1) O editorial discute a história de Jó e como ela contém códigos que levam à verdadeira libertação espiritual ao olharmos além da letra para contemplar o Divino.
2) Há uma entrevista com Beth Marinho sobre como os "testes de Deus" na verdade nos fortalecem e nos aproximam mais de Deus.
3) Há um artigo sobre a vida e obra de São João da Cruz, um dos maiores místicos cristãos, conhecido por sua poesia sobre a união com Deus.
1. Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio de Pietrelcina
Rio de Janeiro:: junho / julho / agosto 2009 :: nº 07
Editorial
Luiz Augusto de Queiroz que nos conduz da árvore do bem e do mal, que
é a árvore das dualidades, à Árvore da Vida. Se
N
uma dessas segundas-feiras, mais uma vez tivermos tal desejo, coragem e perseverança, te-
voltamos a olhar para Jó. Dele, se conhe- remos auxílio: o Espírito da Palavra do Cristo e
cemos algo, seja somente a paciência, mas não sua letra; já que como toda a letra isolada
há muito mais! Aliás, há mesmo muito mais. Re- em si mesma, mata.
comendo a leitura desse livro insólito aos nossos Também muitas obras, como as de Carl Gus-
olhos humanos (melhor será dizer olhos de ilusão). tav Jung, Joel Goldsmith, o Zohar e a Bhagavad
Tentem! Comecem pelo início, quando a surpresa Gita, nos serão importantes auxiliares de monta
nos pega de chofre com a seguinte frase: “Certo para desvendarmos esse véu de ilusão e compre-
dia em que os filhos de Deus se apresentavam pe- endermos um pouco mais do Divino em tudo,
rante YAHWEH, entre eles estava SATAN.” Como? principalmente dentro de nós mesmos. Fará en-
SATAN entre os filhos de Deus! tão sentido que Satanás seja considerado Filho
Se seguirmos a leitura, vamos nos surpreen- de Deus; pois nossos olhos estarão abertos e te-
der mais e mais... Ah sim, o livro acaba bem, rão contemplado o Divino, Face a Face. A nossa
muito bem, porém mais que o suspiro de alívio, o resposta será a mesma resposta de Jó a Deus no
mergulho nos códigos que se encerram no texto capítulo 42 do seu livro bíblico.
bíblico (está na Bíblia, no Antigo Testamento) nos Como diz a amada Ministra Veneranda da ci-
proporcionará chaves para a verdadeira liberta- dade espiritual de Nosso Lar:
ção. A história literal é só pano de fundo para - Quem se anima a ler e a experimentar? PP
luzes de tal monta, pois quando as contempla-
mos, a alma toda se ilumina. Achamos a trilha
Índice
Editorial ................................................................ 01 Portal da Gratidão
Conversando com Você Gratidão, o “perfume” de um caminho .................. 12
Os testes de Deus ................................................... 03 Poesia, a Linguagem da Alma
Sabedoria dos Grandes Mestres Talvez, um sonho .................................................... 13
São João da Cruz .................................................... 04 Você Sabia
Saúde e Espiritualidade A magia das árvores................................................ 14
Conhecer para Cuidar do Ser, em Mim ................... 06 Histórias Eternas
Psicologia e Espiritualidade Meu encontro com o Grande Espírito...................... 15
Terapia de Regressão, um encontro com nossa alma .... 07 Religare
Cabalá, Vivendo em Luz 101 anos de umbanda ............................................ 16
“Espelhos Vivos” .................................................... 08 Espiritualidade e Vida
Vale a pena ler...................................................... 09 Silêncio, a voz de Deus em nós ............................... 17
Bhagavad-Gita Reflexões
Felicidade com “F” maiúsculo ................................. 10 Perdoar, uma “aprendizagem” de toda uma vida .... 18
Terapias Energéticas Prece...................................................................... 20
Técnica de Equilíbrio do Campo Eletromagnético .... 11
1
2. “
“
Só existem dois dias no ano que nada pode ser
feito. Um se chama ontem e o outro se chama
amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar,
acreditar, fazer e principalmente viver.
Dalai Lama
EXPEDIENTE
Essência da Luz é uma publicação da Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio Pietrelcina
CNPJ 04.772.688/0001-89 | Periodicidade trimestral | Distribuição interna e gratuita | Tiragem 500 exemplares
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Presidente da Casa: Luiz Augusto de Queiroz
Coordenação: Denise Cristina Ribeiro Gomes
Projeto gráfico e diagramação: Bruno Chefer e Raquel Reis
Revisão Editorial: Daisy Elísio
Apoio: Marcello Braga
AS INFORMAÇÕES FORNECIDAS NOS ARTIGOS, ASSIM COMO REFERÊNCIAS, SÃO DE INTEIRA
RESPONSABILIDADE DOS AUTORES.
2 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
3. Conversando com Você
Os testes de Deus
Beth Marinho
H
oje eu quero conversar com
você, de verdade. Só não
pode ser olho-no-olho, por
não ter muita prática em milagres.
Mas pode ser coração-no-coração.
Nós, que escolhemos o cami-
nho espiritual, nos orgulhamos de
ter uma consciência mais clara que
o resto da humanidade, que nasce-
vive-morre, só no “piloto automá-
tico”. Temos, aliás, vários tipos de
consciência. Talvez, não ainda a ple-
na consciência, mas vislumbres dela.
Escolhemos este caminho, por sa-
bermos que mesmo uma gota pode
fazer a diferença (e como faz!). Mas
quando o escolhemos, também es- saparecerão. Não prego a indisciplina, a rebel-
colhemos o meio pelo qual esta vontade maior dia, mas Deus nos fez inteligentes, com opções
se expressará. E na alegria de podermos praticar à nossa frente. Quando você escolher o mundo
a cada dia o amor ao próximo, para que seja fei- das essências e não o da forma, você poderá pra-
to o movimento verdadeiro, esbarramos nas for- ticar este Amor Incondicional, porque todos nós
mas! Puxa vida! De repente, você se vê diante somos iguais e UM! Não estou sendo original.
de um Amor que faz explodir seu coração, move Nem posso, quando o assunto é este, e muitos
você como uma locomotiva, enche sua cabeça já falaram com mais propriedade sobre isto. Mas
com idéias boas, e pimba! Surgem as barreiras: não custa repetir, já que meu coração nunca fa-
os dogmas, as hierarquias, as autoridades que lou com o seu de tão perto.
se nomeiam “representantes de Deus”, a cor da
roupa, o chapéu, a falsa seriedade e... Poderia Então, meu amigo, arregace as mangas e te-
fazer uma enorme lista, mas sugiro que você nha coragem de romper com o que lhe prende e
mesmo faça a sua. distancia de Deus. É por Ele que você se esforça
no seu trabalho, na sua prática de bondade, no
Todo este movimento é travado, bloqueado contato com seus irmãos. É para Ele que você
por... um teste de Deus?! Logo Ele? Não! Se- quer retornar e só Ele pode julgar você! Que
ria Ele cego às minhas boas intenções? Daria Seus testes não o desanimem nunca, pois é um
Ele voz à contra-inteligência? Somos testados sinal que Ele nos dá para avançarmos. A Luz só
todos os dias. Você tem alguma dúvida disso? tem um dono!
Mas se Deus é bondade, amor, porque as travas
acontecem? Como você, também estou neste Fique na Paz, no Amor e na Alegria!
caminho, e penso que a saída deste impasse lhe
Um abraço. PP
fará mais forte, mais fiel, mais realizador e mais
feliz. Sobretudo isto: FELIZ! E é através do aces-
so à consciência que sairemos deste impasse. Já que a coluna se chama Conversando com você, se
Ou não? Pense comigo: se seu coração é puro, você quiser conversar comigo, mande mensagem para
se suas intenções são verdadeiras, as travas de- bethmdias@globo.com.
3
4. Sabedoria dos Grandes Mestres
SÃO JOÃO DA CRUz
Adelaide Hortencia F. Marques dos Santos
E
le nasceu como João de Ypes de Alvares,
em Fontiveros, Castilha, Espanha. Foi cria-
do pela mãe após a morte do pai, sendo o
terceiro filho de uma família de tecelões.
Entre cinco e seis anos, quando brincava
com outras crianças, aconteceu algo que acom-
panharia João ao longo da vida. Dirigindo-se
a um charco lamacento (existiam muitos na
região), ele começou a brincar alegremente,
lançando com força uns gravetos que depois
eram apanhados quando surgiam. Mas ele,
distraído, debruçou-se e caiu. Seus amigos
pediram socorro, mas João vinha à superfície
e afundava novamente. Quando estava qua-
se se afogando, uma belíssima senhora lhe
estendeu a mão para salvá-lo. Ele, porém,
evitou pegá-la, para não sujar aquela linda
dama com sua mão lamacenta. Por fim, foi
salvo por um camponês que ali passava.
