O documento descreve a geografia e história da Arábia pré-islâmica, com foco nos assentamentos de Meca e Medina como importantes centros de comércio. Também resume a vida e missão do profeta Maomé, desde suas primeiras revelações até o estabelecimento do Islã como religião dominante na península arábica.
3. • A Arábia é uma península da Ásia Ocidental,
próxima da África. Limita-se a noroeste com a
Palestina, ao sul com o oceano Índico, a leste
com o golfo Pérsico e a oeste com o mar
Vermelho.
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5. • O litoral do mar Vermelho é a região que
apresenta melhores condições geográficas,
permitindo até mesmo uma razoável prática
da agricultura, se bem que em áreas restritas.
É ali que se localizam antigas cidades como
Meca e Medina (anteriormente, Iatreb).
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8. • Esses núcleos urbanos eram importantes
centros comerciais, de onde partiam caravanas
em direção a Aden, no sul da Arábia, ou a
Bassorah, no golfo Pérsico. Nos referidos
portos, os mercadores adquiriam especiarias
orientais, que ali chegavam através da
navegação de cabotagem, e as revendiam no
Oriente Médio e Próximo. Os lucros eram
enormes e fizeram a fortuna dos comerciantes,
principalmente de Meca.
9. • Além do comércio externo, havia um ativo
comércio interno entre os árabes do deserto,
conhecidos como beduínos, e os do litoral. As
práticas comerciais, contudo, circunscreviam-
se aos meses finais do ano (setembro a
dezembro), quando os beduínos se
deslocavam em direção às cidades.
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11. • Além de seus objetivos mercantis, essa migração
possuía também um caráter religioso, tendo Meca
como ponto de convergência. A atração da cidade
era um templo, a célebre Caaba, que abrigava
numerosos ídolos adorados pelas tribos do
deserto, assim como uma Pedra Negra, sobre a
qual, segundo a tradição, repousou Ismael,
considerado o ancestral do povo árabe. Havia
ainda em Meca uma fonte sagrada (Zem-Zem), um
vale onde o demônio (Iblis) era apedrejado pelos
fiéis e o Monte Arafat, local de meditação noturna.
14. • Os beduínos preferiam Meca a Iatreb porque
a visita lhes dava satisfação espiritual e
material, devido ao comércio das feiras. Por
isso mesmo, existia entre as duas cidades uma
rivalidade que era simultaneamente comercial
e religiosa.
17. • Maomé nasceu em Meca, por volta do ano
570, e pertencia à tribo que dominava a
cidade: os Coraixitas. No entanto, era de uma
família pobre, os Hexemitas. Ficou órfão aos
seis anos de idade, sendo criado pelo avô e
em seguida pelo tio Abu Taleb.
18. • Aos 15 anos de idade, já trabalhava nas
caravanas que viajavam pela Palestina e a Síria.
Foi assim que tomou contato com povos e
regiões diferentes e conheceu novas religiões,
principalmente o cristianismo e o judaísmo.
Assimilando os ensinamentos dessas duas
doutrinas monoteístas, criou uma integração de
elementos retirados do cristianismo, do judaísmo
e do paganismo árabe.
19. • Porém, a vida agitada de Maomé não lhe
permitia estruturar seu sistema religioso. Daí a
importância de seu casamento com Khadidja,
uma rica viúva que lhe proporcionou a
estabilidade material necessária para seu
desenvolvimento intelectual. Maomé começou a
fazer retiros espirituais no Monte Arafat, até que
no ano 610 teve “três visões” do anjo Gabriel. Na
última, o anjo ter-lhe-ia dito: “Maomé, tu és o
único profeta do verdadeiro Deus (Alá)!” A
missão de Maomé estava implícita nessas
palavras.
20. • Começava agora a etapa mais difícil da vida do
Profeta: a difusão da crença. De início,
restringiu suas pregações aos familiares e
amigos, tendo em dois anos feito mais ou
menos 80 adeptos. Sentindo-se mais seguro,
iniciou a pregação pública aos Coraixitas, de
quem naturalmente adviria a maior oposição,
visto que estavam ligados economicamente
ao politeísmo existente na Arábia.
21. • No começo, os Coraixitas se surpreenderam
com as revelações de Maomé, segundo as
quais só havia um Deus, de quem ele, Maomé,
era o Profeta. Depois, procuraram ridicularizá-
lo. Por fim, começou a perseguição. Uma
tentativa de assassinato ocorreu em 622,
quando então Maomé fugiu de Meca para
Iatreb. Essa foi a Héjira (“fuga”), que marca o
início do calendário muçulmano.
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23. • Em Iatreb (a partir de então chamada Medina),
Maomé afastou a oposição de um grupo de
judeus que habitavam a cidade e se negavam a
aceitar a crença em Alá. Em seguida, começou
a Guerra Santa (Djihad) contra Meca,
atacando suas caravanas, cujos itinerários
conhecia muito bem. Seus êxitos militares
eram considerados provas da existência de
Alá.
24. • Diante do crescente prestígio de Maomé, os Coraixitas
procuraram um acordo (Tratado de Hodaibiya):
Maomé voltaria para Meca, mas os ídolos da Caaba
deveriam ser conservados. Mas em 630, com o apoio
dos árabes do deserto, Maomé destruiu os ídolos, com
exceção da Pedra Negra, que foi solenemente
dedicada a Alá. Estava implantado o monoteísmo e
com ele surgiu o Islamismo, o mundo dos submissos a
Alá e obedientes ao seu representante, o Profeta
Maomé. Organizou-se, assim, um Estado Teocrático.
25. • De 630 até 632, quando morreu, Maomé viveu
em Medina. Converteu pela força das armas os
árabes recalcitrantes. Construiu a Mesquita de
Kuba, em Medina, e organizou a doutrina
islâmica em seus pontos essenciais. Seu livro
básico, o Corão ou Alcorão, só foi compilado mais
tarde, com base nos escritos de Said, um escravo
persa que sintetizava seus pensamentos. A Suna,
conjunto de ditos e episódios atribuídos a
Maomé, surgiu depois, para completar a tradição
em torno da vida do Profeta.
26. • A doutrina islâmica prega a existência de um só
Deus, com natureza exclusivamente divina, sem
forma humana; daí a proibição a todos os crentes
(muçulmanos) de representarem formas vivas.
Maomé devia ser considerado o último e
principal profeta, continuador de Moisés e Jesus,
também considerados profetas. Os muçulmanos
deveriam acreditar nos anjos, no Juízo Final, no
Inferno e no Paraíso; estes últimos possuíam uma
conotação profundamente materialista, com
sofrimentos e prazeres literalmente materiais.
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29. • A moral islâmica baseava-se no cristianismo e
nas tradições árabes. As principais exigências
do islamismo eram: crença em Alá, cinco
orações diárias, jejum no mês de Ramadã,
peregrinar a Meca uma vez na vida e dar
esmolas. A Guerra Santa (Djihad) contra os
infiéis era uma prática recomendável, mas
não obrigatória.