhamento do trabalho do próprio trabalhador dentro do
modo de produção econômico

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  • 1. Psicologia do Trabalho MENDES, A. M.; BORGES, L. de O.; FERREIRA, M. C. Trabalho em transição, saúde em risco. Brasília (DF): UNB, 2002. Cap. I Vivências de Prazer - Sofrimento e Saúde Psíquica no Trabalho: Trajetória Conceitual e Empírica pp. 27-39. Ana Magnólia Mendes e Carla Faria Morrone Professora: Barbara Sul S. Fleury - barbara.fleury@unialfa.com.br
  • 2. Introdução - Trajetória conceitual e empírica dos estudos sobre prazer/sofrimento no trabalho - Referencial teórico - Psicodinâmica do trabalho (França/80 - Brasil/90) - Christophe Dejours 1987 - França - Médico do Trabalho, Psiquiatra e Psicanalista - Escola Dejouriana - Organização do trabalho como reflexo de contexto amplo sociocultural e econômico - Estratégias de enfrentamento e transformação das situações geradoras de sofrimento
  • 3. Introdução - Trabalho como fonte de prazer como uma das razões de importância e desejo de produzir - Oportunidade de realização e identidade para se construir como sujeito psicológico e social - Trabalho como meio para estruturação psíquica do sujeito - Condições de realização do trabalho podem o transformar em penoso e doloroso levando ao sofrimento - decorrente do confronto entre subjetividade e restrição de condições socioculturais e ambientais - Tais condições são reflexo de um modo de produção específico - acumulação flexível do capital - Diversidades no capitalismo na relação trabalho/emprego, subemprego e desemprego
  • 4. Introdução - Trabalho sendo ao mesmo tempo fonte de prazer e de sofrimento - Contradição - Movimento de luta do trabalhador para busca de prazer e evitação de sofrimento com a finalidade de manutenção do equilíbrio psíquico - Dinâmica como responsável pela saúde psíquica - Diversidade de estratégias - Objeto de estudo: o saudável no espaço de trabalho - A realidade do sofrimento não oferece possibilidades de ajustamento das necessidades do trabalhador, porém, não é permanente - O sofrimento em si não é patológico - sinal de alerta para evitar adoecimento - estratégias nas adversidades
  • 5. Organização do Trabalho e Prazer-Sofrimento - Organização do trabalho como processo intersubjetivo - diferentes sujeitos em interação com uma realidade - dinâmica própria de interações enquanto lugar de produção de significações psíquicas e construção de relações sociais - Influências positivas ou negativas multideterminadas - confronto entre características da personalidade e margem de liberdade no modelo de organização - Operacionalmente: “ a divisão do trabalho, o conteúdo da tarefa - à medida que ele dela deriva - o sistema hierárquico, as modalidades de comando, as relações de poder, as questões de responsabilidade” - Dinamicamente: resultado de compromissos entre sujeitos para definição de regras, entre níveis hierárquicos para negociar as regras e obter novos compromissos - evolução em função dos sujeitos, do coletivo, da história local e do tempo
  • 6. Organização do Trabalho e Prazer-Sofrimento - Dois elementos da organização do trabalho: Atividade de trabalho (tarefa prescrita e real) e relações socioprofissionais - A atividade não se desvincula do sujeito e do contexto - atribuição de significado como resultado de componentes perceptivos, simbólicos e dinâmicos subjacentes à relação indivíduo-trabalho - Assume sentido particular para cada trabalhador - As relações socioprofissionais possuem natureza ética e profissional - diferentes níveis hierárquicos - variabilidade da organização - intersubjetividade do sujeito histórico (passado, presente e futuro) com a dinâmica coletiva do trabalho e identidade social
  • 7. Organização do trabalho e Prazer-Sofrimento - Interesses econômicos e políticos dos que definem o processo produtivo - os padrões do sistema de produção determinam a estrutura organizacional e cada categoria profissional se submete a um modelo específico - elementos homogêneos ou contraditórios, facilitadores ou não das vivências de prazer-sofrimento - Aspectos sociais e culturais das organizações - atualidade de paradigmas da cultura do desempenho, excelência, competição, produtividade e ideais do empresariado - Diferentes modelos de funcionamento ainda que no mesmo ambiente - interpretação pelos trabalhadores a partir de inter-relação entre sua subjetividade e realidade concreta - determinantes para vivências de prazer e/ou sofrimento
  • 8. Organização do trabalho e Prazer-Sofrimento Organizações flexíveis: negociação para os trabalhadores (Mendes, 1995) - “Propiciadoras” de prazer - integração e globalização dos processos, métodos e instrumentos de trabalho, do conteúdo significativo das tarefas, da autonomia, do uso das competências técnicas e criativas e das relações hierárquicas baseadas na confiança, cooperação, participação e definição de regras pelo coletivo de trabalho - Prazer quando o trabalhador sente reconhecimento e valorização - realização de tarefas com início, meio e fim; visualização dos resultados da produção; descentralização das decisões; autonomia técnica; controle do processo produtivo; possibilidade de aprender e desenvolver-se profissionalmente e liberdade de expressão