Esta experiência o acompanharia para sempre. lançou um novo
O tempo passou e João completou 14 anos. Seu ramo da família carmelita, assumindo definitiva-
porte era modesto: aproximadamente 1 metro mente a proposta de reforma teresiana.
e meio de altura, rosto moreno, olhos negros e O resto de sua vida foi devotado a promo-
vivos. Uma aparência que encantava pela tran- ção, reformas e escritos. Através dos anos, João
quilidade e simpatia para com todos. Estudou sofreu grandes provações, vários julgamentos e
no Colégio Jesuíta, em Medina, e já era aprendiz severa oposição às suas reformas, mesmo den-
aos 15 anos, no Hospital de Nossa Senhora da tro da Ordem, especialmente daqueles frades
Conceição (Hospital de las Bubas). Destacou-se que recusavam a validade dos Carmelitas Des-
pela caridade, delicadeza, alegria e disponibi- calços e tramavam intrigas e esquemas contra
lidade com que tratava os enfermos. Seus hu- Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz. Em
mildes préstimos lhe cativavam a simpatia geral. 1577, por exemplo, ele ficou preso em uma
João permaneceu no Hospital até os 21 anos, cela, no Monastério de Toledo, escapando, após
quando decidiu entrar para a ordem dos carme- nove meses, com um corda feita de pedaços de
litas, em Medina, recebendo o nome de João de pano, e subiu para a liberdade no dia da Festa
São Mathias. Após o noviciado, foi enviado para da Ascensão...
o monastério Carmelita, perto da Universidade Certamente foi um dos maiores místicos conhe-
de Salamanca. Ali, estudou de 1564 a 1568 e cidos pela História. Este testemunho foi dado por
foi ordenado em 1567. Não é fácil dizer por que todos que, de algum modo, se aproximavam sem
este jovem estudante de Medina Del Campo, preconceitos de sua pessoa e, assim, puderam
entre várias possibilidades de futuro, escolheu a adentrar alguns passos no mistério que a graça
Ordem do Carmelo. Entre as muitas hipóteses, a operou na sua vida. João fez uma profunda expe-
mais provável é o profundo e convicto amor por riência de Deus e, além disso, colaborou para que
Maria. Aliás, a sua primeira experiência carmeli- muitas outras pessoas avançassem na aventura es-
tana foi desconcertante. João não encontrou o piritual da fé. Em João, não existe oposição entre
que esperava: o clima não favorecia a vida inte- Teologia e mística: bom conhecedor da Teologia e
rior e o Carmelo sofria a crise do comodismo, da Filosofia de seu tempo, ele foi extremamente
que enfraqueceu o ideal das Ordens religiosas. competente em suas percepções, prestando um
Quando concluiu os estudos teológicos, grande serviço a Deus e à humanidade.
pensou em ingressar na vida eremítica da Car- Os místicos são testemunhas do grande en-
tuxa. Apareceu Teresa de Ávila, convencendo-o contro, que decididamente mudará suas vidas.
a procurar a perfeição na fidelidade à Ordem do Um encontro com o totalmente Outro. Encontro
Carmelo. Desse encontro, nasceu grande empa- que a criatura lida devido à visita daquilo que não
tia entre ambos, historicamente duradoura. Ini- cabe em sua natureza. Esta presença maior que a
ciaram, assim, uma intensa colaboração em prol sua natureza provoca a reorganização da consci-
da reforma do Carmelo. Em 1568, João da Cruz ência e a mudança no olhar, a transfiguração.
4 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
5. Uma experiência que não pode ser retida é Tanto os sufis quanto João da Cruz situam a
totalmente aberta. A poesia de João da Cruz sua viagem mística numa “noite escura”. No seu
sobreviveu à obscuridade da prisão, resistiu às poema homônimo, o místico carmelita escreveu:
Instituições e até ao clima das Inquisições. Sua
poesia é livre destas circunstâncias sombrias. Ele Em uma noite escura,
quebra todas as barreiras e apresenta a imagem
de um Deus amoroso, benevolente, cheio de De amor em vivas ânsias inflamada,
graça e rico de futuro. E quem é Deus para João
da Cruz? João da Cruz é um guia como poucos Oh ditosa ventura!
para o conhecimento de Deus.
Toda a sua obra é orientada para alertar do Saí sem ser notada,
perigo, de se confundir Deus com a idéia que
fazemos Dele, por mais sublime que seja essa
Já minha casa estando sossegada.
idéia. Por ter feito uma profunda experiência
A “viagem noturna” traz “à luz” os sinais
de Deus, “João sabe como ninguém que Deus é
de Deus, impressos na alma. É noite luminosa
um mistério insondável, absoluta transcendên-
como o meridiano, porque iluminada pelo amor
cia – embora a palavra não apareça em seus es-
divino. Neste caso, conhecimento e amor se in-
critos – que, por isso, não se opõe à sua íntima
tercambiam, superando o mero conceito para
imanência em toda a criação. Deus está acima
tornar-se uma relação – um “esponsal” entre
de tudo. Se podemos saber algo dele, é por ele
amada e Amado, como dizem João da Cruz,
mesmo e a partir de sua presença em nós”.
Rabia, Rumi e tantos outros. Tal descrição da
Através da poesia, João encontrou uma ma-
experiência mística tem um paralelo lendário in-
neira de dizer o indizível... E o que ele teria em
teressante no amor entre Laila e Majnum, sendo
comum com os místicos muçulmanos? Em que
Laila literalmente “noite” em árabe: é sob seu
aspectos Jalal ud-Din Rumi e Al-Hallaj se aproxi-
mando que o amor se aquece. Há evidentes se-
mariam do “contemplativo” carmelita?
melhanças entre esta tematização e a mística da
A partir de sua experiência indizível, os místi-
“noite escura” de João da Cruz.
cos (sufis ou cristãos) tomam consciência da limi-
A “noite” simboliza o abismo noturno da ex-
tação do ser humano diante do Mistério impe-
periência, coroada enfim pelo encontro da ama-
netrável. Pois a Divindade, ao mesmo tempo em
da com o Amado.
que se mostra, também se oculta. Tudo quanto
Só é possível suportar o caminho na noite,
possam dizer de suas experiências é quase um
porque se vislumbrou a luz. No seu término,
“nada”, se comparado à Presença que se lhes
noite e luz se confundem. Embora provado na
revelou. Esta é uma das semelhanças entre João
união mística (luz), sempre celebrada pelo cân-
da Cruz e os místicos sufis.
tico esponsal, Deus permanece muito além de
Há algo que irmana os místicos cristãos, como
tudo quando dele já se tenha provado (noite).
João da Cruz, e os místicos sufis, no momento
Assim, a alma enamorada se move na noite
sublime da união extática. Igualmente embria-
que não leva ao erro, mas é a purificação para que
gados pelo vigor existencial do encontro com o
os olhos contemplem a luz verdadeira, pelo apazi-
Amado, suas “expressões amorosas” rompem
guamento dos sentidos e da razão intelectiva.
radicalmente com as “regras” do inteligível.
Além disso, as pessoas que trilham o cami-
Toda experiência mística passa pelo caminho
nho da autêntica experiência mística tornam-se
desconfortável de dizer o indizível. A narração da
cada vez mais humanizadas e humanizantes. Sa-
experiência é sempre insuficiente para descrever
bem que, para encontrar Deus, têm que conviver
a própria experiência.
com o mistério (noite), sofrendo as demoras de
Neste sentido, a mística tem um caráter te-
Deus. O místico suporta a alteridade deste abso-
opático – um “sofrer Deus”, acolhido e provado
luto Outro, porque O respeita e O ama – tanto
no amor que supera toda a compreensão. Esse é
quanto se sente por ele amado e respeitado.
o componente “passivo” da experiência, mui-
Se algo pode dizer-se da mística, é que certa-
to referido por João da Cruz e autores sufis:
mente passa pelo caminho da experiência.
só se participa da experiência, permitindo-a e
Reler lado a lado João da Cruz, Al-Hallaj,
acolhendo-a amorosamente (importa esclare-
Rumi e Rabia nos ajuda a repensar o código re-
cer que “passividade”, na literatura mística em
ligioso, retomando a originalidade do monoteís-
questão, não quer dizer inércia, mas uma espe-
mo: relação de união com o divino, na qual um
cífica participação da pessoa na recepção gene-
não absorve o Outro; ao mesmo tempo, contem-
rosa da graça. É disponibilidade de acolhimento
plativa e histórica, simbólica e transformadora.
do Outro absoluto. Tal estado se expressa, so-
E aí estão nossos autores e autoras, abertos à
bretudo, mediante imagens esponsais, como o
nossa admiração, pesquisa e iniciativas de diálo-
“matrimônio místico” de Cristo com a Igreja ou
go inter-religioso. PP
de Deus com a alma).
5
6. Saúde e Espiritualidade
Conhecer para Cuidar do Ser, em Mim
rios dos psicoterapeutas; e uma
reação, com o desenvolvimento
de grupos religiosos, igrejas, sei-
tas espirituais, sempre em nome
de uma busca de desenvolvi-
mento espiritual.
Destacamos, nesse contex-
to, duas questões para a nos-
sa reflexão:
• A primeira, a relação
entre o “conhecer” e o “cui-
dar”: ”vivo de acordo com o
que sei?”
