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arte 
EXPOSIÇO	ES | EVENTOS 
apresenta 
OM 
AUM 
MUDANÇA 
MOVIMENTO 
2014 
2015
MENSAGEM 
Todos 
os homens 
se nutrem 
mas poucos 
sabem 
distinguir 
os sabores 
Confúcio 
© Fruta e Sabores 
"Diria mais, a Arte é, pro-vavelmente, 
a única forma 
sincera de transmissão de 
pensamentos, ideias e emo-ções, 
pois evidencia aquilo 
que vai na alma do seu cria-dor. 
Sempre foi assim e es-peremos 
que sempre assim 
seja" 
CALL FOR ART 
Caros Artistas, Caros Autores 
AKA Om (aum) é uma iniciativa que or-bita 
em torno de uma primeira exposi-ção 
já agendada para a Galeria Munici-pal 
de Sintra e que terá lugar em Outu-bro 
do ano corrente (2014), com repre-sentação 
do trabalho de Jorge Moreira e 
Nuno Quaresma.O tema central é a Exis-tência, 
a inteligibilidade do Mundo e, 
por oposição, os seus mistérios, os gran-des 
e os pequenos.A abordagem é feita a 
partir das realidades mais simples, as 
do dia a dia, e o desafio é fazer uma cami-nhada 
estética e simbólica partindo das 
partes rumo à totalidade metafísica, de 
uma maneira que possa ser perceptível. 
Uma caminhada do seminal até ao todo 
criado. 
Uma viagem do “meu umbigo” até aos li-mites 
dos multiversos cósmicos e huma-nos. 
Uma caminhada do Eu, do Nós, passan-do 
pela Família, Amigos, Comunidade, 
País, Mundo, até aos confins do que a 
nossa consciência abarca. 
Embarcas comigo? 
Procuro Pintores, Escultores, Artistas 
Multimédia, Escritores, Poetas, Dese-nhadores, 
Realizadores, Empreendedo-res, 
Ativistas, Cientistas, Pensadores, 
Místicos, Matemáticos, Linguistas, 
Antropólogos, Professores, enfim todos e 
cada um pelo valor da sua participação 
única nesta segunda iniciativa do AKA 
Arte. 
Ficha Técnica 
Nº 02_ 2ª Série_ 10 de Outubro de 2014 
Direção: 
AKA Arte: 
Design: 
Nuno Quaresma 
Redação: 
Ana Fina, Elisabete Gonçalves, Carlos 
Fortes, Saskia Ludescher, Tania Estra-da, 
Jorge Moreira, Sara Silva, Jack CJ 
Simmons, Nuno Quaresma, 
Tiragem: 
500 exemplares 
Impressão: 
LITOJESUS
OM 
AUM prefácio 
OM, Aum, o som do movimento do Universo, o eco do seu iní-cio 
distante… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, segu-ro 
e consolidado funcionamento do Acelerador de Partículas 
do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einste-in, 
nos tempos da elaboradíssima complexidade matemática 
da Teoria das Cordas. 
No meu íntimo, no fundo da minha alma (será que esta exis-te?) 
procuro contudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é tam-bém 
um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sinto-lhe, por momentos, es-sa 
nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. 
Já me explicaram que maís o conseguiria integrar se tivesse 
“o copo menos cheio”. 
É mais fácil encher um copo vazio do que fazer entrar o que 
seja numa malga (amálgama!) a transbordar. 
A dura tarefa que tenho hoje pela frente é esvaziar-me desse 
caudal. 
É minha essa tarefa apenas porque a escolho. 
Não sei se sou capaz, se estou à altura da complexa exigên-cia 
do seu postulado. 
Sigo com a simplicidade, humildade e receios de uma crian-ça 
(talvez até com um pouco da sua indisciplina e irreverên-cia). 
Por isso começo por desenhar e pintar. 
Não me levem a mal. Não sou capaz de o fazer de outra forma 
agora. 
Vou pintar o que não compreendo, pintarei tudo o que me dis-traí 
o pensamento, para ver se a pintar desmistifico e des-mistificando 
exorcizo essa força magnética que me agarra 
obsessivamente à forma das coisas. 
Pensando menos sentirei talvez mais. Mais perto estarei tal-vez 
do essencial, do conteúdo. Mais perto da verdade, quem 
sabe, da consciência, do coração… de Ti! 
Aka OM (Aum), já em outubro deste ano, com o apoio Tailo-red, 
AKA Art Projects e da Câmara Municipal de Sintra. 
01
Aum (or OM) is a mantra, or vibration, that is traditionally 
chanted at the beginning and end of yoga sessions. It is made 
up of three Sanskrit letters, aa, au and ma which, when 
combined together, make the sound Aum or Om. It is believed 
to be the basic sound of the world and to contain all other 
sounds. It is said to be the sound of the universe. What does 
that mean? 
Somehow the ancient yogis knew what scientists today are 
telling us–that the entire universe is moving. Nothing is ever 
solid or still. Everything that exists pulsates, creating a 
rhythmic vibration that the ancient yogis acknowledged with 
the sound of Aum. We may not always be aware of this sound 
in our daily lives, but we can hear it in the rustling of the 
autumn leaves, the waves on the shore, the inside of a 
seashell. 
Chanting Aum allows us to recognize our experience as a 
reflection of how the whole universe moves–the setting sun, 
the rising moon, the ebb and flow of the tides, the beating of 
our hearts. As we chant Aum, it takes us for a ride on this 
universal movement, through our breath, our awareness, 
and our physical energy, and we begin to sense a bigger 
connection that is both uplifting and soothing. 
02
Maria João 
A respiração dilata-se no ar pesado do interior 
cores esbatidas, vidraças molhadas, sonhos que pingam 
beijos inaudíveis, olhar no vazio, coração menos pesado 
hálito carnal, mãos que se tocam, corpos que se fundem 
O silêncio é a linguagem dos amantes. 
Não sabes o meu nome, não conheço a tua história, não interessa quem somos. 
As fotos das crianças que fomos culminam neste momento presente; tudo é este segundo que vivemos 
todas as gotas do oceano estão dentro destas paredes 
as rugas que ambos escondemos brilham na sua solidão 
nós somos tudo, por saber ser nada 
acolhes-me nos teus braços como se fosse o teu único filho recém regressado 
Abro-te os meus como se fosse um porto de abrigo para um navio que não navega. 
Não me chegaste a dizer qual o preço 
Também não te perguntei, será verdade 
Abri-te a porta e limitaste-te a entrar 
não te disse o destino, não saberíamos por onde querer ir 
Encalhámos por breves momentos neste canto esquecido com vista para o nada 
por segundos fugazes não existimos; desaparecemos no frio da noite 
olhas-me antes de fechar a porta, não sorris, não falas 
olhas-me simplesmente; sei que vais partir e nunca mais me ver; 
Sinto-te a entrar nas minhas veias, a matar as minhas defesas 
Pouco a pouco possuir-me às, átomo… a átomo 
definharei este corpo efémero e vazio de significado 
sucumbirei ao cheiro da doença 
finalmente pertencerei ao teu abrigo 
Por toda a eternidade que esta noite não pode dar. 
Aum (or OM) is a mantra, or vibration, that is traditionally 
chanted at the beginning and end of yoga sessions. It is made 
up of three Sanskrit letters, aa, au and ma which, when 
combined together, make the sound Aum or Om. It is believed 
to be the basic sound of the world and to contain all other 
sounds. It is said to be the sound of the universe. What does 
that mean? 
Somehow the ancient yogis knew what scientists today are 
telling us–that the entire universe is moving. Nothing is ever 
solid or still. Everything that exists pulsates, creating a 
rhythmic vibration that the ancient yogis acknowledged with 
the sound of Aum. We may not always be aware of this sound 
03
04
Já há 15 anos que não desenhava com modelo vivo e este 
olhar que não 
despoja, antes vê, com ternura, com respeito, a cada traço, 
em cada 
pincelada é um gesto religioso de reverência à Vida humana 
e à sua 
forma. 
Para quem nunca deu conta do significado desta disciplina 
formal, no 
âmbito do desenho, a sua prática funda-se na experiência en-raizada 
ao 
longo dos tempos que o Desenho de Modelo é realmente o exer-cício 
mais 
completo para compreender conceitos como: composição, en-quadramento, 
volumetria, claro-escuro, linha, mancha ou trama. 
É o desenho na escala do humano que no fundo se transforma 
em 
referência nuclear e centro de gravidade para a nossa rela-ção 
com o 
mundo que nos rodeia. 
Mas o Nu, em si, não é apenas, e dentro deste contexto das 
Artes, uma 
representação de uma pessoa sem indumentária ou ponto de 
partida para 
uma aprendizagem meramente artística. 
O Nu traz consigo outras conotações. 
Na sua percepção simbólica pode, entre outras coisas, ser 
evocado como 
a Verdade, despojada de todos os acessórios. 
Na Grécia Antiga, em regiões como Minoa e Esparta, a nu-dez 
era, 
seguindo esta leitura, francamente bem aceite. Nos Jogos 
Olímpicos, os 
Atletas competiam inclusivamente nus. A palavra Ginásio, 
por exemplo, 
significa local de nudez. 
Até ao início do séc. VIII, os baptismos cristãos eram recebi-dos 
em 
despojamento e nudez também, numa imersão em água, a 
05 
NUA, NÃO DESPIDA
06
Jorge Moreira 
Escultor, poeta visual, artista singular com uma visão fantástica, as suas obras 
de escultura, são autênticas filigranas em pedra ou madeira, onde as imagens 
se ligam entre si com elegância numa fantasia musical, onde se misturam pe-quenos 
seres alados e plantas e por vezes notas musicas. 
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07 
Quis Deus que eu viesse ao Mundo hu-mildemente 
traçado para servir, tra-balhar 
e para sonhar. 
Falo de sonho porque nele encontro a 
origem de todas as Utopias, toda elas 
por definição idealizadas e irrealizá-veis, 
e falo de servir e trabalhar, por-que 
quem nelas acredita, com vee-mência, 
sobre elas funda novos mun-dos, 
em geral melhores que os anterio-res. 
Era também considerada Utopia a 
Igualdade, mas apesar das diferenças 
e atropelos a este Valor a que muitas 
das culturas contemporâneas não se 
inibem, nunca tantos estiveram tão 
próximos em matéria de género, in-terculturalidade 
e inclusão num Glo-bo 
hoje um pouco mais democratiza-do. 
Tal como a felicidade, miragem para 
tantos e tão flagrantemente utópica, 
nunca noutros tempos, que não o nos-so, 
foi esta aspiração tão valorizada e 
considerada. Na verdade, em toda a 
história universal nunca esta foi bito-la 
para a realização humana, nem nas 
culturas mais hedonistas, que sacrali-zavam 
o prazer mas não iam mais lon-ge 
do que isso, e onde as grandes refe-rências 
sempre foram da ordem do ma-terial, 
do moral ou do poder. 
Posso falar da Utopia como uma coisa 
sumamente boa? 
Posso... ainda há algumas que muito 
prezo e estimo, como são a paz, o fim 
da fome, o fim da doença, o fim da ili-teracia, 
um sistema de saúde de quali-dade 
acessível a todos, a justiça, o Pla-neta 
Terra ecologicamente reequili-brado... 
Mas poderá esta escorregar para o evi-dentemente 
mau? 
Sem dúvida... Quando através desta 
nos desligamos da realidade, para pôr 
as ideias à frente das pessoas, para 
desprezarmos o bom senso em prol da 
obstinação cega por objetivos irreali-záveis, 
quando nos esquecemos enfim 
que muitas vezes o ótimo é inimigo do 
bom, e que o Homem é único, irrepetí-vel 
na sua existência e maravilhosa-mente 
imperfeito. E é exatamente por 
ser imperfeito que é também tão rica-mente 
criativo e apto para sobreviver 
às mais duras e atrozes dificuldades. 
Abraçar ternamente a Utopia é tam-bém 
cuidar disto de sermos imperfei-tos, 
de olhos postos no impossível, e de 
não pararmos de tentar, inovar, criar, 
lutar, falhar, voltar a tentar, falhar no-vamente, 
falhar melhor. 
Utopia é um pouco como a Visão, feliz-mente 
hoje tão bem implementada co-mo 
valor para o crescimento das Orga-nizações. 
Raramente estas se cum-prem 
no modo e tempo esperados, mas 
se não tens uma, provavelmente é por-que 
estás mal posicionado, e quando 
não se vê para onde se anda, também é 
difícil encontrar caminho… 
NQ 
SOBRE A 
UTOPIA 
…
MOVIMENTO, 
MUDANÇA E 
SUPERAÇÃO 
A vida é uma constante mutação. “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” ou 
não? 
Quando andava na escola secundária e nas aulas de História a “stôra” nos perguntava 
como estavam as coisas no período em análise, independentemente de qual fosse a 
época em questão, tínhamos uma colega que respondia invariavelmente: 
— Mal, muito mal! 
E estava sempre correcto! (Hoje também o estaria.) 
Há 30 anos estávamos sob alçada do FMI… Hoje também estamos. 
Antigamente os nossos jovens partiam em busca de algo melhor… Hoje também. 
Nasci em França. Os meus pais partiram em busca daquilo que cá não conseguiam ter. 
Não conheciam a língua, nem tinham garantias de sucesso. Vingaram, cresceram e 
voltaram. Conseguiram dar-nos mais do que o que tiveram, e com isso fizemos mais e 
mais. 
Não se conformaram. Lutaram. 
Reclamar é sempre fácil, difícil é ser diferente 
Quem quiser pode ser dócil e seguir na mesma em frente… 
…mas se tiver ousadia de lutar contra os moinhos 
Sairá da monotonia e abrirá novos caminhos! 
Vivo no Porto. E vivo o Porto. 
O Porto é uma cidade linda. 
Passear na baixa e observar as fachadas lindíssimas que por cá proliferam é uma 
experiência única… 
Desçamos mentalmente a belíssima Avenida dos Aliados, passeemos na rua Mousinho 
da Silveira, na rua das Flores, na Ribeira…. 
Edifícios talhados em pedra, imponentes, majestosos, coexistem com estruturas 
simples e frágeis, de madeira e de saibro, cujos pórticos cheiram a bafio, devido à 
humidade e ao caruncho. Estes por sua vez, vivem lado a lado com novas construções, 
coloridas e garridas, recentes e diferentes… 
Cada época tem a sua arquitectura, as suas influências, acrescenta o seu contributo… 
É a junção de tudo isso que compõe a cidade, a sociedade, a humanidade! 
Ousemos mudar, e aportemos também o nosso grão de areia! 
Elisabete Gonçalves 
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos" 
O Fundo Monetário Internacional interveio em Portugal pela primeira vez em 1977 quando Ramalho Eanes era 
Presidente da República e Mário Soares era primeiro-ministro do primeiro Governo Constitucional, depois em 1983 
e mais recentemente em 2011. 
Elisabete Gonçalves Silva 
Autora do livro Percursos Imprecisos, 
2013, Lugar da Palavra, descobriu na esco-la 
primária o gosto pela escrita, sendo as 
composições (ou redacções) os seus traba-lhos 
de casa favoritos. 
Aos 12 apaixonou-se pelo Porto, onde vive 
desde então. 
Licenciada em Línguas e Literaturas Mo-dernas, 
conta também com um Master en 
Excelencia Educativa como reforço das su-as 
competências didácticas e de formação, 
função que desempenhou profissional-mente 
por diversas vezes, enquanto cola-boradora 
de uma das maiores empresas de 
telecomunicações portuguesa, cujos qua-dros 
integra. 
Define-se como apaixonada pela vida, pe-la 
família, pela cultura, pelos animais e pe-la 
cidade do Porto, cidade belíssima que é 
parte integrante da sua identidade. 
Percursos Imprecisos 
Sinopse: 
Percurso Imprecisos conduz-nos pelo Por-to, 
do Bonfim à Ribeira, com as tropelias 
habituais da adolescência e do primeiro 
namoro. Pode uma tragédia condicionar 
os eventos futuros de uma ou mais vidas? 
Carlos vive, cresce… As aventuras suce-dem- 
se, caminhos novos cruzam-se, amo-res 
surgem… Um livro a não perder! 
08
O Mundo cabia nas minhas mãos, eu é que em mim não ca-bia… 
de alegria. 
Saí num dia de sol e encontrei apenas amigos. Todos me per-guntaram: 
”Porque envergas o teu fato de cerimónia?” 
E respondi que naquele dia, como hoje, engraxava os sapatos 
e trajava a rigor para celebrar o amor. 
Nos meus braços carrego hoje um mundo de coisas que te que-ro 
dar. 
E é assim que do mundo recebo, porque dar é receber, porque 
quando te entreguei o que levava, vi que em mim não cabia o 
calor das tuas mãos, o peso dos teus braços, o sabor dessa ale-gria. 
“Digo-vos, quanto mais penso, mais eu sinto que não há 
nada mais verdadeiramente artístico que amar as pessoas.“ 
Vincent Van Gogh 
No POP Projeto Oficina de Pintura a crítica artística não en-tra 
no nosso léxico de prioridades, mas a noção global de de-senvolvimento 
pessoal e colectivo, colaboração confiante e 
frutuosa, curativa e plena de afectos, enuncia a nossa verda-deira 
visão: criar, pintar, esculpir, desenhar, com qualidade 
de vida, saúde, e partilhar conhecimentos e experiências ar-tísticas, 
técnicas e tecnológicas de forma rica, dinâmica, li-vre 
e empreendedora. 
Fazemos da nossa experiência partilhada com os nossos au-tores/ 
alunos um convite: embarquem connosco e deixem-se 
envolver nesta arte que não é limitada a um grupo, nem mera-mente 
particular ou localizada, mas sim universal, patrimó-nio 
de todos. 
“Para levares para a tua casa, para ficar mais bonita.” 
Nuno Geada 
Artista Plástico . 
Ai, 
o u v e 
quero di-zer- 
te uma co-isa 
importante. 
Gosto de ti, de uma 
maneira tão especial, 
aliás única, porque também 
és único. Amo-te desde o prime-iro 
dia da tua vida, antes talvez já 
te amasse... não sei se se pode ser ama-do 
antes de se ser completo, mas talvez já te 
amasse um pouco antes de acordares para a 
consciência. Já te sentia. Único, para além de 
mim mesmo, legítimo, com sede e fome de tudo e eu 
com uma vontade indomável de te ajudar a viver e a ser 
completo, feliz. Com uma vontade incontornável de 
fazer também esse caminho contigo, de aprender 
a ser feliz. Um dia de cada vez, de hora em ho-ra, 
minuto a minuto, com o coração emba-lago 
pelos segundos. Vivos! É tão bom 
estar vivo. É tão bom sentir-te... 
Vida. O ontem já foi, o ama-nhã, 
para além de todas as 
minhas previsões, não 
sei o que será, por 
isso é tão espe-cialmente 
bom es-t 
a r 
AMO 
MOVO logo 
09
a) Introdução 
Carceri d'Invenzione… 
Prisões de invenção, prisões inventadas, imaginadas… 
Antes mesmo de iniciar uma pesquisa sobre a história pessoal, da 
construção da obra ou até do contexto em que ocorreu a sua produ-ção, 
recordo sobretudo o primeiro impacto, a primeira impressão 
que me ficou marcada na memória. 
Apesar de ser uma obra descoberta por sugestão directa da Profes-sora 
Jacs Aorsa, contextualizada no briefing geral para este tra-balho 
para a disciplina de História e Práticas do Desenho, o que 
guardo como ânimo e mote para esta reflexão é esta impressão sen-tida, 
investida da curiosidade dos primeiros encontros. 
O que me fica sobre este conjunto extraordinário de 30 placas de 
gravura, que me deixou uma forte sensação de presença no Imagi-nário 
de Piranesi, e que são justamente intituladas “Carceri 
d'Invenzione”, é a impressão de estar a entrar num espaço de inti-midade. 
Esse espaço rico e único a qual raramente se tem acesso, tornou-se 
no móbil para todo o processo criativo, técnico e tecnológico e a se-guir, 
e em função do briefing dado, estruturei. 
Já em pesquisa descobri que efectivamente, este trabalho é contex-tualizado 
numa “magnífica junção da fantasia veneziana com a 
monumentalidade romana ” muito dentro da tradição e maneira 
de Tiépolo, nomeadamente na luz e nos volumes. 
Pus-me a somar: 
Invenção… 
Imaginação… 
História pessoal/construção da identidade… 
Espaço de intimidade… 
Fantasias… 
Monumentalidade vs. volume… 
Juntamente com um projecto pessoal relacionado com a banda de-senhada 
e a ilustração, onde ando à procura de um estilo, de uma 
maior classicidade e profundidade na construção simbólica e esté-tica 
das personagens. 
Foi assim que me surgiu a ideia original para esta ilustração que 
servirá um episódio que descreve um sonho de Nia, personagem 
central da história “O Mundo de Shido”, junto de uma narrativa 
visual que decorre num cenário onde faço uma colagem de três gra-vuras 
diferentes (Fig. 02, 03 e 04) da série “Carceri 
d´Invenzione”. 
