1) O documento discute os desafios de conciliar os processos de alfabetização e letramento na educação, visando garantir que os alunos dominem o sistema alfabético e sejam capazes de usar a leitura e escrita em práticas sociais.
2) Define alfabetização como o processo de ensinar a ler e escrever, enquanto letramento é o resultado desse processo e a habilidade de responder às demandas sociais de leitura e escrita.
3) Argumenta que alfabetizar letrando significa ensinar a ler
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ALFABETIZAR LETRANDO: Um desafio permanente,
Alusai Gonçalves Rodrigues Rossi/alusaigrrossi@hotmail.com.br
RESUMO
Este artigo objetiva compreender os desafios que se colocam para os primeiros anos
da educação fundamental em conciliar os dois processos – alfabetização e letramento
– na expectativa de demonstrar que apesar dos desafios é possível alfabetizar
letrando, é possível assegurar aos alunos a apropriação do sistema alfabético e
condições de uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita. Portanto esta
pesquisa busca analisar as práticas de alfabetização em nossas escolas, através de
fontes bibliográficas e pesquisas de estudiosos que tem discutido a alfabetização na
perspectiva do letramento.
Palavras chaves: Alfabetização; Letramento; Desafios.
1. INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, a alfabetização escolar tem sido alvo constante de controvérsias
metodológicas e teóricas, exigindo dos educadores um ritmo intenso de capacitação,
que pressupõe uma mudança no quadro da educação brasileira. Em nosso país
predominou, durante décadas, o questionamento acerca da eficácia dos métodos de
alfabetização.
O domínio do entendimento do que é alfabetizar era o mesmo que investir no ensino
da codificação e decodificação de letras, palavras, frases-textos do tipo vovó viu a
uva. Essa noção de alfabetização acabou na década 1980, quando alguns estudos
sinalizaram para a construção do processo de alfabetização como algo bem mais
complexo do que a mera (de) codificação da escrita, pois a aprendizagem dessa
modalidade da língua obedece a fases distintas (FERREIRA; TEBEROSKY, 1985).
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Segundo Soares (2004), alfabetizar é a ação de ensinar a ler e escrever. Percebe-se
que, nessa afirmação, o processo de letramento é um conjunto de estratégias e ações
infinitas.
No Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se confundem. A discussão do
letramento aparece envolto no conceito de alfabetização, o que tem levado a uma
inadequada e imprópria síntese dos dois procedimentos. Atualmente é difícil distinguir
alfabetização de letramento, conceitos normalmente confundidos pelos professores
alfabetizadores, afinal até bem pouco tempo o termo letramento era totalmente
desconhecido.
A alfabetização e o letramento, são fundamentos da educação e devem ser encarados
como essenciais para que as crianças atinjam um nível satisfatório de compreensão
do mundo. É isso que a alfabetização e o letramento fazem, além de demonstrar os
signos e símbolos, faz com que compreendamos o mundo em que vivemos. Na
concepção atual, a alfabetização não precede o letramento, os dois processos podem
ser vistos como simultâneos, entendendo que no conceito de alfabetização estaria
compreendido o de letramento e vice-versa.
Para Freire (1980 e 1984), alfabetizar é desenvolvimento da consciência crítica, que
é um dos instrumentos primordiais para a emancipação do homem; enfatiza a
necessidade de o educador libertar-se, definitivamente, das práticas pedagógicas
ultrapassadas e alienadoras e descobrir a importância da busca do conhecimento
diário.
Tem sido muito acentuado os desafios da educação, sendo que os números e a
realidade revelam, claramente, que não tem sido fácil superá-los. Acreditamos que há
necessidade de um esforço conjunto, envolvendo profissionais de formações distintas,
mas complementares, que possam colaborar para a elaboração de novas propostas
educacionais, que melhor se ajustem ao perfil da população a ser educada Zorzi apud
SCOZ et, al, (2003, p 166).