A medicina, atualmente he-
gemônica em sua busca de legi-
timidade como disciplina científi-
ca, tem priorizado o diagnóstico
à terapêutica. A investigação para
Anna Alice Mendes Schroeder identificar “a doença” acabou por tornar-se mais
importante do que o próprio cuidado ao “pacien-
V
ivemos, na sociedade contemporânea, te”. O “conhecer”, que deveria ser um meio para
uma vida compartimentada, onde cada se atingir a finalidade de melhor “cuidar”, passou
atividade é área de saber de um determi- a ser um fim em si mesmo.
nado profissional. Temos especialistas para nos Na saúde, como na espiritualidade, o desejo
dizer o que comer, o que vestir, como construir de conhecimento deveria estar sempre vincula-
ou decorar nossa casa, quanto e como cami- do à promessa de cuidado. De pouco nos serve
nhar, dormir ou fazer sexo. E nos adaptamos a conhecermos os fatores que desencadeiam uma
essa situação, um tanto cômoda, em que não doença ou sabermos de cor versículos bíblicos,
precisamos tomar em nossas mãos a maioria das se não utilizamos esses conhecimentos no cui-
decisões em nosso cotidiano. dado de nós mesmos e do outro.
A rapidez dos resultados, a flexibilidade dos
• A segunda, o cuidado do Ser começa pelo cui-
vínculos e a intensidade das experiências têm
dado de Si: “o que posso fazer hoje por mim?”
substituído valores como a dedicação, o esfor-
Várias linhas terapêuticas e também corren-
ço pessoal, a fidelidade e a estabilidade afetiva,
tes religiosas aceitam a idéia de um Universo
profissional e social.
Uno, onde todos, humanos, animais, vegetais e
Como médica clínica e também como tera-
minerais, somos partes de um Todo, manifesta-
peuta de Massagem Espiritual, testemunhamos o
ção do Absoluto, do Inominável, do Ser. Profes-
quanto cada indivíduo espera que um “outro”,
samos nosso engajamento no Cuidado do Ser e
supostamente com maior conhecimento, cuide
desejamos a justiça social, as políticas ecológi-
de seus problemas físicos, emocionais e espiritu-
cas, a paz. Participamos de obras de caridade e
ais, preferencialmente com uma solução mágica,
trabalhos voluntários.
rápida e que dispense a sua participação e o isen-
Mas esquecemos, com frequência, que a par-
te de qualquer responsabilidade. (Até mesmo os
te do Ser mais próxima a mim, aquela que me
médicos pensam e agem dessa forma.)
foi diretamente confiada, sou eu mesmo, meu
O desenvolvimento técnico-científico atingiu
corpo físico, assim como os pensamentos e sen-
níveis inimagináveis, há poucas décadas, com o
timentos que constituem meu campo energético.
transplante de múltiplos órgãos, próteses, mi-
Ninguém conhece minhas dores e meus amores
crocirurgias a laser, inseminação artificial, entre
tão profundamente como eu e, por isso, preciso
outros avanços. Tantas façanhas aumentam nos-
assumir a tarefa de cuidar deles, lançando mão,
sa “fé” na ciência, a mais venerada “deusa” da
evidentemente, sempre que possível, de todas as
modernidade, e em seus “sacerdotes”, os cien-
ajudas disponíveis. PP
tistas; e alimentam em nós a ilusão da possibi-
lidade de desvendar e controlar a natureza e a
vida, em todos os seus mistérios, dispensando as * Anna Alice é médica clínica, professora da Universida-
de Federal Fluminense, e terapeuta do Grupo Ipê Roxo
explicações de ordem espiritual.
de Massagem Espiritual
Ao mesmo tempo, observamos uma insatis- annamendes1954@hotmail.com
fação, um vazio existencial que lota os consultó-
6 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
7. Psicologia e Espiritualidade
Terapia de Regressão: um encontro com nossa alma
Ema Isabel Rinaldi
“A alma tinha a sua individua-
lidade antes da encarnação e a
conserva após a separação do
corpo”, Allan Kardec
A
Terapia de Regressão constitui-se em uma
modalidade de terapia transpessoal, onde
se utiliza a técnica de regressão de me-
mória do cliente, dentro do contexto terapêuti-
co, tendo em vista trazer à consciência o registro
de experiências traumáticas de origem remota,
desta e de outras vidas, que possam estar influen-
ciando o contexto atual da vida da pessoa. Muito
embora o cliente não precise acreditar em reen-
carnação, este conceito é considerado como um
dos pressupostos teóricos fundamentais.
Nessa abordagem, entende-se que a raiz dos
nossos problemas e dificuldades pode estar locali-
zada em nosso inconsciente, relacionando-se a si- mentos que acompanharam a pessoa quando em
tuações do nosso passado que, não tendo sido re- vida, como emoções de medo, solidão, rejeição,
solvidas, influenciariam o nosso jeito de ser, o nosso abandono, culpa, rancor e raiva.
caráter, formando padrões de comportamento que Essas emoções, ao ficarem presas no incons-
repetimos vidas após vida. Dessa forma, o nosso ciente sob a forma de processos energéticos, aca-
modo de agir, diante daqueles de quem gostamos bam por provocar padrões de comportamento
ou não, pode ter suas origens em situações confli- repetitivos, por vezes viciosos e superficiais. Por-
tivas mal resolvidas no passado. tanto, na vivência terapêutica, o cliente é condu-
Venho constatando, em minha prática clini- zido a identificar e vivenciar essas atitudes e com-
ca, que, quando o paciente se permite participar portamentos, até que possa vir a despotencializar
desse processo, entregando-se integralmente de essas emoções, esgotando as energias pertinentes
uma forma confiante ao terapeuta, ao colocar a elas. Na regressão, pode ser nesta vida na época
de lado a sua mente racional, propicia a pessoa perinatal (concepção, gestação e nascimento) ou
que dela participa um encontro mais consciente numa vida passada, quem escolhe o momento é o
e profundo com a sua alma. Esse fato revela- próprio inconsciente do cliente.
se de vital importância, pois se acredita que a O cliente entra em um estado alterado de
origem de toda a nossa dor psíquica estaria pre- consciência, através de indução de seu próprio
sente em nossas crenças e atitudes ante o que problema, embora permaneça acordado o tem-
consideramos “certo ou errado”. Face a essa po todo, para poder ter consciência do que foi
visão, ao termos a oportunidade de nos sinto- relembrado e relacionar o conteúdo da regres-
nizar com nossas almas, de uma maneira mais são com as suas dificuldades e dores atuais.
consciente, encontramos respostas para muitas Na TR, podem ser tratadas fobias, depressões,
das nossas dores e questões existenciais que nos medos, angústias, bloqueios, agressividade, pro-
provocam sofrimento. Pode-se também verificar blemas familiares de relacionamento, sexuais,
o quanto a vivência desse processo provoca e tendências suicidas, doenças psicossomáticas.
estimula o nosso crescimento interno, trazendo- Este é um trabalho essencialmente evolutivo
nos uma maior abertura e discernimento neces- e inovador, e sua duração e seu sucesso depen-
sários para a descoberta do sentido do nosso dem do tempo interno de cada um, assim como
existir e a razão da nossa dor atual. da disposição do cliente em estar aberto para se
Observa-se, nos relatos dos clientes, que as perceber e mudar, visando aceitar e se responsa-
dores provocadas por vivências traumáticas, inú- bilizar pelas suas dificuldades, sem culpar a ter-
meras vezes, não se extinguem com a morte, ceiros pelas mesmas. PP
pois o corpo espiritual, sendo formado por ener-
Ema Isabel Rinaldi - Psicóloga CRP 05/10999
gias sutis, armazena muitas das emoções e senti- emaisabel@globo.com | Tel: 021-22658540
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8. Cabalá, vivendo em luz
“Espelhos Vivos”
Dave Brykman
Tudo em nossa vida está presente por um úni-
A
criação do nosso Universo é sempre ex- co motivo – nos dar a oportunidade para trans-
pressa na Cabalá como um movimento de formar. A razão é que o ato de transformação
emanação através da “Luz Infinita” (Ein Sof nos conecta à “Luz Infinita” que, em troca, nos
Or), onde todos nós somos uma única e grandiosa traz realização. Esta é a única maneira de produ-
“Alma”. Os conceitos de “Messias” (Mashiach) e zir mudanças positivas na vida e no mundo, apa-
Unidade (Echad) cabem como luvas rentemente “estranho”, que nos cerca.
no entendimento claro desta ima- Pare de desper-
gem de que somos seres eternos e diçar energia des-
imortais. Quando buscamos o real cobrindo “defeitos”
sentido da vida que está muito nos outros – mesmo
além das percepções físicas do sendo falhas legí-
espaço-tempo absoluto, vamos timas. Comece já a
removendo as “klipot” (cascas) transformação lá den-
que bloqueiam nossa conexão tro de si. Saia imedia-
com esta “Luz” e, assim, encon- tamente da zona de
tramos todas as respostas às conforto da vida. Não
nossas interrogações. evite os caminhos mais
Imagine que essa grande longos e árduos, pois na
“Alma” seja um imenso “es- grande maioria das vezes
pelho mágico” que pudesse são os mais necessários
refletir todas as nossas ca- aos nossos propósitos. A
racterísticas ainda em Uni- Luz será encontrada nas
dade. Suponha agora que águas voláteis e agitadas
esse espelho se quebre, da vida, porque é nos ma-
fragmentando-se em mi- res inquietos que se encon-
“
lhares de pedacinhos de todos os tamanhos e tram as oportunidades e os
formas possíveis. Cada pedaço individual refleti- gatilhos que ativam nossas melhores respostas
ria uma característica ou qualidade diferente de rumo ao crescimento espiritual, acelerando as-
nossa natureza como um todo. sim a chegada da era messiânica.