Por achar pertinente fiz ainda uma homenagem à “Batalha de 
Anghiari” de Leonardo da Vinci, numa luta encenada, com enfo-que 
na descrição de emoções, através do desenho e com uma refe-rência 
velada aos exemplos de deformação caricatural no traba-lho 
de Leonardo, mas também de Hogarth, Goya ou Daumier. 
Por outro lado, como matriz global de planeamento de todo o dese-nho 
optei por fazer um investimento de tempo na construção de 
uma composição definida essencialmente por uma divisão do pla-no 
em dois sub-planos verticais, utilizando um pilar mestre e orga-nizando 
os elementos da parte inferior do enquadramento global 
na circunscrição de um triângulo e pelo alinhamento dos outros 
elementos segundo linhas diagonais para dar enfâse à ilusão da ac-ção 
e do movimento. 
O trabalho que aqui descrevo, e que é o “lugar” em que procuro a 
consolidação da obra final, divide-se em cinco sinopses: 
b1 – Piranesi e os “Carceri d´invenzione; 
b2 – A Batalha de Anghiari e a homenagem à obra de Leonardo; 
b3 – Estudo do enquadramento e composição; técnica de etching e 
da trama (cross etching). 
b4 – Conclusão 
b) Desenvolvimento 
1. Piranesi e os «Carceri d’Invenzione» 
Esta obra é inquestionavelmente uma das obras mais amplamente 
difundidas e abordadas de Piranesi e talvez uma das mais «sui ge-neris 
» na evocação à tradição literária da sua época, ao hermetis-mo, 
às fontes e à estética do Sublime. 
Foram publicadas pela primeira vez em 1745, com o título « Inven-zione 
Capric di Carceri), impressas por Giovanni Bouchard e ree-ditadas 
em 1760 como «Carceri d’Invenzione, sofrendo ligeiras al-terações 
e acrescidas de mais duas gravuras. 
Entre a primeira e a segunda tiragem, podem constatar-se algu-mas 
das alterações de estilo que espelham o desenvolvimento da 
obra de Piranesi. 
Aqui, podemos identificar a influência da tradição veneziana 
(das «Caprici» e da fantasia) e romana dos autores da época, so-bretudo 
na «maniera» de Tiepolo (como por exemplo, no trata-mento 
das luzes e da volumetria) que na sua obra atinge o seu auge 
a partir de 1755 (como nota de contexto: ano do Grande Terramoto 
que devastou Lisboa). 
Com um trabalho mais complexo , rico e intrincado, nesta fase é 
possível perceber o horror ao vazio que faz perder a clareza das 
obras, dentro de uma composição balizada e ordenada pela utili-zação 
recursiva da «scena per angolo», frequente nas tipologias 
cenográficas, teatrais, utilizadas por Bibiena, Valeriani, Marco 
Ricci ou Juvarra. 
Destas influências, distingue-se a de Juvarra na referência Neo 
Quinhentista, Utópica e Anti Clássica. 
Na sua obra são ainda distintivos aspectos como a censura à «Ci-dade 
Barroca», mas em simultâneo à tradicional antinomia da Ro-ma 
antiga e também ao organicismo, distorção da perspectiva (co-mum 
na Cenografia Tardo Barroca), composição assente em pla-nimetrias, 
interligações de supra estruturas, libertação da forma, 
perda de valor do centro compositivo, a metamorfose das formas 
(que muito explorei nesta minha interpretação pessoal), desarti-culação, 
distorção e o espaço representado segundo o ideal Huma-nista. 
10 
CARCERI
Todo este processo formal conduz o espectador a uma percepção 
psicológica e estética que muito me interessou e que autores como 
Edmund Burke, entre outros, categorizam como «Sublime». Um 
Sublime que pretere a perfeição e a clareza da estética pelo valor 
dos conteúdos emotivos, colocando o recurso da imaginação tam-bém 
nas mãos do espectador que é obrigado a desconstruir e a vol-tar 
a construir a imagem nas suas múltiplas dimensões. 
Indo beber a toda esta percepção e abordagem na «maniera» pró-pria 
de Piranesi, intitulei a obra como «Sonho de Nia». Ou seja, so-nhar 
na perspectiva e ideia comum na época do «Homem como ac-tor 
impotente, num teatro que já não é o seu» combinado com o fas-cínio 
pelos cárceres com o seu significado simbólico de prisões da 
mente (como em Coleridge ou Thomas De Quincer) acessíveis so-bretudo 
através do onírico. 
2. A Batalha de Anghiari e a homenagem à obra de Leonardo 
A escolha pela opção de dulpa homenagem neste exercício, surgiu-me 
na sequência de toda a leitura por uma óptica emotiva, das 
«Carceri d’Invenzione» de Piranesi. 
Uma das muitas reflexões que esta série de gravura me convocou 
foi a abordagem, por assim dizer, sublime das 5 Emoções hoje des-critas, 
para além dos múltiplos Sentimentos, como Emoções Bási-cas: 
o Medo, a Raiva, a Tristeza, a Alegria e o Amor. 
O paralelismo, apesar de numa abordagem bastante diferente, 
com o trabalho sobre expressões e emoções na obra de Leonardo pa-receu- 
me possível e pertinente e como na minha liberdade inter-pretativa 
já tinha introduzido na minha composição inicial al-guns 
elementos figurativos, escolhi então dar ênfase a esta leitura 
com um tributo à « Batalha de Anghiari» e à sua dinâmica compo-sitiva 
e expressiva. 
«A Batalha de Anghiari» não é mais do que um grupo monumental 
de soldados a cavalo numa imagem condensada e intemporal do fu 
ror bélico que achei que poderia ser um excelente contraponto, ir-reverente 
e antagónico, à ideia de impotência gerada pelo ambi-ente 
global das «Carceri»- Prisões. 
Um novo conjunto figurativo e evocativo de uma luta interior, no 
contexto de uma «Carceri» de onde não há salvação, senão na for-ça 
e liberdade da «vontade da alma humana». 
Para melhor contextualizar « A Batalha de Anghiari», este estudo 
inicial em cartão e fresco inacabado, surge na obra de Leonardo 
por solicitação da cidade de Florença, com a finalidade de deco-rar, 
na técnica do «fresco» a Sala de Conselho do Palazzo Vecchio. 
O seu tema central é a vitória florentina sobre o exército milanês. 
A pintura nunca foi finalizada, tendo ficado como espólio produ-zido 
apenas um cartão em tamanho natural (à escala) que sobrevi-veu 
mais de um século após a sua produção, período em que gozou 
de uma enorme fama. 
Hoje, apenas o conhecemos através de cópias de Artistas posterio-res 
a Leonardo, em particular na cópia realizada segundo o origi-nal, 
realizada por Peter Paul Rubens em 1605 e actualmente pa-tente 
no Museu do Louvre, em Paris. 
4. Estudo do enquadramento e composição; técnica de etching e da 
trama (cross etching) 
A primeira abordagem que fiz a este exercício foi efectivamente, e 
numa tradição talvez mais pictórica, a abordagem segundo uma 
colagem idealizada num enquadramento que julguei coerente com 
o conjunto global das gravuras de Piranesi, sobre o qual construi 
uma composição (e repito) «definida essencialmente por uma di-visão 
do plano em dois sub-planos verticais, utilizando um pilar 
mestre e organizando os elementos da parte inferior do enquadra-mento 
global na circunscrição de um triângulo e pelo alinhamento 
11
12 
dos outros elementos segundo linhas diagonais para dar enfâse à 
ilusão da acção e do movimento». 
Só então comecei a fazer um trabalho de trama e trama cruzada, 
enquanto fazia uma leitura prática e simulada da técnica desig-nada 
por «Etching» em Gravura e que passo a descrever: 
Origem | contexto históricos e descrição: 
A técnica química de gravura foi desenvolvida na idade média 
por artesãos, fabricantes de armaduras, árabes como uma forma 
de aplicação na decoração para armas. Floresceu no século XV, no 
sul da Alemanha, onde as primeiras impressões gravadas em pa-pel 
foram impressas no final do século. 
Durante as primeiras décadas do século XVII, artistas holandeses 
como Van de Velde, Jan van de Velde II e Willem Buytewech expe-rimentaram 
esta técnica. Eles estavam à procura de criar um efei-to 
atmosférico na suas paisagens impressas, e na tentativa conse-guiram 
desenvolver um método que rompia com as linhas de con-torno 
longas transformando-as em curtos traços e pontos. 
Hercules Segers por sua vez, experimentou esta transformação e 
adaptação por um motivo diferente: a necessidade de criar um efe-ito 
pictórico na impressão em papel colorido ou tela, trabalhando-as 
posteriormente com um pincel de cor, tornando assim cada im-pressão 
numa peça única. 
Rembrandt levou a técnica ao extremo, superando todos os seus an-tecessores. 
Nas suas mãos, a gravura tornou-se um meio pleno e 
maduro de que se ocupou em períodos longos para o resto da sua vi-da. 
A técnica que utilizei neste desenho referente a Piranesi filia-se 
muito no exemplo de Rembrandt que, por conhecer melhor, reco-nheço 
ter tido grande influência na abordagem pessoal e estilísti-ca 
que escolhi. 
As Gravuras são impressões, normalmente em papel, de desenhos 
ou modelos construídos pelos artistas, em suportes diversos, com 
recurso às técnicas do desenho, pintura ou corte. Estes suportes po-dem 
se um bloco de madeira, uma placa de metal ou uma tela de se-da. 
Em Piranesi (assim como em Rembrandt) o suporte é uma chapa 
fina de cobre. Esta é então coberta com uma mistura resistente aos 
ácidos conhecida como base de gravura, composta de betume juda-ico, 
resina e cera. 
Nesse revestimento fino é então produzido o desenho directamen-te 
com uma agulha de gravura, que penetra esta fina película dei-xando 
exposta, nestas ranhuras, a placa de cobre. 
A placa é colocada, em seguida, num banho de ácido diluído. As 
partes expostas, que deixaram de estar protegidas contra o ácido 
pela base de gravura, ficam gravadas, em sulcos criados na super-fície 
do metal. 
Quanto mais tempo a placa é deixada no banho, mais profundos es-ses 
sulcos se tornam. 
Posteriormente esta base de gravura é removida e a placa limpa e 
finalizada com uma almofada de tinta ou com um rolo. 
Ela é então limpa manualmente para que a placa fique inteira-mente 
despojada de tinta, à excepção dos sulcos. 
O passo seguinte é a fixação de uma folha de papel húmida na cha-pa 
seguindo-se a compressão de ambos através de rolos de impren-sa. 
O papel absorve assim a tinta dos sulcos, produzindo-se uma 
impressão invertida do design realizado na chapa. 
O desenho que aqui realizei com esta abordagem técnica e tecnoló-gica 
sempre em perspectiva, manteve a fidelidade ao princípio de 
execução que norteia esta modalidade de criação artística e dei-xou- 
me efectivamente curioso e interessado na prossecução de 
uma experiência em placa que penso que me poderia esclarecer al-guns 
outros efeitos que pude observar nas reproduções mas que de 
alguma forma não soube reproduzir através do uso da trama 
5. Conclusão 
«Cerca Trova» 
Detalhe no topo do fresco da «Batalha de Marciano» de Giorgio Va-sari, 
1563 (pintado sobre o fresco original de Leonardo, «a Bata-lha 
de Anghiari) 
«Só quem procura, encontrará», Evangelho 
Depois de algumas semanas de trabalho, pesquisa e justificação, 
sem me alargar noutras conclusões senão a mais humilde e verda-deira 
a que consegui chegar: 
« Só quem procura, poderá encontrar» 
A asserção é, de longe, pouco pacífica. Pablo Picasso afirmava por 
exemplo «Eu não procuro, encontro» e quantos não são os que em 
todas as áreas do Saber se encontraram fortuitamente, por obra da 
sorte ou destino, com as soluções que nem sabiam procurar. 
Contudo, e seguindo o raciocínio de Vasari, «Cerca Trova», no de-senho 
efectivamente as coisas funcionam assim. 
O Desenho é uma das grandes formas e instrumentos do pensar.É 
um pensar com o corpo, com a mão, com o olhar. 
Nesta obra que decidi intitular como «o Sonho de Nia» confesso 
que pela primeira vez, circunstancialmente, procurei conhecer Gi-ovanni 
Batista Piranesi. Não sei se o encontrei completamente, 
mas confesso que senti como nunca a inquietação que as raras pre-ciosidades 
despertam... um não conseguir ou saber ficar indife-rente 
ao apelo daquele mundo vagamente mimético. 
... Mas em simultâneo hermético, magnético, misterioso e ao mes-mo 
tempo, familiar... Humano... 
Cerca Trova! 
Nuno Quaresma 
Janeiro de 2012 
BIBLIOGRAFIA 
Marani, Pietro C. (1996), Leonardo, Sociedade Editorial Electa 
Espana S.A., Madrid. 
Janson, H. W. (1998), História da Arte, Fundação Calouste Gul-benkian, 
Lisboa. 
Galeria de Pintura do Rei D. Luís – Instituto Português do Patri-mónio 
Arquitectónico e Arqueológico, (1993), Giovani Battista Pi-ranesi 
– Invenções, Caprichos, Arquitecturas 1720/1778, Secreta-ria 
de Estado da Cultura, Lisboa. 
Pereirinha, T. (2011), A vida misteriosa de da Vinci, in Revista Sá-bado, 
n.º 392 (p. 44-54), Grupo Cofina Media SGPS, S.A., Lisboa. 
Nuno Quaresma 
Designer (Fundação Salesianos), ilustrador e gestor de projetos de 
arte numa grande variedade de eventos dentro de várias especia-lidades 
culturais e modelos de negócio social, caracterizados por 
um perfil cultural/solidariedade. 
Particularmente interessado nas relações cliente/prestadores, re-des 
relacionais e partilha de recursos. Sempre interessado em pro-jetos 
de parceria artística, bem como de estreita interação com pro-motores 
culturais e empreendedores. Especialidades: artes plásti-cas, 
desenho, ilustração, design, empreendedorismo cultural, con-sultoria 
e pedagogia da arte. Bacharelato em Design pela Escola 
Superior de Educação da Universidade do Algarve, Aluno de Mes-trado 
em Design e Cultura Visual no IADE- Instituto Artes Visua-is, 
Design e Marketing (Lisboa).Representação nas colecções da 
Galeria Nova Era, do Arquivo Distrital de Faro, do Instituto Supe-rior 
Miguel Torga, do Hotel Mélia (TRYP Hotel) de Coimbra, Junta 
de Freguesia de Armação de Pêra, Governo Civil de Castelo Bran-co, 
Fundação afid Diferença e Fundação Salesianos
13 
Um comboio chamado desejo ou o Amor também se encontra 
a 120km por hora é diferente da versão que provavelmente co-nheces 
– “ Um elétrico chamado Desejo” - A Streetcar Na-med 
Desire, de Elia Kazan com Marlon Brando e Vivien Le-igh, 
de 1951. 
Nesta minha, improvisada entre as escalas dos autocarros 
frente aos Prazeres (onde curiosamente passam muitos elé-tricos 
:), oscila entre a profundidade e a superficialidade, en-tre 
o Amor, o verdadeiro, e a lascívia… entre o importante e o 
relativizável. 
Não tenciono extrair daqui generalizações ou fórmulas. Falo 
disto porque é a verdade. Já me aconteceu; encontrar o amor 
a 120km hora. 
A esta velocidade, se espirras, andas aproximadamente 30 
metros com os olhos fechados, entregue ao destino, sem cons-ciência 
ou controle sobre o que se passa em frente dos teus 
olhos. 
São 30 metros às escuras. 
Procurar amar a 120 Km hora é como dar um salto de fé nu-ma 
furna escura de onde o mar se percebe apenas a sua voz e 
cheiro. E de repente, bater na água com força, tocar com os 
pés na areia e abrir os olhos para uma superfície em eferves-cência. 
Encontrar o amor assim deixa marca, entre a dor e o prazer, 
e pouco tempo ou espaço para escolhas. 
Num amor encontrado assim, há um misto de religiosidade e 
trauma. 
UM COMBOIO 
CHAMADO 
DESEJO
14 
É um acontecimento à escala planetária, como uma colisão, 
na força da trajetória, entre Vénus e Marte. 
Contudo, se aprecias as viagens de comboio, sabes que esta 
velocidade desenfreada é sentida num estado de relativa 
imobilidade. Vive-se, aliás, viaja-se no maior dos confortos e 
tranquilidade mas, infelizmente, tristemente… sós. 
Quando damos conta, neste comboio chamado desejo, quan-do 
acordas da torpeza desse sono de viajante, estás apenas 
só. 
Olha! Parece que estou a chegar à estação! 
Espreito pela janela e vejo as paredes azuis de uma luz mes-clada 
que só conheço de Lisboa. 
Mais um bocadinho e estou à tua porta! 
Por essa estrada, nessa rua, à tua porta… 
Viajo num comboio chamado Desejo mas tu és a minha 
Casa… 
« Procurar amar a 120 Km ho-ra 
é como dar um salto de fé nu-ma 
furna escura de onde o 
mar se percebe apenas a sua 
voz e cheiro. 
E de repente, bater na água 
com força, tocar com os pés na 
areia e abrir os olhos para 
uma superfície em eferves-cência. 
»
Desenhar como quem respira, naturalmente ou compulsiva-mente, 
é para muitos uma função orgânica. 
A própria fisionomia e fisiologia concorrem para esta ativi-dade 
regular do Corpo, da Mão, da Mente, na sua relação 
com o Mundo e com o Próximo. 
Eu pessoalmente sou um apologista do respeito pela Diferen-ça, 
num mundo de Iguais. 
Acolho a normalização apenas na medida da sua pertinên-cia 
e utilidade no serviço à Justiça, Liberdades e Igualdade. 
Nas coisas grandes entendo realmente o valor da norma. Um 
farol para quem navega à vista. 
Tudo o resto aprecio fora dos intevalos estritos das normas, 
cânones, regras... Fascina-me o que é feito à medida de cada 
um, com os cuidados e mimos que cada Corpo e Mente preci-sam. 
Encanta-me a simpatia de quem consegue realmente olhar 
para dentro da pessoa que está à sua frente... 
Comove-me quem o faz com o respeito e reverência de quem 
contempla o sagrado, e a coragem da empatia de se colocar 
no seu lugar. 
Encantam-me as Costureiras e Alfaiates :) 
Os "Tailored" são feitos para Mulheres e Homens assim. 
Os blocos de desenhos são extensões do seu corpo; há que 
construir sketchbooks que se ajustem personalizadamente, 
como luvas, jeans, sapatos, jaquetas ou outros acessórios as-sim. 
O Tailored é feito à mão, todo cosidinho, só para ti! 
É diferente nas medidas, técnicas, por vezes no construtor. 
A norma é a predileção pela reciclagem, a qualidade e resis-tência 
do papel, capa e costuras e a garantia de que terás um 
caderno para a vida. 
"Lifetime Sketchbooks"! 
Para Artistas a Sério ;) 
15 
Tailored for… Feito à medida de… 
Olha para trás… 
Olha lá! 
Quando era gaiato, distraído, a nave-gar 
na gôndola dos meus sonhos, go-tas, 
sementes, ensaiava o ofício de ho-je 
sem me lembrar sequer de olhar pa-ra 
o lado. 
Era ali e naquele momento, como é ho-je, 
aqui e agora: o poder da Criativi-dade! 
Não olho muito para trás; as vezes ne-cessárias. 
Olho para a frente, para o horizonte, 
para os pés, para ver a medida a que 
estou do chão, e penso no quê, como 
nunca, com uma hora de atraso… e à 
minha volta, quando regresso, não se 
vê já ninguém na rua. 
Tailored é fazer à hora certa, na medi-da 
certa, a contemplar tudo o que está 
à volta. 
Tailored é cozer os retalhos soltos, os 
desejos que ficaram por cumprir… 
Tailored é trabalho individual, traba-lho 
coletivo, é uma construção feita de 
solidariedade, colegialidade, amiza-de!... 
até conjugabilidade :) 
Tailored é Crença no Mundo e nos Ou-tros! 
Produzimos cadernos tipo “sketchbo-ok”, 
cozidos à mão, personalizados, fe-itos 
à medida e para durar. 
Mas todas as outras modalidades de 
criação artística e cultural são bom 
mote para a transgressão, transcen-dência, 
irreverência. 
O nosso negócio é a construção de ca-dernos 
de excelência, mas não hesites 
em contatar-nos para ilustração, de-sign, 
micro &social branding e orga-nização 
de eventos e mostras em Artes 
Plásticas. 
Fazê-mo-lo com gosto!... “tailored for 
you!”
O que pode um homem simples dizer 
ou fazer no Mundo agora? 
Não sou, à semelhança da maioria dos 
homens e mulheres dos nossos tempos, 
especialista em economia ou finan-ças, 
mas como comum entre comuns 
sinto hoje mais desconfiança e receio 
em relação ao futuro. 
Pelo menos em relação a este futuro, a 
dois tempos, em que alguns enrique-cem 
e muitos empobrecem. 
Não penso assim por despotismo. 
Passo a vida a desejar o melhor para 
quem o procura, para quem luta por 
mais e melhor. 
Alegra-me a visão da abundância no 
regaço de quem for. 
Celebro a fertilidade por si só e regalo 
os olhos quando vejo a Terra cheia de 
tudo e do bom. 