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Discutir sobre alfabetização e letramento é premissa para educadores das séries
iniciais, sabendo que nesse período que se desenvolve o processo de aquisição da
linguagem escrita, a qual envolve a decodificação dos símbolos gráficos escritos e
precisa voltar-se também para os símbolos produzidos pela sociedade como: slogan,
placas, rótulos, etc., pois a leitura e escrita são ações sociais, cujos papéis são
significativos em nossa sociedade. A busca da compreensão de como é visto os
processos de alfabetização e letramento e a contribuição destes a aquisição da leitura
e da escrita dos alunos levou-nos a discutir os desafios de alfabetizar letrando e as
concepções de alfabetização e letramento.
É necessário "diferenciar com cuidado as crianças com dificuldades de aprendizagem
das crianças com dificuldades escolares". Para elas essas últimas revelam a
incompetência da instituição educacional no desempenho de seu papel social e não
podem ser consideradas como problemas dos alunos. PARENTE e RENÑA- Scoz
(1987 op. cit. Sisto 2008)
Saliento as ideias de Paulo Freire (2001) o qual dizia que aprender a ler e a escrever
é aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto numa relação dinâmica
vinculando linguagem e realidade e ser alfabetizado é tornar-se capaz de usar a leitura
e a escrita como meio de tomar consciência da realidade e de transformá-la
Lúria (1988) afirma que a escrita da criança começa muito antes da primeira vez que
o professor coloca um lápis em sua mão. A incapacidade da criança em associar a
escrita com a leitura pode ser o resultado da não valorização daquilo que ela sabia e
praticava antes de chegar ao processo de alfabetização. Sabe-se que muitos pais
alfabetizam seus filhos em casa, não utilizando a metodologia da escola, mas
metodologias empíricas e aproveitam meios simples e eficazes.
Segundo Soares (2003, p.20), “só recentemente passamos a enfrentar esta nova
realidade social em que não basta apenas saber ler e escrever, é preciso também
fazer uso do ler e escrever, saber responder ás exigências da leitura e escrita que a
sociedade faz continuamente”.
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Fica clara a afirmação de que alfabetização e letramento são processos diferentes,
especificidades diferentes, porém complementares, essenciais. O desafio que se
coloca hoje para os professores é como alfabetizar letrando? Como conciliar esses
dois processos, de modo a assegurar aos alunos a apropriação do sistema
alfabético/ortográfico e a plena condição de uso da língua nas práticas sociais de
leitura e escrita.
A missão de alfabetizar letrando exige um trabalho árduo por parte dos professores e
de toda a equipe escolar. Embora nossos alunos leiam razoavelmente bem, percebe-
se que sentem dificuldades para interpretar textos diversos. Não se trata de escolher
entre alfabetizar ou letrar, trata-se de alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e
escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o
indivíduo se torne, ao mesmo tempo, alfabetizado
A importância das práticas sociais de leitura e escrita também teve relevante suporte
de estudos que, no âmbito da linguística, da sociolinguística e da psicolinguística,
enfatizaram as diferenças entre as modalidades língua orais e língua escrita e
demonstraram como muitas crianças se apropriavam da linguagem escrita através do
contato com diferentes gêneros textuais.
Alfabetizar letrando significa orientar a criança para que aprenda a ler e a escrever
levando-a a conviver com práticas reais de leitura e de escrita; substituindo as
tradicionais e artificiaiscartilhas por livros, por revistas, por jornais, enfim, pelo material
de leitura que circula na escola e na sociedade, e criando situações que tornem
necessárias e significativas práticas de produção de textos.
Estudos sobre o desafio de alfabetizar letrando apontam à necessidade de aproximar
na educação a teoria e a prática. Indivíduos mesmo incapazes de ler e escrever
compreende papeis sociais da escrita distinguem gêneros ou reconhecem as
diferenças entre a língua escrita e a oralidade, pessoas alfabetizadas e pouco
letradas. Efetivando assim a função da educação tornando todos cidadãos críticos e
reflexivos de seu dia a dia.
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Este artigo visa conscientizar o professor alfabetizador da importância de seu papel,
na formação do educando, rompendo com paradigmas tradicionais e fazendo-o
perceber que não basta alfabetizar.