O que acontece, então, a partir daí? Todas as Durante alguns momentos, tudo fica bastan-
pessoas que estão em nossa vida, todas as situa- te turbulento (especialmente no ego) só para nos
ções positivas e negativas, obstáculos que temos testar e ver do que somos feitos. Mas se permane-
que confrontar, todas as coisas que interpreta- cemos convictos de que tudo não passa de uma
mos como certas ou erradas nos outros, serão provação e não reagimos, os mares se acalmam
apenas um outro pedaço daquele espelho mági- bem rapidamente. E é neste momento que iremos
co. Cada qual representa um diferente reflexo da conhecer o verdadeiro poder da vida e experimen-
nossa própria personalidade total. tar essa “Luz” extraordinária, que tem tentado
Quando trabalhamos e lapidamos um pe- nos alcançar e dar tudo que já foi desejado desde
daço específico de personalidade, considerado aquele primeiro instante de ruptura do espelho.
supostamente negativo, o fragmento do espe- Concluindo, a Cabalá nos ensina que a reali-
lho refletirá sua característica construtiva e mais dade é como um espelho. Olhe diretamente para
um espelho e sorria, e a imagem sorri de volta,
Tudo em nossa vida está pre- simultaneamente. Mas se realizamos uma ação
negativa em nosso mundo, o espelho reflete, do
sente por um único motivo – mesmo modo, essa energia negativa.
Tudo o que almejamos que a vida nos ofereça
nos dar a oportunidade só depende de nós mesmos. O poder de escolha
para transformar. está efetivamente em nossas mãos!
Que tal, então, “REFLETIR” um pouco mais
sobre suas escolhas e atitudes na vida? Pois,
elevada. Em outras palavras, começamos a ver assim dizia uma das máximas do grande sábio
os aspectos positivos nas outras pessoas. As si- Hillel: “Se eu não for por mim, quem o será?
tuações começam a mudar para melhor, pois E se sou somente por mim, quem sou eu? E
somos todos “espelhos vivos”, reflexos sa- se não agora, quando?”.
grados uns dos outros. Shalom veSimchá (Paz e Alegria!) PP
8 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
9. Vale a pena ler
Maiko Pedroso ça de seus outros
colegas, assumiu
1– Plenitude Mediúnica – João Nunes Maia – a responsabilidade por
Ditado pelo Espírito Miramez, Ed. Espírita Fonte determinada área de pesqui-
Viva, RJ, 2002. sa. Naquela época, ignorava os
2– Puer-Senex – Dinâmicas Relacionais – objetivos escusos e belicosos de
Dulcinéia da Mata Ribeiro Monteiro, Ed. Vozes, Adolf Hitler. Porém, depois de perce-
RJ, 2008. ber a intenção de se produzir, através
3– Materializações Luminosas – Rafael A. Ra- dessas pesquisas, artefatos para a guer-
nieri, Ed. LAKE, SP, 2003. ra, a partir da energia atômica, após muito
meditar, concluiu que não deveria juntar seus
4– Consciência – Robson Pinheiro – Casa dos
esforços e conhecimentos na materialização de
Espíritos, RJ, 2007.
um projeto tão ameaçador ao direito de viver da
E
criatura humana. Ao ser descoberto em suas in-
ste ultimo livro citado constitui-se em um
tenções, Hitler o condenou a ser cremado junto
relevante recurso de esclarecimento e enri-
a sua mulher e filhas, fato este ocorrido em abril
quecimento para aqueles que se interessam
de 1942.
pelos estudos voltados para o processo mediú-
O livro é escrito sob a forma de perguntas
nico, em suas múltiplas implicações intelectuais,
e respostas; perguntas estas feitas por diversos
emocionais, morais e técnicas; pois, entende-
médiuns e respondidas pelo espírito de Joseph
se que este tema deve ser tratado com grande
Gleber.Trata-se de diversas temáticas pertinentes
atenção e seriedade, face à sua importância em
ao desenvolvimento mediúnico, tais como o de-
relação ao nosso auto-conhecimento.
senvolvimento dos diferentes corpos do homem,
Trata-se de um livro psicografado por Robson
as questões relativas às obsessões complexas, ao
Pinheiro, sob a orientação do espírito de Joseph
Gleber, que, em sua última encarnação (1904-
1942), viveu na Áustria. Graduando-se em Física
pela Universidade de Viena, posteriormente uniu-
se às grandes inteligências da sua época, para
desvendar os segredos da energia nuclear.
“
animismo, a apometria, a ectoplasmia e outros,
considerados de real relevância para uma me-
lhor compreensão das faculdades psíquicas do
homem, no sentido de melhor prepará-lo para
quando as mesmas eclodirem, tornando-o equi-
“
librado e apto para educá-las, aprendendo a
Na 2ª Guerra Mundial, Joseph, ao ser inter-
utilizá-las de forma harmônica e solidária. PP
nado em um laboratório especial, à semelhan-
Construí amigos, enfrentei derrotas, venci
obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe:
Não tenho medo de vivê-la. (Augusto Cury)
9
10. Bhagavad-Gita, canção divina
Felicidade com “F” maiúsculo
Marcelo Patury
O maior objetivo da Bhaga-
vad-Gita é nos ensinar a ser-
mos felizes. E quem não quer
ser feliz?
O que difere a busca de cada
um é onde buscamos essa tal
felicidade. Nenhuma busca é er-
rada; ela está apenas associada
ao grau de consciência espiritu-
al de cada um. Por isso, toda a
literatura Védica é dividida em
duas seções. A primeira, Kar-
ma Kandha, destina-se aos que
buscam a felicidade na realiza-
ção dos desejos pessoais. Assim,
se entendermos que ser feliz
está definitivamente vinculado
a termos saúde, dinheiro, bons até quando
parceiros amorosos, boa família, bom empre- quisermos. Ninguém é capaz de nos tirar deste
go, entre outros, os Vedas, nesta primeira fase, aprisionamento ao ego a não ser nós mesmos.
nos oferecem rituais, mantras, ensinamentos e Podemos até ter ajuda, mas a decisão, o senti-
um conjunto de técnicas para que possamos mento e a ação neste sentido são exclusivamen-
alcançar cada um desses objetivos. te pessoais.
Mas, será esta a verdadeira felicidade? O “mundo” do ego é tentador, porque,
Claro que o esforço que fazemos para atin- afinal de contas, quem não quer desfrutar do
girmos nossas metas é importante! O erro está prazer de ter as suas metas realizadas? Mas, a
em associarmos a nossa felicidade ao suces- Bhagavad-Gita nos ensina que a Verdadeira
so e a nossa infelicidade ao fracasso destes Felicidade é aquela que é Eterna, ou seja,
empreendimentos. Se assim for, nosso estado que permanece plena, tanto no sucesso como
de espírito será tão instável quanto a alternân- no fracasso de nossos planos egocêntricos. A
cia do bom e do mau tempo. Se construirmos Felicidade Eterna não se baseia no que é tempo-
algo tão precioso como a nossa felicidade sobre rário, mas no que é Eterno.
alicerces tão instáveis como esses, assumiremos Não tenho a pretensão de desenvolver neste
interiormente esta mesma natureza de instabili- pequeno artigo os ensinamentos para se trilhar
dade. Ora estaremos felizes, ora infelizes; e mais o caminho da Verdadeira Felicidade. Eu sirvo,
tarde, felizes de novo; e então, infelizes nova- ministrando um curso sobre a Bhagavad-Gita,
mente. É isso que queremos? no qual são elucidados, passo a passo, ensina-
A segunda seção dos Vedas, Yñana Kan- mentos, técnicas e exercícios para atingirmos a
dha, destina-se aos que já se cansaram de viver Felicidade com “F” maiúsculo.
a felicidade temporária e buscam algo maior. A Esses estudos acontecem na Casa de
Yñana Kandha nos mostra que associarmos a Padre Pio - Rua Assunção, 297 - às quartas-
nossa felicidade à realização de nossos planos feiras, às 19:30h. Não precisa se inscrever
pessoais nada mais é que um vínculo inadequa- previamente. Basta chegar e se sentar!
