1. Tempo Esse Desconhecido
Tempo: Esse Desconhecido
O tempo como tratado e explicado na literatura parece misterioso. Em Geologia, seu estudo é
simples.
O tempo resume-se aos dois principais movimentos da Terra no espaço. O movimento mais longo
ou de maior duração é o ano, marcado pela translação. O mais curto ou de menor duração é o dia, marcado
pela rotação do planeta. O movimento marcado pela rotação é preciso. O marcado pela translação não é
preciso, mas o erro é de fácil correção.
Tempo é um conceito Geológico: corresponde à velocidade com a qual a Terra se move no espaço.
Como todas as unidades dos sistemas de pesos e medidas, o tempo só existe neste planeta, e mais
restritamente só interessa ao gênero humano. Tais sistemas foram inventados para facilitar as relações
comerciais entre os homens, como parte do avanço técnico alcançado à medida que o aperfeiçoamento da
sociedade o exigiu.
O tempo, por estar ligado diretamente aos movimentos da Terra, é sinônimo de movimento.
Tempo é então, uma proporcionalidade ou uma comparação que se faz entre o movimento das
coisas e dos objetos na Terra, e os movimentos da própria Terra.
Dito acima, o tempo padrão é configurado nos dois principais movimentos da Terra:
• O de rotação, que marca os intervalos menores de tempo (dias, horas, minutos e segundos) e
tem precisão segura para servir de unidade-padrão.
• O de translação, que mede os intervalos maiores (anos, décadas e séculos), que não tem preci-
são devido ao movimento de precessão e a forma elíptica da translação.
Unidade de Tempo: o Segundo
O aumento da velocidade das locomotivas a vapor nas estradas de ferro dos EUA provocou a
necessidade de organizar os horários dessa indústria de transportes. A idéia ocorreu a um professor em
Saratoga Springs, New York, chamado Charles F. Dowd9 (1825-1904).
Lá, em 1863, Dowd propôs a adoção de uma faixa da superfície dos EUA, onde a hora seria a
mesma para tudo e todos que estivessem dentro dela. Chamou-as de “zonas de tempo” e nisso foi apoiado
por um engenheiro canadense chamado Sir Sandford Fleming, que viu na idéia uma boa sugestão para
a sua organização comercial lá no Canadá. Em 1869, Dowd apresentou a idéia a um comitê de homens
de negócio em transporte de estradas de ferro, e em 1870 ele escreveu um artigo chamado “A System of
National Time for Railroads” onde propôs quatro zonas de tempo para os Estados Unidos, cada uma com
a largura de 15º de longitude, que foram chamadas, no seu livro, de primeira, segunda, terceira e quarta
zonas, com o meridiano de Washington servindo como meridiano central da primeira zona. Em 1872, ele
modificou a proposta inicial e colocou o meridiano central da primeira zona nos 75º W de Greenwich, e
os outros aos 90º, 105º e 120º.
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Assim, em 1883, as zonas de tempo foram adotadas tanto nos EUA como no Canadá, e em outu-
bro de 1884, em uma conferência internacional havida em Washington o sistema foi adotado no mundo
inteiro, elegendo-se o meridiano que passa no Observatório Real, em Greenwich, como o meridiano 0º, e
uma linha em zig-zag na longitude de 180º sobre o Oceano Pacífico como linha de mudança de data.
Daí em diante, o globo ficou dividido em vinte e quatro zonas de tempo, cada zona com 15º de
largura, que constituem os atuais fusos horários, ficando o globo dividido em 24hs. Os relógios passaram
a marcar 24hs, e cada hora foi dividida em 60 minutos e estes divididos em 60 segundos.
Um dia da Terra passou a ter vinte e quatro horas, ou 1440 minutos, ou ainda 86.400 segundos
marcados nos relógios.
Este é o ponto de conflito com a Geologia.
Neste caso, a medida do equador da Terra, divididos por 86.400 segundos dos relógios vale
463,82m no equador do planeta. Dessa forma a velocidade da Terra fica dependendo dos relógios, criando
problemas.
Esta unidade de tempo, medida nos relógios, gera confusão e teorias complicadas nas quais se misturam
tempo com relógios.
