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AS PERSPECTIVAS SOCIOLÓGICAS CLÁSSICAS


A concepção do objeto da Sociologia decorre da resposta que se dê à questão sobre o
que torna possível a organização social das relações entre os homens, o que corresponde
ao problema da delimitação do campo de investigação e explicação da Sociologia. Para
responder a esta questão a tradição da teoria sociológica leva em consideração os
trabalhos de três estudiosos: Émile Durkheim (1858-1917), Max Weber (1864-1920) e
Karl Marx (1818-1883). Isto não quer dizer que existam três sociologias, porém que
esta ciência compreende diferentes interpretações teóricas em relação ao fenômeno
estudado.




                                 Émile Durkheim


                                 Principais Obras

1893 – De la division du travail social
1895 – Les régles de la méthode sociologique
1897 – Le Suicide
1912 – Les formes élementaires de la vie religiuse


                           A Sociologia como ciência

O que une as ciências humanas é exatamente seu objeto de estudo comum que é o ser
humano em suas diversas dimensões


Comte = deve ser analisada à luz das leis e métodos naturais. Assim como existe uma
física da natureza deve haver uma física social que explique o comportamento dos
indivíduos na sociedade = Sociologia

Durkheim = a sociedade deve ser estudada a partir dos fatos sociais como eles se
apresentam na prática o que também possibilita a utilização dos métodos das ciência
naturais para a análise dos fenômenos sociais.
O que marca a contribuição de Durkheim à sociologia é o reconhecimento de que os
sistemas de símbolos culturais – ou seja, valores, crenças, dogmas religiosos,
ideologias, etc. – são uma base importante para a integração da sociedade. À medida
que as sociedades se tornam complexas e heterogêneas, a natureza de símbolos culturais
(consciência coletiva) muda.
De acordo com a sua concepção: “A sociedade não é uma simples soma de indivíduos,
             e sim sistema formado pela associação, que representa uma realidade
             especifica com seus caracteres próprios. Sem dúvida, nada se pode
             produzir de coletivo se consciências particulares não existirem; mas esta
             condição necessária não é suficiente. É preciso ainda que as consciências
             estejam associadas, combinadas; e é desta combinação que resulta a vida
             social e, por conseguinte, é esta combinação que a explica. Agregando-se,
             penetrando-se, fundindo-se, as almas individuais dão nascimento a um
             ser, psíquico se quisermos, mas que constitui individualidade psíquica de
             novo gênero.”

Esta “individualidade psíquica”, resultante da combinação das consciências individuais,
corresponde, no pensamento de Durkheim, à “consciência coletiva”, diferente das
consciências individuais. A organização social, pois, para ele, somente é possível graças
a esta consciência.

Na tentativa de delimitar o campo de estudo especifico da Sociologia Durkheim
determina que: a sociedade deve ser estudada a partir dos fatos sociais como eles se
apresentam na prática o que também possibilita a utilização dos métodos das ciências
naturais para a análise dos fenômenos sociais. Assim, a Sociologia obviamente, não se
ocupa de todos os fenômenos verificáveis na sociedade, mas, apenas, daqueles que
apresentam as características que determinam o seu caráter especifico, neste caso:

       É fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, susceptível de exercer sobre
   o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na
   extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria,
   independente de suas manifestações individuais.

       O fato social é tudo o que se produz na e pela sociedade, ou ainda, aquilo que
   interessa e afeta o grupo de alguma forma.

Dando relevo à objetividade dos fatos sociais, ele estabelece como um dos princípios
metodológicos básicos da investigação sociológica considerá-los com coisas: “os fatos
sociais são coisas”, isto é, uma realidade objetiva e passível de ser observada.