do com o nosso próprio ego. Fazemos isso por Mas, a decisão de ser feliz cabe a
ignorância. E vamos permanecer na ignorância cada um. PP
10 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
11. Terapias Energéticas
EMF BALANCING TECHNIQUE
Técnica de Equilíbrio do Campo Eletromagnético
Entrevista realizada com Angélica Madeira, por Denise Cristina R. Gomes
O que é a EMF BALANCING TECHNIQUE? em que esse potencial se re-
R: Primeiramente, o significado desse nome alizará. Já as fibras poste-
Eletric Magnetic Field (EMF) Balancing Technique riores referem-se aos
é Técnica de Equilíbrio do Campo Eletromag- fatos passados, tais
nético. É uma técnica que purifica e calibra o nos- como os padrões
so campo energético, visando o reequilíbrio do hereditários, carac-
corpo físico. Dessa forma, a pessoa que se sub- terísticas genéticas,
mete a essa terapia vivencia agradáveis sensações habilidades laten-
de bem-estar, equilíbrio, liberdade e paz, chegan- tes, traumas e his-
do a amenizar e, muitas vezes, até a solucionar tóricos de nossas
casos de doenças, dores agudas ou crônicas. vidas passadas;
finalmente, as fi-
Como isso ocorre?
bras laterais são
R: Para que possamos entender um pouco
pertinentes às nossas
mais essa técnica, aparentemente simples em
atitudes relacionadas
sua prática, mas muito profunda e abrangente
ao nosso “aqui e agora”
em sua teoria, precisamos saber e aceitar alguns
e ao equilíbrio do “dar e
princípios comuns aos diferentes processos ou
receber” em nosso existir.
terapias energéticas:
Angélica, qual seria o papel do
• O homem apresenta um campo sutil,
terapeuta nesse processo?
constituído por energias eletromagnéti-
R: O terapeuta, nesta abordagem, exerce a
cas, ao redor e envolvendo o seu corpo
função de facilitador deste processo, ao cana-
físico, denominado pela americana Pe-
lizar a energia dourada, disponível no universo,
ggy Dubro, curadora energética criadora
que, de acordo com os estudos e experiências
dessa técnica, de “Malha de Calibração
de Peggy Dubro, teria basicamente como fun-
Universal - MCU”.
ção dissolver os bloqueios energéticos presentes
• Essa malha é constituída por fios invisí- na “Malha”, fazendo com que essa energia libe-
veis condutores de energia sutil, etérea, rada volte a circular, fortalecendo a MCU.
conectados aos chacras, vórtices ativado- A energia dourada é utilizada nas primeiras
res dessa energia, responsáveis pelo nos- 3 etapas desse processo. Após essas 3 fases, é
so estado de equilíbrio energético físico, introduzida, na terapia, a energia platinada que,
mental, afetivo-emocional e espiritual. sendo mais sutil, visa atingir camadas mais pro-
fundas da malha. A terapia completa totaliza
• Face ao nosso estilo de vida (alimentação, he-
8 sessões, com duração aproximada de 1 hora
reditariedade, qualidade dos nossos pensa-
cada. Com a Malha de Calibração Universal
mentos, emoções e ações, assim como o sur-
equilibrada, vem-se constatando o aumen-
gimento de vícios ou doenças), ou a situações
to da sensibilidade e consciência daqueles
de sofrimento provocadas em nosso passa-
que participam desse processo, tanto te-
do, podem ocorrer bloqueios energéticos em
rapeutas, quanto clientes, passando a se
nosso corpo sutil, ocasionando-nos dores e
perceberem de uma forma mais madura e
desequilíbrios orgânicos e emocionais.
consciente, melhorando tanto as suas vidas
A estrutura da malha é de 12 fibras verticais: afetivas quanto a familiar e a profissional.
3 anteriores (frente), 3 posteriores (costas) e 3 Cabe aqui lembrar que a restauração des-
em cada lateral do nosso corpo, ao longo e a 60 sa malha funciona também como um “escudo
cm do nosso corpo físico, que se convergem e energético protetor“ de alta eficácia, nos dias
encontram-se a 60 cm acima da cabeça e abai- tão conturbados que hoje vivemos. Vale, entre-
xo dos pés. As fibras anteriores correspondem ao tanto, ressaltar que essa terapia não substitui o
potencial humano, isto é, referem-se aos nossos aconselhamento médico. PP
talentos profissionais e intelectuais ainda não
desenvolvidos (sonhos, desejos, intenções, cria- Angélica Madeira - Terapeuta de E.M.F.
tividade), que podem ser trazidos para o agora, angelica.madeira@gmail.com
não tendo necessidade de esperar pelo tempo ou tels: (21) 2493.5418 / 9392.6839
11
12. Portal da Gratidão
Gratidão, o “perfume” de um caminho...
Lucia Pires pouco a pouco, percebendo o meu “para
quê” existencial. Por isso, gostaria de agrade-
Q
uando me convidaram para escrever so- cer, de forma especial, o significado que a Casa
bre gratidão, pensei: “Nossa! Tenho tan- de Padre Pio tem tido nesse processo.
to que agradecer, que nem sei por onde Através dos estudos e atividades que venho
começar!” desenvolvendo na Casa, observo o quanto tudo
Em primeiro lugar, gostaria de agrade- isso vem me fazendo refletir e repensar as mi-
cer a Deus, aos meus pais e à minha família nhas crenças, verdades, sentimentos e atitudes.
por ter tido a oportunidade de viver, pois Considero que ela é para mim realmente uma
considero a vida o nosso mais precioso pre- “Casa de viver em Deus”, uma escola volta-
sente divino. da para o ensino e a prática de uma educa-
Comecei, então, a relembrar a minha histó- ção espiritual, que possa se materializar no
ria de vida: os auxílios recebidos que considero cotidiano, pela transformação dos nossos
verdadeiras dádivas do plano espiritual; as difi- pensamentos, emoções e comportamentos.
culdades que tive de enfrentar, principalmente, Desde o primeiro dia em que aqui pisei,
em minha infância e juventude. Hoje, posso encaminhada pelo plano espiritual, me senti
percebê-las como desafios que me incitaram a acolhida de uma forma calorosa e amorosa. Tal
superá-las, induzindo-me a crescer, tanto psi- fato muito me sensibilizou, pois há bastante
cologicamente quanto espiritualmente. Então, tempo em meu coração buscava e ansiava por
vieram-me à mente cenas claras e nítidas dos um local onde pudesse encontrar pessoas que
meus professores, das minhas colegas de esco- se sintonizassem com meus anseios e objetivos
la, assim como nossas conversas, nossos sonhos, como “gente”, isto é, em que eu sentisse que
nossos desejos, nossas aflições próprias da fase “falavam a minha língua”, que pudessem aco-
que vivenciávamos. Então, pouco a pouco, em lher e compreender a minha alma. Buscava en-
minha tela mental, foram surgindo as transfor- contrar pessoas afins com os meus propósitos
mações provocadas pela vida: pessoas que en- e buscas existenciais.
traram e saíram dela, mas que, com o tempo, re- Apesar de todos sermos ainda muito im-
velaram-se como amizades duradouras e outras perfeitos na manifestação de nossas carências
circunstanciais, restritas ao espaço e ao tempo e mediocridades, posso agora entender um
vividos. Funções e atividades também foram se pouco mais que, justamente, nesses aspectos,
modificando, “obrigando-me” a buscar o meu ao procurarmos compreender, aceitar e
aprimoramento como pessoa e profissional. aprender a lidar com as nossas diferenças
Hoje, posso perceber, em uma visão retros- é que vamos, gradativamente, percebendo
pectiva do meu existir, o quanto as dificulda- as nossas semelhanças e interdependência,
des enfrentadas ocasionadas pela própria vida e assim, vamos nos modificando, melhoran-
e também provocadas por mim contribuíram do a convivência com nós mesmos e com
para a modificação dos meus valores e sentido os outros, que passam a ser vistos como a
de vida. Nesse sentido, lembro-me das palavras nossa ”família espiritual”. A meu ver, essa é
do escritor cabalista Ian Mecler, em seu livro “A uma das lições que venho aprendendo na Casa
Força“, que aqui transcrevo: de Padre Pio.
“Por trás de cada grande problema, há sem- Sou e serei eternamente grata a Deus,
pre uma benção proporcional a ser revelada.“ a Padre Pio e aos espíritos de luz que tra-
Quanta veracidade pude sentir nessas pala- balham nesta Casa, pois sinto que a minha
vras tão simples, mas de grande profundidade! vida nunca esteve tão plena de graças, de-
Como é importante, em nossas vidas, bus- safios e aprendizagens.
carmos aprender a encarar as dificuldades, Peço a Deus, através de Padre Pio e dos men-
não somente como meros problemas a nos tores espirituais da Casa, que continue sempre
desgastarem, impedindo-nos de obter a paz “perfumando as nossas almas” com a suave
e a felicidade, mas sim como oportunidades fragrância do amor, expressa na compaixão,
de aprendizado e crescimento, que nos são no perdão e na solidariedade que todos nós
proporcionadas para aprofundarmos e am- necessitamos ante as nossas dificuldades.
pliarmos a nossa visão sobre nós mesmos e o È longo o caminho a ser percorrido, e não
mundo com o qual nos relacionamos! podemos esquecer que muito há ainda para ser
Face a essa constatação, meu coração se feito, ao nos propormos percorrê-lo... PP
enche de gratidão ao Criador, por poder estar,
12 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
13. Poesia, a linguagem da alma
TALVEz, UM SONHO...