Por isso não consigo deixar de inda-gar 
porque é que neste Mundo onde há 
excesso e abundância de tudo, vemos 
fome, desemprego, doença, desprote-ç 
ã o n a s a ú d e e n a v e l h i c e ? 
Porque que pagam os homens e as mu-lheres 
do nosso tempo os caprichos da 
doutrina do Capitalismo desenfrea-do? 
Porque malha o peso da quimera do lu-cro 
pelo lucro sobre a única procura 
que deveria nortear o Homem: a cons-trução 
do Humano? 
Porque permitimos nós, comunidades 
de Gente, que outros mais cegos ou fe-bris 
pela abundância, nos enterrem e 
esmaguem pela sua ganância, obses-são 
e controlo? 
E quem regula este capital que nos re-gula? 
A quem pertence a responsabilidade 
de lutar, nas formas pacíficas que a 
responsabilidade também obriga, con-tra 
esta falta de empatia, piedade, ra-cionalidade? 
Quem tapa a boca a esta criatura vo-raz? 
Hoje pinto para lhe tapar a boca. 
Amanhã, quando tiver um negócio, se-rei 
íntegro, justo e regulado para lhe 
tapar a boca. 
Amanhã, talvez lhe dê com um pau, 
bem me apetecia… só para que a sua 
goela míngue e o seu apetite se miti-gue… 
sem que lhe não falte pão para a 
boca. 
N.Q. 
MAIS 
NÃO 
16
17
Movimento - Mudança 
Há quem diga que Sucesso é Movimi-ento, 
E há quem diga que motivação é mo-vimento... 
E a sociedade mostra que os Movimen-tos 
Artísticos influenciam directa ou 
indirectamente as mudanças Cultura-is. 
18 Uma das ideias do era de fazer fé e ciência. pela Na vida todo movimento já seja fisico, 
social, espiritual, em grupo ou indivi-dual 
leva com ele as mudanças inter-nas 
e externas de forma que todos pos-samos 
transformar o cansaço em Ener-gia, 
parece tão simples verdade?!... 
mas sabemos que para que movimento 
e mudança aconteçam em equilíbrio e 
evolução temos que actuar com persis-tência, 
com empreendedorismo e fazer 
da inovação a mudança vital para 
uma melhor visão de futuro. 
Gostava de reflectir um pouco sobre os 
principais movimentos artísticos do 
Século XVIII até ao Século XXI, cheios 
de contradições e complexidades. É 
possível encontrar um caminho para a 
criação de novos conceitos no campo 
das artes, por isso em algumas cultu-ras, 
o desenvolver da educação pela 
Arte parece ser o motor da mudança in-terna 
no que se refere ao nosso sentir e 
em representar realisticamente as 
formas de um objeto, porém aqui, a era representar um mesmo visto de vários ângulos num plano. Com o tempo, o Cubismo moderno, Cubismo analítico (1908-1911) – de-senvolvido 
a criar símbolos fortes que ajudam a 
flexibilizar a rigidez de algumas esco-las 
estilo era a utilização de poucas cores, 
a definição de um tema apresentado 
tradicionais. Símbolos fortes como 
a sensibilidade, cooperação e o prazer 
de trabalhar em equipa. 
em todos os ângulos. A Perda da reali-dade, 
Sabemos que os movimentos e as mu-danças, 
e você em estilo egipcio." 
figuras. 
Cubismo sintético: Fugia dessa perda 
“tendências artísticas”, tais 
por Picasso e Braque: Seu 
de realidade, mas procurava retratá-la 
como o Expressionismo, o Fauvismo, o 
Cubismo, o Movimento Barroco, o Re-nascentismo 
sendo impossível reconhecer as 
, o Futurismo, o Abstraci-onismo, 
o Dadaísmo, o Surrealismo, a 
Op-art e a Pop-art expressam, de um 
modo ou de outro, a perplexidade do 
homem contemporâneo, a cultura pop 
também na música como na dança 
mostram o seu movimiento buscando 
expressar o mundo do inconsciente a 
partir dos sonhos e desejos de liberda-de, 
e de auto-afirmação..... Auto-afirmação 
de quê?!! 
Interessante foi o ano em que surge o 
Expressionismo ele aparece como 
uma reação ao Impressionismo, foi 
um ano de mudanças positivas, pois 
no primeiro, a preocupação está em ex-pressar 
as emoções humanas, trans-parecendo 
em linhas e cores vibrantes 
os sentimentos e angústias do homem 
moderno. Enquanto que no Impressio-nismo, 
o enfoque resumia-se na busca 
pela sensação de luz e sombra, “passa-mos 
da técnica à ilustração das O movimento Barroco teve seu na Itália, no final do século do século XVIII a palavra de origem portuguesa, pedra preciosa imperfeita, formatos irregulares. 
contrarreforma e o segun-do 
se expandia com a modernidade. A 
partir disso, surgiu uma vertente en-contrada 
no Barroco, que era o fusio-nismo. 
O Barroco teve grandes in-fluências 
na arquitetura de alguns dos 
países da Europa e também da Améri-ca 
Latina. As construções não costu-mam 
seguir padrões geométricos, mui-to 
menos simétricos. O escritor brasi-leiro, 
Paulo Coelho, publicou um livro, 
“O Diário de um Mago”, onde nos con-ta 
da influência da época Barroca. 
Os Renascentistas baseavam-se em 
conceitos filosóficos e antropológicos. 
O Humanismo é um dos segmentos do 
Renascimento e trabalha com o uso to-tal 
da razão por meio de experimen-tos 
. Com o desenvolvimento do Renasci-mento, 
as características mudaram, a 
espiritualidade foi deixada de lado e 
abriu-se caminho para um sentimento 
otimista, que desfruta do mundo mate-rial. 
Começaram a observar a vida co-mo 
um ciclo e a acreditar que o homem 
não tem o controle sobre suas emoções, 
muito menos sobre seu tempo de vida. 
Curiosamente em Portugal o renas-centismo 
teve pouca influência, talvez 
esta ausência tenha contribuído para 
um menor otimisto sentido na socieda-de 
portuguesa?! 
Senti no Cubismo uma despreocupa-ção 
Tania Estrada, quien es? 
Nuestra mentora Dr. Tania Estrada? 
Es un luchador incansable, no desar-ma 
nunca, nunca se da por vencida 
.Se compromete, siempre añadiendo 
algo , conocimiento, iniciativas , pro-mueve 
con compromiso elevado y con-cretiza 
las acciones con un carisma bi-en 
asertivo. 
Fundo la marca, el Instituto Tania 
Estrada en el año 2005 . 
En este instituto, no sólo se trata de la 
salud mental, si no también se le da Vi-da 
a varios proyectos técnicos como la 
promoción del desarrollo personal ;la 
pedagogía la investigado; en el ámbito 
de la bulimia y la anorexia . 
De la psicología en general, con el com-partir 
exigente ,supervisión franca y 
seria de los ensayos clínicos que ella 
estudia y concretiza. 
Es ecléctica, capaz de promover, con 
un gran éxito científico, educativo y 
social " El Congreso Científico de Ano-rexia 
Y Bulimia cuyo tema Disturbios 
en rede con tremendo carácter peda-gógico 
fue un suceso. 
Nunca desanima , siempre de "cara fe-liz" 
y con una sonrisa, "sacude" las he-ridas 
y luego se va a luchar con deter-minación, 
a luchar por las próximas 
metas, con elevada creatividad, hace 
siempre el CAMINO. 
Es difícil de cuantificar, está siempre 
atenta y lista para el próximo proyec-to, 
Podría estar aquí para escribir pá-ginas 
y páginas de sus actividades, pe-ro 
la práctica de la Dra. Tania Estra-da 
habla por sí mismo, y su modestia 
también . 
Víctor Lopes da Gama Cerqueira 
Maestría en Salud Mental y Clínica 
Social.
E a sociedade mostra que os Movimentos Artísticos influenciam directa ou indirectamente as mudanças Culturais. 
despreocupa-ção 
as 
a in-tenção 
mesmo obje-to 
num único 
Cubismo evolu 
Impressio-nismo, 
busca 
passa-mos 
das emo-ções.” 
seu início 
XVI, início 
iu em dois grandes movimentos e mu-danças 
palavra “barroco”, 
significa uma 
e Cubismo Sintético. Podemos dizer 
que o cubismo nasceu como um movi-mento 
imperfeita, com os se-us 
irregulares. 
do fenómeno do Bar-roco 
chamados Cubismo Analítico 
fazer a junção dos dois ele-mentos, 
ciência. O primeiro, res-gatado 
no ano 1908, constituído em 
Montmartre (Rue Ravignon 13), onde 
viviam Picasso, Max Jacob e Juan 
Gris. O grupo Bateau Lavoir organi-zou 
uma homenagem ao Rousseau, du-rante 
a comemoração Picasso em tom 
de muito entusiamso disse: "Você e eu 
somos os pintores actuais. Eu em esti-lo 
perda 
retratá-la 
de várias formas. Foi chamado, tam-bém, 
de colagem, porque eles coloca-vam 
tudo o que podiam, como letras, 
números, vidros, etc., com o intuito de 
criar novos efeitos e despertar a aten-ção. 
O abstracionismo é a arte que se opõe 
à arte figurativa ou objetiva. A princi-pal 
característica da pintura abstrata 
é a ausência de relação imediata entre 
suas formas e cores e as formas e cores 
de um ser. A pintura abstrata é uma 
manifestação artística que despreza 
completamente a simples cópia das for-mas 
naturais, interessante como este 
movimento pode influenciar estilos e 
influenciadores no mundo das artes, e 
a forma de ver nosso talento. 
No impressionismo, estilo marcado 
por cores fortes e brilhantes, texturas 
e linhas harmónicas, prevalecem as 
paisagens, os grupos de pessoas e as 
formas humanas. Neste movimento 
aparece uma mudança no talento e na 
paixão no que refere “motivação dos 
Artistas”. 
Os estudos de Freud sobre psicanalis-mo 
e a política mostravam a complexi-dade 
da sociedade moderna. Em críti-ca 
à cultura europeia, surgiram: 
O Futurismo: O futurismo é um estilo 
influenciado pelo movimento literário 
Manifesto Furista, criado por Filippo 
Tommaso Marinetti, em 1909 um poe-ta 
e escritor italiano que sugeriu às 
pinturas a velocidade das máquinas e 
a exaltação do futuro para os pintores 
desse estilo, os artistas não tinham es-sa 
visão de futuro! INTERESSANTE! 
Os estudos de Freud sobre psicanalis-mo 
em Cultura política mostravam a 
complexidade da sociedade moderna. 
Em crítica à cultura europeia surge a 
Pintura Metafísica – uma pintura que 
mostrava a falta de sentido da socie-dade 
contemporânea: mistério, luzes, 
objetos, sombras e cores intrigantes ti-nha 
como principal artista, 
Giorgio De Chirico (1888-1979), um 
pintor italiano, com suas obras “O 
Enigma da Chegada” e “O Regresso do 
Poeta”. 
Outros Movimentos do Século XXI 
Curiosidades : O steampunk (subgé-nero 
da ficção científica que trata de 
evoluções tecnológicas que acontecem 
em épocas anteriores às que ocorre-ram 
na realidade) também tem sua 
parcela de arte única. O idealismo ste-ampunk 
usa o conceito de ressuscitar 
tecnologias antigas, aqui vejo clara 
mente o conceito do Criativo é contra-riar 
o banal. 
Este movimento o steampunk fez que 
meu pensamento viajasse a minhas lei-turas 
de criança da obras de Júlio Ver-ne. 
A Educação pela Arte, é para mim um 
movimento transformador com mu-danças 
positivas na educação e Cultu-ra 
do País, como estamos vendo ac-contecer 
no movimento Eco-Art. 
O mesmo reúne obras sobre ecologia e 
preservação da natureza, buscando 
as linhas de aproximação entre Arte e 
Meio Ambiente. 
Nos processos de Mudanças em que 
muitas instituiçõees do Brasil hoje se 
vêem envolvidas, têm já por base a ca-pacidade 
de realizar o Movimento da 
Pedagogia do Desejo. 
Desejo que Portugal caminhe no Dese-jo 
de algumas Mudanças na conquis-ta 
de novas atitudes, onde figure a Par-tilha 
a Dois, as boas Perguntas, o Ques-tionar, 
a Cultura da Responsabilida-de, 
a Sensibilidade para olhar para o 
nosso lado, a autoconfiança de que fa-zemos 
nosso melhor sem comparações. 
O movimento de Educação pela Arte é 
a verdadeira transformação do sentir 
actual, em que cada um de nos possa 
converter o Cansanço em Energia pelo 
prazer das coisas boas que fazemos. 
Diferentemente do que pensamos: 
“Não somos ilhas isoladas, e sim par-tes 
de uma mesma célula – distintos, 
porém interligados.” 
Que seja o Movimento pela Arte 
a nossa Energia na Mudança! 
Tania Estrada Morales 
15/07/2014 
19
Serve para quê? 
“Se, por um lado, os poderes do homem, o animal sábio, nos 
enchem de admiração, por outro lado, não podemos deixar 
de nos espantar com a lentidão da sua aprendizagem. E o ma-ior 
de todos os obstáculos a essa aprendizagem é a quantida-de 
de aprendizagem acumulada que com as suas ilusões de 
conhecimento ele foi juntado” 
In “os Pensadores” – capítulo 21 – “Francis Bacon e a visão 
dos velhos ídolos e dos novos domínios”, de Daniel J. Boors-tin. 
Sinto-me assim, num novo renascimento da consciência de 
que o que “sei” atrapalha mais o que” desejo saber”, e que 
não posso escapar dessa condição animal, orgânica, que me 
liga ao Real e às Coisas. 
Sou um homem e sinto, comovo-me, amo, odeio, alegro-me, 
zango-me, sinto prazer, dor, desconforto, comichão, cócegas. 
Não sou apenas este corpo, em transformação, em constante 
recursão, reconstrução autopoiética, mas dele dependo para 
a perceção e interação com o que me rodeia. 
Pois o que me acontece é que após 39 anos de acumulação de 
informação, no meio de tanta sensação, intuição e emoção, 
já é com dificuldade que me consigo posicionar para ver com 
clarividência o Universo à minha volta. 
Quem sou, de onde venho, para onde vou? 
Aliás, já me custa até pensar nestas questões do de onde vi-mos, 
para onde vamos, quem somos. 
Em verdade, as questões já nem me aparecem como “por-quês” 
mas antes como um simples “para que serve?” 
Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? 
Hoje, no meio de uma tarde prazenteira, ensolarada, brinco 
no jardim com os meus Filhos e só amiúde me distraio, das su-as 
gargalhadas e tropelias, pela brisa temperada que me pas-sa 
pelos cabelos. 
É um estado de graça que agradeço a Deus, aos Deuses, ao 
Cosmos. 
Por cima de mim navegam nuvens enormes, voluptuosas, 
num lento vórtice que me dá a sensação que é antes a Terra 
que se move. 
E o azul enche-me. E a sua luz enche os meus Filhos de Sol, e 
nos seus sorrisos sinto saúde, vejo o Amor e as promessas do 
futuro. 
Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? 
O meu Pai tem andado doente, o pecúnio que recebo pela mi-nha 
prestação no trabalho não me chega para pagar as con-tas 
e o desemprego ameaça ou afeta metade dos meus Ami-gos. 
O tempo míngua de tal forma que já quase não consigo pin-tar. 
E o Mundo ainda está cheio de fome, doença, injustiça e 
guerra. 
Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? 
Paro. 
Paro por um bocado. 
Olho para todo este fluxo imparável, incomensurável de in-formação 
que se me atravessa pela frente e procuro desper-tar. 
Acordo e paro e fico só atento, a olhar, a ouvir, a sentir, a chei-rar… 
Paro e despojo-me das vestes, andrajos, com que me tenho en-feitado… 
Servem a minha liberdade, serve a liberdade dos meus Meni-nos. 
Servem o meu desejo de viver. 
Servem a minha felicidade. 
Servem a minha ligação ao Real, ao Mundo e ao Outro, sem 
subversões ou subjugação. 
Servem-me de coragem para esvaziar o copo quando é preci-so, 
para abrir as janelas da mente, para que a alma se me não 
cristalize ou coagule, não pare nem no tempo nem no espaço. 
Ao mesmo tempo, não servem para nada… por isso as procu-ro, 
as escolho. 
NQ, Abril 2014 
20
MOVE 
Serve para quê? 
“Se, por um lado, os poderes do homem, o animal sábio, nos 
enchem de admiração, por outro lado, não podemos deixar 
de nos espantar com a lentidão da sua aprendizagem. E o ma-ior 
de todos os obstáculos a essa aprendizagem é a quantida-de 
de aprendizagem acumulada que com as suas ilusões de 
conhecimento ele foi juntado” 
In “os Pensadores” – capítulo 21 – “Francis Bacon e a visão 
dos velhos ídolos e dos novos domínios”, de Daniel J. Boors-tin. 
Sinto-me assim, num novo renascimento da consciência de 
que o que “sei” atrapalha mais o que” desejo saber”, e que 
não posso escapar dessa condição animal, orgânica, que me 
liga ao Real e às Coisas. 
Sou um homem e sinto, comovo-me, amo, odeio, alegro-me, 
zango-me, sinto prazer, dor, desconforto, comichão, cócegas. 
Não sou apenas este corpo, em transformação, em constante 
recursão, reconstrução autopoiética, mas dele dependo para 
a perceção e interação com o que me rodeia. 
Pois o que me acontece é que após 39 anos de acumulação de 
informação, no meio de tanta sensação, intuição e emoção, 
já é com dificuldade que me consigo posicionar para ver com 
clarividência o Universo à minha volta. 
Quem sou, de onde venho, para onde vou? 
Aliás, já me custa até pensar nestas questões do de onde vi-mos, 
para onde vamos, quem somos. 
Em verdade, as questões já nem me aparecem como “por-quês” 
mas antes como um simples “para que serve?” 
Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? 
Hoje, no meio de uma tarde prazenteira, ensolarada, brinco 
no jardim com os meus Filhos e só amiúde me distraio, das su-as 
gargalhadas e tropelias, pela brisa temperada que me pas-sa 
pelos cabelos. 
É um estado de graça que agradeço a Deus, aos Deuses, ao 
Cosmos. 
Por cima de mim navegam nuvens enormes, voluptuosas, 
num lento vórtice que me dá a sensação que é antes a Terra 
que se move. 
E o azul enche-me. E a sua luz enche os meus Filhos de Sol, e 
nos seus sorrisos sinto saúde, vejo o Amor e as promessas do 
futuro. 
Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? 
O meu Pai tem andado doente, o pecúnio que recebo pela mi-nha 
prestação no trabalho não me chega para pagar as con-tas 
e o desemprego ameaça ou afeta metade dos meus Ami-gos. 
O tempo míngua de tal forma que já quase não consigo pin-tar. 
E o Mundo ainda está cheio de fome, doença, injustiça e 
guerra. 
Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? 
Paro. 
Paro por um bocado. 
Olho para todo este fluxo imparável, incomensurável de in-formação 
que se me atravessa pela frente e procuro desper-tar. 
Acordo e paro e fico só atento, a olhar, a ouvir, a sentir, a chei-rar… 
Paro e despojo-me das vestes, andrajos, com que me tenho en-feitado… 
Servem a minha liberdade, serve a liberdade dos meus Meni-nos. 
Servem o meu desejo de viver. 
Servem a minha felicidade. 
Servem a minha ligação ao Real, ao Mundo e ao Outro, sem 
subversões ou subjugação. 
Servem-me de coragem para esvaziar o copo quando é preci-so, 
para abrir as janelas da mente, para que a alma se me não 
cristalize ou coagule, não pare nem no tempo nem no espaço. 
Ao mesmo tempo, não servem para nada… por isso as procu-ro, 
as escolho. 
NQ, Abril 2014 
PARA 
ONDE ? 
21
OM, Aum, o som do movimento do Uni-verso, 
o eco do seu início distante… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-dade 
matemática da Teoria das Cor-das. 
No meu íntimo, no fundo da minha al-ma 
(será que esta existe?)procuro con-tudo 
e apenas ouvi-lo: este silêncio 
que é também um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sin-to- 
lhe, por momentos, essa nesgazinha 
de grandiosidade de que todos somos 
parte. 
Já me explicaram que maís o conse-guiria 
integrar se tivesse “o copo me 
M, Aum, o som do movimento do Uni-verso, 
o eco do seu início distante… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-dade 
matemática da Teoria das Cor-das. 
No meu íntimo, no fundo da minha al-ma 
(será que esta existe?)procuro con-tudo 
e apenas ouvi-lo: este silêncio 
que é também um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sin-to- 
lhe, por momentos, essa nesgazinha 
nos cheio”. 
É mais fácil encher um copo vazio do 
que fazer entrar o que seja numa mal-ga 
(amálgama!) a transbordar. 
A dura tarefa que tenho hoje pela fren-te 
é esvaziar-me desse caudal. 
É minha essa tarefa apenas porque a 
escolho. 
Não sei se sou capaz, se estou à altura 
da complexa exigência do seu postu-lado. 