  • 9. Organização do trabalho e Prazer-Sofrimento - Mendes e Abrahão (1996) - vivência de sofrimento associada à divisão e padronização de tarefas, subutilização do potencial técnico e da criatividade, rigidez hierárquica, falta de participação nas decisões e reconhecimento profissional, ingerências políticas, centralização de informações, pouca perspectiva de crescimento profissional e individualismo entre os colegas - Lunardi e Mazilli (1996) organização autocrática e autoritária com elementos implicados na gênese do sofrimento - descaso, desconhecimento ou negação das dificuldades originadas na hierarquia e no grupo, sobrecarga e precárias condições físicas
  • 10. Organização do trabalho e Prazer-Sofrimento - Atuais Paradigmas - Périlleux (1996) - Caráter paradoxal - propiciador de sofrimento - Estímulo de integração, diálogo e conciliação no grupo atrelado ao da privacidade e autonomia - novas estruturas que enfocam criatividade, comunicação e trabalho em equipe X processo de socialização problemático, interferências nas condições de constituição do coletivo, modificação das condições de compreensão e manifestação dos sentimentos - Carpentier-Roy (1996) fusão da relação ator/sujeito ao privilégio ilusório da autonomia - estrutura de controle sutil no qual o trabalhador renuncia seus desejos, aspirações e necessidades X ideais propostos pela empresa (individualismo) - Patologia da Exclusão e Patologia da Excelência
  • 11. Organização do trabalho e Prazer-Sofrimento - Patologia da exclusão: ansiedade de perda e privação do emprego, estratégias de defesa e adaptação, reformulação ou negação de seus desejos em prol da manutenção do trabalho - Patologia da excelência: imposição ao sujeito e ao coletivo propósitos empresariais fundamentados na produtividade e eficácia. Falsas adesões. Sofrimento psíquico, desestruturação do coletivo, isolamento e competição
  • 12. As Defesas como Estratégias de Enfrentamento do Sofrimento no Trabalho - Estratégias defensivas - evitação do aspecto doloroso (muitas vezes inconsciente) do sofrimento - negação ou minimização da percepção da realidade - comportamentos de isolamento psicoafetivo e profissional - resignação - descrença - renúncia à participação - indiferença e apatia - desânimo, desencorajamento e desengajamento como falta de condições de elaboração das vivências, propostas e condução de ações adequadas para transformação
  • 13. As Defesas como Estratégias de Enfrentamento do Sofrimento no Trabalho Classificação de indicadores de utilização de estratégias defensivas por Jayet (1994): a) desmotivação e desencorajamento; b) condutas de evitação (ex: absenteísmo) c) comportamentos agressivos de violência ou rebelião d) diluição das responsabilidades e) evitação da consciência de situações desagradáveis f) presença excessiva no local de trabalho fora do horário regular g) individualismo e competição excessiva
  • 14. As Defesas como Estratégias de Enfrentamento do Sofrimento no Trabalho - Mendes (1994-1996) comportamentos defensivos: - Racionalização: dissociação do processo de trabalho - justificativas racionais às situações de conflito - frustração para explicar os motivos causadores de sofrimento - percepção sobre o que deveria ser o trabalho e sobre o que é - Passividade: Falta de ação para transformação - imutabilidade, imobilidade e supervalorização da empresa - Individualismo: Desestruturação das relações psicoafetivas com o coletivo
  • 15. As Defesas como Estratégias de Enfrentamento do Sofrimento no Trabalho - Mendes e Linhares (1996) Pesquisa com enfermeiros - confronto com o binômio vida e morte: a) impessoalidade no contato com o paciente; b) distanciamento emocional no contato com o paciente; c) evitação de comunicação com paciente e familiares e d) valorização dos procedimentos técnicos em detrimento de relação interpessoal - Possibilidade de função positiva: equilíbrio psíquico, adaptação às situações de desgaste emocional - Por outro lado: mascarar sofrimento psíquico, estabilidade artificial, dimensão patológica que interfere no trabalho e na vida social.
  • 16. As Defesas como Estratégias de Enfrentamento do Sofrimento no Trabalho Moliniet e Giujuzza (1997) - Estratégias defensivas próprias em diferentes profissões - Adequação à demandas, características e diferenciação de gênero As defesas contra o sofrimento possuem papel contraditório Necessidade para manutenção do equilíbrio psíquico X imobilismo e alienação Luta pelo prazer deve se sobrepor à utilização de defesas - possibilidade de que o trabalhador se firme como sujeito reforçando sua identidade pessoal e profissional
  • 17. Transformando o Sofrimento e Vivenciando o Prazer no Trabalho - O prazer, quando não vivenciado diretamente no trabalho, é resultante da transformação das situações geradoras de sofrimento - Processo tem origem no conceito de mobilização subjetiva - uso dos recursos psicológicos do trabalhador e pelo espaço público de discussões - Segundo Dejours ela permite a transformação do sofrimento a partir de uma operação simbólica: o resgate do sentido do trabalho - Sentido depende da inter-relação entre subjetividade, saber fazer e coletivo - O coletivo é construído com base e regras com dimensões éticas que organizam as relações - reconhecimento dos pares e hierarquia - Cooperação - comunicação - Conquista dos trabalhadores e consciência de classe - pode ser facilitado pela empresa
  • 18. Considerações Gerais da profª acerca das competências da Psicologia - Quais as possibilidades reais na mudança estratégica organizacional? - Atuação junto aos sujeitos trabalhadores no ambiente organizacional - Atuação junto aos(às) trabalhadores(as) em ambientes clínicos - Sofrimento/Prazer a partir da psicodinâmica e relação com a alienação da atividade do trabalho no modo de produção capitalista - Permanente estranhamento do trabalho do próprio trabalhador dentro do modo de produção econômico