Noções fundamentais para compreender o pensamento de Durkheim

        Os fatos sociais devem ser tratados como coisas:
        A análise dos fatos sociais exige reflexão prévia e fuga de idéias pré-
         concebidas;
 O conjunto de crenças e sentimentos coletivos são a base da coesão da
         sociedade;
        Destaca o estudo da moral dos indivíduos – O grupo (e a consciência do
         grupo) exerce pressão (coerção) sobre o indivíduo
        A própria sociedade cria mecanismos de repressão interna, que fazem com
         que os indivíduos aceitem de uma forma ou de outra as regras estabelecidas
         (a explicação dos fatos sociais deve ser buscada na sociedade e não nos
         indivíduos – os estados psíquicos, na verdade são conseqüências e não
         causas dos fenômenos sociais).
        Exterioridade – Generalidade – Coercitividade




                                    Karl Marx


Principais Obras

1844 - Sobre a crítica da Filosofia do direito de Hegel
1844 - Manuscritos Econômico-Filosóficos
1847 - O Manifesto Comunista (obra comum de Marx e Engels)
1867 - Primeiro volume de sua obra mais importante: O Capital
1885 e 1894 - Os volumes II e III de O Capital foram editados por Engels

Para ele, a organização de uma sociedade num momento histórico específico é
determinada pelas relações de produção, ou a natureza da produção e a organização do
trabalho. Assim, a organização da economia é o material-base, ou em seus termos, a
infra-estrutura, que descreve e dirige a superestrutura, que consiste de cultura,
política e outros aspectos da sociedade. O funcionamento da sociedade humana deve ser
entendido por sua base econômica.
Enfim, as normas, os valores, os sentimentos, os modos de pensar e de agir em
sociedade são um reflexo das relações entre os homens para conseguir os meios
necessários à sobrevivência.

Marx tem como base da contradição nas sociedades humanas as relações entre aqueles
que controlam os meios de produção e aqueles que não. Argumentando dessa forma, ele
se torna a inspiração para a linha de estudo da sociologia conhecida como “teoria do
conflito” ou a “sociologia do conflito”. Desse ponto de vista, todas as estruturas da
organização social revelam desigualdades que levam ao conflito, em que aqueles que
detêm ou controlam os meios de produção podem consolidar o poder e desenvolver
ideologias para manter seus privilégios, enquanto aqueles sem os meios de produção
eventualmente entram em conflito com os méis privilegiados. No mínimo, há sempre
uma contradição ardente entre as relações de produção nos sistemas sociais, e essa “luta
de classes”, ou seja, conforme a percepção de Marx quanto a essa questão,
periodicamente explode esse conflito aberto e uma mudança social.

A análise sociológica deve, portanto, concentrar-se nas estruturas de desigualdade e nas
combinações entre aqueles com poder, privilégio e bem-estar material, por um lado, e
os menos poderosos, privilegiados e materialmente abastados, por outro. Para Marx e as
gerações subseqüentes de estudiosos do conflito, “a ação está” dentro da organização
social humana.



Luta de Classes

   •   Pretendendo caracterizar não apenas uma visão econômica da história, mas
       também uma visão histórica da economia, a teoria marxista também procura
       explicar a evolução das relações econômicas nas sociedades humanas ao longo
       do processo histórico. Haveria, segundo a concepção marxista, uma permanente
       dialética das forças entre poderosos e fracos, opressores e oprimidos, a história
       da humanidade seria constituída por uma permanente luta de classes, como
       deixa bem claro a primeira frase do primeiro capítulo d’O Manifesto
       Comunista: A história de toda sociedade passado é a história da luta de
       classes.


Materialismo Dialético

   •   Marx apresentava uma filosofia revolucionária que procurava demonstrar as
       contradições internas da sociedade de classes e as exigências de superação.

   •   O materialismo dialético é uma constante no pensamento do marxismo-
       leninismo


Materialismo Histórico

   •   Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história
       das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais,
       essencialmente econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a um edifício
       no qual as fundações, a infra-estrutura, seriam representadas pelas forças
       econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as idéias,
       costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc).
Capitalismo ⇒   Socialismo
Socialismo  ⇒   Estado ⇒ Comunismo



                             Dialética


                       •   Tese = Sistema
                       •   Antítese = Crise
                       •   Síntese = Resposta
Alienação do Trabalho

A Revolução Industrial foi responsável por um processo denominado alienação do
trabalho, pois com a utilização das linhas de montagem, o operário perde a noção de todo,
ou seja, do produto final; deixando este sem o domínio de todas as etapas de produção, e
obrigando-o a vender a sua mão-de-obra como forma de sobrevivência.




O capitalismo tornou o trabalhador alienado, isto é, separou-o de seus meios de produção
(suas terras, ferramentas, máquinas, etc). Estes passaram a pertencer à classe dominante, a
burguesia. Desse modo, para poder sobreviver, o trabalhador é obrigado a alugar sua
força de trabalho à classe burguesa, recebendo um salário por esse aluguel. Como há
mais pessoas que empregos, ocasionando excesso de procura, o proletário tem de aceitar,
pela sua força de trabalho, um valor estabelecido pelo seu patrão. Caso negue, achando
que é pouco, uma exploração, o patrão estala os dedos e milhares de outros aparecem em
busca do emprego. Portanto é aceitar ou morrer de fome. Com a alienação nega-se ao
trabalhador o poder de discutir as políticas trabalhistas, além de serem excluídos das
decisões gerenciais.

                                      Mais Valia

Suponha que o operário leve 2h para fabricar um par de sapatos. Nesse período produz o
suficiente para pagar o seu trabalho. Porém, ele permanece mais tempo na fábrica,
produzindo mais de um par de sapatos e recebendo o equivalente à confecção de apenas
um. Numa jornada de 8 horas, por exemplo, são produzidos 4 pares. O custo de cada par
continua o mesmo, assim como o salário do proletário. Com isso ele trabalha 6h de graça,
reduzindo o custo e aumentando o lucro do patrão. Esse valor a mais é apropriado pelo
capitalista e constitui o que Marx chama de Mais-Valia Absoluta. Além de o operário
permanecer mais tempo na fábrica o patrão pode aumentar a produtividade com a
aplicação de tecnologia. Com isso o operário produz mais, porém seu salário não
aumenta. Surge a Mais-Valia Relativa.

Uma outra importante faceta do trabalho de Marx é defesa da função militante do
sociólogo. O objetivo da análise é expor a desigualdade e a exploração em situações
sociais e, assim fazendo, desempenhar papel militante para superar essas condições. Com
esse estudo ele propõe a superação do modo de produção capitalista e uma nova forma de
produção com base no coletivismo. Esse programa permanece ainda como fonte de
inspiração para muitos sociólogos que participam como militantes no mundo social.




                                     Max Weber

 Principais Obras

 1889 – Tese sobre as companhias de comércio medievais
 1891 – Professor universitário – Tese sobre a história agrária e jurídica de Roma
 1894 – Professor de Economia Política em Freiberg
 1897 – Professor de Economia em Heidelberg (colapso nervoso)
 1899/1904 – Viagens Europa e América do Norte
 1903 – Honorarprofessor (regime de semi-aposentadoria)
 1904/1905 – Publica “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”
 1918 – Professor de Socióloga em Viena
 1919 – Professor de Sociologia em Munique
 1920 – morre aos 56 anos


 As implicações do conceito de ação social, formulado por Weber em Economia e
 Sociedade, conduzem inevitavelmente à conclusão de que as características da ação
 social por ele enunciadas são o fundamento da organização das relações sociais. A ação
 social ...
               “é uma ação cujo significado subjetivamente atribuido pelo sujeito ou
               sujeitos tem como referencia a conduta dos outros, orientando-se por esta
               em seu desenvolvimento”.

 Só há, desse modo, a ação social quando ela possui um significado atribuído pelos
 indivíduos e é orientada pelas ações alheias. Por isso, nem toda ação humana é
 necessariamente social, embora a grande maioria o seja.


                                  AÇÃO SOCIAL

    •   Forma de conduta que leva os indivíduos a orientar suas ações de acordo e/ou
        em razão dos outros
    •   É um comportamento humano, ou seja, uma atitude interior ou exterior voltada
        para aça ou abstenção. Esse comportamento só é ação social quando o ator
atribui a sua conduta um significado ou sentido próprio, e esse sentido se
       relaciona com o comportamento de outras pessoas.
   •   Para Weber a Sociologia é uma ciência que procura compreender a ação social.
       Por isso, considerava o indivíduo e suas ações como ponto chave da
       investigação o que, para ele, era o ponto de partida para a Sociologia: a
       compreensão e a percepção do sentido que o ator atribui à sua conduta.

Formas características de ação social

Ação em relação a fins – É praticada quando alguém age com o propósito de observar
uma expectativa futura ao interagir com outro(s). É uma ação concreta que tem um fim
específico.
Ex.: o engenheiro que constrói uma ponte

Ação em relação a valores – É aquela definida pela crença consciente no valor –
interpretável como ético, estético, religioso ou qualquer outra forma – absoluto de
determinada conduta. O ator age racionalmente aceitando todos os riscos, não para obter
um resultado exterior, mas para permanecer fiel a sua honra, qual seja, à sua crença
consciente no valor. Esse tipo de ação preocupa-se essencialmente com os meios
empregados, não importando, muitas vezes, o próprio fim originaria da ação.
Ex.: um capitão que afunda com seu navio

Ação Afetiva – É praticada, principalmente, quando alguém direciona suas ações em
relação ao próximo, sendo que essas ações são motivadas pelas tensões emocionais
subjetivas, tais como vingança, amor, desprezo, gratidão, etc. Neste tipo de ação, tanto
os meios como os fins são relevantes para quem a pratica.
Ex. São infinitos. Afinal, quem nunca agiu motivado por algum sentimento de amor ou
ódio em relação ao próximo?

Ação Tradicional – É aquela ditada pelos hábitos, costumes, crenças transformadas
numa segunda natureza, para agir conforme a tradição o ator não precisa conceber um
objetivo, um valor, nem ser impelido por uma emoção, obedece a reflexos adquiridos
pela prática.
Ex. Os serviços domésticos, os deveres rotineiros, etc.

Enfim, embora Max Weber considere que a “Sociologia de modo algum tem a ver
apenas com a ação social”, é evidente o peso dessa noção na delimitação do campo de
estudo da Sociologia. Para ele, a Sociologia é:

             “uma ciência que pretende compreender, interpretando-a, a ação social,
             para, desse modo, chegar à explicação causal do seu desenvolvimento e
             dos seus efeitos”.


                                   TIPO IDEAL

   •   Weber também se preocupou muito com a criação de certos instrumentos
       metodológicos que possibilitassem ao cientista uma investigação dos fenômenos
       particulares sem que ele se perca na infinidade disforme de seus aspectos
       concretos, sendo que o principal instrumento é o tipo ideal, o qual cumpriria
duas funções principais: primeiro a de selecionar explicitamente a dimensão do
        objeto que virá a ser analisado e, posteriormente, apresentar essa dimensão de
        uma maneira pura, sem suas sutilezas concretas.

   •    Os tipos ideais correspondem a um processo de conceituação que abstrai o que
        existe de particular dos fenômenos concretos. Essa característica opõe a
        conceituação típico ideal à conceituação generalizadora.


Conceituação típico-ideal:

   1.   meio de conhecimento científico
   2.   utopia
   3.   exageração
   4.   significação
   5.   unilateralidade

Exemplo: “pânico na bolsa” – permite compreender o curso real da ação, classificar e
compreender o peso dos elementos não-econômicos.

   •    Aplica à Economia e Sociedade, conceitos como os de lei, democracia,
        burocracia, capitalismo, feudalismo e sociedade.



                              PODER E BUROCRACIA


“O poder significa toda oportunidade de fazer triunfar no seio de uma relação social a
própria vontade, mesmo contra resistências, pouco importando aquilo que a
fundamenta”.

Tipos de Poder (Legitimidade)

Tradicional – baseia-se na crença do caráter sagrado das tradições, sendo legítimo o
poder e os que a ele são convocados em razão do costume.

Carismático – baseia-se no valor pessoal do indivíduo que se distingue por virtudes
pessoais (heroísmo, santidade...)

Burocrático ou Legal – possui caráter racional e impessoal, baseando-se na validade
das normas estabelecidas racionalmente, sendo legítimo o poder e os que a ele são
convocados nos termos da lei.


Características da burocracia/Vantagens

   •    Legal
   •    Formal
   •    Racional e divisão do trabalho
•   Impessoalidade nas relações
   •   Rotinas e procedimentos padronizados
   •   Competência técnica
   •   Profissionalização da administração e dos participantes


                        Previsibilidade do funcionamento
                        Univocidade de interpretação
                        Padronização
                        Redução de conflitos
                        Subordinação natural
                        Confiabilidade nas regras
                        Hierarquia formalizada
                        Precisão


Referências Bibliográficas

BOTTOMORE,T.&OUTHWAITE,W.Dicionário do Pensamento Social do Séc.XX.
Rio de Janeiro Jorge Zahar, 1996.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6 ed.-Porto Alegre:Artmed, 2005.

TURNER H., Jonathan. Sociologia- conceitos e aplicações/ tradução Márcia Marques
Gomes Navas; revisão técnica João Clemente de Souza Neto- São Paulo: Pearson
Education do Brasil,2000.

VILA NOVA, Sebastião. Introdução à Sociologia. 6ª edição São Paulo: Editora Altas,
2004.

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Teóricos da sociologia. as perspectívas sociológicas clássicas

  • 1. AS PERSPECTIVAS SOCIOLÓGICAS CLÁSSICAS A concepção do objeto da Sociologia decorre da resposta que se dê à questão sobre o que torna possível a organização social das relações entre os homens, o que corresponde ao problema da delimitação do campo de investigação e explicação da Sociologia. Para responder a esta questão a tradição da teoria sociológica leva em consideração os trabalhos de três estudiosos: Émile Durkheim (1858-1917), Max Weber (1864-1920) e Karl Marx (1818-1883). Isto não quer dizer que existam três sociologias, porém que esta ciência compreende diferentes interpretações teóricas em relação ao fenômeno estudado. Émile Durkheim Principais Obras 1893 – De la division du travail social 1895 – Les régles de la méthode sociologique 1897 – Le Suicide 1912 – Les formes élementaires de la vie religiuse A Sociologia como ciência O que une as ciências humanas é exatamente seu objeto de estudo comum que é o ser humano em suas diversas dimensões Comte = deve ser analisada à luz das leis e métodos naturais. Assim como existe uma física da natureza deve haver uma física social que explique o comportamento dos indivíduos na sociedade = Sociologia Durkheim = a sociedade deve ser estudada a partir dos fatos sociais como eles se apresentam na prática o que também possibilita a utilização dos métodos das ciência naturais para a análise dos fenômenos sociais.
  • 2. O que marca a contribuição de Durkheim à sociologia é o reconhecimento de que os sistemas de símbolos culturais – ou seja, valores, crenças, dogmas religiosos, ideologias, etc. – são uma base importante para a integração da sociedade. À medida que as sociedades se tornam complexas e heterogêneas, a natureza de símbolos culturais (consciência coletiva) muda. De acordo com a sua concepção: “A sociedade não é uma simples soma de indivíduos, e sim sistema formado pela associação, que representa uma realidade especifica com seus caracteres próprios. Sem dúvida, nada se pode produzir de coletivo se consciências particulares não existirem; mas esta condição necessária não é suficiente. É preciso ainda que as consciências estejam associadas, combinadas; e é desta combinação que resulta a vida social e, por conseguinte, é esta combinação que a explica. Agregando-se, penetrando-se, fundindo-se, as almas individuais dão nascimento a um ser, psíquico se quisermos, mas que constitui individualidade psíquica de novo gênero.” Esta “individualidade psíquica”, resultante da combinação das consciências individuais, corresponde, no pensamento de Durkheim, à “consciência coletiva”, diferente das consciências individuais. A organização social, pois, para ele, somente é possível graças a esta consciência. Na tentativa de delimitar o campo de estudo especifico da Sociologia Durkheim determina que: a sociedade deve ser estudada a partir dos fatos sociais como eles se apresentam na prática o que também possibilita a utilização dos métodos das ciências naturais para a análise dos fenômenos sociais. Assim, a Sociologia obviamente, não se ocupa de todos os fenômenos verificáveis na sociedade, mas, apenas, daqueles que apresentam as características que determinam o seu caráter especifico, neste caso: É fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, susceptível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais. O fato social é tudo o que se produz na e pela sociedade, ou ainda, aquilo que interessa e afeta o grupo de alguma forma. Dando relevo à objetividade dos fatos sociais, ele estabelece como um dos princípios metodológicos básicos da investigação sociológica considerá-los com coisas: “os fatos sociais são coisas”, isto é, uma realidade objetiva e passível de ser observada. Noções fundamentais para compreender o pensamento de Durkheim  Os fatos sociais devem ser tratados como coisas:  A análise dos fatos sociais exige reflexão prévia e fuga de idéias pré- concebidas;
  • 3.  O conjunto de crenças e sentimentos coletivos são a base da coesão da sociedade;  Destaca o estudo da moral dos indivíduos – O grupo (e a consciência do grupo) exerce pressão (coerção) sobre o indivíduo  A própria sociedade cria mecanismos de repressão interna, que fazem com que os indivíduos aceitem de uma forma ou de outra as regras estabelecidas (a explicação dos fatos sociais deve ser buscada na sociedade e não nos indivíduos – os estados psíquicos, na verdade são conseqüências e não causas dos fenômenos sociais).  Exterioridade – Generalidade – Coercitividade Karl Marx Principais Obras 1844 - Sobre a crítica da Filosofia do direito de Hegel 1844 - Manuscritos Econômico-Filosóficos 1847 - O Manifesto Comunista (obra comum de Marx e Engels) 1867 - Primeiro volume de sua obra mais importante: O Capital 1885 e 1894 - Os volumes II e III de O Capital foram editados por Engels Para ele, a organização de uma sociedade num momento histórico específico é determinada pelas relações de produção, ou a natureza da produção e a organização do trabalho. Assim, a organização da economia é o material-base, ou em seus termos, a infra-estrutura, que descreve e dirige a superestrutura, que consiste de cultura, política e outros aspectos da sociedade. O funcionamento da sociedade humana deve ser entendido por sua base econômica. Enfim, as normas, os valores, os sentimentos, os modos de pensar e de agir em sociedade são um reflexo das relações entre os homens para conseguir os meios necessários à sobrevivência. Marx tem como base da contradição nas sociedades humanas as relações entre aqueles que controlam os meios de produção e aqueles que não. Argumentando dessa forma, ele se torna a inspiração para a linha de estudo da sociologia conhecida como “teoria do
  • 4. conflito” ou a “sociologia do conflito”. Desse ponto de vista, todas as estruturas da organização social revelam desigualdades que levam ao conflito, em que aqueles que detêm ou controlam os meios de produção podem consolidar o poder e desenvolver ideologias para manter seus privilégios, enquanto aqueles sem os meios de produção eventualmente entram em conflito com os méis privilegiados. No mínimo, há sempre uma contradição ardente entre as relações de produção nos sistemas sociais, e essa “luta de classes”, ou seja, conforme a percepção de Marx quanto a essa questão, periodicamente explode esse conflito aberto e uma mudança social. A análise sociológica deve, portanto, concentrar-se nas estruturas de desigualdade e nas combinações entre aqueles com poder, privilégio e bem-estar material, por um lado, e os menos poderosos, privilegiados e materialmente abastados, por outro. Para Marx e as gerações subseqüentes de estudiosos do conflito, “a ação está” dentro da organização social humana. Luta de Classes • Pretendendo caracterizar não apenas uma visão econômica da história, mas também uma visão histórica da economia, a teoria marxista também procura explicar a evolução das relações econômicas nas sociedades humanas ao longo do processo histórico. Haveria, segundo a concepção marxista, uma permanente dialética das forças entre poderosos e fracos, opressores e oprimidos, a história da humanidade seria constituída por uma permanente luta de classes, como deixa bem claro a primeira frase do primeiro capítulo d’O Manifesto Comunista: A história de toda sociedade passado é a história da luta de classes. Materialismo Dialético • Marx apresentava uma filosofia revolucionária que procurava demonstrar as contradições internas da sociedade de classes e as exigências de superação. • O materialismo dialético é uma constante no pensamento do marxismo- leninismo Materialismo Histórico • Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a infra-estrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as idéias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc).
  • 5. Capitalismo ⇒ Socialismo Socialismo ⇒ Estado ⇒ Comunismo Dialética • Tese = Sistema • Antítese = Crise • Síntese = Resposta
  • 6. Alienação do Trabalho A Revolução Industrial foi responsável por um processo denominado alienação do trabalho, pois com a utilização das linhas de montagem, o operário perde a noção de todo, ou seja, do produto final; deixando este sem o domínio de todas as etapas de produção, e obrigando-o a vender a sua mão-de-obra como forma de sobrevivência. O capitalismo tornou o trabalhador alienado, isto é, separou-o de seus meios de produção (suas terras, ferramentas, máquinas, etc). Estes passaram a pertencer à classe dominante, a burguesia. Desse modo, para poder sobreviver, o trabalhador é obrigado a alugar sua força de trabalho à classe burguesa, recebendo um salário por esse aluguel. Como há mais pessoas que empregos, ocasionando excesso de procura, o proletário tem de aceitar, pela sua força de trabalho, um valor estabelecido pelo seu patrão. Caso negue, achando que é pouco, uma exploração, o patrão estala os dedos e milhares de outros aparecem em busca do emprego. Portanto é aceitar ou morrer de fome. Com a alienação nega-se ao trabalhador o poder de discutir as políticas trabalhistas, além de serem excluídos das decisões gerenciais. Mais Valia Suponha que o operário leve 2h para fabricar um par de sapatos. Nesse período produz o suficiente para pagar o seu trabalho. Porém, ele permanece mais tempo na fábrica, produzindo mais de um par de sapatos e recebendo o equivalente à confecção de apenas um. Numa jornada de 8 horas, por exemplo, são produzidos 4 pares. O custo de cada par continua o mesmo, assim como o salário do proletário. Com isso ele trabalha 6h de graça, reduzindo o custo e aumentando o lucro do patrão. Esse valor a mais é apropriado pelo capitalista e constitui o que Marx chama de Mais-Valia Absoluta. Além de o operário permanecer mais tempo na fábrica o patrão pode aumentar a produtividade com a aplicação de tecnologia. Com isso o operário produz mais, porém seu salário não aumenta. Surge a Mais-Valia Relativa. Uma outra importante faceta do trabalho de Marx é defesa da função militante do sociólogo. O objetivo da análise é expor a desigualdade e a exploração em situações sociais e, assim fazendo, desempenhar papel militante para superar essas condições. Com
  • 7. esse estudo ele propõe a superação do modo de produção capitalista e uma nova forma de produção com base no coletivismo. Esse programa permanece ainda como fonte de inspiração para muitos sociólogos que participam como militantes no mundo social. Max Weber Principais Obras 1889 – Tese sobre as companhias de comércio medievais 1891 – Professor universitário – Tese sobre a história agrária e jurídica de Roma 1894 – Professor de Economia Política em Freiberg 1897 – Professor de Economia em Heidelberg (colapso nervoso) 1899/1904 – Viagens Europa e América do Norte 1903 – Honorarprofessor (regime de semi-aposentadoria) 1904/1905 – Publica “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” 1918 – Professor de Socióloga em Viena 1919 – Professor de Sociologia em Munique 1920 – morre aos 56 anos As implicações do conceito de ação social, formulado por Weber em Economia e Sociedade, conduzem inevitavelmente à conclusão de que as características da ação social por ele enunciadas são o fundamento da organização das relações sociais. A ação social ... “é uma ação cujo significado subjetivamente atribuido pelo sujeito ou sujeitos tem como referencia a conduta dos outros, orientando-se por esta em seu desenvolvimento”. Só há, desse modo, a ação social quando ela possui um significado atribuído pelos indivíduos e é orientada pelas ações alheias. Por isso, nem toda ação humana é necessariamente social, embora a grande maioria o seja. AÇÃO SOCIAL • Forma de conduta que leva os indivíduos a orientar suas ações de acordo e/ou em razão dos outros • É um comportamento humano, ou seja, uma atitude interior ou exterior voltada para aça ou abstenção. Esse comportamento só é ação social quando o ator
  • 8. atribui a sua conduta um significado ou sentido próprio, e esse sentido se relaciona com o comportamento de outras pessoas. • Para Weber a Sociologia é uma ciência que procura compreender a ação social. Por isso, considerava o indivíduo e suas ações como ponto chave da investigação o que, para ele, era o ponto de partida para a Sociologia: a compreensão e a percepção do sentido que o ator atribui à sua conduta. Formas características de ação social Ação em relação a fins – É praticada quando alguém age com o propósito de observar uma expectativa futura ao interagir com outro(s). É uma ação concreta que tem um fim específico. Ex.: o engenheiro que constrói uma ponte Ação em relação a valores – É aquela definida pela crença consciente no valor – interpretável como ético, estético, religioso ou qualquer outra forma – absoluto de determinada conduta. O ator age racionalmente aceitando todos os riscos, não para obter um resultado exterior, mas para permanecer fiel a sua honra, qual seja, à sua crença consciente no valor. Esse tipo de ação preocupa-se essencialmente com os meios empregados, não importando, muitas vezes, o próprio fim originaria da ação. Ex.: um capitão que afunda com seu navio Ação Afetiva – É praticada, principalmente, quando alguém direciona suas ações em relação ao próximo, sendo que essas ações são motivadas pelas tensões emocionais subjetivas, tais como vingança, amor, desprezo, gratidão, etc. Neste tipo de ação, tanto os meios como os fins são relevantes para quem a pratica. Ex. São infinitos. Afinal, quem nunca agiu motivado por algum sentimento de amor ou ódio em relação ao próximo? Ação Tradicional – É aquela ditada pelos hábitos, costumes, crenças transformadas numa segunda natureza, para agir conforme a tradição o ator não precisa conceber um objetivo, um valor, nem ser impelido por uma emoção, obedece a reflexos adquiridos pela prática. Ex. Os serviços domésticos, os deveres rotineiros, etc. Enfim, embora Max Weber considere que a “Sociologia de modo algum tem a ver apenas com a ação social”, é evidente o peso dessa noção na delimitação do campo de estudo da Sociologia. Para ele, a Sociologia é: “uma ciência que pretende compreender, interpretando-a, a ação social, para, desse modo, chegar à explicação causal do seu desenvolvimento e dos seus efeitos”. TIPO IDEAL • Weber também se preocupou muito com a criação de certos instrumentos metodológicos que possibilitassem ao cientista uma investigação dos fenômenos particulares sem que ele se perca na infinidade disforme de seus aspectos concretos, sendo que o principal instrumento é o tipo ideal, o qual cumpriria
  • 9. duas funções principais: primeiro a de selecionar explicitamente a dimensão do objeto que virá a ser analisado e, posteriormente, apresentar essa dimensão de uma maneira pura, sem suas sutilezas concretas. • Os tipos ideais correspondem a um processo de conceituação que abstrai o que existe de particular dos fenômenos concretos. Essa característica opõe a conceituação típico ideal à conceituação generalizadora. Conceituação típico-ideal: 1. meio de conhecimento científico 2. utopia 3. exageração 4. significação 5. unilateralidade Exemplo: “pânico na bolsa” – permite compreender o curso real da ação, classificar e compreender o peso dos elementos não-econômicos. • Aplica à Economia e Sociedade, conceitos como os de lei, democracia, burocracia, capitalismo, feudalismo e sociedade. PODER E BUROCRACIA “O poder significa toda oportunidade de fazer triunfar no seio de uma relação social a própria vontade, mesmo contra resistências, pouco importando aquilo que a fundamenta”. Tipos de Poder (Legitimidade) Tradicional – baseia-se na crença do caráter sagrado das tradições, sendo legítimo o poder e os que a ele são convocados em razão do costume. Carismático – baseia-se no valor pessoal do indivíduo que se distingue por virtudes pessoais (heroísmo, santidade...) Burocrático ou Legal – possui caráter racional e impessoal, baseando-se na validade das normas estabelecidas racionalmente, sendo legítimo o poder e os que a ele são convocados nos termos da lei. Características da burocracia/Vantagens • Legal • Formal • Racional e divisão do trabalho
  • 10. Impessoalidade nas relações • Rotinas e procedimentos padronizados • Competência técnica • Profissionalização da administração e dos participantes Previsibilidade do funcionamento Univocidade de interpretação Padronização Redução de conflitos Subordinação natural Confiabilidade nas regras Hierarquia formalizada Precisão Referências Bibliográficas BOTTOMORE,T.&OUTHWAITE,W.Dicionário do Pensamento Social do Séc.XX. Rio de Janeiro Jorge Zahar, 1996. GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6 ed.-Porto Alegre:Artmed, 2005. TURNER H., Jonathan. Sociologia- conceitos e aplicações/ tradução Márcia Marques Gomes Navas; revisão técnica João Clemente de Souza Neto- São Paulo: Pearson Education do Brasil,2000. VILA NOVA, Sebastião. Introdução à Sociologia. 6ª edição São Paulo: Editora Altas, 2004.