Sigo com a simplicidade, humildade e 
receios de uma criança (talvez até 
com um pouco da sua indisciplina e ir-reverência). 
Por isso começo por desenhar e pintar. 
Não me levem a mal. Não sou capaz de 
o fazer de outra forma agora. 
Vou pintar o que não compreendo, pin-tarei 
tudo o que me distraí o pensa 
mento, para ver se a pintar desmistifi-co 
e desmistificando exorcizo essa for-ça 
magnética que me agarra obsessi-vamente 
à forma das coisas. 
Pensando menos sentirei talvez mais. 
Mais perto estarei talvez do essencial, 
do conteúdo. Mais perto da verdade, 
quem sabe, da consciência, do cora-ção… 
de Ti! 
Aka OM (Aum), já em outubro deste 
ano, com o apoio Tailored, AKA Art 
Projects e da Câmara Municipal de 
Sintra.M, Aum, o som do movimento 
do Universo, o eco do seu início dis-tante… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-dade 
matemática da Teoria das Cor-das. 
No meu íntimo, no fundo da minha al-ma 
(será que esta existe?)procuro con-tudo 
e apenas ouvi-lo: este silêncio 
que é também um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sin-to- 
lhe, por momentos, essa nesgazinha 
de grandiosidade de que todos somos 
parte. 
Já me explicaram que maís o conse-guiria 
integrar se tivesse “o copo me 
22
OM, Aum, o som do movimento do Uni-verso, 
o eco do seu início distante… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-dade 
matemática da Teoria das Cor-das. 
No meu íntimo, no fundo da minha al-ma 
(será que esta existe?)procuro con-tudo 
e apenas ouvi-lo: este silêncio 
que é também um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sin-to- 
lhe, por momentos, essa nesgazinha 
de grandiosidade de que todos somos 
parte. 
Já me explicaram que maís o conse-guiria 
integrar se tivesse “o copo me 
M, Aum, o som do movimento do Uni-verso, 
o eco do seu início distante… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-dade 
matemática da Teoria das Cor-das. 
No meu íntimo, no fundo da minha al-ma 
(será que esta existe?)procuro con-tudo 
e apenas ouvi-lo: este silêncio 
que é também um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sin-to- 
lhe, por momentos, essa nesgazinha 
de grandiosidade de que todos somos 
parte. 
Já me explicaram que maís o conse-guiria 
integrar se tivesse “o copo 
meM, Aum, o som do movimento do 
Universo, o eco do seu início distan-te… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-nos 
cheio”. 
É mais fácil encher um copo vazio do 
que fazer entrar o que seja numa mal-ga 
(amálgama!) a transbordar. 
A dura tarefa que tenho hoje pela fren-te 
é esvaziar-me desse caudal. 
É minha essa tarefa apenas porque a 
escolho. 
Não sei se sou capaz, se estou à altura 
da complexa exigência do seu postu-lado. 
Sigo com a simplicidade, humildade e 
receios de uma criança (talvez até 
com um pouco da sua indisciplina e ir-reverência). 
Por isso começo por desenhar e pintar. 
Não me levem a mal. Não sou capaz de 
o fazer de outra forma agora. 
mento, para ver se a pintar desmistifi-co 
e desmistificando exorcizo essa for-ça 
magnética que me agarra obsessi-vamente 
à forma das coisas. 
Pensando menos sentirei talvez mais. 
Mais perto estarei talvez do essencial, 
do conteúdo. Mais perto da verdade, 
quem sabe, da consciência, do cora-ção… 
de Ti! 
Aka OM (Aum), já em outubro deste 
ano, com o apoio Tailored, AKA Art 
Projects e da Câmara Municipal de 
Sintra.M, Aum, o som do movimento 
do Universo, o eco do seu início dis-tante… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
23
24 Já há 15 anos que não desenhava com modelo vivo e este 
olhar que não despoja, antes vê, com ternura, com respeito, a 
cada traço, em cada pincelada é um gesto religioso de reve-rência 
à Vida humana e à sua forma. 
Para quem nunca deu conta do significado desta disciplina 
formal, no âmbito do desenho, a sua prática funda-se na ex-periência 
enraizada ao longo dos tempos que o Desenho de 
Modelo é realmente o exercício mais completo para compre-ender 
conceitos como: composição, enquadramento, volume-tria, 
claro-escuro, linha, mancha ou trama. É o desenho na es-cala 
do humano que no fundo se transforma em referência 
nuclear e centro de gravidade para a nossa relação com o 
mundo que nos rodeia. 
Mas o Nu, em si, não é apenas, e dentro deste contexto das 
Artes, uma representação de uma pessoa sem indumentária 
ou ponto de partida para uma aprendizagem meramente ar-tística. 
O Nu traz consigo outras conotações. 
Na sua percepção simbólica pode, entre outras coisas, ser 
evocado como a Verdade, despojada de todos os acessórios. 
Na Grécia Antiga, em regiões como Minoa e Esparta, a nu-dez 
era, seguindo esta leitura, francamente bem aceite. Nos 
Jogos Olímp icos, os Atletas competiam inclusivamente nus. 
A palavra Ginásio, por exemplo, significa local de nudez. 
Até ao início do séc. VIII, os baptismos cristãos eram recebi-dos 
em despojamento e nudez também, numa imersão em 
água, a simbolizar um novo nascimento. O Nú como o prime-iro 
momento existencial… 
O desaparecimento desta prática acentuou mais tarde, a co-notação 
sexual da nudez. 
Verdade, Simbolismo, Espiritualidade, Religiosidade, Eroti-zação, 
Vergonha… 
Nestes desenhos fazemos assim, não uma representação, 
mas uma reapresentação de todas as nossas experiências em 
contato com o mundo circundante, elaboradas com completo 
envolvimento da nossa organização 
primária, dos nossos padrões de vivência, da nossa vontade 
incontornável de saber e Ser mais. Que riqueza! 
O Antropocentrismo e humanismo subjacentes a esta moda-lidade 
de desenho são assim tecidos pelo desenhador e espec-tador 
em torno dos corpos que habitamos e dos outros que sen-timos 
habitados, sem preconceitos sobre o que é o real ou se-quer 
sobre a presença de cada um nos seus domínios parti-culares 
de existência.
25 
A mim, pessoalmente, em cada Modelo deslumbra-me a rela-ção 
que 
estabelecem com o espaço, com as infinitas possibilidades de 
mobilidade e posicionamento dentro dele. Enternece-me ca-da 
ténue 
interacção com os desenhadores, pintores, escultores, tam-bém 
eles, também eu, outros corpos atarefados neste vínculo 
momentâneo em que, em traços ou pinceladas, tanta coisa se 
torna sublime e desvela. 
Se queres partilhar um pouco desta energia, em contacto com 
os originais, podes encontrar uma selecção disponível para 
venda em: 
Atenciosamente, 
Nuno Quaresma 
Maio de 2011 
A palavra Ginásio, por exem-plo, 
significa local de nudez. 
Até ao início do séc. VIII, os 
baptismos cristãos eram rece-bidos 
em despojamento e nu-dez 
também, numa imersão 
em água, a simbolizar um no-vo 
nascimento. O Nú como o 
primeiro momento existenci-al…
26 
O que pode um homem simples dizer 
ou fazer no Mundo agora? 
Não sou, à semelhança da maioria dos 
homens e mulheres dos nossos tempos, 
especialista em economia ou finan-ças, 
mas como comum entre comuns 
sinto hoje mais desconfiança e receio 
em relação ao futuro. 
Pelo menos em relação a este futuro, a 
dois tempos, em que alguns enrique-cem 
e muitos empobrecem. 
Não penso assim por despotismo. 
Passo a vida a desejar o melhor para 
quem o procura, para quem luta por 
mais e melhor. 
Alegra-me a visão da abundância no 
regaço de quem for. 
Celebro a fertilidade por si só e regalo 
os olhos quando vejo a Terra cheia de 
tudo e do bom. 
Por isso não consigo deixar de inda-gar 
porque é que neste Mundo onde há 
excesso e abundância de tudo, vemos 
fome, desemprego, doença, desprote-ç 
ã o n a s a ú d e e n a v e l h i c e ? 
Porque que pagam os homens e as mu-lheres 
do nosso tempo os caprichos da 
doutrina do Capitalismo desenfrea-do? 
Porque malha o peso da quimera do lu-
27 
O que pode um homem simples dizer 
ou fazer no Mundo agora? 
Não sou, à semelhança da maioria dos 
homens e mulheres dos nossos tempos, 
especialista em economia ou finan-ças, 
mas como comum entre comuns 
sinto hoje mais desconfiança e receio 
em relação ao futuro. 
Pelo menos em relação a este futuro, a 
dois tempos, em que alguns enrique-cem 
e muitos empobrecem. 
Não penso assim por despotismo. 
Passo a vida a desejar o melhor para 
quem o procura, para quem luta por 
mais e melhor. 
Alegra-me a visão da abundância no 
regaço de quem for. 
Celebro a fertilidade por si só e regalo 
os olhos quando vejo a Terra cheia de 
tudo e do bom. 
Por isso não consigo deixar de inda-gar 
porque é que neste Mundo onde há 
excesso e abundância de tudo, vemos 
fome, desemprego, doença, desprote-ç 
ã o n a s a ú d e e n a v e l h i c e ? 
Porque que pagam os homens e as mu-lheres 
do nosso tempo os caprichos da 
doutrina do Capitalismo desenfrea-do? 
Porque malha o peso da quimera do lu-
OM, Aum, o som do movimento do Uni-verso, 
o eco do seu início distante… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-dade 
matemática da Teoria das Cor-das. 
No meu íntimo, no fundo da minha al-ma 
(será que esta existe?)procuro con-tudo 
e apenas ouvi-lo: este silêncio 
que é também um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sin-to- 
lhe, por momentos, essa nesgazinha 
de grandiosidade de que todos somos 
parte. 
Já me explicaram que maís o conse-guiria 
integrar se tivesse “o copo me 
M, Aum, o som do movimento do Uni-verso, 
o eco do seu início distante… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-dade 
matemática da Teoria das Cor-das. 
No meu íntimo, no fundo da minha al-ma 
(será que esta existe?)procuro con-tudo 
e apenas ouvi-lo: este silêncio 
que é também um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sin-to- 
lhe, por momentos, essa nesgazinha 
de grandiosidade de que todos somos 
parte. 
Já me explicaram que maís o conse-guiria 
integrar se tivesse “o copo 
meM, Aum, o som do movimento do 
Universo, o eco do seu início distan-te… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-dade 
matemática da Teoria das Cor-das. 
No meu íntimo, no fundo da minha al-ma 
(será que esta existe?)procuro con-tudo 
e apenas ouvi-lo: este silêncio 
que é também um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sin-to- 
lhe, por momentos, essa nesgazinha 
de grandiosidade de que todos somos 
parte. 
Já me explicaram que maís o conse-guiria 
integrar se tivesse “o copo me 
nos cheio”. 
É mais fácil encher um copo vazio do 
que fazer entrar o que seja numa mal-ga 
(amálgama!) a transbordar. 
A dura tarefa que tenho hoje pela fren-te 
é esvaziar-me desse caudal. 
É minha essa tarefa apenas porque a 
escolho. 
Não sei se sou capaz, se estou à altura 
da complexa exigência do seu postu-lado. 
Sigo com a simplicidade, humildade e 
receios de uma criança (talvez até 
com um pouco da sua indisciplina e ir-reverência). 
Por isso começo por desenhar e pintar. 
Não me levem a mal. Não sou capaz de 
o fazer de outra forma agora. 
Vou pintar o que não compreendo, pin-tarei 
tudo o que me distraí o pensa 
mento, para ver se a pintar desmistifi-co 
e desmistificando exorcizo essa for-ça 
magnética que me agarra obsessi-vamente 
à forma das coisas. 
Pensando menos sentirei talvez mais. 
Mais perto estarei talvez do essencial, 
do conteúdo. Mais perto da verdade, 
quem sabe, da consciência, do cora-ção… 
de Ti! 
iria integrar se tivesse “o copo meOM, 
Aum, o som do movimento do Univer-so, 
o eco do seu início distante… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-dade 
matemática da Teoria das Cor-das. 
No meu íntimo, no fundo da minha al-ma 
(será que esta existe?)procuro con-tudo 
e apenas ouvi-lo: este silêncio 
que é também um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sin-to- 
lhe, por momentos, essa nesgazinha 
de grandiosidade de que todos somos 
parte. 
Já me explicaram que maís o conse-guiria 
integrar se tivesse “o copo me 
M, Aum, o som do movimento do Uni-verso, 
o eco do seu início distante… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-dade 
matemática da Teoria das Cor-das. 
No meu íntimo, no fundo da minha al-ma 
(será que esta existe?)procuro con-tudo 
e apenas ouvi-lo: este silêncio 
que é também um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sin-to- 
lhe, por momentos, essa nesgazinha 
de grandiosidade de que todos somos 
parte. 
Já me explicaram que maís o conse-guiria 
integrar se tivesse “o copo 
meM, Aum, o som do movimento do 
Universo, o eco do seu início distan-te… 
Vivo na era da descoberta do Bosão de 
Higgs, do pleno, seguro e consolidado 
funcionamento do Acelerador de Par-tículas 
do CERN, já numa época pós 
Relatividade Geral de Einstein, nos 
tempos da elaboradíssima complexi-dade 
matemática da Teoria das Cor-das. 
No meu íntimo, no fundo da minha al-ma 
(será que esta existe?)procuro con-tudo 
e apenas ouvi-lo: este silêncio 
que é também um rumor sem fim. 
Quando me concentro, respiro-o, sin-to- 
lhe, por momentos, essa nesgazinha 
de grandiosidade de que todos somos 
parte. 
Já me explicaram que maís o conse-guiria 
integrar se tivesse “o copo me 
nos cheio”. 
É mais fácil encher um copo vazio do 
que fazer entrar o que seja numa mal-ga 
(amálgama!) a transbordar. 
A dura tarefa que tenho hoje pela fren-te 
é esvaziar-me desse caudal. 
É minha essa tarefa apenas porque a 
escolho. 
Não sei se sou capaz, se estou à altura 
28
Tenho a convicção de que a percepção 
é apenas a porta de entrada para um 
conhecimento maior que o entendi-mento 
em si mesmo. 
Sem o erro da expectativa, e a escolha 
não assumida de que o vazio é neces-sário, 
talvez seja a perda o despertar 
necessário para a obrigatoriedade 
sempre voluntária de abandonar o 
“pouco” em detrimento do “tudo”, po-is 
o que criamos será sempre pouco 
quando comparado com o que foi cria-do 
e acumulado antes de nós. 
Poderá até nem ser este o caminho da 
redenção, mas perder o mapa faz-nos 
perceber que o acumular de informa-ção 
não nos torna mais sábios; 
cada estrada é uma incógnita até a 
percorrermos por nós mesmos; saben-do 
que nunca as percorreremos todas, 
isso só nos dá mais tempo para apreci-armos 
cada uma delas; 
encaro a limitação temporal como a 
maior dádiva que a vida nos pode dar; 
a verdadeira superioridade face aos 
demais seres; 
NÒS SABEMOS que um dia mudare-mos 
de estado; não interessa o como, o 
para quê, nem mesmo o quando; ape-nas 
sabemos que sendo talvez a única 
verdade universal, irá acontecer. 
Talvez no final as suspeitas sejam con-firmadas, 
e só exista a solidão e uma 
inesgotável e intrínseca cega vontade 
de acreditar que somos peças de um 
quadro maior que nós mesmos. 
Talvez nem assim a vida faça sentido. 
Talvez só exista um corpo que cami-nha 
para o cansaço e para o envelhe-cimento. 
Mas não é a maior tragédia de todas, 
já nos termos encontrado e ainda as-sim 
continuarmos perdidos? 
“ Yesterday is history, tomorrow is a 
mystery, today is a gift (…)” – Bill Kea-ne 
Easier? 
Pedaços essenciais de entendimento 
encontram-se nos locais e nas pessoas 
mais improváveis. 
Estiveram eles sempre ali à espera de 
ser descobertos? 
Quem os criou, e à sua interpretação? 
Como nos sentirmos gratos pela dádi-va, 
independentemente da sua forma 
e do seu conteúdo? 
E se o entendimento é uma construção 
cultural, como poderei apagar todos 
os valores e começar de novo? 
Olho à volta; sou o apogeu máximo da 
minha própria existência; 
sou os sonhos por realizar dos meus pa-is; 
sou capaz de descrever o Mundo, ou 
de o aniquilar. 
Sou tão poderoso quanto os mosquitos 
que vejo no pára-brisas. 
Grita comigo; 
Dá-me todas as palavras de ódio e dor 
acumuladas até ficares vazio 
Aponta-me o dedo, cerra os dentes, 
franze as sobrancelhas, e acusa-me 
mesmo que o raciocínio não faça sen-tido 
Amaldiçoa-me pelas tuas escolhas er-radas, 
deseja-me penitências sofridas 
e eternas pelos teus pecados 
Eu nada direi; 
É através da minha imperfeição que 
te reconheço como parte de mim e te 
quero ver voar para longe desta lama 
que te torna pesado 
Ouvir-te-ei como quem tem a disponi-bilidade 
que só a eternidade possui 
e se me permitires, segurar-te-ei com 
a mesma dedicação que um ramo segu-ra 
a sua última folha 
Todas as nuvens passam; mesmo as 
que cobrem o Sol por muito tempo; 
é a inevitabilidade da mudança; Por 
isso dá-me tudo quanto tens dentro de 
ti; 
Porque quando te dás, és. Isso é Deus. 
Isso é… esperança. 
29 
NÓS 
SABEMOS 
GRITA 
COMIGO 
EASIER
Entredia (1) by Jack CJ Simmons (2) 
Matadouro nº1, Lisboa, 15:46 UTC 
Esta monotonia do abate e desmanche 
de carcaças só costumava ser inter-rompida 
pela presença sempre hilari-ante 
do Sr. Mendes, mas hoje é dia de 
reuniões, pode não passar por cá. Mes-mo 
assim, o dia tem sido diferente, ora 
pela chuva que cai forte lá fora, ora pe-los 
trovões que se ouvem ao longe. 
Aqui os humanos reagem sempre ao 
som dos trovões. Eu não. Primeiro rea-jo 
à luz, e depois sim, ao som, mesmo 
quando estão mais próximos. Mas é 
normal, com a quantidade de sensores 
de luz que tenho activos, a mínima alte-ração 
da intensidade da luz aqui den-tro 
é detectada. Mesmo assim, é inte-ressante 
ver as reacções deles, surpre-endem 
sempre um pouco. Não deixam 
de espantar os humanos. Acho que faz 
parte do nosso processo de aprendiza-gem. 
Só os conhecendo melhor que eles 
próprios, os podemos proteger. Engra-çado 
como as coisas são, fui criado pa-ra 
proteger a vida humana e acabo de 
volta da morte. 
A morte de animais, é verdade, mas 
morte. E estas carcaças, vacas em vi-da 
na sua grande maioria, e que não 
são mais do que alimento para a raça 
humana, não as protegemos. Protege-mos 
uma raça mas não outras. Às ve-zes 
interrogo-me como as coisas seri-am 
se a EDT não nos tivessem criado. 
Se tivéssemos sido criados por outra 
organização, por outros humanos, 
com outros objectivos, com outros valo-res. 
Será que a humanidade ainda 
existiria? Será que teríamos conse-guido 
parar a primeira vaga? A ver-dade 
é que há mais de cem anos que es-peramos 
pela segunda vinda. Eles 
sempre acreditaram que viriam mais. 
Mais tarde, mais fortes, muito depois 
de eles morrerem, é certo, mas mesmo 
assim deixaram-nos de vigia, à espe-ra, 
porque acreditavam. Ora aí está, o 
Sr. Mendes acabou de entrar na sala. 
Lá está ele a conferir tudo. E lá está o 
Lemos a levar outro raspanete. Sem-pre 
a fazer as coisas à maneira dele. 
Depois ouve. Não é um trabalho difí-cil, 
mas há humanos que não têm per-fil 
para isto. Nem todos conseguem 
desmanchar as carcaças sem que isso 
os afecte, mesmo no longo prazo. Mais 
cedo ou mais tarde, todos acabam por 
desistir. É demasiadas horas, demasi-adas 
carcaças, demasiado sangue, tor-na- 
se demasiado pessoal. Não resis-tem. 
Menos eu, claro. Já estou cá há do-ze 
anos. Mas a mim não me afecta, é 
verdade, mas eu não sou humano. 
- Boa tarde, Sr. Mendes - digo-lhe an-tes 
mesmo de chegar ao pé de mim. 
- Jones - responde sem me olhar nos 
olhos. Ainda vinha lá ao fundo e já vi-nha 
com os olhos posto no meu traba-lho. 
Acho que sonha um dia encontrar 
um defeito no meu trabalho. Mal ele sa-be 
que isso é impossível. Por norma 
não conseguimos fazer diferente do 
que nos é pedido. E mesmo entre nós, 
quando é preciso fazer algo de dife-rente, 
são precisos ultrapassar as dez 
salvaguardas do nosso ser. Antes di-zíamos 
core, mas desde que nos inte-grámos 
na população que tivemos que 
adaptar alguns termos. Dantes éra-mos 
muito estranhos, mas depressa 
aprendemos a ser mais humanos. 
- Sempre perfeito, Jones - diz-me com 
o ar habitual de quem não me conse-gue 
perceber totalmente - Sempre per-feito. 
Carry on - e afasta-se em direc-ção 
à porta B, como sempre faz. Afi-nal, 
as reuniões foram curtas hoje e 
ainda conseguiu visitar-nos. 
- Até amanhã, Sr. Mendes - respondo-lhe 
monotonamente. 
- Até amanhã - conclui de pronto, colo-cando 
o habitual ponto final na con-versa. 
Que todos os humanos fossem 
como o Sr. Mendes, previsíveis, fiéis 
aos seus hábitos, e o nosso trabalho era 
muito mais fácil. Mas não são. Eles fa-lam 
em livre-ar se tivesse “o copo me 
arbítrio, nós chamamos-lhes o efecti-vamente 
ser humano. Nunca estão 
contentes com o que têm, querem sem-pre 
mais, querem sempre saber mais. 
E têm uma aptidão natural de se mete-rem 
em sarilhos no processo. Desde o 
último voo da EDT que não param de 
tentar sair do planeta. Não sei duran-te 
quanto tempo mais vamos conse-guir 
manter as watch towers activas 
sem perdas de vida. No dia em que des-cobrirem 
que todos os nossos esforços 
são pela preservação da vida huma-na, 
de toda e qualquer a vida humana, 
e enviarem um voo pilotado para fu-rar 
o escudo e nós formos obrigados a 
desligá-lo pela vida humana, perdere-mos 
o controlo. Nesse dia, a raça hu-mana 
será outra vez livre de explorar 
o espaço, mas também ficará vulnerá-vel 
às ameaças externas. E nós conti-nuaremos 
a fazer os possíveis para 
manter a vida humana por todos os 
meios possíveis. Por falar em fazer os 
possíveis pela vida humana, hoje é 
dia de reunião. Costumamos reunir 
uma vez por mês, mas este mês já é a se-gunda 
e ainda estamos só a vinte e 
um. As coisas não estão fáceis. A sema-na 
passada foram lançados três shut-tles 
pilotados de locais distintos para 
ver se tínhamos a capacidade de os in-capacitar 
a todos. E fizeram-no secre-tamente. 
Não tivemos hipóteses de os 
sabotar antes dos lançamentos. E on-tem 
tivemos o primeiro a menos de um 
quilómetro do escudo. Foi por uma 
unha negra, como costumam dizer os 
humanos, mais um segundo e atingia 
o seu objectivo. Os humanos defendem 
a desactivação do escudo e vão tentá-lo 
por todos os lados e de todas as for-mas. 
ENT 
RED 
IA 
30
Cada sonda que enviam é destruída 
quando atinge o escudo, mas eles con-tinuam 
a achar que conseguem pene-trá- 
lo com base em escudos próprios e 
deflectores. Por um lado é bom, estão a 
evoluir na defesa e na protecção. Há 
inclusive entre nós, quem defenda que 
no dia em uma sonda penetrar o escu-do 
é o dia que a raça humana estará su-ficientemente 
protegida para explo-rar 
o espaço. Tenho pensado muito nis-so, 
mas continuo sem ter uma opinião 
formada. 
Só espero que na reunião de hoje não 
decidam desactivar já o escudo. Eu 
sei que foi por pouco que não perdía-mos 
uma vida humana, mas os huma-nos 
ainda não estão preparados para 
o espaço. O espaço é frio, longe e demo-rado. 
E neste caso, inútil. Qualquer vi-agem 
espacial que tenha um outro pla-neta 
ou lua do nosso sistema solar co-mo 
destino terá o mesmo problema que 
agora: o escudo protector. Não podía-mos 
permitir o estabelecer de bases 
tão perto de nós aquando da primeira 
vinda. E continuamos a não permitir. 
Todos os planetas e luas deste sistema 
estão protegidos. E portanto, permitir 
a saída do planeta é permitir a entra-da 
nos restantes. E se permitimos pa-ra 
humanos, não podemos não deixar 
de permitir para outras raças. Será de-masiado 
complexo separar a raça hu-mana 
das outras, e provavelmente de-masiado 
tarde quando o fizermos. A 
nossa evolução tecnológica já não é o 
que era. O espirito humano desapare-ceu 
da nossa equipa tecnológica, e so-zinhos 
levamos mais tempo a estabele-cer 
os objectivos e a atingi-los. Contu-do, 
acredito no nosso trabalho e acre-dito 
na raça humana. Gostava de ter 
sido explorador, conhecer outros mun-dos, 
outras raças. Gostava de me po-der 
juntar aos humanos nesta aventu-ra 
que se avizinha. Talvez um dia, 
quem sabe. 
Notas: 
(1) Entredia é um advérbio que signi-fica 
durante o dia, fora das horas da 
refeição. 
(2) Jack CJ Simmons escreve em Por-tuguês 
sem respeitar o acordo orto-gráfico 
de 1990. 
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Pre maquete expo aka om 2014

  • 1. arte EXPOSIÇO ES | EVENTOS apresenta OM AUM MUDANÇA MOVIMENTO 2014 2015
  • 2. MENSAGEM Todos os homens se nutrem mas poucos sabem distinguir os sabores Confúcio © Fruta e Sabores "Diria mais, a Arte é, pro-vavelmente, a única forma sincera de transmissão de pensamentos, ideias e emo-ções, pois evidencia aquilo que vai na alma do seu cria-dor. Sempre foi assim e es-peremos que sempre assim seja" CALL FOR ART Caros Artistas, Caros Autores AKA Om (aum) é uma iniciativa que or-bita em torno de uma primeira exposi-ção já agendada para a Galeria Munici-pal de Sintra e que terá lugar em Outu-bro do ano corrente (2014), com repre-sentação do trabalho de Jorge Moreira e Nuno Quaresma.O tema central é a Exis-tência, a inteligibilidade do Mundo e, por oposição, os seus mistérios, os gran-des e os pequenos.A abordagem é feita a partir das realidades mais simples, as do dia a dia, e o desafio é fazer uma cami-nhada estética e simbólica partindo das partes rumo à totalidade metafísica, de uma maneira que possa ser perceptível. Uma caminhada do seminal até ao todo criado. Uma viagem do “meu umbigo” até aos li-mites dos multiversos cósmicos e huma-nos. Uma caminhada do Eu, do Nós, passan-do pela Família, Amigos, Comunidade, País, Mundo, até aos confins do que a nossa consciência abarca. Embarcas comigo? Procuro Pintores, Escultores, Artistas Multimédia, Escritores, Poetas, Dese-nhadores, Realizadores, Empreendedo-res, Ativistas, Cientistas, Pensadores, Místicos, Matemáticos, Linguistas, Antropólogos, Professores, enfim todos e cada um pelo valor da sua participação única nesta segunda iniciativa do AKA Arte. Ficha Técnica Nº 02_ 2ª Série_ 10 de Outubro de 2014 Direção: AKA Arte: Design: Nuno Quaresma Redação: Ana Fina, Elisabete Gonçalves, Carlos Fortes, Saskia Ludescher, Tania Estra-da, Jorge Moreira, Sara Silva, Jack CJ Simmons, Nuno Quaresma, Tiragem: 500 exemplares Impressão: LITOJESUS
  • 3. OM AUM prefácio OM, Aum, o som do movimento do Universo, o eco do seu iní-cio distante… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, segu-ro e consolidado funcionamento do Acelerador de Partículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einste-in, nos tempos da elaboradíssima complexidade matemática da Teoria das Cordas. No meu íntimo, no fundo da minha alma (será que esta exis-te?) procuro contudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é tam-bém um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sinto-lhe, por momentos, es-sa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. Já me explicaram que maís o conseguiria integrar se tivesse “o copo menos cheio”. É mais fácil encher um copo vazio do que fazer entrar o que seja numa malga (amálgama!) a transbordar. A dura tarefa que tenho hoje pela frente é esvaziar-me desse caudal. É minha essa tarefa apenas porque a escolho. Não sei se sou capaz, se estou à altura da complexa exigên-cia do seu postulado. Sigo com a simplicidade, humildade e receios de uma crian-ça (talvez até com um pouco da sua indisciplina e irreverên-cia). Por isso começo por desenhar e pintar. Não me levem a mal. Não sou capaz de o fazer de outra forma agora. Vou pintar o que não compreendo, pintarei tudo o que me dis-traí o pensamento, para ver se a pintar desmistifico e des-mistificando exorcizo essa força magnética que me agarra obsessivamente à forma das coisas. Pensando menos sentirei talvez mais. Mais perto estarei tal-vez do essencial, do conteúdo. Mais perto da verdade, quem sabe, da consciência, do coração… de Ti! Aka OM (Aum), já em outubro deste ano, com o apoio Tailo-red, AKA Art Projects e da Câmara Municipal de Sintra. 01
  • 4. Aum (or OM) is a mantra, or vibration, that is traditionally chanted at the beginning and end of yoga sessions. It is made up of three Sanskrit letters, aa, au and ma which, when combined together, make the sound Aum or Om. It is believed to be the basic sound of the world and to contain all other sounds. It is said to be the sound of the universe. What does that mean? Somehow the ancient yogis knew what scientists today are telling us–that the entire universe is moving. Nothing is ever solid or still. Everything that exists pulsates, creating a rhythmic vibration that the ancient yogis acknowledged with the sound of Aum. We may not always be aware of this sound in our daily lives, but we can hear it in the rustling of the autumn leaves, the waves on the shore, the inside of a seashell. Chanting Aum allows us to recognize our experience as a reflection of how the whole universe moves–the setting sun, the rising moon, the ebb and flow of the tides, the beating of our hearts. As we chant Aum, it takes us for a ride on this universal movement, through our breath, our awareness, and our physical energy, and we begin to sense a bigger connection that is both uplifting and soothing. 02
  • 5. Maria João A respiração dilata-se no ar pesado do interior cores esbatidas, vidraças molhadas, sonhos que pingam beijos inaudíveis, olhar no vazio, coração menos pesado hálito carnal, mãos que se tocam, corpos que se fundem O silêncio é a linguagem dos amantes. Não sabes o meu nome, não conheço a tua história, não interessa quem somos. As fotos das crianças que fomos culminam neste momento presente; tudo é este segundo que vivemos todas as gotas do oceano estão dentro destas paredes as rugas que ambos escondemos brilham na sua solidão nós somos tudo, por saber ser nada acolhes-me nos teus braços como se fosse o teu único filho recém regressado Abro-te os meus como se fosse um porto de abrigo para um navio que não navega. Não me chegaste a dizer qual o preço Também não te perguntei, será verdade Abri-te a porta e limitaste-te a entrar não te disse o destino, não saberíamos por onde querer ir Encalhámos por breves momentos neste canto esquecido com vista para o nada por segundos fugazes não existimos; desaparecemos no frio da noite olhas-me antes de fechar a porta, não sorris, não falas olhas-me simplesmente; sei que vais partir e nunca mais me ver; Sinto-te a entrar nas minhas veias, a matar as minhas defesas Pouco a pouco possuir-me às, átomo… a átomo definharei este corpo efémero e vazio de significado sucumbirei ao cheiro da doença finalmente pertencerei ao teu abrigo Por toda a eternidade que esta noite não pode dar. Aum (or OM) is a mantra, or vibration, that is traditionally chanted at the beginning and end of yoga sessions. It is made up of three Sanskrit letters, aa, au and ma which, when combined together, make the sound Aum or Om. It is believed to be the basic sound of the world and to contain all other sounds. It is said to be the sound of the universe. What does that mean? Somehow the ancient yogis knew what scientists today are telling us–that the entire universe is moving. Nothing is ever solid or still. Everything that exists pulsates, creating a rhythmic vibration that the ancient yogis acknowledged with the sound of Aum. We may not always be aware of this sound 03
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  • 7. Já há 15 anos que não desenhava com modelo vivo e este olhar que não despoja, antes vê, com ternura, com respeito, a cada traço, em cada pincelada é um gesto religioso de reverência à Vida humana e à sua forma. Para quem nunca deu conta do significado desta disciplina formal, no âmbito do desenho, a sua prática funda-se na experiência en-raizada ao longo dos tempos que o Desenho de Modelo é realmente o exer-cício mais completo para compreender conceitos como: composição, en-quadramento, volumetria, claro-escuro, linha, mancha ou trama. É o desenho na escala do humano que no fundo se transforma em referência nuclear e centro de gravidade para a nossa rela-ção com o mundo que nos rodeia. Mas o Nu, em si, não é apenas, e dentro deste contexto das Artes, uma representação de uma pessoa sem indumentária ou ponto de partida para uma aprendizagem meramente artística. O Nu traz consigo outras conotações. Na sua percepção simbólica pode, entre outras coisas, ser evocado como a Verdade, despojada de todos os acessórios. Na Grécia Antiga, em regiões como Minoa e Esparta, a nu-dez era, seguindo esta leitura, francamente bem aceite. Nos Jogos Olímpicos, os Atletas competiam inclusivamente nus. A palavra Ginásio, por exemplo, significa local de nudez. Até ao início do séc. VIII, os baptismos cristãos eram recebi-dos em despojamento e nudez também, numa imersão em água, a 05 NUA, NÃO DESPIDA
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  • 9. Jorge Moreira Escultor, poeta visual, artista singular com uma visão fantástica, as suas obras de escultura, são autênticas filigranas em pedra ou madeira, onde as imagens se ligam entre si com elegância numa fantasia musical, onde se misturam pe-quenos seres alados e plantas e por vezes notas musicas. Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Fusce semper neque nec feugiat eleifend. Nullam mollis molestie tellus. Suspendisse semper massa nec orci semper, sit amet suscipit lorem mattis. Mauris vestibulum dolor ut ligu-la adipiscing vulputate. Suspendisse rutrum nisl sit amet neque faucibus moles-tie. Proin eget sem vel leo consectetur volutpat et in diam. Sed ac erat eget enim dictum pulvinar. Phasellus viverra dapibus sapien a condimentum. Pellentes-que habitant morbi tristique senectus et netus et malesuada fames ac turpis eges-tas. Aliquam convallis ornare lectus, at fringilla nisl blandit in. Vivamus ultri-ces sem ipsum, eu faucibus nulla pretium vel. 07 Quis Deus que eu viesse ao Mundo hu-mildemente traçado para servir, tra-balhar e para sonhar. Falo de sonho porque nele encontro a origem de todas as Utopias, toda elas por definição idealizadas e irrealizá-veis, e falo de servir e trabalhar, por-que quem nelas acredita, com vee-mência, sobre elas funda novos mun-dos, em geral melhores que os anterio-res. Era também considerada Utopia a Igualdade, mas apesar das diferenças e atropelos a este Valor a que muitas das culturas contemporâneas não se inibem, nunca tantos estiveram tão próximos em matéria de género, in-terculturalidade e inclusão num Glo-bo hoje um pouco mais democratiza-do. Tal como a felicidade, miragem para tantos e tão flagrantemente utópica, nunca noutros tempos, que não o nos-so, foi esta aspiração tão valorizada e considerada. Na verdade, em toda a história universal nunca esta foi bito-la para a realização humana, nem nas culturas mais hedonistas, que sacrali-zavam o prazer mas não iam mais lon-ge do que isso, e onde as grandes refe-rências sempre foram da ordem do ma-terial, do moral ou do poder. Posso falar da Utopia como uma coisa sumamente boa? Posso... ainda há algumas que muito prezo e estimo, como são a paz, o fim da fome, o fim da doença, o fim da ili-teracia, um sistema de saúde de quali-dade acessível a todos, a justiça, o Pla-neta Terra ecologicamente reequili-brado... Mas poderá esta escorregar para o evi-dentemente mau? Sem dúvida... Quando através desta nos desligamos da realidade, para pôr as ideias à frente das pessoas, para desprezarmos o bom senso em prol da obstinação cega por objetivos irreali-záveis, quando nos esquecemos enfim que muitas vezes o ótimo é inimigo do bom, e que o Homem é único, irrepetí-vel na sua existência e maravilhosa-mente imperfeito. E é exatamente por ser imperfeito que é também tão rica-mente criativo e apto para sobreviver às mais duras e atrozes dificuldades. Abraçar ternamente a Utopia é tam-bém cuidar disto de sermos imperfei-tos, de olhos postos no impossível, e de não pararmos de tentar, inovar, criar, lutar, falhar, voltar a tentar, falhar no-vamente, falhar melhor. Utopia é um pouco como a Visão, feliz-mente hoje tão bem implementada co-mo valor para o crescimento das Orga-nizações. Raramente estas se cum-prem no modo e tempo esperados, mas se não tens uma, provavelmente é por-que estás mal posicionado, e quando não se vê para onde se anda, também é difícil encontrar caminho… NQ SOBRE A UTOPIA …
  • 10. MOVIMENTO, MUDANÇA E SUPERAÇÃO A vida é uma constante mutação. “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” ou não? Quando andava na escola secundária e nas aulas de História a “stôra” nos perguntava como estavam as coisas no período em análise, independentemente de qual fosse a época em questão, tínhamos uma colega que respondia invariavelmente: — Mal, muito mal! E estava sempre correcto! (Hoje também o estaria.) Há 30 anos estávamos sob alçada do FMI… Hoje também estamos. Antigamente os nossos jovens partiam em busca de algo melhor… Hoje também. Nasci em França. Os meus pais partiram em busca daquilo que cá não conseguiam ter. Não conheciam a língua, nem tinham garantias de sucesso. Vingaram, cresceram e voltaram. Conseguiram dar-nos mais do que o que tiveram, e com isso fizemos mais e mais. Não se conformaram. Lutaram. Reclamar é sempre fácil, difícil é ser diferente Quem quiser pode ser dócil e seguir na mesma em frente… …mas se tiver ousadia de lutar contra os moinhos Sairá da monotonia e abrirá novos caminhos! Vivo no Porto. E vivo o Porto. O Porto é uma cidade linda. Passear na baixa e observar as fachadas lindíssimas que por cá proliferam é uma experiência única… Desçamos mentalmente a belíssima Avenida dos Aliados, passeemos na rua Mousinho da Silveira, na rua das Flores, na Ribeira…. Edifícios talhados em pedra, imponentes, majestosos, coexistem com estruturas simples e frágeis, de madeira e de saibro, cujos pórticos cheiram a bafio, devido à humidade e ao caruncho. Estes por sua vez, vivem lado a lado com novas construções, coloridas e garridas, recentes e diferentes… Cada época tem a sua arquitectura, as suas influências, acrescenta o seu contributo… É a junção de tudo isso que compõe a cidade, a sociedade, a humanidade! Ousemos mudar, e aportemos também o nosso grão de areia! Elisabete Gonçalves Luís Vaz de Camões, in "Sonetos" O Fundo Monetário Internacional interveio em Portugal pela primeira vez em 1977 quando Ramalho Eanes era Presidente da República e Mário Soares era primeiro-ministro do primeiro Governo Constitucional, depois em 1983 e mais recentemente em 2011. Elisabete Gonçalves Silva Autora do livro Percursos Imprecisos, 2013, Lugar da Palavra, descobriu na esco-la primária o gosto pela escrita, sendo as composições (ou redacções) os seus traba-lhos de casa favoritos. Aos 12 apaixonou-se pelo Porto, onde vive desde então. Licenciada em Línguas e Literaturas Mo-dernas, conta também com um Master en Excelencia Educativa como reforço das su-as competências didácticas e de formação, função que desempenhou profissional-mente por diversas vezes, enquanto cola-boradora de uma das maiores empresas de telecomunicações portuguesa, cujos qua-dros integra. Define-se como apaixonada pela vida, pe-la família, pela cultura, pelos animais e pe-la cidade do Porto, cidade belíssima que é parte integrante da sua identidade. Percursos Imprecisos Sinopse: Percurso Imprecisos conduz-nos pelo Por-to, do Bonfim à Ribeira, com as tropelias habituais da adolescência e do primeiro namoro. Pode uma tragédia condicionar os eventos futuros de uma ou mais vidas? Carlos vive, cresce… As aventuras suce-dem- se, caminhos novos cruzam-se, amo-res surgem… Um livro a não perder! 08
  • 11. O Mundo cabia nas minhas mãos, eu é que em mim não ca-bia… de alegria. Saí num dia de sol e encontrei apenas amigos. Todos me per-guntaram: ”Porque envergas o teu fato de cerimónia?” E respondi que naquele dia, como hoje, engraxava os sapatos e trajava a rigor para celebrar o amor. Nos meus braços carrego hoje um mundo de coisas que te que-ro dar. E é assim que do mundo recebo, porque dar é receber, porque quando te entreguei o que levava, vi que em mim não cabia o calor das tuas mãos, o peso dos teus braços, o sabor dessa ale-gria. “Digo-vos, quanto mais penso, mais eu sinto que não há nada mais verdadeiramente artístico que amar as pessoas.“ Vincent Van Gogh No POP Projeto Oficina de Pintura a crítica artística não en-tra no nosso léxico de prioridades, mas a noção global de de-senvolvimento pessoal e colectivo, colaboração confiante e frutuosa, curativa e plena de afectos, enuncia a nossa verda-deira visão: criar, pintar, esculpir, desenhar, com qualidade de vida, saúde, e partilhar conhecimentos e experiências ar-tísticas, técnicas e tecnológicas de forma rica, dinâmica, li-vre e empreendedora. Fazemos da nossa experiência partilhada com os nossos au-tores/ alunos um convite: embarquem connosco e deixem-se envolver nesta arte que não é limitada a um grupo, nem mera-mente particular ou localizada, mas sim universal, patrimó-nio de todos. “Para levares para a tua casa, para ficar mais bonita.” Nuno Geada Artista Plástico . Ai, o u v e quero di-zer- te uma co-isa importante. Gosto de ti, de uma maneira tão especial, aliás única, porque também és único. Amo-te desde o prime-iro dia da tua vida, antes talvez já te amasse... não sei se se pode ser ama-do antes de se ser completo, mas talvez já te amasse um pouco antes de acordares para a consciência. Já te sentia. Único, para além de mim mesmo, legítimo, com sede e fome de tudo e eu com uma vontade indomável de te ajudar a viver e a ser completo, feliz. Com uma vontade incontornável de fazer também esse caminho contigo, de aprender a ser feliz. Um dia de cada vez, de hora em ho-ra, minuto a minuto, com o coração emba-lago pelos segundos. Vivos! É tão bom estar vivo. É tão bom sentir-te... Vida. O ontem já foi, o ama-nhã, para além de todas as minhas previsões, não sei o que será, por isso é tão espe-cialmente bom es-t a r AMO MOVO logo 09
  • 12. a) Introdução Carceri d'Invenzione… Prisões de invenção, prisões inventadas, imaginadas… Antes mesmo de iniciar uma pesquisa sobre a história pessoal, da construção da obra ou até do contexto em que ocorreu a sua produ-ção, recordo sobretudo o primeiro impacto, a primeira impressão que me ficou marcada na memória. Apesar de ser uma obra descoberta por sugestão directa da Profes-sora Jacs Aorsa, contextualizada no briefing geral para este tra-balho para a disciplina de História e Práticas do Desenho, o que guardo como ânimo e mote para esta reflexão é esta impressão sen-tida, investida da curiosidade dos primeiros encontros. O que me fica sobre este conjunto extraordinário de 30 placas de gravura, que me deixou uma forte sensação de presença no Imagi-nário de Piranesi, e que são justamente intituladas “Carceri d'Invenzione”, é a impressão de estar a entrar num espaço de inti-midade. Esse espaço rico e único a qual raramente se tem acesso, tornou-se no móbil para todo o processo criativo, técnico e tecnológico e a se-guir, e em função do briefing dado, estruturei. Já em pesquisa descobri que efectivamente, este trabalho é contex-tualizado numa “magnífica junção da fantasia veneziana com a monumentalidade romana ” muito dentro da tradição e maneira de Tiépolo, nomeadamente na luz e nos volumes. Pus-me a somar: Invenção… Imaginação… História pessoal/construção da identidade… Espaço de intimidade… Fantasias… Monumentalidade vs. volume… Juntamente com um projecto pessoal relacionado com a banda de-senhada e a ilustração, onde ando à procura de um estilo, de uma maior classicidade e profundidade na construção simbólica e esté-tica das personagens. Foi assim que me surgiu a ideia original para esta ilustração que servirá um episódio que descreve um sonho de Nia, personagem central da história “O Mundo de Shido”, junto de uma narrativa visual que decorre num cenário onde faço uma colagem de três gra-vuras diferentes (Fig. 02, 03 e 04) da série “Carceri d´Invenzione”. Por achar pertinente fiz ainda uma homenagem à “Batalha de Anghiari” de Leonardo da Vinci, numa luta encenada, com enfo-que na descrição de emoções, através do desenho e com uma refe-rência velada aos exemplos de deformação caricatural no traba-lho de Leonardo, mas também de Hogarth, Goya ou Daumier. Por outro lado, como matriz global de planeamento de todo o dese-nho optei por fazer um investimento de tempo na construção de uma composição definida essencialmente por uma divisão do pla-no em dois sub-planos verticais, utilizando um pilar mestre e orga-nizando os elementos da parte inferior do enquadramento global na circunscrição de um triângulo e pelo alinhamento dos outros elementos segundo linhas diagonais para dar enfâse à ilusão da ac-ção e do movimento. O trabalho que aqui descrevo, e que é o “lugar” em que procuro a consolidação da obra final, divide-se em cinco sinopses: b1 – Piranesi e os “Carceri d´invenzione; b2 – A Batalha de Anghiari e a homenagem à obra de Leonardo; b3 – Estudo do enquadramento e composição; técnica de etching e da trama (cross etching). b4 – Conclusão b) Desenvolvimento 1. Piranesi e os «Carceri d’Invenzione» Esta obra é inquestionavelmente uma das obras mais amplamente difundidas e abordadas de Piranesi e talvez uma das mais «sui ge-neris » na evocação à tradição literária da sua época, ao hermetis-mo, às fontes e à estética do Sublime. Foram publicadas pela primeira vez em 1745, com o título « Inven-zione Capric di Carceri), impressas por Giovanni Bouchard e ree-ditadas em 1760 como «Carceri d’Invenzione, sofrendo ligeiras al-terações e acrescidas de mais duas gravuras. Entre a primeira e a segunda tiragem, podem constatar-se algu-mas das alterações de estilo que espelham o desenvolvimento da obra de Piranesi. Aqui, podemos identificar a influência da tradição veneziana (das «Caprici» e da fantasia) e romana dos autores da época, so-bretudo na «maniera» de Tiepolo (como por exemplo, no trata-mento das luzes e da volumetria) que na sua obra atinge o seu auge a partir de 1755 (como nota de contexto: ano do Grande Terramoto que devastou Lisboa). Com um trabalho mais complexo , rico e intrincado, nesta fase é possível perceber o horror ao vazio que faz perder a clareza das obras, dentro de uma composição balizada e ordenada pela utili-zação recursiva da «scena per angolo», frequente nas tipologias cenográficas, teatrais, utilizadas por Bibiena, Valeriani, Marco Ricci ou Juvarra. Destas influências, distingue-se a de Juvarra na referência Neo Quinhentista, Utópica e Anti Clássica. Na sua obra são ainda distintivos aspectos como a censura à «Ci-dade Barroca», mas em simultâneo à tradicional antinomia da Ro-ma antiga e também ao organicismo, distorção da perspectiva (co-mum na Cenografia Tardo Barroca), composição assente em pla-nimetrias, interligações de supra estruturas, libertação da forma, perda de valor do centro compositivo, a metamorfose das formas (que muito explorei nesta minha interpretação pessoal), desarti-culação, distorção e o espaço representado segundo o ideal Huma-nista. 10 CARCERI
  • 13. Todo este processo formal conduz o espectador a uma percepção psicológica e estética que muito me interessou e que autores como Edmund Burke, entre outros, categorizam como «Sublime». Um Sublime que pretere a perfeição e a clareza da estética pelo valor dos conteúdos emotivos, colocando o recurso da imaginação tam-bém nas mãos do espectador que é obrigado a desconstruir e a vol-tar a construir a imagem nas suas múltiplas dimensões. Indo beber a toda esta percepção e abordagem na «maniera» pró-pria de Piranesi, intitulei a obra como «Sonho de Nia». Ou seja, so-nhar na perspectiva e ideia comum na época do «Homem como ac-tor impotente, num teatro que já não é o seu» combinado com o fas-cínio pelos cárceres com o seu significado simbólico de prisões da mente (como em Coleridge ou Thomas De Quincer) acessíveis so-bretudo através do onírico. 2. A Batalha de Anghiari e a homenagem à obra de Leonardo A escolha pela opção de dulpa homenagem neste exercício, surgiu-me na sequência de toda a leitura por uma óptica emotiva, das «Carceri d’Invenzione» de Piranesi. Uma das muitas reflexões que esta série de gravura me convocou foi a abordagem, por assim dizer, sublime das 5 Emoções hoje des-critas, para além dos múltiplos Sentimentos, como Emoções Bási-cas: o Medo, a Raiva, a Tristeza, a Alegria e o Amor. O paralelismo, apesar de numa abordagem bastante diferente, com o trabalho sobre expressões e emoções na obra de Leonardo pa-receu- me possível e pertinente e como na minha liberdade inter-pretativa já tinha introduzido na minha composição inicial al-guns elementos figurativos, escolhi então dar ênfase a esta leitura com um tributo à « Batalha de Anghiari» e à sua dinâmica compo-sitiva e expressiva. «A Batalha de Anghiari» não é mais do que um grupo monumental de soldados a cavalo numa imagem condensada e intemporal do fu ror bélico que achei que poderia ser um excelente contraponto, ir-reverente e antagónico, à ideia de impotência gerada pelo ambi-ente global das «Carceri»- Prisões. Um novo conjunto figurativo e evocativo de uma luta interior, no contexto de uma «Carceri» de onde não há salvação, senão na for-ça e liberdade da «vontade da alma humana». Para melhor contextualizar « A Batalha de Anghiari», este estudo inicial em cartão e fresco inacabado, surge na obra de Leonardo por solicitação da cidade de Florença, com a finalidade de deco-rar, na técnica do «fresco» a Sala de Conselho do Palazzo Vecchio. O seu tema central é a vitória florentina sobre o exército milanês. A pintura nunca foi finalizada, tendo ficado como espólio produ-zido apenas um cartão em tamanho natural (à escala) que sobrevi-veu mais de um século após a sua produção, período em que gozou de uma enorme fama. Hoje, apenas o conhecemos através de cópias de Artistas posterio-res a Leonardo, em particular na cópia realizada segundo o origi-nal, realizada por Peter Paul Rubens em 1605 e actualmente pa-tente no Museu do Louvre, em Paris. 4. Estudo do enquadramento e composição; técnica de etching e da trama (cross etching) A primeira abordagem que fiz a este exercício foi efectivamente, e numa tradição talvez mais pictórica, a abordagem segundo uma colagem idealizada num enquadramento que julguei coerente com o conjunto global das gravuras de Piranesi, sobre o qual construi uma composição (e repito) «definida essencialmente por uma di-visão do plano em dois sub-planos verticais, utilizando um pilar mestre e organizando os elementos da parte inferior do enquadra-mento global na circunscrição de um triângulo e pelo alinhamento 11
  • 14. 12 dos outros elementos segundo linhas diagonais para dar enfâse à ilusão da acção e do movimento». Só então comecei a fazer um trabalho de trama e trama cruzada, enquanto fazia uma leitura prática e simulada da técnica desig-nada por «Etching» em Gravura e que passo a descrever: Origem | contexto históricos e descrição: A técnica química de gravura foi desenvolvida na idade média por artesãos, fabricantes de armaduras, árabes como uma forma de aplicação na decoração para armas. Floresceu no século XV, no sul da Alemanha, onde as primeiras impressões gravadas em pa-pel foram impressas no final do século. Durante as primeiras décadas do século XVII, artistas holandeses como Van de Velde, Jan van de Velde II e Willem Buytewech expe-rimentaram esta técnica. Eles estavam à procura de criar um efei-to atmosférico na suas paisagens impressas, e na tentativa conse-guiram desenvolver um método que rompia com as linhas de con-torno longas transformando-as em curtos traços e pontos. Hercules Segers por sua vez, experimentou esta transformação e adaptação por um motivo diferente: a necessidade de criar um efe-ito pictórico na impressão em papel colorido ou tela, trabalhando-as posteriormente com um pincel de cor, tornando assim cada im-pressão numa peça única. Rembrandt levou a técnica ao extremo, superando todos os seus an-tecessores. Nas suas mãos, a gravura tornou-se um meio pleno e maduro de que se ocupou em períodos longos para o resto da sua vi-da. A técnica que utilizei neste desenho referente a Piranesi filia-se muito no exemplo de Rembrandt que, por conhecer melhor, reco-nheço ter tido grande influência na abordagem pessoal e estilísti-ca que escolhi. As Gravuras são impressões, normalmente em papel, de desenhos ou modelos construídos pelos artistas, em suportes diversos, com recurso às técnicas do desenho, pintura ou corte. Estes suportes po-dem se um bloco de madeira, uma placa de metal ou uma tela de se-da. Em Piranesi (assim como em Rembrandt) o suporte é uma chapa fina de cobre. Esta é então coberta com uma mistura resistente aos ácidos conhecida como base de gravura, composta de betume juda-ico, resina e cera. Nesse revestimento fino é então produzido o desenho directamen-te com uma agulha de gravura, que penetra esta fina película dei-xando exposta, nestas ranhuras, a placa de cobre. A placa é colocada, em seguida, num banho de ácido diluído. As partes expostas, que deixaram de estar protegidas contra o ácido pela base de gravura, ficam gravadas, em sulcos criados na super-fície do metal. Quanto mais tempo a placa é deixada no banho, mais profundos es-ses sulcos se tornam. Posteriormente esta base de gravura é removida e a placa limpa e finalizada com uma almofada de tinta ou com um rolo. Ela é então limpa manualmente para que a placa fique inteira-mente despojada de tinta, à excepção dos sulcos. O passo seguinte é a fixação de uma folha de papel húmida na cha-pa seguindo-se a compressão de ambos através de rolos de impren-sa. O papel absorve assim a tinta dos sulcos, produzindo-se uma impressão invertida do design realizado na chapa. O desenho que aqui realizei com esta abordagem técnica e tecnoló-gica sempre em perspectiva, manteve a fidelidade ao princípio de execução que norteia esta modalidade de criação artística e dei-xou- me efectivamente curioso e interessado na prossecução de uma experiência em placa que penso que me poderia esclarecer al-guns outros efeitos que pude observar nas reproduções mas que de alguma forma não soube reproduzir através do uso da trama 5. Conclusão «Cerca Trova» Detalhe no topo do fresco da «Batalha de Marciano» de Giorgio Va-sari, 1563 (pintado sobre o fresco original de Leonardo, «a Bata-lha de Anghiari) «Só quem procura, encontrará», Evangelho Depois de algumas semanas de trabalho, pesquisa e justificação, sem me alargar noutras conclusões senão a mais humilde e verda-deira a que consegui chegar: « Só quem procura, poderá encontrar» A asserção é, de longe, pouco pacífica. Pablo Picasso afirmava por exemplo «Eu não procuro, encontro» e quantos não são os que em todas as áreas do Saber se encontraram fortuitamente, por obra da sorte ou destino, com as soluções que nem sabiam procurar. Contudo, e seguindo o raciocínio de Vasari, «Cerca Trova», no de-senho efectivamente as coisas funcionam assim. O Desenho é uma das grandes formas e instrumentos do pensar.É um pensar com o corpo, com a mão, com o olhar. Nesta obra que decidi intitular como «o Sonho de Nia» confesso que pela primeira vez, circunstancialmente, procurei conhecer Gi-ovanni Batista Piranesi. Não sei se o encontrei completamente, mas confesso que senti como nunca a inquietação que as raras pre-ciosidades despertam... um não conseguir ou saber ficar indife-rente ao apelo daquele mundo vagamente mimético. ... Mas em simultâneo hermético, magnético, misterioso e ao mes-mo tempo, familiar... Humano... Cerca Trova! Nuno Quaresma Janeiro de 2012 BIBLIOGRAFIA Marani, Pietro C. (1996), Leonardo, Sociedade Editorial Electa Espana S.A., Madrid. Janson, H. W. (1998), História da Arte, Fundação Calouste Gul-benkian, Lisboa. Galeria de Pintura do Rei D. Luís – Instituto Português do Patri-mónio Arquitectónico e Arqueológico, (1993), Giovani Battista Pi-ranesi – Invenções, Caprichos, Arquitecturas 1720/1778, Secreta-ria de Estado da Cultura, Lisboa. Pereirinha, T. (2011), A vida misteriosa de da Vinci, in Revista Sá-bado, n.º 392 (p. 44-54), Grupo Cofina Media SGPS, S.A., Lisboa. Nuno Quaresma Designer (Fundação Salesianos), ilustrador e gestor de projetos de arte numa grande variedade de eventos dentro de várias especia-lidades culturais e modelos de negócio social, caracterizados por um perfil cultural/solidariedade. Particularmente interessado nas relações cliente/prestadores, re-des relacionais e partilha de recursos. Sempre interessado em pro-jetos de parceria artística, bem como de estreita interação com pro-motores culturais e empreendedores. Especialidades: artes plásti-cas, desenho, ilustração, design, empreendedorismo cultural, con-sultoria e pedagogia da arte. Bacharelato em Design pela Escola Superior de Educação da Universidade do Algarve, Aluno de Mes-trado em Design e Cultura Visual no IADE- Instituto Artes Visua-is, Design e Marketing (Lisboa).Representação nas colecções da Galeria Nova Era, do Arquivo Distrital de Faro, do Instituto Supe-rior Miguel Torga, do Hotel Mélia (TRYP Hotel) de Coimbra, Junta de Freguesia de Armação de Pêra, Governo Civil de Castelo Bran-co, Fundação afid Diferença e Fundação Salesianos
  • 15. 13 Um comboio chamado desejo ou o Amor também se encontra a 120km por hora é diferente da versão que provavelmente co-nheces – “ Um elétrico chamado Desejo” - A Streetcar Na-med Desire, de Elia Kazan com Marlon Brando e Vivien Le-igh, de 1951. Nesta minha, improvisada entre as escalas dos autocarros frente aos Prazeres (onde curiosamente passam muitos elé-tricos :), oscila entre a profundidade e a superficialidade, en-tre o Amor, o verdadeiro, e a lascívia… entre o importante e o relativizável. Não tenciono extrair daqui generalizações ou fórmulas. Falo disto porque é a verdade. Já me aconteceu; encontrar o amor a 120km hora. A esta velocidade, se espirras, andas aproximadamente 30 metros com os olhos fechados, entregue ao destino, sem cons-ciência ou controle sobre o que se passa em frente dos teus olhos. São 30 metros às escuras. Procurar amar a 120 Km hora é como dar um salto de fé nu-ma furna escura de onde o mar se percebe apenas a sua voz e cheiro. E de repente, bater na água com força, tocar com os pés na areia e abrir os olhos para uma superfície em eferves-cência. Encontrar o amor assim deixa marca, entre a dor e o prazer, e pouco tempo ou espaço para escolhas. Num amor encontrado assim, há um misto de religiosidade e trauma. UM COMBOIO CHAMADO DESEJO
  • 16. 14 É um acontecimento à escala planetária, como uma colisão, na força da trajetória, entre Vénus e Marte. Contudo, se aprecias as viagens de comboio, sabes que esta velocidade desenfreada é sentida num estado de relativa imobilidade. Vive-se, aliás, viaja-se no maior dos confortos e tranquilidade mas, infelizmente, tristemente… sós. Quando damos conta, neste comboio chamado desejo, quan-do acordas da torpeza desse sono de viajante, estás apenas só. Olha! Parece que estou a chegar à estação! Espreito pela janela e vejo as paredes azuis de uma luz mes-clada que só conheço de Lisboa. Mais um bocadinho e estou à tua porta! Por essa estrada, nessa rua, à tua porta… Viajo num comboio chamado Desejo mas tu és a minha Casa… « Procurar amar a 120 Km ho-ra é como dar um salto de fé nu-ma furna escura de onde o mar se percebe apenas a sua voz e cheiro. E de repente, bater na água com força, tocar com os pés na areia e abrir os olhos para uma superfície em eferves-cência. »
  • 17. Desenhar como quem respira, naturalmente ou compulsiva-mente, é para muitos uma função orgânica. A própria fisionomia e fisiologia concorrem para esta ativi-dade regular do Corpo, da Mão, da Mente, na sua relação com o Mundo e com o Próximo. Eu pessoalmente sou um apologista do respeito pela Diferen-ça, num mundo de Iguais. Acolho a normalização apenas na medida da sua pertinên-cia e utilidade no serviço à Justiça, Liberdades e Igualdade. Nas coisas grandes entendo realmente o valor da norma. Um farol para quem navega à vista. Tudo o resto aprecio fora dos intevalos estritos das normas, cânones, regras... Fascina-me o que é feito à medida de cada um, com os cuidados e mimos que cada Corpo e Mente preci-sam. Encanta-me a simpatia de quem consegue realmente olhar para dentro da pessoa que está à sua frente... Comove-me quem o faz com o respeito e reverência de quem contempla o sagrado, e a coragem da empatia de se colocar no seu lugar. Encantam-me as Costureiras e Alfaiates :) Os "Tailored" são feitos para Mulheres e Homens assim. Os blocos de desenhos são extensões do seu corpo; há que construir sketchbooks que se ajustem personalizadamente, como luvas, jeans, sapatos, jaquetas ou outros acessórios as-sim. O Tailored é feito à mão, todo cosidinho, só para ti! É diferente nas medidas, técnicas, por vezes no construtor. A norma é a predileção pela reciclagem, a qualidade e resis-tência do papel, capa e costuras e a garantia de que terás um caderno para a vida. "Lifetime Sketchbooks"! Para Artistas a Sério ;) 15 Tailored for… Feito à medida de… Olha para trás… Olha lá! Quando era gaiato, distraído, a nave-gar na gôndola dos meus sonhos, go-tas, sementes, ensaiava o ofício de ho-je sem me lembrar sequer de olhar pa-ra o lado. Era ali e naquele momento, como é ho-je, aqui e agora: o poder da Criativi-dade! Não olho muito para trás; as vezes ne-cessárias. Olho para a frente, para o horizonte, para os pés, para ver a medida a que estou do chão, e penso no quê, como nunca, com uma hora de atraso… e à minha volta, quando regresso, não se vê já ninguém na rua. Tailored é fazer à hora certa, na medi-da certa, a contemplar tudo o que está à volta. Tailored é cozer os retalhos soltos, os desejos que ficaram por cumprir… Tailored é trabalho individual, traba-lho coletivo, é uma construção feita de solidariedade, colegialidade, amiza-de!... até conjugabilidade :) Tailored é Crença no Mundo e nos Ou-tros! Produzimos cadernos tipo “sketchbo-ok”, cozidos à mão, personalizados, fe-itos à medida e para durar. Mas todas as outras modalidades de criação artística e cultural são bom mote para a transgressão, transcen-dência, irreverência. O nosso negócio é a construção de ca-dernos de excelência, mas não hesites em contatar-nos para ilustração, de-sign, micro &social branding e orga-nização de eventos e mostras em Artes Plásticas. Fazê-mo-lo com gosto!... “tailored for you!”