Geologicamente falando, o tempo básico é o número de segundos dos 360º existentes na circun-
ferência do equador, e desse modo, os números são diferentes do dos relógios. O segundo geológico vale
30,92m que se obtém dividindo a circunferência da Terra no equador (40.074.249m) por 1.296.000 se-
gundos daquele círculo. Dessa forma, a unidade do tempo geológico é o segundo do círculo representado
pelo equador da Terra, cujo centro é a projeção do eixo de rotação no plano do equador, correspondente
à abertura dos lados de um ângulo a uma distância de 6.378,188 Km, igual ao raio equatorial da Terra ao
nível do mar. Esta medida não é usada, mas só neste caso os relógios ficariam dependentes da velocidade
da Terra: 30,92 m/seg.
Tempo geológico não é marcado por relógios. Estes são aparelhos com o auxílio dos quais o ho-
mem tenta acompanhar o movimento de rotação da Terra, e de maneira geral são imprecisos por estarem
estáticos sobre áreas da litosfera, que estão em movimento tanto vertical, como horizontalmente. Sem que
esses movimentos sejam percebidos, diz-se que a Terra se atrasa ou se adianta se comparado aos relógios.
As justificativas apresentadas para explicar a suposta variação da velocidade da Terra são despropositadas.
Apela-se para a fricção das marés na superfície do planeta, um suposto movimento do núcleo da Terra no
seu interior, como se o núcleo fosse um elemento independente dentro do globo, e até fenômenos mete-
orológicos no exterior do globo (ventos, chuva, etc) fenômenos que contribuiriam para descompassar a
velocidade do planeta.
O movimento de rotação da Terra é uniforme para objetivos humanos. Se o movimento da Terra
é o padrão, nada pode ser mais preciso que o próprio padrão. Por isso, nada e nenhum relógio, mesmo os
atômicos (o de Césio, por exemplo) podem ser mais precisos do que a rotação da Terra. Os relógios, estes
sim, se atrasam ou se adiantam em relação a ela.
O tempo humano é registrado pelas coisas físicas do dia-a-dia: nascimento das pessoas, formatu-
ras, casamentos, morte ou eventos como eleições, inaugurações, descobrimentos, etc. O tempo geológico,
depois da solidificação da litosfera, está registrado nas rochas que a formam e continua registrando-se
atualmente, pela acumulação de detritos nas bacias marinhas. Dessa maneira dizemos que o tempo geo-
lógico inteiro está registrado na espessura das formações geológicas, podendo assim ser recuperado e/ou
estudado. Observar então, que a diferença entre tempo humano e tempo geológico, é apenas de escala. Na
escala humana podemos medir séculos, décadas, anos, dias, horas, minutos, segundos e frações de segun-
dos, conforme a necessidade de precisão. Na escala geológica essas medidas não tem cabimento.
Conceito fundamental: os relógios são uma função dos movimentos da Terra ou da velocidade
que ela tem no espaço. Nunca ao contrário!
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3. Tempo Esse Desconhecido
As maiores ou menores velocidades que conhecemos são medidas em relação à velocidade da
Terra, inclusive a velocidade da luz.
Geologicamente falando o tempo é contínuo, cíclico e absoluto e só existe no planeta Terra. As
velocidades dos objetos são variáveis relativas aos movimentos da Terra.
Diz-se que o tempo:
• É contínuo porque a Terra não pára nunca, e nunca parou desde os tempos mais remotos.
• É cíclico porque se faz ao redor de eixos fixos.
• É absoluto porque é o padrão ou a referência para todos os outros tempos.
Esta é uma declaração contrária ao que pensam os cientistas não-Geólogos que julgam tempo
como se este dependesse de relógios, ou que seja um “fluido” solto no espaço... Tempo é o resultado da
observação dos movimentos que o planeta faz no espaço. Tempo dos outros planetas e astros são relativos
ao tempo da Terra.
O tempo padrão ou geológico é representado:
• Pelos movimentos da Terra no espaço e
• Pelas formações geológicas que formam a litosfera terrestre.
Tempo e Idade
Por conceito, todos os objetos físicos da Terra estão em perpétuo movimento, porque a Terra está
em movimento. Nada está parado, e, por isso, todas as coisas ficam velhas ou aumentam de idade. A idade
então é relativa a determinados pontos convencionados entre os humanos. Desse modo, algumas coisas
são mais antigas ou mais jovens que outras. Observar a diferença geológica entre tempo e idade: enquanto
o tempo é cíclico, contínuo e absoluto, a idade é descontínua e relativa entre fatos ou a pontos conven-
cionais arbitrados.
Como todos os objetos ficam situados sobre o mesmo globo, as idades relativas entre eles per-
manecem para sempre. Alguma coisa que seja mais velha ou mais nova do que outra permanecerá nessa
situação para sempre até desaparecer (Princípio Fundamental da Estratigrafia). Nem pessoas, nem objetos
podem se tornar mais novas do que a si mesmos. Um acontecimento qualquer sobre o globo terrestre será
mais velho ou mais antigo do que os que lhe sucedem, e mais novo dos que o antecedem. A compreensão
desses conceitos determina que: não existe nem tempo negativo nem paradoxos! De fato, a Terra gira
sempre no mesmo sentido, de oeste para leste, para todas as coisas que existem sobre ela.
Tempo e velocidade tem o mesmo denominador comum chamado movimento. O espaço não. Ele
é independente, e é o lugar onde se fazem ou se realizam os movimentos. O tempo pode ser representado
por um espaço, e o espaço pode ser representado pelo tempo de qualquer coisa em movimento, porém são
entidades independentes e não se misturam. Na Terra, para que qualquer movimento aconteça se gasta
determinado tempo, que é comparado ao movimento da Terra como padrão. Por exemplo, a distância
ou o espaço entre duas cidades quaisquer é de 2.000km e um avião de carreira cobre-a em duas horas de
vôo à velocidade de 1.000 km/h. O espaço de 2.000 km é estático, e lê-se em um mapa em determinada
escala onde pode ser mostrado a qualquer pessoa. As duas horas indicam que: o avião para chegar à outra
cidade, a Terra girou 30 graus desde a saída do avião, até sua chegada, e este fato não pode ser mostrado
a outrem, porque não se pode ver a Terra girando. Usa-se uma das medidas dependendo da conveniência
do comunicador.
O mesmo se passa quando as medidas são muito grandes, havendo possibilidade de usar outra
escala para distâncias astronômicas, as quais não interessam para fins práticos dentro da Geologia. Por
exemplo, diz-se que a Terra está aproximadamente a oito minutos-luz do Sol ou a 150.000.000 km de
distância, admitindo a velocidade da luz em cerca de 300.000 km/s. Isto quer dizer que a Terra girou oito
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minutos de oeste para leste para um raio de luz saído do Sol chegar à Terra. A velocidade da Terra é uma
coisa, e o espaço (distância Sol Terra) é outra. Elas não se misturam.
Tempo Geológico
Na escala geológica deixa-se essa terminologia e passa-se a usar palavras adequadas para repre-
sentar maiores e/ou menores intervalos de tempo, que são chamados de períodos e eras, sem conotação
com número de anos.
Assim entendido, o tempo não pode ser contraído, dilatado ou encurvado, pois não se pode con-
trair, dilatar ou encurvar os movimentos de rotação e translação do globo terrestre. Dessa maneira, as
idéias sobre hiper-tempo, quinta dimensão e tempo pluridimensional da mecânica quântica, constituem
apenas violações da idéia do que é o tempo na Terra, violações estas que tornam difíceis a compreensão
dos fenômenos naturais. Para essa classe de idéias, os cientistas não-Geólogos têm de arranjar uma nova
palavra para funcionar com aquelas teorias.
Levando em consideração que só recentemente o Reino Unido aceitou o sistema métrico decimal,
que os calendários dependem de cada povo, de cada cultura e de todo o folclore religioso, natural que a
compreensão do conceito de tempo geológico ainda custe um pouco para ser admitido entre os cientistas,
daí porque as teorias complicadas que apareceram nos últimos anos sobre o tema. 10, 11 e 12
Há necessidade do conhecimento da evolução do globo terrestre para que tal conceito possa ser
compreendido em toda a sua simplicidade. A complicação existente sobre o tema é a evidência de que
existe erro cometido na base do raciocínio das teorias em voga, como resultado do artificialismo dos
conceitos. Na realidade, a confusão sobre o tema decorre apenas de ser um assunto puramente geológico,
estudado por religiosos e cientistas estranhos à área (Físicos, Matemáticos, Paleontólogos e Geocronólo-
gos), tentando soluções sem base estratigráfica.
