1) O documento discute as ideias de Ernesto Che Guevara sobre como a juventude deve se organizar e caracterizar para lutar contra o capitalismo e emancipar a classe trabalhadora.
2) Che Guevara acreditava que os jovens devem agir como revolucionários, não apenas pensar como tal, e devem se organizar politicamente ao invés de serem apolíticos.
3) O documento lista 10 características que Che Guevara acreditava serem importantes para os jovens revolucionários, como ter um espírito
O pensamento de ernesto che guevara a cerca da organização da juventude trabalhadora
1. O pensamento de Ernesto Che Guevara a cerca da organização e do que deve caracterizar a
juventude trabalhadora
Por Pedro Ferreira Nunes
A imagem do comandante Ernesto Che Guevara
continua sendo um dos símbolos preferido da
juventude que se levanta na luta anticapitalista e pela
emancipação da classe trabalhadora. Mas, mais do
que sua imagem, seu exemplo. Seu pensamento nos
dá uma importante contribuição para organização da
juventude, sobretudo no sentido do que deve
caracterizar um jovem revolucionário.
No entanto o discurso apolítico e o apartidarismo
tem encontrado terreno fértil nessa conjuntura.
Sobretudo devido à degeneração das organizações
populares tradicionais, que estão burocratizadas e em
vez de potencializar acaba castrando o sonho dos
jovens. Que não tem espaço ou não se veem
representadas em tais organizações.
No entanto o discurso apolítico e apartidário, mais
dispersa do que organiza os jovens. A quem serve o apartidarismo? Che Guevara nos dá um
norte:
Para Che Guevara não basta apenas pensar como revolucionário tem que agir como um
revolucionário. Aquele que diz ser apenas um estudante, um arquiteto, um médico, um
engenheiro, um cientista de qualquer classe que trabalha com seus instrumentos apenas num
ramo especifico enquanto o povo morre de fome ou na luta do movimento popular por sua
libertação. Está a tomar partido pelo outro lado. Não é apolítico, ao contrário, esta a tomar
partido contra o povo.
Em uma conjuntura de intensificação da luta de classes, de espoliação do povo trabalhador, de
criminalização da luta do movimento popular. As ideias e o exemplo do Ernesto Che Guevara
esta mais vivo do que nunca. Que este exemplo, mas, sobretudo o seu pensamento possa
inspirar milhões de jovens que estão se organizando e resistindo aos ataques de patrões e
governos.
Eis alguns pontos fundamentais do pensamento do Comandante Ernesto Che Guevara a cerca
do que deve caracterizar um jovem revolucionário, comprometido com a luta anticapitalista e
pela emancipação da classe trabalhadora da cidade e do campo;
2. 1- Sem organização, as ideias, depois de um momento de impulso, vão perdendo eficácia,
vão caindo na rotina, vão caindo no conformismo e acabam simplesmente sendo uma
recordação;
2- Ao mesmo tempo em que esteja preparado para as ações coletivas é preciso atuar sempre
como indivíduos preocupados com seus próprios atos. Que seus atos não manchem seus
nomes e da organização a que pertence;
3- Ter uma grande sensibilidade frente às injustiças; Espirito inconformado cada vez que
algo está errado - seja feito por quem quer que seja. Perguntar o que não está entendido.
Discutir e questionar o que não está claro. Declarar guerra ao formalismo, a todo tipo
de formalismo;
4- Buscar ser o primeiro em tudo. Lutar para ser o primeiro. E sentir se mal quando ocupa
outro lugar. Dai lutar para melhorar. É claro que nem todos podem ser o primeiro,
porém ao menos para esta entre os primeiros, o grupo de vanguarda;
5- Ser um exemplo vivo, um espelho onde os outros companheiros se miram como
modelo. Sobretudo homens e mulheres de idade mais avançada que perderam certo
entusiasmo juvenil, que tenham perdido a fé na vida, mas que diante do estimulo do
exemplo reagem sempre bem;
6- Ter um grande espirito de sacrifício, não apenas durante as jornadas heroicas, mas sim
em todos os momentos. Sacrificar-se para ajudar o companheiro em pequenas tarefas.