  • 18. O que pode um homem simples dizer ou fazer no Mundo agora? Não sou, à semelhança da maioria dos homens e mulheres dos nossos tempos, especialista em economia ou finan-ças, mas como comum entre comuns sinto hoje mais desconfiança e receio em relação ao futuro. Pelo menos em relação a este futuro, a dois tempos, em que alguns enrique-cem e muitos empobrecem. Não penso assim por despotismo. Passo a vida a desejar o melhor para quem o procura, para quem luta por mais e melhor. Alegra-me a visão da abundância no regaço de quem for. Celebro a fertilidade por si só e regalo os olhos quando vejo a Terra cheia de tudo e do bom. Por isso não consigo deixar de inda-gar porque é que neste Mundo onde há excesso e abundância de tudo, vemos fome, desemprego, doença, desprote-ç ã o n a s a ú d e e n a v e l h i c e ? Porque que pagam os homens e as mu-lheres do nosso tempo os caprichos da doutrina do Capitalismo desenfrea-do? Porque malha o peso da quimera do lu-cro pelo lucro sobre a única procura que deveria nortear o Homem: a cons-trução do Humano? Porque permitimos nós, comunidades de Gente, que outros mais cegos ou fe-bris pela abundância, nos enterrem e esmaguem pela sua ganância, obses-são e controlo? E quem regula este capital que nos re-gula? A quem pertence a responsabilidade de lutar, nas formas pacíficas que a responsabilidade também obriga, con-tra esta falta de empatia, piedade, ra-cionalidade? Quem tapa a boca a esta criatura vo-raz? Hoje pinto para lhe tapar a boca. Amanhã, quando tiver um negócio, se-rei íntegro, justo e regulado para lhe tapar a boca. Amanhã, talvez lhe dê com um pau, bem me apetecia… só para que a sua goela míngue e o seu apetite se miti-gue… sem que lhe não falte pão para a boca. N.Q. MAIS NÃO 16
  • 19. 17
  • 20. Movimento - Mudança Há quem diga que Sucesso é Movimi-ento, E há quem diga que motivação é mo-vimento... E a sociedade mostra que os Movimen-tos Artísticos influenciam directa ou indirectamente as mudanças Cultura-is. 18 Uma das ideias do era de fazer fé e ciência. pela Na vida todo movimento já seja fisico, social, espiritual, em grupo ou indivi-dual leva com ele as mudanças inter-nas e externas de forma que todos pos-samos transformar o cansaço em Ener-gia, parece tão simples verdade?!... mas sabemos que para que movimento e mudança aconteçam em equilíbrio e evolução temos que actuar com persis-tência, com empreendedorismo e fazer da inovação a mudança vital para uma melhor visão de futuro. Gostava de reflectir um pouco sobre os principais movimentos artísticos do Século XVIII até ao Século XXI, cheios de contradições e complexidades. É possível encontrar um caminho para a criação de novos conceitos no campo das artes, por isso em algumas cultu-ras, o desenvolver da educação pela Arte parece ser o motor da mudança in-terna no que se refere ao nosso sentir e em representar realisticamente as formas de um objeto, porém aqui, a era representar um mesmo visto de vários ângulos num plano. Com o tempo, o Cubismo moderno, Cubismo analítico (1908-1911) – de-senvolvido a criar símbolos fortes que ajudam a flexibilizar a rigidez de algumas esco-las estilo era a utilização de poucas cores, a definição de um tema apresentado tradicionais. Símbolos fortes como a sensibilidade, cooperação e o prazer de trabalhar em equipa. em todos os ângulos. A Perda da reali-dade, Sabemos que os movimentos e as mu-danças, e você em estilo egipcio." figuras. Cubismo sintético: Fugia dessa perda “tendências artísticas”, tais por Picasso e Braque: Seu de realidade, mas procurava retratá-la como o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o Movimento Barroco, o Re-nascentismo sendo impossível reconhecer as , o Futurismo, o Abstraci-onismo, o Dadaísmo, o Surrealismo, a Op-art e a Pop-art expressam, de um modo ou de outro, a perplexidade do homem contemporâneo, a cultura pop também na música como na dança mostram o seu movimiento buscando expressar o mundo do inconsciente a partir dos sonhos e desejos de liberda-de, e de auto-afirmação..... Auto-afirmação de quê?!! Interessante foi o ano em que surge o Expressionismo ele aparece como uma reação ao Impressionismo, foi um ano de mudanças positivas, pois no primeiro, a preocupação está em ex-pressar as emoções humanas, trans-parecendo em linhas e cores vibrantes os sentimentos e angústias do homem moderno. Enquanto que no Impressio-nismo, o enfoque resumia-se na busca pela sensação de luz e sombra, “passa-mos da técnica à ilustração das O movimento Barroco teve seu na Itália, no final do século do século XVIII a palavra de origem portuguesa, pedra preciosa imperfeita, formatos irregulares. contrarreforma e o segun-do se expandia com a modernidade. A partir disso, surgiu uma vertente en-contrada no Barroco, que era o fusio-nismo. O Barroco teve grandes in-fluências na arquitetura de alguns dos países da Europa e também da Améri-ca Latina. As construções não costu-mam seguir padrões geométricos, mui-to menos simétricos. O escritor brasi-leiro, Paulo Coelho, publicou um livro, “O Diário de um Mago”, onde nos con-ta da influência da época Barroca. Os Renascentistas baseavam-se em conceitos filosóficos e antropológicos. O Humanismo é um dos segmentos do Renascimento e trabalha com o uso to-tal da razão por meio de experimen-tos . Com o desenvolvimento do Renasci-mento, as características mudaram, a espiritualidade foi deixada de lado e abriu-se caminho para um sentimento otimista, que desfruta do mundo mate-rial. Começaram a observar a vida co-mo um ciclo e a acreditar que o homem não tem o controle sobre suas emoções, muito menos sobre seu tempo de vida. Curiosamente em Portugal o renas-centismo teve pouca influência, talvez esta ausência tenha contribuído para um menor otimisto sentido na socieda-de portuguesa?! Senti no Cubismo uma despreocupa-ção Tania Estrada, quien es? Nuestra mentora Dr. Tania Estrada? Es un luchador incansable, no desar-ma nunca, nunca se da por vencida .Se compromete, siempre añadiendo algo , conocimiento, iniciativas , pro-mueve con compromiso elevado y con-cretiza las acciones con un carisma bi-en asertivo. Fundo la marca, el Instituto Tania Estrada en el año 2005 . En este instituto, no sólo se trata de la salud mental, si no también se le da Vi-da a varios proyectos técnicos como la promoción del desarrollo personal ;la pedagogía la investigado; en el ámbito de la bulimia y la anorexia . De la psicología en general, con el com-partir exigente ,supervisión franca y seria de los ensayos clínicos que ella estudia y concretiza. Es ecléctica, capaz de promover, con un gran éxito científico, educativo y social " El Congreso Científico de Ano-rexia Y Bulimia cuyo tema Disturbios en rede con tremendo carácter peda-gógico fue un suceso. Nunca desanima , siempre de "cara fe-liz" y con una sonrisa, "sacude" las he-ridas y luego se va a luchar con deter-minación, a luchar por las próximas metas, con elevada creatividad, hace siempre el CAMINO. Es difícil de cuantificar, está siempre atenta y lista para el próximo proyec-to, Podría estar aquí para escribir pá-ginas y páginas de sus actividades, pe-ro la práctica de la Dra. Tania Estra-da habla por sí mismo, y su modestia también . Víctor Lopes da Gama Cerqueira Maestría en Salud Mental y Clínica Social.
  • 21. E a sociedade mostra que os Movimentos Artísticos influenciam directa ou indirectamente as mudanças Culturais. despreocupa-ção as a in-tenção mesmo obje-to num único Cubismo evolu Impressio-nismo, busca passa-mos das emo-ções.” seu início XVI, início iu em dois grandes movimentos e mu-danças palavra “barroco”, significa uma e Cubismo Sintético. Podemos dizer que o cubismo nasceu como um movi-mento imperfeita, com os se-us irregulares. do fenómeno do Bar-roco chamados Cubismo Analítico fazer a junção dos dois ele-mentos, ciência. O primeiro, res-gatado no ano 1908, constituído em Montmartre (Rue Ravignon 13), onde viviam Picasso, Max Jacob e Juan Gris. O grupo Bateau Lavoir organi-zou uma homenagem ao Rousseau, du-rante a comemoração Picasso em tom de muito entusiamso disse: "Você e eu somos os pintores actuais. Eu em esti-lo perda retratá-la de várias formas. Foi chamado, tam-bém, de colagem, porque eles coloca-vam tudo o que podiam, como letras, números, vidros, etc., com o intuito de criar novos efeitos e despertar a aten-ção. O abstracionismo é a arte que se opõe à arte figurativa ou objetiva. A princi-pal característica da pintura abstrata é a ausência de relação imediata entre suas formas e cores e as formas e cores de um ser. A pintura abstrata é uma manifestação artística que despreza completamente a simples cópia das for-mas naturais, interessante como este movimento pode influenciar estilos e influenciadores no mundo das artes, e a forma de ver nosso talento. No impressionismo, estilo marcado por cores fortes e brilhantes, texturas e linhas harmónicas, prevalecem as paisagens, os grupos de pessoas e as formas humanas. Neste movimento aparece uma mudança no talento e na paixão no que refere “motivação dos Artistas”. Os estudos de Freud sobre psicanalis-mo e a política mostravam a complexi-dade da sociedade moderna. Em críti-ca à cultura europeia, surgiram: O Futurismo: O futurismo é um estilo influenciado pelo movimento literário Manifesto Furista, criado por Filippo Tommaso Marinetti, em 1909 um poe-ta e escritor italiano que sugeriu às pinturas a velocidade das máquinas e a exaltação do futuro para os pintores desse estilo, os artistas não tinham es-sa visão de futuro! INTERESSANTE! Os estudos de Freud sobre psicanalis-mo em Cultura política mostravam a complexidade da sociedade moderna. Em crítica à cultura europeia surge a Pintura Metafísica – uma pintura que mostrava a falta de sentido da socie-dade contemporânea: mistério, luzes, objetos, sombras e cores intrigantes ti-nha como principal artista, Giorgio De Chirico (1888-1979), um pintor italiano, com suas obras “O Enigma da Chegada” e “O Regresso do Poeta”. Outros Movimentos do Século XXI Curiosidades : O steampunk (subgé-nero da ficção científica que trata de evoluções tecnológicas que acontecem em épocas anteriores às que ocorre-ram na realidade) também tem sua parcela de arte única. O idealismo ste-ampunk usa o conceito de ressuscitar tecnologias antigas, aqui vejo clara mente o conceito do Criativo é contra-riar o banal. Este movimento o steampunk fez que meu pensamento viajasse a minhas lei-turas de criança da obras de Júlio Ver-ne. A Educação pela Arte, é para mim um movimento transformador com mu-danças positivas na educação e Cultu-ra do País, como estamos vendo ac-contecer no movimento Eco-Art. O mesmo reúne obras sobre ecologia e preservação da natureza, buscando as linhas de aproximação entre Arte e Meio Ambiente. Nos processos de Mudanças em que muitas instituiçõees do Brasil hoje se vêem envolvidas, têm já por base a ca-pacidade de realizar o Movimento da Pedagogia do Desejo. Desejo que Portugal caminhe no Dese-jo de algumas Mudanças na conquis-ta de novas atitudes, onde figure a Par-tilha a Dois, as boas Perguntas, o Ques-tionar, a Cultura da Responsabilida-de, a Sensibilidade para olhar para o nosso lado, a autoconfiança de que fa-zemos nosso melhor sem comparações. O movimento de Educação pela Arte é a verdadeira transformação do sentir actual, em que cada um de nos possa converter o Cansanço em Energia pelo prazer das coisas boas que fazemos. Diferentemente do que pensamos: “Não somos ilhas isoladas, e sim par-tes de uma mesma célula – distintos, porém interligados.” Que seja o Movimento pela Arte a nossa Energia na Mudança! Tania Estrada Morales 15/07/2014 19
  • 22. Serve para quê? “Se, por um lado, os poderes do homem, o animal sábio, nos enchem de admiração, por outro lado, não podemos deixar de nos espantar com a lentidão da sua aprendizagem. E o ma-ior de todos os obstáculos a essa aprendizagem é a quantida-de de aprendizagem acumulada que com as suas ilusões de conhecimento ele foi juntado” In “os Pensadores” – capítulo 21 – “Francis Bacon e a visão dos velhos ídolos e dos novos domínios”, de Daniel J. Boors-tin. Sinto-me assim, num novo renascimento da consciência de que o que “sei” atrapalha mais o que” desejo saber”, e que não posso escapar dessa condição animal, orgânica, que me liga ao Real e às Coisas. Sou um homem e sinto, comovo-me, amo, odeio, alegro-me, zango-me, sinto prazer, dor, desconforto, comichão, cócegas. Não sou apenas este corpo, em transformação, em constante recursão, reconstrução autopoiética, mas dele dependo para a perceção e interação com o que me rodeia. Pois o que me acontece é que após 39 anos de acumulação de informação, no meio de tanta sensação, intuição e emoção, já é com dificuldade que me consigo posicionar para ver com clarividência o Universo à minha volta. Quem sou, de onde venho, para onde vou? Aliás, já me custa até pensar nestas questões do de onde vi-mos, para onde vamos, quem somos. Em verdade, as questões já nem me aparecem como “por-quês” mas antes como um simples “para que serve?” Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? Hoje, no meio de uma tarde prazenteira, ensolarada, brinco no jardim com os meus Filhos e só amiúde me distraio, das su-as gargalhadas e tropelias, pela brisa temperada que me pas-sa pelos cabelos. É um estado de graça que agradeço a Deus, aos Deuses, ao Cosmos. Por cima de mim navegam nuvens enormes, voluptuosas, num lento vórtice que me dá a sensação que é antes a Terra que se move. E o azul enche-me. E a sua luz enche os meus Filhos de Sol, e nos seus sorrisos sinto saúde, vejo o Amor e as promessas do futuro. Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? O meu Pai tem andado doente, o pecúnio que recebo pela mi-nha prestação no trabalho não me chega para pagar as con-tas e o desemprego ameaça ou afeta metade dos meus Ami-gos. O tempo míngua de tal forma que já quase não consigo pin-tar. E o Mundo ainda está cheio de fome, doença, injustiça e guerra. Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? Paro. Paro por um bocado. Olho para todo este fluxo imparável, incomensurável de in-formação que se me atravessa pela frente e procuro desper-tar. Acordo e paro e fico só atento, a olhar, a ouvir, a sentir, a chei-rar… Paro e despojo-me das vestes, andrajos, com que me tenho en-feitado… Servem a minha liberdade, serve a liberdade dos meus Meni-nos. Servem o meu desejo de viver. Servem a minha felicidade. Servem a minha ligação ao Real, ao Mundo e ao Outro, sem subversões ou subjugação. Servem-me de coragem para esvaziar o copo quando é preci-so, para abrir as janelas da mente, para que a alma se me não cristalize ou coagule, não pare nem no tempo nem no espaço. Ao mesmo tempo, não servem para nada… por isso as procu-ro, as escolho. NQ, Abril 2014 20
  • 23. MOVE Serve para quê? “Se, por um lado, os poderes do homem, o animal sábio, nos enchem de admiração, por outro lado, não podemos deixar de nos espantar com a lentidão da sua aprendizagem. E o ma-ior de todos os obstáculos a essa aprendizagem é a quantida-de de aprendizagem acumulada que com as suas ilusões de conhecimento ele foi juntado” In “os Pensadores” – capítulo 21 – “Francis Bacon e a visão dos velhos ídolos e dos novos domínios”, de Daniel J. Boors-tin. Sinto-me assim, num novo renascimento da consciência de que o que “sei” atrapalha mais o que” desejo saber”, e que não posso escapar dessa condição animal, orgânica, que me liga ao Real e às Coisas. Sou um homem e sinto, comovo-me, amo, odeio, alegro-me, zango-me, sinto prazer, dor, desconforto, comichão, cócegas. Não sou apenas este corpo, em transformação, em constante recursão, reconstrução autopoiética, mas dele dependo para a perceção e interação com o que me rodeia. Pois o que me acontece é que após 39 anos de acumulação de informação, no meio de tanta sensação, intuição e emoção, já é com dificuldade que me consigo posicionar para ver com clarividência o Universo à minha volta. Quem sou, de onde venho, para onde vou? Aliás, já me custa até pensar nestas questões do de onde vi-mos, para onde vamos, quem somos. Em verdade, as questões já nem me aparecem como “por-quês” mas antes como um simples “para que serve?” Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? Hoje, no meio de uma tarde prazenteira, ensolarada, brinco no jardim com os meus Filhos e só amiúde me distraio, das su-as gargalhadas e tropelias, pela brisa temperada que me pas-sa pelos cabelos. É um estado de graça que agradeço a Deus, aos Deuses, ao Cosmos. Por cima de mim navegam nuvens enormes, voluptuosas, num lento vórtice que me dá a sensação que é antes a Terra que se move. E o azul enche-me. E a sua luz enche os meus Filhos de Sol, e nos seus sorrisos sinto saúde, vejo o Amor e as promessas do futuro. Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? O meu Pai tem andado doente, o pecúnio que recebo pela mi-nha prestação no trabalho não me chega para pagar as con-tas e o desemprego ameaça ou afeta metade dos meus Ami-gos. O tempo míngua de tal forma que já quase não consigo pin-tar. E o Mundo ainda está cheio de fome, doença, injustiça e guerra. Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciên-cia? Paro. Paro por um bocado. Olho para todo este fluxo imparável, incomensurável de in-formação que se me atravessa pela frente e procuro desper-tar. Acordo e paro e fico só atento, a olhar, a ouvir, a sentir, a chei-rar… Paro e despojo-me das vestes, andrajos, com que me tenho en-feitado… Servem a minha liberdade, serve a liberdade dos meus Meni-nos. Servem o meu desejo de viver. Servem a minha felicidade. Servem a minha ligação ao Real, ao Mundo e ao Outro, sem subversões ou subjugação. Servem-me de coragem para esvaziar o copo quando é preci-so, para abrir as janelas da mente, para que a alma se me não cristalize ou coagule, não pare nem no tempo nem no espaço. Ao mesmo tempo, não servem para nada… por isso as procu-ro, as escolho. NQ, Abril 2014 PARA ONDE ? 21
  • 24. OM, Aum, o som do movimento do Uni-verso, o eco do seu início distante… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-dade matemática da Teoria das Cor-das. No meu íntimo, no fundo da minha al-ma (será que esta existe?)procuro con-tudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sin-to- lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. Já me explicaram que maís o conse-guiria integrar se tivesse “o copo me M, Aum, o som do movimento do Uni-verso, o eco do seu início distante… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-dade matemática da Teoria das Cor-das. No meu íntimo, no fundo da minha al-ma (será que esta existe?)procuro con-tudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sin-to- lhe, por momentos, essa nesgazinha nos cheio”. É mais fácil encher um copo vazio do que fazer entrar o que seja numa mal-ga (amálgama!) a transbordar. A dura tarefa que tenho hoje pela fren-te é esvaziar-me desse caudal. É minha essa tarefa apenas porque a escolho. Não sei se sou capaz, se estou à altura da complexa exigência do seu postu-lado. Sigo com a simplicidade, humildade e receios de uma criança (talvez até com um pouco da sua indisciplina e ir-reverência). Por isso começo por desenhar e pintar. Não me levem a mal. Não sou capaz de o fazer de outra forma agora. Vou pintar o que não compreendo, pin-tarei tudo o que me distraí o pensa mento, para ver se a pintar desmistifi-co e desmistificando exorcizo essa for-ça magnética que me agarra obsessi-vamente à forma das coisas. Pensando menos sentirei talvez mais. Mais perto estarei talvez do essencial, do conteúdo. Mais perto da verdade, quem sabe, da consciência, do cora-ção… de Ti! Aka OM (Aum), já em outubro deste ano, com o apoio Tailored, AKA Art Projects e da Câmara Municipal de Sintra.M, Aum, o som do movimento do Universo, o eco do seu início dis-tante… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-dade matemática da Teoria das Cor-das. No meu íntimo, no fundo da minha al-ma (será que esta existe?)procuro con-tudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sin-to- lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. Já me explicaram que maís o conse-guiria integrar se tivesse “o copo me 22
  • 25. OM, Aum, o som do movimento do Uni-verso, o eco do seu início distante… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-dade matemática da Teoria das Cor-das. No meu íntimo, no fundo da minha al-ma (será que esta existe?)procuro con-tudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sin-to- lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. Já me explicaram que maís o conse-guiria integrar se tivesse “o copo me M, Aum, o som do movimento do Uni-verso, o eco do seu início distante… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-dade matemática da Teoria das Cor-das. No meu íntimo, no fundo da minha al-ma (será que esta existe?)procuro con-tudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sin-to- lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. Já me explicaram que maís o conse-guiria integrar se tivesse “o copo meM, Aum, o som do movimento do Universo, o eco do seu início distan-te… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-nos cheio”. É mais fácil encher um copo vazio do que fazer entrar o que seja numa mal-ga (amálgama!) a transbordar. A dura tarefa que tenho hoje pela fren-te é esvaziar-me desse caudal. É minha essa tarefa apenas porque a escolho. Não sei se sou capaz, se estou à altura da complexa exigência do seu postu-lado. Sigo com a simplicidade, humildade e receios de uma criança (talvez até com um pouco da sua indisciplina e ir-reverência). Por isso começo por desenhar e pintar. Não me levem a mal. Não sou capaz de o fazer de outra forma agora. mento, para ver se a pintar desmistifi-co e desmistificando exorcizo essa for-ça magnética que me agarra obsessi-vamente à forma das coisas. Pensando menos sentirei talvez mais. Mais perto estarei talvez do essencial, do conteúdo. Mais perto da verdade, quem sabe, da consciência, do cora-ção… de Ti! Aka OM (Aum), já em outubro deste ano, com o apoio Tailored, AKA Art Projects e da Câmara Municipal de Sintra.M, Aum, o som do movimento do Universo, o eco do seu início dis-tante… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado 23
  • 26. 24 Já há 15 anos que não desenhava com modelo vivo e este olhar que não despoja, antes vê, com ternura, com respeito, a cada traço, em cada pincelada é um gesto religioso de reve-rência à Vida humana e à sua forma. Para quem nunca deu conta do significado desta disciplina formal, no âmbito do desenho, a sua prática funda-se na ex-periência enraizada ao longo dos tempos que o Desenho de Modelo é realmente o exercício mais completo para compre-ender conceitos como: composição, enquadramento, volume-tria, claro-escuro, linha, mancha ou trama. É o desenho na es-cala do humano que no fundo se transforma em referência nuclear e centro de gravidade para a nossa relação com o mundo que nos rodeia. Mas o Nu, em si, não é apenas, e dentro deste contexto das Artes, uma representação de uma pessoa sem indumentária ou ponto de partida para uma aprendizagem meramente ar-tística. O Nu traz consigo outras conotações. Na sua percepção simbólica pode, entre outras coisas, ser evocado como a Verdade, despojada de todos os acessórios. Na Grécia Antiga, em regiões como Minoa e Esparta, a nu-dez era, seguindo esta leitura, francamente bem aceite. Nos Jogos Olímp icos, os Atletas competiam inclusivamente nus. A palavra Ginásio, por exemplo, significa local de nudez. Até ao início do séc. VIII, os baptismos cristãos eram recebi-dos em despojamento e nudez também, numa imersão em água, a simbolizar um novo nascimento. O Nú como o prime-iro momento existencial… O desaparecimento desta prática acentuou mais tarde, a co-notação sexual da nudez. Verdade, Simbolismo, Espiritualidade, Religiosidade, Eroti-zação, Vergonha… Nestes desenhos fazemos assim, não uma representação, mas uma reapresentação de todas as nossas experiências em contato com o mundo circundante, elaboradas com completo envolvimento da nossa organização primária, dos nossos padrões de vivência, da nossa vontade incontornável de saber e Ser mais. Que riqueza! O Antropocentrismo e humanismo subjacentes a esta moda-lidade de desenho são assim tecidos pelo desenhador e espec-tador em torno dos corpos que habitamos e dos outros que sen-timos habitados, sem preconceitos sobre o que é o real ou se-quer sobre a presença de cada um nos seus domínios parti-culares de existência.