Talvez a vida seja um sonho, sonhamos com a realidade,
Um sonho em que projetamos nossos desejos, Fruto das nossas inspirações,
Um sonho que imaginamos Fruto das nossas aspirações,
Como queremos que ela seja. Mas, no fundo, temos uma incapacidade
Imaginamos incontáveis formas de amar, Em lidar com o possível,
Idealizamos estratégias extravagantes,
Planos mirabolantes Em lidar com o possível de ser feito e construído,
Para o presente, para o futuro... Porque o possível nos parece pouco
Mal notamos as impossibilidades Pelo tamanho dos nossos sonhos...
Nas quais estamos acorrentados: Caímos então na armadilha de não enxergarmos
Normas, leis, causas e efeitos... Além da fumaça que criamos,
Pouco importa, Além da fumaça que os outros criam.
Talvez a vida seja um sonho,
No qual o grande desafio seja achar
O equilíbrio entre o que imaginamos
E aquilo que é possível realizar.
Talvez a vida seja um sonho,
No qual ao morrermos... acordamos,
Despertando para a nossa verdadeira
essência...
Alexandre Ollivier
13
14. Você Sabia
A magia das árvores*
Aurora Boreal
A
s árvores possuem um simbolismo uni-
versal, rico e complexo, estimulador
da busca de sabedoria.
Constata-se que as árvores estão presen-
tes nas imagens primordiais de várias religi-
ões, quer seja nas florestas em que os sábios
taoistas, budistas e hindus se refugiavam, as-
sim como na sabedoria e nas práticas mági-
cas dos magos druidas. Assim, podemos sen-
tir, em nosso cotidiano, que a presença delas nos
traz paz e sossego... gráfica surge com o nome de Yggdrasil, no fol-
Percebe-se que existe uma relação natural e clore dos países do norte da Europa.
instintiva entre a árvore e o homem, visualizada Do ponto de vista microcósmico, essa árvo-
até na complementação de suas respirações. Ob- re mitológica representaria cada alma humana,
serve que aquele que “medita” pode aprender cujas raízes ou origens estariam na eternidade,
com as árvores uma sábia e serena imobilidade... mas cujas folhas e frutos constituem-se nas ati-
É difícil imaginarmos seres tão benéficos vidades práticas do mundo concreto.
quanto às árvores, pois elas embelezam a paisa- Numa visão macrocósmica, essa árvore sim-
gem, dão sombra, madeira, frutas, flores e ainda boliza o universo material como um todo, que
servem de refúgio e de abrigo aos pássaros e a surge periodicamente do mistério e do mundo
outras espécies de animais. Comunicam-se com oculto, para florescer em uma vida física e espiri-
o subsolo e com a atmosfera, purificando o ar. tual infinitamente variada. Assim, como cada ser
Atraem as nuvens, regulam as chuvas, estabili- humano, cada árvore seria uma miniatura, uma
zam o clima e garantem a umidade do solo... síntese do universo.
Combatem a erosão, evitando também o exces- Dizem que esse convívio propicia uma maior
so de ventos. Porém, para muitos, além das suas comunhão do homem com toda a natureza, co-
funções vitais e práticas, a árvore tem uma forte munhão que possibilitaria liberar a alma humana
natureza mágica. de seu sofrimento... O humilde e silencioso cres-
A árvore é universalmente considerada um cimento de cada árvore é considerado como um
símbolo do relacionamento entre o céu e a terra. símbolo cósmico da transformação, isto é, “da
Com sua estrutura vertical – o tronco – ela es- presença do que é pequeno no que é grande”,
tabelece um eixo simbólico de ligação entre o assim como, “do que é potencial no que é real”.
mundo físico e o mundo divino. Por outro lado, É dito que cada espécie irradia influência e
seus galhos, ramos, folhas e frutos reúnem toda vibração próprias. Por exemplo, o espírito do
uma comunidade de aves, insetos, répteis e pe- cipreste nos falaria da imortalidade. Já o pinhei-
quenos mamíferos, o que a torna um símbolo da ro, a árvore escolhida para as festas de Natal,
infinita diversidade da vida. constitui-se em outro símbolo da vida espiritual.
Cabe aqui relembrarmos que, conforme a A acácia representaria a Verdade, assim como o
tradição judaico-cristã, o Paraíso é visto como Sicômoro simbolizaria a bondade. Na mitologia
um bosque, onde, segundo o Gênesis, II, “Deus greco-romana, o carvalho seria a árvore de Zeus,
fez crescer do solo toda espécie de árvores for- de Júpiter, pois, face às suas características, sim-
mosas e boas de comer”. Porém, é relatado que bolizaria a Força Divina, considerada como o
duas árvores se destacavam nesse local sagrado: Eixo do mundo.
a Árvore da Sabedoria, que dá o conhecimento A aveleira, cujo fruto é a avelã, representaria
do bem e do mal, e a Árvore da Vida, que sim- a fertilidade, contribuindo para o universo místi-
boliza a imortalidade. co com a madeira das varinhas mágicas.
No Bhagavad Gita, livro sagrado do Hinduís- Já a figueira e a oliveira simbolizariam a
mo, o universo é representado por uma árvore in- abundância. A figueira também representaria o
vertida, “Asvartha”, cujas raízes saem do céu, en- eixo do mundo, junto com o carvalho. A videira
quanto que as suas folhas e frutos estão na Terra. é reconhecida como uma árvore sagrada tanto
Ela simboliza a manifestação concreta da vida cós- na tradição egípcia quanto na hebraica, pois se
mica. Constata-se que essa mesma representação acha associada à Árvore da Vida.
14 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
15. A mamona simbolizaria a imprevisibilidade E assim, de acordo com a perspectiva esoté-
do futuro, ensinando-nos a importância do de- rica, as plantas também estão avançando no sen-
sapego em nosso existir, pois ela nos lembraria tido do desenvolvimento da sua sensibilidade, ou
que, apesar das aparências, a vida raramente é melhor, das “suas emoções”... PP
linear e contínua.
“Todas as plantas buscariam a felicidade”, *Pedindo a licença e as bênçãos de Carlos Cardoso Aveli-
disse o filósofo Plotino. ne nesse texto adaptado de um universo tão rico.
Histórias Eternas
Meu encontro com o Grande Espírito
“ A suprema felicidade da vida é a convicção de ser amado
por aquilo que você é, ou melhor, apesar daquilo que você é.” Victor Hugo
Autor desconhecido _ Aprender que não podem fazer alguém pas-
sar a amá-los. O que eles podem fazer é deixar a
Sonhei um dia que tive uma conversa com o si mesmos serem amados. Aprender que a pessoa
Grande Espírito. rica não é aquela que tem o máximo possível, mas
_ Entre! Disse o Grande Espírito. Então, você aquela que necessita do mínimo. Aprender que le-
quer conversar comigo? vam apenas alguns segundos para se abrir feridas
_ Se você tiver tempo, eu respondi. profundas nas pessoas que amamos, e que levam
O Grande Espírito sorriu e disse: muitos anos para as curarmos. Aprender que há
_ Meu tempo é a eternidade e é suficiente pessoas com o poder de amar intensamente, mas
para que eu faça qualquer coisa. O que tem em que simplesmente, não sabem como expressar ou
mente para me perguntar? mostrar seus sentimentos. Aprender
_ O que o surpreende mais na raça humana? que duas pessoas podem olhar para
E o Grande Espírito respondeu: uma mesma coisa e vê-la de modo
_ Que se aborrecem por ser ainda crianças, totalmente diferentes. Aprender
que se apressam em querer crescer e que ainda que nem sempre basta que eles
lamentam por não ser mais crianças. Que perdem sejam perdoados pelos outros, e
sua saúde para conseguir ter dinheiro e então sim que eles devem saber como
perdem dinheiro para restaurar a saúde. Que, por perdoar a si mesmos.
pensarem de forma ansiosa sobre o futuro, eles Sentei-me ali por algum tem-
se esquecem do presente, de tal forma que não po, apreciando aquele momento.
vivem nem para o presente, nem para o futuro. Agradeci a Ele por Seu tempo de-
Que vivem como se jamais fossem morrer, e mor- dicado a mim e por tudo que sei
rem como se jamais tivessem vivido. que Ele tem feito por mim e por
As mãos do Grande Espírito apertaram as minha família.
minhas e permanecemos em silêncio por al- Ele respondeu :
guns instantes. _ Não tem o que agradecer.
Então, eu perguntei: Sempre estou aqui com você, 24
_ Quais são as lições que as crianças devem horas por dia. Tudo o que tem a
aprender para quando tiverem seus filhos? fazer é me perguntar suas dúvi-
E o Grande Espírito com um sorriso respondeu: das e sempre lhe responderei. PP
15
16. Religare
101 anos de umbanda
Maiko Pedroso
H
á quase 101 anos, no dia 15 de Novem-
bro de 1908, numa sessão da Federação
Espírita em Niterói, dirigida por José de
Souza, compareceu um jovem de 17 anos,
chamado Zélio Fernandino de Moraes, que
havia restabelecido sua saúde, no dia anterior,
de uma moléstia, uma paralisia inexplicável,
que os médicos da época não conseguiram
identificar. No entanto, certo dia, levantou ele
da cama e disse: “Amanhã estarei curado”. En- comprovarem a veracidade do que fora declara-
tão, a família aceitou a sugestão de um amigo, do na véspera; estavam os parentes mais próxi-
que havia se oferecido para acompanhá-los à mos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma
Federação Espírita Kardecista. multidão de desconhecidos.
