O documento discute o impacto da digitalização na produção do conhecimento nas humanidades e a emergência das humanidades digitais. Apresenta como as ferramentas digitais transformaram a pesquisa, organização e disseminação da informação nas ciências humanas. Também destaca iniciativas do IBICT para promover as humanidades digitais no Brasil, como cursos, ferramentas e repositórios de dados abertos.
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Aula/curso realizada na disciplina de Humanidades Digitais e Ciência da Informação no PGCIn da UFSC
1. "Humanidades Digitais e Ciência da Informação"
Ricardo Medeiros Pimenta (IBICT)
Pesquisador 2 do CNPq
Jovem Cientista do Nosso Estado FAPERJ
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia - IBICT
2. O impacto do digital na sociedade da
informação do séc. XXI
• consumo e reprodução de
informações digitais ganha o
dia-a-dia (NEGROPONTE,
1995);
• conteúdos informacionais
produzidos e circulantes nos
espaço web informacionais
(PIMENTA, 2016);
• Praxiologia social da
tecnologia (STERNE, 2003);
• Cultura do acesso aberto
(BORGMAN, 2009);
• Competência em informação;
• Novos paradigmas e práticas
nos meios comunicacionais
disseminadores de informação
em consonância ao
surgimento da internet e
recursos digitais + novos
limites devido à extensão e
volume de informação (VAZ,
2004);
• Maëlstrom de Edgar Allan Poe
(1841)
3. Mobilidade & Aceleração
Hartmut Rosa aponta que a
“contradição do presente”
se faz notável por meio do
círculo aceleratório entre
categorias como:
• Técnica
• Mudanças sociais
• Ritmo da vida
Informação,Tecnologia e
Conhecimento parecem
ter fundamental
responsabilidade no
aceleração deste mesmo
“círculo”.
4. 3.959.874 de domínios registrados até o momento
Print retirado em 24 jul. 2018 às 15:28
Fonte: Registro.br Disponível em: https://registro.br/estatisticas.html
5. Cultura da velocidade
Hartmut Rosa aponta que a
“contradição do presente”
se faz notável por meio do
círculo aceleratório entre
categorias como:
• Técnica
• Mudanças sociais
• Ritmo da vida
Informação,Tecnologia e
Conhecimento parecem
ter fundamental
responsabilidade no
aceleração deste mesmo
“círculo”.
8. Competência em informação
Atualmente em 4º lugar no ranking mundial de usuários de internet, enquanto desigualdades
permanecem, falta ao Brasil o desenvolvimento de uma perspectiva crítica quanto ao digital;
O ensino e a pesquisa compõem por si só quadros de discrepância quando comparadas áreas do
conhecimento distintas;
Do ponto de vista das Humanidades, há grande demanda por desenvolvimento de competências e
necessidade de revisão de grades curriculares que acompanhem esse fenômeno de “transformação
digital” no campo científico.
9. Sobre disciplinas e suas
fronteiras
“o todo não é a soma das partes”
“[...] o problema da especialização encontra
os seus limites justamente aqui, no
momento em que a ciência toma
consciência que o todo não é a soma das
partes”.
(POMBO, 2005, p.10)
Limites
11. Humanities Computing:
você conhece?
• Anos 50 a anos 90;
• Index Thomisticus
[Roberto Busa]: 1ª
experiência de aplicação
da computação (cartões
perfurados) à
documentação e à
linguística;
• Indexação e
Lematização (isto é,
identificação de raiz
das palavras na
obra de Thomas de
Aquino).
• Text Enconding Initiative
<TEI>;
• Digitalização dos
documentos
• OCR e processos de
preservação digital
Aristophanes: The Frogs (405 BC). Characters/speakers per segment, in order of appearance
Extracted by Frank Fischer, May 2018
Disponível em: https://ezlinavis.dracor.org/
Conhecimento & Meta-informação
12. Digitalização e/ou digitização dos processos de investigação no extenso
campo das humanidades acabam por oferecer uma rica fonte de inspiração e
reflexão para toda a comunidade acadêmica.
Humanidades
Digitais
TIC Humanas
Humanidades digitais é uma comunidade de práticas (ALVES, 2016) que se
apresenta na interseção, na fusão de perspectivas analíticas tradicionalmente
erigidas nos campos disciplinares das humanidades e de novas possibilidades
metodológicas e reflexivas advindas das possibilidades mediadas pelo digital
13.
14.
15. Ferramentas e métodos computacionais levados à pesquisa em
Humanidades
Muitos dos arquivos on-line,
recursos educacionais abertos,
plataformas de leitura digital,
iniciativas de educação on-line e
visualizações de dados podem ser
classificados como tal;
Curadoria, organização do
conhecimento, classificação,
recuperação da informação ocupam
o topo da agenda para se evitar que:
Volume = Distopia
Transformação digital?
Alcançada quando o
desenvolvimento de formas de usos
digitais, permitem inovação e
criatividade, estimulando mudanças
significativas dentro do domínio
profissional ou do conhecimento.
(LANKSHEAR; KNOBEL, 2008, p. 173).
16. Algumas referencias
• HOCKEY, Susan (2004) The History of
Humanities Computing, in A Companion
to Digital Humanities (eds S. Schreibman,
R. Siemens and J. Unsworth), Blackwell
Publishing Ltd, Malden, MA, USA. doi:
10.1002/9780470999875.ch1 Disponível
em: http://www.digitalhumanities.org/co
mpanion/view?docId=blackwell/9781405
103213/9781405103213.xml&chunk.id=s
s1-2-1. Acesso em 22 fev. 2018.
• SVENSSON, Patrik (2009). Humanities
Computing as Digital Humanities. Digital
Humanities Quarterly, 3 (3), Disponível
em: http://digitalhumanities.org/dhq/vol
/3/3/000065/000065.html.
• FITZPATRICK, Kathleen. (2012). The
humanities, done digitally. In M. K. Gold
(Ed.), Debates in the digital humanities
(pp. 12–15). Minneapolis, MN: University
of Minnesota Press. Disponível
em: http://dhdebates.gc.cuny.edu/debat
es/text/30
• ANTONIJEVIC, Smiljana. Among digital
humanists: an ethnographic study of
digital knowledge production.
Hampshire, UK; New York, USA: Palgrave
Macmillan, 2015. pp. 11-36.
17.
18.
19. Grupos de pesquisa dedicados
integralmente às Humanidades Digitais
Fonte: Diretório de grupos do CNPq.
20. Grupos de pesquisa com linhas de
pesquisa em Humanidades Digitais
Fonte: Diretório de grupos do CNPq.
21. Grupos de pesquisa com linhas de
pesquisa em Humanidades Digitais
Fonte: Diretório de grupos do CNPq.
22. Mapeamento do
corpus temático
Fonte: Diretorio de grupos do CNPq.
Corpus textual tratado com software Iramuteq
Digital > informação #
humanidade # conteúdo #
ferramenta # metodologia #
método
Informação > organização #
memória # análise #
representação
Estudo > pesquisa # grupo #
tecnologia #
Pesquisa > social #
conhecimento #
epistemológico # empírico
23. Outras possibilidades
Sistemas abertos de publicação propiciam que professores e suas
respectivas redes de colaboração participem de novos fluxos de
trabalho e de produção;
Mover as práticas de ensino das humanidades, não restringindo-as às
salas de aula tradicionais, mas produzindo formas de redes
participativas pode incrementar o engajamento dos alunos e amplia o
acesso e produção de informação de forma multimodal.
A produção de recursos auxiliares, calcados na tecnologia digital,
direcionados às humanidades não apenas auxilia o intercruzamento de
informações de diversos formatos e sistemas como eles próprios
podem representar uma nova forma de “escrita”
24. Iniciativas no IBICT
• Curso básico de Python
para pesquisadores em
ciências humanas,
sociais e sociais
aplicadas (edição 1 e 2);
• Introdução ao Zotero:
ferramenta de gestão de
referências
bibliográficas;
• Desenvolvimento de
ferramenta digital para
mapeamento de
produção científica
através de scrapping do
Google Scholar;
• Criação de repositório
de dados abertos
dedicado às ciências
humanas.
Laboratório em Rede de Humanidades Digitais - Larhud
25. Diagnóstico prévio
O cenário das HD no Brasil aponta para um desenvolvimento de recursos tecnológicos
que ora propiciam fundamento metodológico para o desenvolvimento de pesquisas
diversas nas humanidades, ora são eles próprios parte do resultado de pesquisas onde
o desenvolvimento desses recursos propicia a publicização do conhecimento e a
circulação da informação no âmbito científico rumo a uma política e cultura de acesso
aberto;
Artefatos tecno-digitais acompanhados de suas respectivas linguagens e gramáticas
imagéticas têm redesenhado o cenário de produção do conhecimento e de
comunicação e popularização da ciência. O advento das Humanidades Digitais no
cenário brasileiro não escapa da condição comum de busca por prestígio e recursos
por meio da inserção da computação e de ferramentas egressas dos meios pelos quais
se busca dominar mais e mais o Big Data valorizando a inflexão multidisciplinar. Isso,
contudo, não significa que estamos a percorrer esse caminho virtuosamente.