Segundo Jaime Roberto Thomaz (2009), hoje os nossos alunos necessitam de um
processo de aprendizagem que focalize o alfabetizar letrando. Este é o grande desafio
proposto com esses estudos, conciliar esses dois processos (alfabetização e
letramento), assegurando aos alunos desde cedo, a apropriação do sistema
alfabético- ortográfico e condições possibilitadoras do uso da língua nas práticas
sociais.
A metodologia utilizada foi realização de captação de publicações, em língua
portuguesa, relacionados aos temas Letramento e Alfabetização através de bancos
de dados científicos eletrônicos, (Scielo, Biblioteca Cochrane, Science Direct), sites
de organizações ou instituições voltadas à pesquisa os desafios da pratica educativa
em alfabetizar letrando. Foi dada preferência às publicações mais recentes sobre os
temas em questão e às revisões sistemáticas concluídas. Os textos foram analisados
e sintetizados de forma reflexiva a fim de obter informações consistentes.
2. CONCEPÇÕES DE LEITURA E LETRAMENTO
Alfabetização é definida como um processo no qual o indivíduo constrói a gramática
e em suas variações. Esse processo não se resume apenas à aquisição dessas
habilidades mecânicas de codificação e decodificação do ato de ler, mas na
capacidade de interpretar, compreender, criticar, resinificar e produzir conhecimento
(MEC, 2008, p.10).
Segundo Verdiane (1997, p.9) “A alfabetização refere-se à aquisição da escrita
enquanto aprendizagem de habilidades para leitura, escrita e as chamadas práticas
de linguagem”.
O processo de alfabetização possibilita também a aquisição da escrita, viabiliza as
habilidades necessárias para a leitura, e a prática de linguagem. Sabe-se que a
alfabetização assegura a compreensão do contexto de gêneros textuais diversos
mediados pela interação experienciais de práticas de leitura e escrita destacando as
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peculiaridades e domínios da linguagem e a partir das inter-relações estabelecidas as
possibilidades de construção de atividades perceptivas de práticas sociais diversas,
da transformação e da comunicação.
A linguagem é um fator primordial para subsistência da espécie humana, porque além
de servir como comunicação, também auxilia na formação da consciência para
organizar o pensamento. Trata –se de que a linguagem e sua a função de promover
a comunicação entre os indivíduos, ressaltando que existem várias formas de
linguagem. Para, além disso, Soares (2009, p. 31) menciona que “a alfabetização é a
ação de alfabetizar, de tornar “alfabeto
Letramento é o resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a condição
que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado
da escrita. O nível de letramento é determinado pela variedade de gêneros de textos
escritos que a criança reconhece (MEC, 2008, p.11).
O letramento não está restrito ao sistema escolar, mas vamos nos ater nesse meio
por considerar que cabe à escola, fundamentalmente, levar os seus educandos a um
processo mais profundo nas práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita.
Saber ler e escrever um montante de palavras não é o bastante para capacitar o
indivíduo para a leitura diversificada, necessário é saber fazer uso do ler e do escrever,
saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz. Então, o
nome letramento surgiu mediante a esta nova constatação.
Letramento é palavra e conceito recente, introduzidos na linguagem da educação e
das ciências linguísticas há pouco mais de duas décadas; seu surgimento pode ser
interpretado como decorrência da necessidade de configurar e nomear
comportamentos e práticas sociais na área da leitura e da escrita.
O vocábulo é um tanto quanto fora do comum para muitos profissionais da área da
educação e, principalmente, para os acadêmicos desse setor. Esse vocábulo surgiu
entre os linguistas e estudiosos da língua portuguesa, e então passou a ter veiculação
no setor educacional.
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Evidenciou –se que uma das primeiras menções feitas deste termo ocorreu no livro
de Mary A. Kato: No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, de 1986.
“Acredito que a chamada norma padrão, ou a língua falada culta, é consequência do
letramento, motivo porque, indiretamente é função da escola desenvolver no aluno o
domínio da linguagem falada e institucionalmente aceita”. (Mary Kato, 1986).