Em seguida, Zélio foi convidado a participar Manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzi-
da mesa; entretanto, sentiu-se constrangido e lhadas, falou que naquele instante começava
deslocado em meio àquelas pessoas e acabou um novo culto, em que espíritos de africanos
criando um pequeno tumulto, pois sem saber que outrora foram escravos e que não se sen-
por que, ele disse: “Falta uma flor nesta casa, tiam afinados com a atuação das seitas negras,
vou buscá-la”. Apesar de ser aconselhado não já modificadas e deturpadas para realização de
se levantar, ele o fez, assim mesmo, e voltou trabalhos de magia negra, e os índios nativos
com uma flor, e a colocou no centro da mesa. do Brasil poderiam trabalhar em prol de encar-
Harmonizado o ambiente e iniciada a sessão, nados, qual fosse sua cor, raça, credo e nível
logo se manifestaram espíritos que se diziam social.
de índios e escravos. O dirigente pediu que se O Caboclo das Sete Encruzilhadas fixou
retirassem; nesse momento, Zélio percebeu ser regras de como se processaria o culto: seriam
dominado por força estranha e escutou sua pró- chamadas sessões os períodos de trabalho es-
pria voz indagar por que não eram aceitas as piritual, os participantes estariam uniformizados
mensagens dos negros e dos índios, e se eles de branco e o atendimento seria gratuito. Nesse
eram considerados atrasados apenas pela cor e momento, nomeou também o movimento reli-
pela classe social. Esta observação causou cer- gioso que começava: UMBANDA.
ta celeuma, os dirigentes buscavam doutrinar Fundava-se então a nova casa de trabalho
o espírito que se manifestava; em seguida, foi com o nome de Nossa Senhora da Piedade. A
pedido que a entidade se identificasse, já que partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas co-
à vista dos videntes mostrava-se envolvida por meçou a atuar incessantemente para a difusão e
uma aura de luz. esclarecimento sobre a Umbanda.
E a resposta veio: “Se julgam atrasados os Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas,
espíritos de pretos e índios, devo dizer que, atendendo a ordens do Astral Superior, recebeu
amanhã (16 de novembro), estarei na casa de a missão de fundar sete tendas para divulgação
meu aparelho, para dar início a um culto em que da Umbanda. As tendas receberam os seguintes
estes irmãos poderão dar suas mensagens e, as- nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia,
sim, cumprir a missão que o Plano Espiritual lhes Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição,
confiou. Será uma religião que falará aos humil- Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São
des, simbolizando a igualdade que deve existir Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São
entre todos os irmãos, encarnados e desencar- Jorge e Tenda Espírita São Jerônimo.
nados. E se querem saber meu nome, que seja Zélio Fernandino de Moraes não fez da reli-
este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque gião sua profissão. Continuava a trabalhar para
para mim não haverá caminhos fechados.” O o sustento da família. Políticos, industriais e mi-
vidente retrucou com ironia: “Julga o irmão que litares, que recorriam ao trabalho mediúnico de
alguém irá assistir a seu culto?” E o espírito dis- Zélio para a cura de parentes enfermos, obten-
se: “Cada colina de Niterói atuará como porta- do êxito, logo buscavam retribuir a graça através
voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei”. de presentes ou preenchendo cheques vultosos.
No dia seguinte, na residência da família Mo- “Não os aceite. Devolva-os”, ordenava sempre
raes, na hora marcada, às 20h00, já estavam o Caboclo. PP
reunidos os membros da Federação Espírita para
16 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
17. Espiritualidade e Vida
Silêncio, a voz de Deus em nós
Regina Pinheiro Muito bem, o alvo está revelado, mas e o
roteiro?
Como falamos anteriormente, no exterior,
“Deus é amigo do silêncio. A sua linguagem é há muito barulho, dispersões, seduções, que
o silêncio. Fique em silêncio e saiba que nos desviam da meta - alcançar a Felicidade.
Pensamos que só seremos felizes se... quando...
Eu Sou Deus”. e vamos condicionando a nossa Felicidade a pe-
Madre Teresa de Calcutá, quenos encontros do lado de fora.
Tudo começa com a Prece Que tal pensarmos numa pequena excursão
para dentro de nós?
T
odos queremos alcançar a felicidade. A Para isso, precisamos de momentos só
meta primordial da vida de todos os ho- nossos, onde ficaremos em silêncio, ouvindo
mens é atingir a plenitude, a paz completa. o som de nosso coração nos orientando nes-
No entanto, procuramos na balbúrdia exterior ta jornada.
alguma coisa que traga a paz, a alegria. Os pra- À medida em que silenciamos, vamos encon-
zeres, a riqueza, a beleza, a juventude, o poder, trando a paz, a tranquilidade, para podermos
são passagens ilusórias de felicidade, não a Feli- conversar com o nosso EU.
cidade completa. Este momento de silêncio pode ser uma
Diz a lenda que quando Deus e os Anjos cria- prece íntima, uma prece para o encontro com a
ram o homem e a mulher procuraram alguma nossa morada interior, onde guardamos a ener-
coisa para tirar deles, a fim de que não fossem gia divina, que nos acompanha desde que fomos
criados já perfeitos, mas que desse motivação criados. É Deus em nós. Voltando ao que disse
para que lutassem na busca de sua perfeição. nossa gloriosa Madre Teresa de Calcutá, apren-
Escolheram retirar a Felicidade. Como escon- demos que a voz de Deus fala com você através
der a felicidade dos homens? Como criaram os de sua prece silenciosa, sem exteriorizações ba-
homens e as mulheres com força, inteligência rulhentas, floreadas, ornamentadas. Comunica-
e curiosidade, não poderiam esconder em qual- ção simples, de fácil acesso para todos nós, sem
quer lugar, pois o homem descobriria um instru- prioridades, sem preconceitos.
mento capaz de levá-lo facilmente ao objetivo, Experimente, fique em silêncio e sinta a ma-
encontrando a Felicidade sem fazer muito esfor- ravilha que existe dentro de você, energia que
ço. Resolveram, então, colocar a Felicidade onde irá guiar seus passos na direção reta, superando
os homens não desconfiassem – colocaram-na obstáculos que antes pareciam intransponíveis.
em seu próprio coração. Assim, se o homem não Desta forma, vamos sendo orientados para o
“
procurasse conhecer o seu interior, não encontra- grande encontro tão almejado por todos – com
ria a Felicidade. a Felicidade. PP
Não são as ervas más que afogam a boa
semente, e sim a negligência do lavrador.
Confúcio
17
18. Reflexões
Perdoar, uma “aprendizagem”
de toda uma vida...
Denise Cristina R. Gomes que surge a necessidade de aprendermos
a perdoar a nós mesmos e ao outro, como
A
través dos tempos, o homem sempre teve uma forma de resgate do nosso equilíbrio
dificuldade em perdoar, embora, hoje, se e bem-estar. Porém, nesses momentos, isso
comprove a grande importância do per- nos parece impossível de ser feito. È comum
dão para a nossa saúde e equilíbrio psíquico; não percebermos que o perdão seria a li-
pois o ato de perdoar contribui para a redução bertação do nosso sofrer. Infelizmente, acre-
da depressão, da cicatrização das mágoas em ditamos que perdoar seria esquecer ou eximir o
relacionamentos, melhorando a nossa conexão outro do efeito das suas ações, desculpando-o.
espiritual. Face a tudo isso, por que encontra- Nesse pensar, ao perdoar, estaríamos negando
mos tantas dificuldades em perdoar? tudo de doloroso que vivenciamos. Não sa-
Em nosso cotidiano, ficamos alegres quando bemos que o perdão é pertinente à nossa
conseguimos algo que almejávamos, assim como própria cura e não à do outro; que perdoar
nos sentimos infelizes, quando somos obrigados implica em recuperarmos o poder sobre a
a vivenciar perdas. Geralmente, temos muitas nossa vida, ao assumirmos a responsabili-
dificuldades para conseguirmos lidar com a frus- dade pelo nosso sentir, ao nos recusarmos
tração de nossos sonhos e anseios, expressas em a querer ser “vitimas” e sim ”heróis” de nossa
perdas afetivas, financeiras, de saúde, de poder, vida. Assim, perdoar implica em tomarmos
etc. Assim, reagimos através da não aceitação a decisão de não mais querermos ficar pre-
do que nos acontece, indagando-nos: Por que sos ao nosso passado, ao reconhecer que
isso aconteceu comigo? Esse pensar nos pro- não podemos mudá-lo. Portanto, perdoar
voca sentimentos de raiva, tristeza, depressão, constitui-se em um ato de vontade, que preci-
mágoa, dor, culpa, desânimo, solidão, pena, sa ser aprendido e exercitado.
insegurança, inveja, impotência, desespero, re- O Dr. Fred Luskin, psicólogo da Universidade
volta e medo. de Stanford (USA), responsável pelo desenvol-
Nessas ocasiões, nos encontramos frente a vimento de projetos sobre o perdão em todo o
frente com um grande desafio: aprendermos mundo, destaca que, para aprendermos a per-
a lidar com a nossa crise existencial. Ao não doar, necessitamos aprender a elaborar as nos-
aceitarmos as nossas perdas, a centelha do amor, sas mágoas. Para isso, inicialmente, precisamos
essência da vida, degenera-se em nossa alma, assumir a responsabilidade sobre o nos-
face aos sentimen- so sentir, isto é, não delegar aos outros essa
tos negativos atribuição que é nossa, proveniente das nos-
vivencia- sas expectativas, crenças, sentimentos e ações.
dos. É aí Sempre tecemos expectativas face ao que nos
acontece. Porém, o autor sinaliza que exis-
tem expectativas executáveis e expecta-
tivas não executáveis. As executáveis
dependem dos nossos esforços
para se concretizarem, enquan-
to que as não executáveis in-
dependem de nós. Por exemplo,
posso amar alguém e, por isso, ter
me dedicado muito a essa pessoa.