26. Referencias:
ALVES, Daniel. As Humanidades Digitais como uma comunidade de práticas dentro do formalismo académico: dos
exemplos internacionais ao caso português. Ler História [Online], 69, 2016. Disponível em:
http://journals.openedition.org/lerhistoria/2496. Acesso em: 01 Fev. 2018.
ANTONIJEVIC, Smiljana. Among digital humanists: an ethnographic study of digital knowledge production. Hampshire,
UK; New York, USA: Palgrave Macmillan, 2015. pp. 11-36.
AUGUST 12TH et al. The radical potential of the Digital Humanities: The most challenging computing problem is the
interrogation of powerImpact of Social Sciences, 12 ago. 2015. Disponível em:
<http://blogs.lse.ac.uk/impactofsocialsciences/2015/08/12/the-radical-unrealized-potential-of-digital-humanities/>.
Acesso em: 24 jul. 2018
Brasil é o quarto país com mais usuários de Internet do mundo, diz relatório da ONU. ONU Brasil, 3 out. 2017.
Disponível em: <https://nacoesunidas.org/brasil-e-o-quarto-pais-com-mais-usuarios-de-internet-do-mundo-diz-
relatorio-da-onu/>. Acesso em: 24 jul. 2018
Cetic - Portal de Dados. Disponível em: <http://www.cetic.br/portaldedados/>. Acesso em: 24 jul. 2018.
FITZPATRICK, Kathleen. (2012). The humanities, done digitally. In M. K. Gold (Ed.), Debates in the digital humanities (pp.
12–15). Minneapolis, MN: University of Minnesota Press. Disponível
em: http://dhdebates.gc.cuny.edu/debates/text/30
HOCKEY, Susan (2004) The History of Humanities Computing, in A Companion to Digital Humanities (eds S. Schreibman,
R. Siemens and J. Unsworth), Blackwell Publishing Ltd, Malden, MA, USA. doi: 10.1002/9780470999875.ch1 Disponível
em: http://www.digitalhumanities.org/companion/view?docId=blackwell/9781405103213/9781405103213.xml&chunk
.id=ss1-2-1. Acesso em 22 fev. 2018.
LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. (EDS.). Digital literacies: concepts, policies and practices. New York: Peter Lang, 2008.
Registro.br. Disponível em: <https://registro.br/estatisticas.html>. Acesso em: 24 jul. 2018.
ROSA, H. Accélération: une critique sociale du temps. [Trad. Didier Renault] Paris: La Découverte, 2014.
SVENSSON, Patrik (2009). Humanities Computing as Digital Humanities. Digital Humanities Quarterly, 3 (3), Disponível
em: http://digitalhumanities.org/dhq/vol/3/3/000065/000065.html.
Em um cenário atual no qual as ciências humanas tem sido sistematicamente atacadas por porta-vozes do mercado educacional e por ideologias do que Gramsci apontaria como pequenas políticas,
Em um contexto sociocultural onde o crescimento exponencial dos recursos digitais na doxa do homem cotidiando convida-o para a supervalorização de determinados campos do saber mais tradicionalmente associados à tecnologia,
É importante frisar que as humanidades não devem ser identificadas como “antagonistas” dos processos de digitalização e de digitização do nosso mundo da vida
Historicamente sem recursos, ou com menos recursos, as humanidades vem pouco a pouco sendo “moldadas” ou re”enquadradas” em perspectivas a novos problemas complexos e a velhos cuja mediação tecnológica, digital oferta novos obstáculos e igualmente oportunidades.
Estas são algumas das questões com as quais, e por meio das quais, buscarei fazer minha apresentação
Todos aqui (com exceção daqueles que por ventura sejam cerca de 15 ou 20 anos mais novos que eu) testemunhamos o processo de conversão da informação analógica em digital
E seu inerente processo acelerativo.
A digitalização de documentos de todas as ordens e de estruturas de informação, assim como a sequente digitização dos processos que compõem grande parte da vida social nos convidou também a lidar/enfrentar nos últimos anos o que convencionamos chamar de explosão informacional e/ou dilúvio de dados.
O excesso e sua potência aqueceu o mercado da mesma forma que ele nada mais se tornou seu espelho: recursos de armazenamento de dados e informações levaram-nos a uma escalada tecnológica onde a possibilidade de tudo guardar/gerir nem mesmo foi possível na ficção como o conto de Luis Borges (Funes o Memorioso).