Gênero de textos são as diferentes espécies de texto, escritos ou falados, que
circulam na sociedade, reconhecidos com facilidade pelas pessoas. Por exemplo:
bilhete, romance, poema, sermão, conversa de telefone, contrato de aluguel, notícia
de jornal, piada, reportagem, letra de música, regulamento, entre outros (MEC, 2008,
p.19).
Suportes referem-se à base material que permite a circulação desses gêneros, com
características físicas diferenciadas. Por exemplo: o jornal, o livro, o dicionário, o
catálogo, a agenda e outros, conforme MEC (2008. p.19).
Assim, letramento é o estado ou a condição de quem responde adequadamente às
demandas sociais pelo uso amplo e diferenciado da leitura e da escrita.
“Letramento é, sobretudo, um mapa do coração do homem, um mapa de quem você
é, e de tudo o que pode ser”. (Soares, 2003). Letramento é o resultado da ação de
ensinar a ler e escrever. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um
indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita. É usar a leitura e a
escrita para seguir instruções (receitas, bula de remédio, manuais de jogo),
comunicar-se (recado, bilhete, telegrama), divertir e emocionar-se (conto, fábula,
lenda) informar (notícia) e orientar-se nas ruas (os sinais de trânsito) e no mundo (o
Atlas).
3. OS DESAFIOS DE ALFABETIZAR LETRANDO NO PROCESSO DE LEITURA E
ESCRITA
A escola, além de alfabetizar, precisa dar as condições necessárias para o letramento.
E um dos pontos importantes para letrar, é saber que há distinção entre alfabetização
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e letramento, entre aprender o código e ter habilidade de usá-lo. Essa compreensão
é o grande problema nas salas de aula. As crianças precisam ser alfabetizadas
convivendo com material escrito de qualidade. Assim, a criança se alfabetiza sendo,
ao mesmo tempo, letrada. É possível alfabetizar letrando por meio da prática da leitura
e da escrita.
Numa definição bem simples, Soares define letramento da seguinte forma:
“Letramento é o que as pessoas fazem com as habilidades de leitura e de escrita, em
um contexto específico, e como essas habilidades se relacionam com as
necessidades, valores e práticas sociais”. (Soares, 2003, p.72)
Esta definição demonstra claramente que as “habilidades de leitura e escrita” inserem
o indivíduo em uma nova dimensão no aspecto social em que vive. Portanto, há uma
diferença entre saber ler e escrever, ser alfabetizado e letrado. Aprender a ler e
escrever torna a pessoa alfabetizada, enquanto envolver-se nas práticas sociais da
leitura e da escrita, torna essa pessoa letrada.
Esse termo se inaugura pela necessidade de configurar e nomear novos
comportamentos e práticas sociais de leitura e escrita, que ultrapassem o domínio do
sistema alfabético e ortográfico. De acordo com a interpretação dessa aprendizagem
no tocante à função social da leitura e da escrita, ou seja, na perspectiva do
letramento, que essa ação se dê num sentido de tornar o indivíduo “usuário” eficiente,
criativo e autônomo da leitura e da escrita.
Sabe-se que há uma distinção entre as causas que geram no educando a dificuldade
de ler e escrever durante seu processo de alfabetização e uma delas é a comum
dissociação do letramento. Outras eventualmente causas podem assim ser citadas:
déficit perceptual, déficit linguístico, dislexia, disgrafia, disortográfica, dislalia dentre
outras.
A compreensão da leitura abrange aspectos sensórios, emocionais, intelectuais,
fisiológicos, neurológicos, culturais, econômicos e políticos. É a correlação entre os
sons e os sinais gráficos através da discriminação do código e a compreensão da
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ideia. A leitura é um processo advindo em longo prazo e em determinados momentos
da vida cotidiano que determinam à aprendizagem e a não aprendizagem.
Em conformidade com o que foi explanado acima, Nunes (2001, p.75) enfatiza:
A relação entre leitura e escrita não é uma simples questão de passar de som
para letra na escrita e inverter esse processo, passando de letra para som na
leitura. Dois tipos de estudo indicam a existência de diferenças entre leitura
escrita: os estudos que analisam as discrepâncias entre leitura e escrita nas
mesmas crianças e os que analisam as interferências com a execução
dessas habilidades.
