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Salvator Mundi é o nome dado originalmen-
te a uma emblemática pintura de Cristo como
“Salvador do Mundo”, que foi recentemente
atribuída a Leonardo da Vinci.
Inspirado por esta descoberta e no contexto do
trabalho que faço como ilustrador ao serviço da
Fundação Salesianos decidi empreender uma
pequena homenagem aos dois Mestres: o do
Amor – Jesus Cristo; e o da Pintura – Leonardo.
Pintei esta peça-tributo com ampla liberdade in-
terpretativa e simbólica em relação à obra que a
inspira, mas fiz um esforço sério para fazer cor-
responder a composição iconográfica à métrica
da imagem patente no Sudário de Turim.
Sobre o Sudário de Turim, também conhecido
como Santo Sudário, importa saber que é uma
peça de linho que mostra a imagem de um ho-
mem que aparentemente sofreu traumatismos
físicos de maneira consistente com a crucifica-
ção. O Sudário está guardado na Catedral de
Turim, na Itália, desde o século XIV. Pertenceu
desde 1357 à casa de Saboia que em 1983 o
doou ao Vaticano. A peça é raramente exibida
em público, a última exposição foi no ano 2010
quando atraiu mais de 50 mil fiéis.
O Sudário é um dos acheiropoieta (grego bizan-
tino: “não feito pelas mãos”) e vários cristãos
acreditam que seja o tecido que cobriu o corpo
de Jesus Cristo após sua morte. A imagem no
manto é na realidade muito mais nítida na im-
pressão branca e negra do negativo fotográfico
que na sua coloração natural. A imagem do ne-
gativo fotográfico do manto foi vista pela primei-
ra vez na noite de 28 de maio de 1898 através
da chapa inversa feita pelo fotógrafo amador
Secondo Pia que recebeu a permissão para fo-
tografá-lo durante a sua exibição na Catedral de
Turim.
A origem da peça tem sido objeto de grande po-
lémica, porém existe consenso sobre pelo me-
nos sete aspetos:
1.	 Havia sangue humano no sudário;
2.	 As gotículas de tinta ocre notadas na re-
líquia seriam resultado de contaminação;
3.	 A habilidade e equipamentos necessá-
rios para gerar uma falsificação daquela nature-
za seriam incompatíveis com o período da Idade
Média, época em que o sudário apareceu e foi
guardado;
3
4.	 As marcas do Sudário são um duplo ne-
gativo fotográfico do corpo inteiro de um ho-
mem. Existe a imagem de frente e de dorso;
5.	 A figura do Sudário, ao contrário de ou-
tras figuras bidimensionais testadas até então,
contém dados tridimensionais;
6.	 Não existe ainda explicação científica de
como as imagens do Sudário foram feitas;
7.	 O Sudário apresenta marcas compatíveis
com a descrição da crucificação nos Evangelhos.
A obra que compus não reclama naturalmente a
pretensão da “Vera Icona” (verdadeira imagem)
de Jesus, mas nele procuro representar Cristo
no seu Carisma e Universalidade que senti re-
presentada na obra de Leonardo.
Sobre esta obra executada pelas mãos de Leo-
nardo importa também saber que apesar de co-
nhecida e dada como perdida, foi recentemente
redescoberta, restaurada, autenticada e exibida
no ano de 2011.
A pintura mostra Cristo, em trajes renascentis-
tas, a dar uma bênção com a mão direita levan-
tada e dedos cruzados, e a segurar uma esfera
de cristal na mão esquerda.
Este sinal da mão direita tem fundamento na
história da Igreja Cristã. O sinal é encontrado
nos mais antigos exemplos do “Pantocrator”,
ícone atribuído à figura do Cristo-Deus, como
aquele que domina todas as coisas, sejam elas
terrestres ou celestes. A palavra “Pantocrator”
deriva do grego e significa “aquele que tudo go-
verna”, “todo-poderoso”, “onipotente”.
Esta mão direita de Cristo, que desponta sob o
4
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6
seu manto, está erguida fazendo o gesto de bên-
ção «à maneira grega» em que o posicionamen-
to dos dedos forma, em sinal, as letras IC XC que
representam “Jesus Cristo” em grego.