Para que possam cumprir o seu trabalho, para que possam cumprir seu dever no
colégio, no estudo, para que possa melhorar de qualquer maneira. Está sempre atenta a
massa humana que o rodeia.
7- Ser tão humano que se cerca do melhor do humano. Purificar o melhor do humano
através do trabalho, do estudo, do exercício da solidariedade continua com o povo e
com todos os povos do mundo, sentir-se angustiado quando um homem é assassinado
em qualquer parte do mundo, como também sentir-se entusiasmado quando em
qualquer parte do mundo surgir uma nova bandeira pela liberdade do povo;
8- Não está limitado a fronteiras. Praticar o internacionalismo proletário, sentir como se
fosse parte de si.
9- Trabalhar todos os dias, trabalhar no sentido interno de aperfeiçoamento, do aumento
do conhecimento, do aumento da compreensão do mundo que nos rodeia. Inquirir,
averiguar e conhecer o porquê das coisas. Mirando sempre os grandes problemas da
humanidade como se fosse nossos próprios problemas;
10- Manter contato permanente com o povo, sobretudo nos momentos de fraqueza. Pois o
contato com os ideais e pureza do povo conseguirá forjar em nós novo fervor
revolucionário;
Uma das grandes preocupações do comandante Che Guevara era com a necessidade de
formação da juventude, pois segundo ele, a juventude era o motor propulsor do movimento
revolucionário. Nesse sentido uma das tarefas fundamentais das organizações juvenis era
3. superar o caráter mecanicista, isto é, não se tornar simplesmente uma correia de transmissão
das organizações tradicionais. Infelizmente quando olhamos para conjuntura atual essa tarefa
continua sendo fundamental – a maioria das organizações juvenis, sobretudo as ligadas aos
partidos políticos, repetem os mesmos erros organizativos destes e muitas vezes acabam
desempenhando apenas um papel de correia de transmissão, de carregar piano, não tendo
nenhuma autonomia.
Não é de se espantar do por que essas organizações encontrarem-se esvaziadas e a cada dia um
numero maior de jovens assume o discurso apartidário, rechaçando com veemência a política
partidária. Como reflexo disso, vemos um numero crescente de votos nulos e de abstenções
nas eleições.
No entanto não vemos o discurso apolítico e apartidário como saída. Em vez de lavar as mãos,
temos que dar a batalha pela reconstrução dessas organizações – conservando o que há de bom
e extirpando o que há de ruim. Nesse sentido a principal tarefa deve ser de desfazer-se das
velhas direções que na sua maioria encontram-se estagnadas e burocratizadas.
Porém é preciso ressaltar que o fato da juventude não se entusiasmar com a politica partidária,
não significa que a juventude esteja acomodada, ao contrario, o descontentamento dos jovens
com o sistema político, econômico e social é evidente. Como vimos na primavera árabe, no
movimento ocupe nos EUA, nas mobilizações na Europa, nas jornadas de junho de 2013 no
Brasil e outras tantas mobilizações que vem acontecendo de norte a sul do país. Provando o
que o comandante Che Guevara falara – a juventude é o motor propulsor do movimento
revolucionário. Mas para que desempenhe este papel é fundamental que se organize, se forme
e lute.
E se nos disserem que somos uns românticos, que somos uns idealistas inveterados, que
estamos pensando em coisas impossíveis, e que não se pode atingir da massa de um povo que
parece ser quase um arquétipo humano, nós temos que contestar uma e mil vezes que sim, que
sim se pode... Tem que ser assim, deve ser assim e assim é que será companheiros.
Ernesto Che Guevara
*Pedro Ferreira Nunes é Educador Popular e militante do Coletivo José Porfírio
Editora Literatura de Guerrilha