Portanto, a leitura e a escrita são processos que requer diversas análises que possam
melhorar a aquisição desses, havendo intervenção por parte do docente quando
necessário.
Ensinar a ler e escrever exige do aluno requisitos para estabelecer situações didáticas
diferenciadas, capazes de se adaptar à diversidade na sala de aula. Dessa forma,
ensinar a ler e escrever depende de compartilhar, seja, nos objetivos, nas tarefas, nos
conteúdos. Assim a responsabilidade é distinta tanto para o professor quanto ao
aluno. Com isso é necessário que o professor analise sua prática constantemente a
partir de determinados parâmetros articuladores.
Nos dias de hoje, sabemos que um indivíduo plenamente alfabetizado é “aquele capaz
de atuar com êxito nas mais diversas situações de uso da língua escrita”. Dessa forma,
não basta apenas ter o domínio do código alfabético, isto é, saber codificar e
decodificar um texto (alfabetização): é necessário conhecer a diversidade de textos
que percorrem a sociedade, suas funções e as ações necessárias para interpretá-los
e produzi-los (letramento).
De acordo com Soares (1998), adquirir a leitura e escrita, ou ser alfabetizado somente,
não basta, é necessário fazer o uso dessas linguagens, ou seja, é preciso ser letrado,
fazer uso competente da língua escrita em circunstâncias sociais e que esta prática
não se restringe apenas ao contexto escolar.
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Segundo Soares (2003), alfabetização e letramento são, pois, processos distintos, de
natureza essencialmente diferente; entretanto, são interdependentes e mesmo
indissociáveis. Já que uma pessoa pode ser alfabetizada e não ser letrada, como
também pode ocorrer o inverso - ser letrado, mas não ser alfabetizado - assim
descreve Soares: (...) um adulto pode ser analfabeto, porque marginalizado social
economicamente, mas, se vive em um meio em que a leitura e a escrita tem presença
forte, se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado, se recebe
cartas que outros leem para ele, se dita carta para que um alfabetizado escreva (e é
significativo que, em geral, dita usando vocabulário e estruturas próprias da língua
escrita), se pede a alguém que lhe leia avisos ou indicações afixados em algum lugar,
esse analfabeto, é de certa forma, letrado, por que faz uso da escrita, envolve-se em
práticas sociais de leitura e escrita.
Segundo Lerner (2002), se a escola ensina a ler e escrever com o único propósito de
que os alunos aprendam a fazê-lo, eles não aprenderão a ler e escrever para cumprir
outras finalidades (essas que a leitura e a escrita cumprem na vida social); se a escola
abandona os propósitos didáticos e assume os da prática social, estará abandonando
ao mesmo tempo sua função ensinam-te.
Nessa perspectiva, faz-se necessário repensar o posicionamento da escola enquanto
espaço propício para leitura e escrita. Visto que, o sistema educacional se configura
através de ações integradas que apontam e propiciam à ampliação de conhecimentos
atribuídos as diversas realidades, sejam estas de cunho social ou cultural.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O domínio da escrita alfabética, além de ser instrumento de luta, é condição
necessária para a participação efetiva nas práticas de leitura e escrita; portanto, essa
pesquisa buscou investigar a apropriação da alfabetização na perspectiva de
alfabetizar letrando.
Alfabetizar letrando significa orientar a criança para que aprenda a ler e a escrever
levando-a a conviver com práticas reais de leitura e de escrita; substituindo as
tradicionais e artificiaiscartilhas por livros, por revistas, por jornais, enfim, pelo material
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de leitura que circula na escola e na sociedade, e criando situações que tornem
necessárias e significativas práticas de produção de textos. Alfabetizar letrando é
quando o professor compreende o universo de seu aluno e aplica todo o seu
conhecimento e sabedoria com base nessa realidade, supera os desafios e insere
seus alunos socialmente.
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