Leonardo da Vinci pintou a obra, em França, por
encomenda de Luís XII entre 1506 e 1513 e o
trabalho foi recentemente autenticado, recons-
tituindo-se o circuito de posse da obra desde
Charles I da Inglaterra que a tinha registada na
sua coleção de arte em 1649, até ser leiloada
pelo filho do Duque de Buckingham e Normanby
em 1763. Foi posteriormente comprada por um
colecionador britânico, Francis Cook, visconde
de Monserrate, altura em que a pintura foi da-
nificada em tentativas de restauração. Os des-
cendentes de Cook venderam a peça em leilão
em 1958 e em 2005, a pintura foi adquirida por
um consórcio de negociantes de arte que incluía
Robert Simon, especialista em antigos mestres.
No início a obra também foi fortemente con-
testada por parecer uma cópia, descrita como
“um naufrágio, escuro e sombrio” mas após o
restauro foi autenticada como uma pintura de
Leonardo e exibida pela National Gallery de Lon-
dres durante a exposição “Leonardo da Vinci:
pintor na Corte de Milão” entre 9 de novembro
de 2011 e 5 de Fevereiro de 2012.
Em 2013, a pintura foi vendida ao colecionador
russo Dmitry Rybolovlev por 58,2 milhões de eu-
ros
Este meu Salvatore Mundi é, contudo, um tribu-
to simples, humilde, mas bem-intencionado ao
apelo que a Vida, Mensagem, Morte e Ressurrei-
ção de Cristo inspira em mim e nas pessoas que
conheço, assim como na genialidade da obra de
Leonardo da Vinci que continua a insuflar de fas-
cínio a minha imaginação e criatividade.
Esta recensão, que tem a mesma data da assi-
natura do quadro, serve para partilhar com o
leitor/ espectador o percurso das minhas pes-
quisas e reflexões que nortearam o processo
criativo até à imagem e objeto estético que hoje
dou como finalizado.
Nuno Quaresma
14 de Outubro de 2015
7
Fontes:
https://en.wikipedia.org/wiki/Salvator_Mundi_(Leo-
nardo)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Salvator_Mundi
http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/qua-
dro-de-leonardo-vendido-por-mais-de-50-milhoes-
-de-euros-1627303
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sud%C3%A1rio_de_
Turim
The Shroud Of Turin and The 3D Face of Jesus Christ:
https://www.youtube.com/watch?v=qBJ9MDv-
GL1Q&list=PLu3o56IazmP2s5JdVzT4OuV26QpW-
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BBC Shroud of Turin New Evidences:
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  • 3. Salvator Mundi é o nome dado originalmen- te a uma emblemática pintura de Cristo como “Salvador do Mundo”, que foi recentemente atribuída a Leonardo da Vinci. Inspirado por esta descoberta e no contexto do trabalho que faço como ilustrador ao serviço da Fundação Salesianos decidi empreender uma pequena homenagem aos dois Mestres: o do Amor – Jesus Cristo; e o da Pintura – Leonardo. Pintei esta peça-tributo com ampla liberdade in- terpretativa e simbólica em relação à obra que a inspira, mas fiz um esforço sério para fazer cor- responder a composição iconográfica à métrica da imagem patente no Sudário de Turim. Sobre o Sudário de Turim, também conhecido como Santo Sudário, importa saber que é uma peça de linho que mostra a imagem de um ho- mem que aparentemente sofreu traumatismos físicos de maneira consistente com a crucifica- ção. O Sudário está guardado na Catedral de Turim, na Itália, desde o século XIV. Pertenceu desde 1357 à casa de Saboia que em 1983 o doou ao Vaticano. A peça é raramente exibida em público, a última exposição foi no ano 2010 quando atraiu mais de 50 mil fiéis. O Sudário é um dos acheiropoieta (grego bizan- tino: “não feito pelas mãos”) e vários cristãos acreditam que seja o tecido que cobriu o corpo de Jesus Cristo após sua morte. A imagem no manto é na realidade muito mais nítida na im- pressão branca e negra do negativo fotográfico que na sua coloração natural. A imagem do ne- gativo fotográfico do manto foi vista pela primei- ra vez na noite de 28 de maio de 1898 através da chapa inversa feita pelo fotógrafo amador Secondo Pia que recebeu a permissão para fo- tografá-lo durante a sua exibição na Catedral de Turim. A origem da peça tem sido objeto de grande po- lémica, porém existe consenso sobre pelo me- nos sete aspetos: 1. Havia sangue humano no sudário; 2. As gotículas de tinta ocre notadas na re- líquia seriam resultado de contaminação; 3. A habilidade e equipamentos necessá- rios para gerar uma falsificação daquela nature- za seriam incompatíveis com o período da Idade Média, época em que o sudário apareceu e foi guardado; 3
  • 4. 4. As marcas do Sudário são um duplo ne- gativo fotográfico do corpo inteiro de um ho- mem. Existe a imagem de frente e de dorso; 5. A figura do Sudário, ao contrário de ou- tras figuras bidimensionais testadas até então, contém dados tridimensionais; 6. Não existe ainda explicação científica de como as imagens do Sudário foram feitas; 7. O Sudário apresenta marcas compatíveis com a descrição da crucificação nos Evangelhos. A obra que compus não reclama naturalmente a pretensão da “Vera Icona” (verdadeira imagem) de Jesus, mas nele procuro representar Cristo no seu Carisma e Universalidade que senti re- presentada na obra de Leonardo. Sobre esta obra executada pelas mãos de Leo- nardo importa também saber que apesar de co- nhecida e dada como perdida, foi recentemente redescoberta, restaurada, autenticada e exibida no ano de 2011. A pintura mostra Cristo, em trajes renascentis- tas, a dar uma bênção com a mão direita levan- tada e dedos cruzados, e a segurar uma esfera de cristal na mão esquerda. Este sinal da mão direita tem fundamento na história da Igreja Cristã. O sinal é encontrado nos mais antigos exemplos do “Pantocrator”, ícone atribuído à figura do Cristo-Deus, como aquele que domina todas as coisas, sejam elas terrestres ou celestes. A palavra “Pantocrator” deriva do grego e significa “aquele que tudo go- verna”, “todo-poderoso”, “onipotente”. Esta mão direita de Cristo, que desponta sob o 4
  • 5. 5
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  • 7. seu manto, está erguida fazendo o gesto de bên- ção «à maneira grega» em que o posicionamen- to dos dedos forma, em sinal, as letras IC XC que representam “Jesus Cristo” em grego. Leonardo da Vinci pintou a obra, em França, por encomenda de Luís XII entre 1506 e 1513 e o trabalho foi recentemente autenticado, recons- tituindo-se o circuito de posse da obra desde Charles I da Inglaterra que a tinha registada na sua coleção de arte em 1649, até ser leiloada pelo filho do Duque de Buckingham e Normanby em 1763. Foi posteriormente comprada por um colecionador britânico, Francis Cook, visconde de Monserrate, altura em que a pintura foi da- nificada em tentativas de restauração. Os des- cendentes de Cook venderam a peça em leilão em 1958 e em 2005, a pintura foi adquirida por um consórcio de negociantes de arte que incluía Robert Simon, especialista em antigos mestres. No início a obra também foi fortemente con- testada por parecer uma cópia, descrita como “um naufrágio, escuro e sombrio” mas após o restauro foi autenticada como uma pintura de Leonardo e exibida pela National Gallery de Lon- dres durante a exposição “Leonardo da Vinci: pintor na Corte de Milão” entre 9 de novembro de 2011 e 5 de Fevereiro de 2012. Em 2013, a pintura foi vendida ao colecionador russo Dmitry Rybolovlev por 58,2 milhões de eu- ros Este meu Salvatore Mundi é, contudo, um tribu- to simples, humilde, mas bem-intencionado ao apelo que a Vida, Mensagem, Morte e Ressurrei- ção de Cristo inspira em mim e nas pessoas que conheço, assim como na genialidade da obra de Leonardo da Vinci que continua a insuflar de fas- cínio a minha imaginação e criatividade. Esta recensão, que tem a mesma data da assi- natura do quadro, serve para partilhar com o leitor/ espectador o percurso das minhas pes- quisas e reflexões que nortearam o processo criativo até à imagem e objeto estético que hoje dou como finalizado. Nuno Quaresma 14 de Outubro de 2015 7
  • 8. Fontes: https://en.wikipedia.org/wiki/Salvator_Mundi_(Leo- nardo) https://pt.wikipedia.org/wiki/Salvator_Mundi http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/qua- dro-de-leonardo-vendido-por-mais-de-50-milhoes- -de-euros-1627303 https://pt.wikipedia.org/wiki/Sud%C3%A1rio_de_ Turim The Shroud Of Turin and The 3D Face of Jesus Christ: https://www.youtube.com/watch?v=qBJ9MDv- GL1Q&list=PLu3o56IazmP2s5JdVzT4OuV26QpW- tWW0Y&index=78 BBC Shroud of Turin New Evidences: https://www.youtube.com/watch?v=iVXXZcN8R- VI&list=PLu3o56IazmP2s5JdVzT4OuV26QpW- tWW0Y&index=79 8
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