Porém, não posso exigir que ela
corresponda ao meu sentimen-
to, agindo conforme as minhas
expectativas. Pensando assim,
estou pautando a minha ação
em cima de expectativas não exe-
cutáveis. Dessa forma, caso o outro
não corresponda ao que espero, fico
com raiva, revoltado, triste, res-
sentido, magoado, ao me
sentir incompreendido.
18 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
19. Procuremos agora nos lembrar de uma si- as únicas a terem aquele sofrimento. Através da
tuação de sofrimento, na qual não perdoamos troca de experiências, vão aprendendo a impor-
a quem nos fez mal. Observemos que falamos tância da forma como lidam com os fatos que
dessa situação como se ainda a estivéssemos vi- lhes geram dor, pois a vida é o que é.
vendo, embora ela possa ter ocorrido há muito Ao vivenciarmos e refletirmos sobre esses
tempo. Perceberemos que, na raiz da nossa má- aspectos, passamos a entender que o ato de
goa, encontramos, de uma forma camuflada, perdoar depende da nossa vontade, do nos-
expectativas não executáveis. O tamanho do so empenho em querer fazê-lo. Compreen-
nosso ressentimento torna-se proporcional demos que as nossas dificuldades em perdoar
ao grau de proximidade afetiva que tínha- estão diretamente relacionadas ao quanto colo-
mos ou esperávamos ter com a pessoa que camos de nosso (anseios, aspirações, desejos e
nos feriu, assim como varia de acordo com projetos) no outro; e que, para nos libertarmos
as circunstâncias em que nos vemos envol- do sofrimento gerado pela mágoa, precisamos
vidos, sem o querer. nos conscientizar da vital importância de res-
Podemos constatar que gostaríamos de ter gatarmos o que é nosso, que foi colocado no
evitado a situação, controlando os acontecimen- outro e que ainda se encontra em seu poder,
tos. Nesses momentos comuns a nós, seres hu- acorrentando-nos a lembranças ruins do vivido.
manos, expressamos as nossas necessidades de Nesse momento, surge-nos uma indagação, nos
controle e onipotência, ao querermos que os fa- incitando à reflexão:
tos ocorram conforme desejamos, o que implica - Queremos realmente nos curar ao de-
em pensarmos que a vida deve girar em torno do cidirmos que não queremos mais viver no
que achamos. O nosso orgulho e vaidade, mani- presente as agruras do passado?
festos em nossa inaceitação dos fatos, tendem a É muito comum ficarmos atados à crença
nos “cegar” e, assim, artifícios são criados pelo errônea de que perdoar seria dar o nosso aval
nosso ”ego”, para nos defender da percepção às coisas erradas que nos fizeram. Precisamos
das nossas próprias dificuldades. Dessa forma, perceber que o ato de perdoar é uma con-
podemos passar toda uma existência “encarce- dição pertinente a nós mesmos, e não ao
rados” psicologicamente e espiritualmente em outro, pois ela representa a nossa libertação
nosso passado, ao culpabilizarmos o outro ou a de um passado sofrido. Assim, o outro nem
nós mesmos pelo acontecido. precisa saber que foi perdoado.
Em um segundo estágio para a elaboração Portanto, hoje, de acordo com os estudos
da mágoa, precisamos também querer sair
da posição de “vítimas”, percebendo-nos
como “heróis” de nossas estórias. Tem-se ob- Ao não aceitarmos as nos-
servado que atrás de todo ressentimento existe sas perdas, a centelha do
sempre, expresso ou latente, uma culpabilização
em relação ao outro ou a nós mesmos, na qual amor, essência da vida,
sempre desempenhamos o papel de “vítimas”.
Assim, não vemos que, quando nos autopu- degenera-se em nossa
nimos, além de vítimas, nos tornamos algo-
zes de nós mesmos.
alma, face aos sentimentos
Finalmente, para elaborarmos as nossas má- negativos vivenciados.
goas, precisamos equilibrar o lado pessoal do
sofrimento com o seu lado impessoal. O que
seria isso? Quando sofremos, tendemos a nos mais atuais sobre o perdão, entende-se que per-
tornar, por mecanismos de defesa, mais auto- doar significa resgatar a nossa vida, para ex-
centrados ao encararmos os fatos, só pelo nosso perenciarmos, com prazer, alegria e esperan-
ponto de vista. Quando conseguimos ver que ça, novas oportunidades de crescimento e
não somos os únicos a passar por aquele so- felicidade. E isso é, certamente, uma apren-
frimento, passamos então a perceber o lado dizagem para toda uma vida... PP
impessoal do sofrimento. Por isso, os grupos
de auto-ajuda auxiliam as pessoas que neles in- Denise Gomes | psicóloga, profa universitária
gressam, pois elas começam a ver que não são denisegomes@click21.com.br
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20. Prece
SENHOR,
NESTE MOMENTO
EM QUE PROCURO ME UNIR A TI,
PEÇO, COM HUMILDADE,
QUE EU POSSA ADQUIRIR CORAGEM, PACIÊNCIA E FLEXIBILIDADE,
PARA SUPERAR OS DESAFIOS DO MEU EXISTIR,
SEM ABRIGAR AMARGURAS E REVOLTAS EM MINHA ALMA.
AUXILIA-ME
A ACEITAR AS PROVAS QUE HOJE VIVENCIO,
COM DETERMINAÇÃO E CONFIANÇA EM TUA PROVIDÊNCIA,
ASSIM COMO AQUELAS QUE AINDA POSSA VIR A ENFRENTAR.
AUXILIA-ME
A TER MAIOR DISCERNIMENTO ANTE AS DÚVIDAS E INCERTEZAS,
QUE, POR VEZES, SURGEM EM MINHA MENTE,
TUMULTUANDO O MEU CORAÇÃO.
ILUMINA OS MEUS PENSAMENTOS,
PARA QUE POSSA PERCEBER
E ACEITAR AS MINHAS DIFICULDADES E FALHAS,
NÃO DELEGANDO AOS OUTROS
AS MINHAS RESPONSABILIDADES SOBRE ELAS.
AUXILIA-ME
A DESENVOLVER SINCERIDADE, FIRMEZA E PERSISTÊNCIA,
PARA ME TORNAR UMA PESSOA MELHOR.
SENHOR,
TE AGRADEÇO POR TODA AJUDA RECEBIDA,
TANTO NOS MOMENTOS BONS E FELIZES,
ASSIM COMO NAS SITUAÇÕES DIFÍCEIS
POR MIM VIVENCIADAS.
POIS, MESMO QUANDO POR VEZES
PENSO QUE NÃO ME ATENDES,
SEI EM MEU ÍNTIMO
QUE BEM SABES O QUE É MELHOR PARA MIM.
AGRADEÇO TAMBÉM
AO MEU ESPÍRITO GUARDIÃO,
AOS MEUS AMIGOS ESPIRITUAIS QUE,
OCULTOS NO SILÊNCIO DO ANONIMATO,
PROCURAM ACOMPANHAR-ME,
BUSCANDO SEMPRE ME INSPIRAR
NO ATENDIMENTO ÀS MINHAS NECESSIDADES MATERIAIS E ESPIRITUAIS.
AGRADEÇO
AOS MEUS ANCESTRAIS, PARTE DE MIM MESMO,
PELA EXISTÊNCIA QUE HOJE USUFRUO.
A ELES DIRIJO
TODA A MINHA COMPREENSÃO, GRATIDÃO E PERDÃO,
AO SABER QUE, COMO EU,
ELES AGIRAM DE ACORDO COM O ENTENDIMENTO
QUE TINHAM DE SI MESMOS, DOS OUTROS E DA VIDA.
QUE A LUZ DE DEUS,
EM SUA GRANDEZA E MISERICÓRDIA,
POSSA ILUMINAR A MINHA CAMINHADA,
NO PLANO EM QUE ESTIVER,
TRAZENDO PARA MIM, MEUS ANCESTRAIS E DESCENDENTES,
DISCERNIMENTO, GRATIDÃO, ALEGRIA E PAZ.
QUE ASSIM SEJA!
Denise Cristina
20 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio