1) O documento discute as três percepções sobre um profissional: como ele se vê, como os outros o vêem, e como ele quer ser visto.
2) Construir uma reputação requer que a percepção pessoal esteja alinhada com os resultados obtidos, de modo a ser visto como deseja.
3) A reputação é construída organicamente ao longo do tempo através do reconhecimento das habilidades, e não induzida como marketing.
1. Como me vejo, como você me vê e como quero ser visto, ou ...
A construção da liderança
A construção da reputação é tarefa
árdua e que demanda tempo. É
constituída de modo orgânico, em que o
reconhecimento das habilidades e
expertises ocorre de modo
espontâneo.
Ovídio Mendes - CEO da metodologia.inf.br,
Advogado e Professor Universitário
No contexto da carreira profissional, existem três percepções distintas sobre
uma pessoa: a maneira como ela percebe a si mesma, a maneira como os outros
a percebem e a maneira como deseja ser percebida.
A maneira como a pessoa percebe a si mesma insere-se no contexto das crenças
à respeito das habilidades e expertise que ela acredita possuir. Por serem de
natureza eminentemente pessoal, essas crenças relacionam-se aos direitos
subjetivos e devem ser obrigatoriamente respeitadas, desfrutando de proteção
2. constitucional (Art. 5°, inciso VI, da Constituição Federal ora vigente no Brasil).
A maneira como os outros percebem um profissional está associado às suas
condutas e correspondentes resultados observáveis, que fornecem os elementos
para julgamentos valorativos à seu respeito. Adequação aos padrões
corporativamente estabelecidos e aceitos como necessários à conduta
profissional, ações que evidenciem domínio da função e atendimento às
expectativas gerais sobre os resultados produzidos compõem os elementos que
permitem julgamentos valorativos. Colocado em outros termos: a percepção
sobre um profissional é diretamente proporcional às expectativas existentes com
respeito à sua performance e quanto dessas expectativas são atendidas.
O terceiro tópico diz respeito à incongruência entre percepção pessoal e
percepção externa e se relaciona à forma como o profissional deseja ser
percebido. Essa incongruência é possível pela análise crítica sobre os resultados
do desempenho pessoal esperados e os objetivamente obtidos. Quanto maior
essa distância, mais agudo o sentimento de inadequação entre a autopercepção
e a percepção externa.
Para que a percepção subjetiva e a percepção objetiva sobre as competências
profissionais sejam congruentes urge construir uma reputação pessoal.
Uma reputação pessoal pode ser induzida ou construída. A indução à reputação
assemelha-se à uma operação de marketing deliberadamente planejada e que
pode ou não guardar relação com fatos concretos. É repetidamente empregada
no contexto político para persuasão do eleitor sobre determinadas habilidades
do candidato e, muitas vezes, percebe-se posteriormente que a propalada
expertise é ... engodo.
A construção da reputação é tarefa árdua e que demanda tempo. É constituída
de modo orgânico, em que o reconhecimento das habilidades e expertises ocorre
de modo espontâneo.
3. Num estágio inicial, o profissional precisa compatibilizar suas crenças com provas
empíricas. Não basta acreditar que possui determinada habilidade; é necessário
utilizar essa habilidade para extrair resultados que mantenham ou incrementem
o bem estar próprio e do circulo de relacionamentos mais próximo (se a pessoa
prioriza apenas seu bem estar, então a forma como terceiros a veem perde
significado). Superado esse estágio, e com o aprendizado extraído dos acertos e
enganos, adentra-se a disponibilização dessas habilidades para a geração de
bem estar ao número mais amplo possível de pessoas. É neste estágio que
expectativas são geradas e resultados úteis construídos e o profissional adquire
o status de "excelente".
O êxito na forma como a pessoa deseja ser visto pelos pares indica que é uma
pessoa autêntica, pois existe uniformidade entre concepções de mundo,
comportamentos e ações. Filosoficamente, tal tema foi inicialmente abordado em
1797 pelo alemão Immanuel Kant e recebeu a denominação de Imperativo
Categórico. Apesar da época do surgimento, tal concepção ainda integra o
pensamento ocidental e, contemporaneamente, é a característica distintiva entre
os bons e os excelentes profissionais.
Mas Kant não foi apenas o formulador do Imperativo Categórico. Também
formulou o Imperativo Hipotético que não apresenta o mesmo destaque do
anterior e deve-se, pensamos nós, à natural acomodação do intelecto humano
com o alcance de padrões de excelência julgados adequados.
O Imperativo Hipotético dirigi-se a um fim condicional: Se ... então .... Situa-se em
patamar diferente do Imperativo Categórico, pertencente ao universo ético, e
atinge o universo empírico. Assim, se desejo ser reconhecido pela realização de
meu pleno potencial técnico e gerencial então devo disponibilizar esse potencial
para a construção de um mundo onde as pessoas se sintam mais confortáveis.
Contemporaneamente, é a característica distintiva entre os excelentes
profissionais e os ... líderes.