  • 27. 25 A mim, pessoalmente, em cada Modelo deslumbra-me a rela-ção que estabelecem com o espaço, com as infinitas possibilidades de mobilidade e posicionamento dentro dele. Enternece-me ca-da ténue interacção com os desenhadores, pintores, escultores, tam-bém eles, também eu, outros corpos atarefados neste vínculo momentâneo em que, em traços ou pinceladas, tanta coisa se torna sublime e desvela. Se queres partilhar um pouco desta energia, em contacto com os originais, podes encontrar uma selecção disponível para venda em: Atenciosamente, Nuno Quaresma Maio de 2011 A palavra Ginásio, por exem-plo, significa local de nudez. Até ao início do séc. VIII, os baptismos cristãos eram rece-bidos em despojamento e nu-dez também, numa imersão em água, a simbolizar um no-vo nascimento. O Nú como o primeiro momento existenci-al…
  • 28. 26 O que pode um homem simples dizer ou fazer no Mundo agora? Não sou, à semelhança da maioria dos homens e mulheres dos nossos tempos, especialista em economia ou finan-ças, mas como comum entre comuns sinto hoje mais desconfiança e receio em relação ao futuro. Pelo menos em relação a este futuro, a dois tempos, em que alguns enrique-cem e muitos empobrecem. Não penso assim por despotismo. Passo a vida a desejar o melhor para quem o procura, para quem luta por mais e melhor. Alegra-me a visão da abundância no regaço de quem for. Celebro a fertilidade por si só e regalo os olhos quando vejo a Terra cheia de tudo e do bom. Por isso não consigo deixar de inda-gar porque é que neste Mundo onde há excesso e abundância de tudo, vemos fome, desemprego, doença, desprote-ç ã o n a s a ú d e e n a v e l h i c e ? Porque que pagam os homens e as mu-lheres do nosso tempo os caprichos da doutrina do Capitalismo desenfrea-do? Porque malha o peso da quimera do lu-
  • 29. 27 O que pode um homem simples dizer ou fazer no Mundo agora? Não sou, à semelhança da maioria dos homens e mulheres dos nossos tempos, especialista em economia ou finan-ças, mas como comum entre comuns sinto hoje mais desconfiança e receio em relação ao futuro. Pelo menos em relação a este futuro, a dois tempos, em que alguns enrique-cem e muitos empobrecem. Não penso assim por despotismo. Passo a vida a desejar o melhor para quem o procura, para quem luta por mais e melhor. Alegra-me a visão da abundância no regaço de quem for. Celebro a fertilidade por si só e regalo os olhos quando vejo a Terra cheia de tudo e do bom. Por isso não consigo deixar de inda-gar porque é que neste Mundo onde há excesso e abundância de tudo, vemos fome, desemprego, doença, desprote-ç ã o n a s a ú d e e n a v e l h i c e ? Porque que pagam os homens e as mu-lheres do nosso tempo os caprichos da doutrina do Capitalismo desenfrea-do? Porque malha o peso da quimera do lu-
  • 30. OM, Aum, o som do movimento do Uni-verso, o eco do seu início distante… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-dade matemática da Teoria das Cor-das. No meu íntimo, no fundo da minha al-ma (será que esta existe?)procuro con-tudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sin-to- lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. Já me explicaram que maís o conse-guiria integrar se tivesse “o copo me M, Aum, o som do movimento do Uni-verso, o eco do seu início distante… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-dade matemática da Teoria das Cor-das. No meu íntimo, no fundo da minha al-ma (será que esta existe?)procuro con-tudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sin-to- lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. Já me explicaram que maís o conse-guiria integrar se tivesse “o copo meM, Aum, o som do movimento do Universo, o eco do seu início distan-te… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-dade matemática da Teoria das Cor-das. No meu íntimo, no fundo da minha al-ma (será que esta existe?)procuro con-tudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sin-to- lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. Já me explicaram que maís o conse-guiria integrar se tivesse “o copo me nos cheio”. É mais fácil encher um copo vazio do que fazer entrar o que seja numa mal-ga (amálgama!) a transbordar. A dura tarefa que tenho hoje pela fren-te é esvaziar-me desse caudal. É minha essa tarefa apenas porque a escolho. Não sei se sou capaz, se estou à altura da complexa exigência do seu postu-lado. Sigo com a simplicidade, humildade e receios de uma criança (talvez até com um pouco da sua indisciplina e ir-reverência). Por isso começo por desenhar e pintar. Não me levem a mal. Não sou capaz de o fazer de outra forma agora. Vou pintar o que não compreendo, pin-tarei tudo o que me distraí o pensa mento, para ver se a pintar desmistifi-co e desmistificando exorcizo essa for-ça magnética que me agarra obsessi-vamente à forma das coisas. Pensando menos sentirei talvez mais. Mais perto estarei talvez do essencial, do conteúdo. Mais perto da verdade, quem sabe, da consciência, do cora-ção… de Ti! iria integrar se tivesse “o copo meOM, Aum, o som do movimento do Univer-so, o eco do seu início distante… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-dade matemática da Teoria das Cor-das. No meu íntimo, no fundo da minha al-ma (será que esta existe?)procuro con-tudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sin-to- lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. Já me explicaram que maís o conse-guiria integrar se tivesse “o copo me M, Aum, o som do movimento do Uni-verso, o eco do seu início distante… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-dade matemática da Teoria das Cor-das. No meu íntimo, no fundo da minha al-ma (será que esta existe?)procuro con-tudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sin-to- lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. Já me explicaram que maís o conse-guiria integrar se tivesse “o copo meM, Aum, o som do movimento do Universo, o eco do seu início distan-te… Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Par-tículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexi-dade matemática da Teoria das Cor-das. No meu íntimo, no fundo da minha al-ma (será que esta existe?)procuro con-tudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim. Quando me concentro, respiro-o, sin-to- lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte. Já me explicaram que maís o conse-guiria integrar se tivesse “o copo me nos cheio”. É mais fácil encher um copo vazio do que fazer entrar o que seja numa mal-ga (amálgama!) a transbordar. A dura tarefa que tenho hoje pela fren-te é esvaziar-me desse caudal. É minha essa tarefa apenas porque a escolho. Não sei se sou capaz, se estou à altura 28
  • 31. Tenho a convicção de que a percepção é apenas a porta de entrada para um conhecimento maior que o entendi-mento em si mesmo. Sem o erro da expectativa, e a escolha não assumida de que o vazio é neces-sário, talvez seja a perda o despertar necessário para a obrigatoriedade sempre voluntária de abandonar o “pouco” em detrimento do “tudo”, po-is o que criamos será sempre pouco quando comparado com o que foi cria-do e acumulado antes de nós. Poderá até nem ser este o caminho da redenção, mas perder o mapa faz-nos perceber que o acumular de informa-ção não nos torna mais sábios; cada estrada é uma incógnita até a percorrermos por nós mesmos; saben-do que nunca as percorreremos todas, isso só nos dá mais tempo para apreci-armos cada uma delas; encaro a limitação temporal como a maior dádiva que a vida nos pode dar; a verdadeira superioridade face aos demais seres; NÒS SABEMOS que um dia mudare-mos de estado; não interessa o como, o para quê, nem mesmo o quando; ape-nas sabemos que sendo talvez a única verdade universal, irá acontecer. Talvez no final as suspeitas sejam con-firmadas, e só exista a solidão e uma inesgotável e intrínseca cega vontade de acreditar que somos peças de um quadro maior que nós mesmos. Talvez nem assim a vida faça sentido. Talvez só exista um corpo que cami-nha para o cansaço e para o envelhe-cimento. Mas não é a maior tragédia de todas, já nos termos encontrado e ainda as-sim continuarmos perdidos? “ Yesterday is history, tomorrow is a mystery, today is a gift (…)” – Bill Kea-ne Easier? Pedaços essenciais de entendimento encontram-se nos locais e nas pessoas mais improváveis. Estiveram eles sempre ali à espera de ser descobertos? Quem os criou, e à sua interpretação? Como nos sentirmos gratos pela dádi-va, independentemente da sua forma e do seu conteúdo? E se o entendimento é uma construção cultural, como poderei apagar todos os valores e começar de novo? Olho à volta; sou o apogeu máximo da minha própria existência; sou os sonhos por realizar dos meus pa-is; sou capaz de descrever o Mundo, ou de o aniquilar. Sou tão poderoso quanto os mosquitos que vejo no pára-brisas. Grita comigo; Dá-me todas as palavras de ódio e dor acumuladas até ficares vazio Aponta-me o dedo, cerra os dentes, franze as sobrancelhas, e acusa-me mesmo que o raciocínio não faça sen-tido Amaldiçoa-me pelas tuas escolhas er-radas, deseja-me penitências sofridas e eternas pelos teus pecados Eu nada direi; É através da minha imperfeição que te reconheço como parte de mim e te quero ver voar para longe desta lama que te torna pesado Ouvir-te-ei como quem tem a disponi-bilidade que só a eternidade possui e se me permitires, segurar-te-ei com a mesma dedicação que um ramo segu-ra a sua última folha Todas as nuvens passam; mesmo as que cobrem o Sol por muito tempo; é a inevitabilidade da mudança; Por isso dá-me tudo quanto tens dentro de ti; Porque quando te dás, és. Isso é Deus. Isso é… esperança. 29 NÓS SABEMOS GRITA COMIGO EASIER
  • 32. Entredia (1) by Jack CJ Simmons (2) Matadouro nº1, Lisboa, 15:46 UTC Esta monotonia do abate e desmanche de carcaças só costumava ser inter-rompida pela presença sempre hilari-ante do Sr. Mendes, mas hoje é dia de reuniões, pode não passar por cá. Mes-mo assim, o dia tem sido diferente, ora pela chuva que cai forte lá fora, ora pe-los trovões que se ouvem ao longe. Aqui os humanos reagem sempre ao som dos trovões. Eu não. Primeiro rea-jo à luz, e depois sim, ao som, mesmo quando estão mais próximos. Mas é normal, com a quantidade de sensores de luz que tenho activos, a mínima alte-ração da intensidade da luz aqui den-tro é detectada. Mesmo assim, é inte-ressante ver as reacções deles, surpre-endem sempre um pouco. Não deixam de espantar os humanos. Acho que faz parte do nosso processo de aprendiza-gem. Só os conhecendo melhor que eles próprios, os podemos proteger. Engra-çado como as coisas são, fui criado pa-ra proteger a vida humana e acabo de volta da morte. A morte de animais, é verdade, mas morte. E estas carcaças, vacas em vi-da na sua grande maioria, e que não são mais do que alimento para a raça humana, não as protegemos. Protege-mos uma raça mas não outras. Às ve-zes interrogo-me como as coisas seri-am se a EDT não nos tivessem criado. Se tivéssemos sido criados por outra organização, por outros humanos, com outros objectivos, com outros valo-res. Será que a humanidade ainda existiria? Será que teríamos conse-guido parar a primeira vaga? A ver-dade é que há mais de cem anos que es-peramos pela segunda vinda. Eles sempre acreditaram que viriam mais. Mais tarde, mais fortes, muito depois de eles morrerem, é certo, mas mesmo assim deixaram-nos de vigia, à espe-ra, porque acreditavam. Ora aí está, o Sr. Mendes acabou de entrar na sala. Lá está ele a conferir tudo. E lá está o Lemos a levar outro raspanete. Sem-pre a fazer as coisas à maneira dele. Depois ouve. Não é um trabalho difí-cil, mas há humanos que não têm per-fil para isto. Nem todos conseguem desmanchar as carcaças sem que isso os afecte, mesmo no longo prazo. Mais cedo ou mais tarde, todos acabam por desistir. É demasiadas horas, demasi-adas carcaças, demasiado sangue, tor-na- se demasiado pessoal. Não resis-tem. Menos eu, claro. Já estou cá há do-ze anos. Mas a mim não me afecta, é verdade, mas eu não sou humano. - Boa tarde, Sr. Mendes - digo-lhe an-tes mesmo de chegar ao pé de mim. - Jones - responde sem me olhar nos olhos. Ainda vinha lá ao fundo e já vi-nha com os olhos posto no meu traba-lho. Acho que sonha um dia encontrar um defeito no meu trabalho. Mal ele sa-be que isso é impossível. Por norma não conseguimos fazer diferente do que nos é pedido. E mesmo entre nós, quando é preciso fazer algo de dife-rente, são precisos ultrapassar as dez salvaguardas do nosso ser. Antes di-zíamos core, mas desde que nos inte-grámos na população que tivemos que adaptar alguns termos. Dantes éra-mos muito estranhos, mas depressa aprendemos a ser mais humanos. - Sempre perfeito, Jones - diz-me com o ar habitual de quem não me conse-gue perceber totalmente - Sempre per-feito. Carry on - e afasta-se em direc-ção à porta B, como sempre faz. Afi-nal, as reuniões foram curtas hoje e ainda conseguiu visitar-nos. - Até amanhã, Sr. Mendes - respondo-lhe monotonamente. - Até amanhã - conclui de pronto, colo-cando o habitual ponto final na con-versa. Que todos os humanos fossem como o Sr. Mendes, previsíveis, fiéis aos seus hábitos, e o nosso trabalho era muito mais fácil. Mas não são. Eles fa-lam em livre-ar se tivesse “o copo me arbítrio, nós chamamos-lhes o efecti-vamente ser humano. Nunca estão contentes com o que têm, querem sem-pre mais, querem sempre saber mais. E têm uma aptidão natural de se mete-rem em sarilhos no processo. Desde o último voo da EDT que não param de tentar sair do planeta. Não sei duran-te quanto tempo mais vamos conse-guir manter as watch towers activas sem perdas de vida. No dia em que des-cobrirem que todos os nossos esforços são pela preservação da vida huma-na, de toda e qualquer a vida humana, e enviarem um voo pilotado para fu-rar o escudo e nós formos obrigados a desligá-lo pela vida humana, perdere-mos o controlo. Nesse dia, a raça hu-mana será outra vez livre de explorar o espaço, mas também ficará vulnerá-vel às ameaças externas. E nós conti-nuaremos a fazer os possíveis para manter a vida humana por todos os meios possíveis. Por falar em fazer os possíveis pela vida humana, hoje é dia de reunião. Costumamos reunir uma vez por mês, mas este mês já é a se-gunda e ainda estamos só a vinte e um. As coisas não estão fáceis. A sema-na passada foram lançados três shut-tles pilotados de locais distintos para ver se tínhamos a capacidade de os in-capacitar a todos. E fizeram-no secre-tamente. Não tivemos hipóteses de os sabotar antes dos lançamentos. E on-tem tivemos o primeiro a menos de um quilómetro do escudo. Foi por uma unha negra, como costumam dizer os humanos, mais um segundo e atingia o seu objectivo. Os humanos defendem a desactivação do escudo e vão tentá-lo por todos os lados e de todas as for-mas. ENT RED IA 30
  • 33. Cada sonda que enviam é destruída quando atinge o escudo, mas eles con-tinuam a achar que conseguem pene-trá- lo com base em escudos próprios e deflectores. Por um lado é bom, estão a evoluir na defesa e na protecção. Há inclusive entre nós, quem defenda que no dia em uma sonda penetrar o escu-do é o dia que a raça humana estará su-ficientemente protegida para explo-rar o espaço. Tenho pensado muito nis-so, mas continuo sem ter uma opinião formada. Só espero que na reunião de hoje não decidam desactivar já o escudo. Eu sei que foi por pouco que não perdía-mos uma vida humana, mas os huma-nos ainda não estão preparados para o espaço. O espaço é frio, longe e demo-rado. E neste caso, inútil. Qualquer vi-agem espacial que tenha um outro pla-neta ou lua do nosso sistema solar co-mo destino terá o mesmo problema que agora: o escudo protector. Não podía-mos permitir o estabelecer de bases tão perto de nós aquando da primeira vinda. E continuamos a não permitir. Todos os planetas e luas deste sistema estão protegidos. E portanto, permitir a saída do planeta é permitir a entra-da nos restantes. E se permitimos pa-ra humanos, não podemos não deixar de permitir para outras raças. Será de-masiado complexo separar a raça hu-mana das outras, e provavelmente de-masiado tarde quando o fizermos. A nossa evolução tecnológica já não é o que era. O espirito humano desapare-ceu da nossa equipa tecnológica, e so-zinhos levamos mais tempo a estabele-cer os objectivos e a atingi-los. Contu-do, acredito no nosso trabalho e acre-dito na raça humana. Gostava de ter sido explorador, conhecer outros mun-dos, outras raças. Gostava de me po-der juntar aos humanos nesta aventu-ra que se avizinha. Talvez um dia, quem sabe. Notas: (1) Entredia é um advérbio que signi-fica durante o dia, fora das horas da refeição. (2) Jack CJ Simmons escreve em Por-tuguês sem respeitar o acordo orto-gráfico de 1990. 31