Os sistemas de pesos e medidas conhecidos (MKS, CGS, SI.) têm seu valor-padrão aqui na Terra.
Se o padrão for o giro do globo, os relógios poderão ser acertados por ele e não ao contrário, como se pro-
cede atualmente. O giro do globo ao redor do seu eixo tem precisão rigorosa para o funcionamento do dia
a dia humano. Nunca poderemos construir um relógio mais preciso e perfeito que o movimento de rotação
do planeta. O grande mérito será o de facilitar todo o conhecimento da ciência e da previsão do futuro da
humanidade aqui na Terra.
O tempo geológico (tempo natural) é diferente do tempo humano por ter uma abrangência muito
maior em todos os sentidos: é o tempo registrado na própria estrutura da Terra e é representado pela espes-
sura das diversas formações geológicas que formam a litosfera.
Ele pode ser redimensionado, sem depender de determinações paleontológicas ou geocronológi-
cas, governado apenas pelos seus contatos na sucessão vertical, dentro da Segunda Lei da Sedimentação.
Realmente, a confusão sobre o tempo geológico baseado na existência ou não de fósseis ou em número de
anos, como faz a chamada geocronologia, denota apenas que é errado proceder dessa maneira, e por isso
os métodos devem ser abandonados.
Nem os fósseis, nem os minerais datam as rochas. Ao contrário: ambos são datados pelas rochas.
O tempo geológico é marcado pela sucessão vertical das rochas que formam a litosfera ou crosta
terrestre e não implica número de anos. A crosta é formada de onze camadas, correspondentes a períodos
de tempo e estão distribuídos em duas eras: antes e depois da fragmentação continental (Fig. 1.1).
Antes da fragmentação, ao tempo do continente original, sedimentaram cinco formações geológi-
cas correspondentes a cinco períodos de tempo. Após o grande abalo sísmico na Terra, que fragmentou o
supercontinente, surgiram mais seis formações que determinaram períodos de tempo correspondentes. O
mecanismo de sedimentação de cada formação é explicado no capítulo “História Geológica”.
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5. Tempo Esse Desconhecido
Dessa maneira, sendo onze as formações que formam o arcabouço do subcontinente sul-ameri-
cano, são onze também os períodos do tempo geológico. As eras, que são compostas de períodos, foram
três. A primeira não foi registrada como rocha e por isso foi chamada de Prepangaeiânica, isto é, o tempo
da Terra ainda em estado incandescente. A segunda era é aquela correspondente à existência do monocon-
tinente e por isso chamada de Pangaeiânica, e corresponde ao tempo da existência de Pangaea como foi
batizada por Alfred Wegener13 (1880-1930), a grande ilha original, em seu trabalho de 1912: “Die Ents-
tehung der Kontinente und Ozeane”. Finalmente a terceira era foi chamada de Atlantiânica, levando em
conta que foi nesse tempo que se realizaram os movimentos que determinaram o aparecimento do Oceano
Atlântico, ou quando se fragmentou o supercontinente.
Calendários
Todos os calendários são baseados em festas religiosas e cada povo tem o seu. Entretanto é pos-
sível conceber um calendário único baseado nos movimentos da Terra.
O ano tropical é o ano natural marcado em dois pontos definidos na órbita da Terra: os equinócios
nos nós de subida e de descida verificados na translação. Escolhendo-se um deles, o nó de descida ou o
nó de subida para início e fim do ano. Qualquer programa de computador poderá dividir esse tempo em
número exato de dias, semanas e meses e uniformizar um calendário universal sem referências às festas
de cada povo. Essas datas seriam recolocadas no novo calendário, sem quebrar qualquer tradição.
Os calendários, por não serem um problema geológico, são aqui abandonados para serem estuda-
do por outros cientistas.
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