O documento discute as estatísticas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre o número de pessoas mortas pela polícia no Brasil. O autor argumenta que a comparação com os EUA é inadequada pois não leva em conta diferenças na legislação, sistema prisional e criminalidade entre os países. Ele também defende que a polícia brasileira enfrenta situações mais complexas do que a estrangeira e que os criminosos são tratados com pouca severidade.
1. Operações das polícias matam cinco pessoas por dia
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública publica dados decorrentes da ação
das polícias em jornais de circulação nacional, dizendo: “Na tentativa de combater a
criminalidade, policiais matam, em média, cinco pessoas por dia em todo o país, em
2012”. E, adiante, conclui que o “policial brasileiro mata muito. Em comparação com os
EUA, o número é 4,6 vezes superior”.
Pois bem, fico sempre atônito quando leio notícias como esta. Para início de
conversa, fico pensando: “Será que não deveriam comparar a legislação e o sistema
prisional americano com o nosso, antes de falar na ação „violenta‟ dos policiais”?
Também não deveriam comparar os indicadores criminais de toda a ordem (homicídios,
roubos e outros crimes graves) percentualmente, envolvendo nosso país e o americano?
E o sistema prisional? Será que assim não encontrariam uma resposta mais adequada ao
problema?
O policial brasileiro se defronta incontáveis vezes com o mesmo delinquente,
e este, a cada vez, vem com mais força e com o brio voltado a “não-se-entregar-pros-
home, de jeito algum”. Assim, o confronto final não é aquele em que o policial prende e
está solucionada a questão. A ocorrência tende a se resolver no embate fatal, isto se o
policial não morrer.
Ainda, qual seria a ação da polícia americana, por exemplo, com a notícia de
que quatro unidades de Polícia Pacificadora (RJ) sofreram ataques simultâneos? Uma
UPP da favela de Moranguinhos foi incendiada e o capitão comandante foi baleado.
Dias antes, outros PM foram assassinados.
Mas, certamente, isto é uma conversa que não interessa aos pesquisadores. Na
verdade, o que interessa é criminalizar os policiais, e como dizem, declarando-os
violentos, que matam muito, que utilizam a arma de fogo a qualquer preço e não
distinguem quem é ou não criminoso.
Para o sociólogo, existem duas maneiras de lidar com o problema: aumentar o
rigor na punição da conduta dos policiais e investir massivamente na capacidade
técnica, inclusive do efetivo de rua.
Pois bem, os policiais são fortes, aguerridos e bravos, aguentam tudo, até isto.
Mas, e os bandidos, que infernizam a vida de toda a sociedade, como tratar? A pão-de-
ló? Quem sabe desarmamos os policiais para lidar com esta “turma”? Ou, melhor,
2. façamos um acordo escrito, registrado em cartório público, onde os bandidos se
comprometam ao desarmamento? Seria bem melhor.
Mas, enfim, vamos em frente, até a próxima “pesquisa”, esperando que
alguma instituição estude e publique o número de pessoas que a todo santo-dia são
mortas pelos bandidos. Aposto que o número cinco será multiplicado várias vezes.
Paulo Roberto Mendes Rodrigues
Ex-Comandante-Geral da Brigada Militar