Acumulamos, mas não preservamos.
Isso deixou há tempos de ser um problema técnico. É político, cultural, social e econômico. É antropológico.
Everyone here (with the exception of those who may be about 15 or 20 years younger than me) witnessed the process of converting analogue information into digital
And its inherent accelerating process.
The digitization of documents of all orders and information structures, as well as the subsequent digitization of the processes that make up a large part of our social life, has also invited us to deal with what we call the informational explosion and / or data deluge.
The excess and its power warmed the market in the same way that it no longer became its mirror: data storage and information resources led us to a technological escalation where the possibility of all save / manage was not even possible in fiction as the tale of Luis Borges (Funes or Memorioso).
We accumulate, but we do not preserve.
This has long been a technical problem. It is political, cultural, social and economic. It is anthropological.
Às humanidades resta a responsabilidade de lidar esses novos cenários.
Privacidade na era digital;
Os regimes de saber e poder que remodelam os discursos mediados pelo digital
A questão da verdade, da ética e da alteridade
Memória, esquecimento frente as práxis de recuperação e apagamento da informação
Arte, subjetividade e pensamento crítico
Mas como?
Questionando a “propaganda” da desintermediação” – Buscando desenvolver competências assim como a hermenêutica da própria formação humanística – Decidindo construir uma linha de fuga entre o horror e o deslumbramento
Há uma escalada cada vez maior dos aparelhos moveis (notebook, mobile etc) em detrimento dos computadores desktop
Estamos em um processo de aceleração sociotécnica
Este processo nos coloca um problema essencialmente humanístico. A contradição do presente de Hartmut Rosa
Onde a primeira contradição que coloco aqui hoje é a exigência de produção científico-tecnológica em uma país cujo investimento em C&T DECAIU de forma absurda em prol de soluções políticas de curto prazo sem compromisso com o crescimento de nosso capital ciéntífico.
Há um processo de digitização em curso uma vez que nossos canais de comunicação e informação tomam mais e mais como prioridade sua existência e dinâmica na internet.
No Brasil há um claro crescimento de domínios onde fenômenos sociais são comumente produzidos, reproduzidos e ressignificados.
Mas o ensino e a pesquisa, principalmente das Humanidades, precisam acompanhar esse novo cenário.
Todos aqui (com exceção daqueles que por ventura sejam cerca de 15 ou 20 anos mais novos que eu) testemunhamos o processo de conversão da informação analógica em digital
E seu inerente processo acelerativo.
A digitalização de documentos de todas as ordens e de estruturas de informação, assim como a sequente digitização dos processos que compõem grande parte da vida social nos convidou também a lidar/enfrentar nos últimos anos o que convencionamos chamar de explosão informacional e/ou dilúvio de dados.
O excesso e sua potência aqueceu o mercado da mesma forma que ele nada mais se tornou seu espelho: recursos de armazenamento de dados e informações levaram-nos a uma escalada tecnológica onde a possibilidade de tudo guardar/gerir nem mesmo foi possível na ficção como o conto de Luis Borges (Funes o Memorioso).
Acumulamos, mas não preservamos.
Isso deixou há tempos de ser um problema técnico. É político, cultural, social e econômico. É antropológico.
Everyone here (with the exception of those who may be about 15 or 20 years younger than me) witnessed the process of converting analogue information into digital
And its inherent accelerating process.
The digitization of documents of all orders and information structures, as well as the subsequent digitization of the processes that make up a large part of our social life, has also invited us to deal with what we call the informational explosion and / or data deluge.
The excess and its power warmed the market in the same way that it no longer became its mirror: data storage and information resources led us to a technological escalation where the possibility of all save / manage was not even possible in fiction as the tale of Luis Borges (Funes or Memorioso).
We accumulate, but we do not preserve.
This has long been a technical problem. It is political, cultural, social and economic. It is anthropological.
Às humanidades resta a responsabilidade de lidar esses novos cenários.
Privacidade na era digital;
Os regimes de saber e poder que remodelam os discursos mediados pelo digital
A questão da verdade, da ética e da alteridade
Memória, esquecimento frente as práxis de recuperação e apagamento da informação
Arte, subjetividade e pensamento crítico
Mas como?
Questionando a “propaganda” da desintermediação” – Buscando desenvolver competências assim como a hermenêutica da própria formação humanística – Decidindo construir uma linha de fuga entre o horror e o deslumbramento
Não estamos distantes dos paradoxos que esse novo cenário produz.