O Sagrado Através da História: Uma Visão Ecumênica para Formação de Espíritas
1. O Sagrado Através da CulturaO Sagrado Através da Cultura
Como o Ser Humano EntendeeVivenciao Sagrado
(UmaVisão EcumênicaparaFormação deEspíritas)
UNIVERSIDADEESPÍRITA NOSSO LAR
2. CULTURA
O ser humano cria, inventa, reelaboraeengrandeceasuaCultura
(Co lere). O trabalho do cultivo danaturezaimplicano cultivo
também asuaprópriaNatureza.
O cultivo do conjunto detodasassuascriações, materiaise
simbólicas, compõem aculturahumana.
No processo histórico o espírito criano horizontedamaisrica
diversidade.
3. O SAGRADO
O sagrado (Sacratu) seapresentacomo
manifestação deumarealidadedenatureza
diferentedarealidadecotidiana, físicaou
profana.
Existeumarealidade, umaforça, uma
“razão”, um espírito, umaenergia, que
subjaz, transcende, esconde-sepor trásda
realidadefísicado mundo.
4. Quando estarealidadedenaturezadivina
irrompe, participa, interagecom arealidade
físicadosfenômenosdanaturezaeda
cultura, o sagrado serevela. Essaaparição
do sagrado, do divino, no mundo, nas
coisas, no homem, vem ocorrendo em todo
percurso dahistóriahumana, em todosos
povos. Aquilo no qual o sagrado se
manifestou, torna-sesímbolo, elemento que
medeiaejuntao humano àrealidadedivina.
6. O Xamãéo líder
espiritual deseu
povo. Várias
característicaslhe
conferem poder,
destacando-seasua
capacidade...
...paravoluntariamente
mediar arelação da
suacomunidadecom o
mundo espiritual e
com osespíritosdos
ancestrais, apartir de
técnicasespecíficas.
8. O MITO
Osagrupamentoshumanosvão sesedentarizando
namedidaem queoshomensvão setornando
agricultoresepastores(8.000 a.C, Mesopotâmia).
Vão fundando aldeiasedepoiscidades. Vão
estabelecendo seusmundos, seuscentrosde
identidade.
A manifestação do sagrado esuaelaboração vão
setransformando num tempo queflui. E o mito
tomaforma.
9. O Mito fala das origens. Discursa sobre
eventos que ocorreram num tempo
imemorial, primordial. Seu tema éo relato da
criação dos deuses, do mundo, dos homens,
de um lugar, de um animal ou planta, sempre
a partir da ação do sobrenatural, do sobre-
humano, que ao intervir estabelece uma nova
ordem, um novo tempo.
10. O Mito éconstituintedacultura
humana; muitassociedades
desenvolveram umamitologia
bastantesofisticada, como os
sumérios, persas, egípcios, indianos,
gregos, romanos, celtas, germanos,
astecas, maias, incas, construindo
complexospanteões.
11. Naatualidade, como na
antiguidade, suainfluênciavai
além dadimensão sagrada,
interageem todasas
dimensõesdaculturaetem
forteimpacto no espírito
humano.
12. A ESCRITURA DO
SAGRADONeste estágio as sociedades estão em franco
processo civilizatório e de urbanização. Há a
administração do sagrado, administração da
política e da economia no cotidiano das cidadelas.
O surgimento da escrita revolucionou a cultura
humana há cerca de 3500 a.C. (na América cerca
de 500 a.C), pois, a tradição oral ocorre na
mobilidade do tempo e desaparece, enquanto a
escritaéo registro queseconservano espaço. As
civilizações em formação interagem através do
comércio edaguerra.
13. Em meio a um complexo cenário de todos os
tipos de politeísmos, em aproximadamente
600 a.C. o Judaísmo instituiu o Monoteísmo
através das escrituras do profeta Isaías:
“ Antes de mim, Deus nenhum se fo rmo u, e
depo is de mim nenhum haverá... Eu so u Deus;
também de ho je em diante, eu o so u” , que
com outras escrituras iriam compor a Torá -
Velho Testamento, que reúne escritos que vão
do século X a.C. ao II a.C.
15. Hácercade2.000 anosnasceu Jesus. Fundador do
Cristianismo. Pregavaatravésdeparábolas, nas
montanhas, nosjardins, ao ar livre, queo Reino deDeus
não édessemundo; queépreciso amar aDeus, asi
mesmo eaosoutros; queo homem devesetransformar
desenvolvendo virtudescomo acaridade, simplicidade,
humildade, perdão, mansidão, fé, entreoutras.
Estamensagem setransformou em Escritura pelos
Apóstolos, conhecidacomo Novo Testamento, que
servirádebaseparao Cristianismo etodasassuasIgrejas,
nosséculosseguintes.
16. Em 632 d.C., o
profetaMaomé,
inspirado pelo anjo
Gabriel,
mensageiro deAlá,
escreveaEscritura
conhecidacomo
Alcorão efundao
Islamismo.
Islamismo é
ao mesmo
tempo, uma
tradição
religiosaeuma
civilização,
como dizem os
mulçumanosé
“ um mo do de
vida
co mpleto ” .
17. O sagrado transformado em lei, em código
moral, nas Escrituras de três grandes religiões:
judaísmo, cristianismo, islamismo.
Duas delas expandiram-se no tempo e no
espaço, e pela “força” da persuasão, dominaram
boa parte do planeta. A “razão” de Deus se torna
a razão do mundo. Um Deus distante, uma razão
separada. Surge nesse período a expressão
Religare, indicando que o ato de fé é a religação
com o queestáseparado (Religião).
18. A CRÍTICA DA CIÊNCIA AOSAGRADO
O sagrado foi engessado, cristalizado,
dogmatizado pelasEscriturasque
continham apalavradeDeus.
Portanto, portadorasdaverdade.
Mas, o mundo girou, girou... anoite
pareciamaislongaqueo dia, maiso
mundo gira, egiraem torno do sol.
19. A história não ocorre no mundo Real, divino e essencial.
Ela é o cenário em movimento por onde o divino se
manifesta. É o mundo profano e físico no qual o espírito
humano se processa. Assim, na história nada é imutável,
nela tudo se transforma. E no século XV ocorrem
mudançasprofundasnaculturaocidental.
O mundo sealargacom asnavegações, o pensamento
clássico chegaàEuropaatravésdo mundo árabe
trazendo aautoridadedeAristóteles. A curiosidade
humanaqueseescondianassombrasbuscaaluz do sol,
eo sol setornao centro do mundo, do cosmosfísico.
20. O enfraquecimento daeconomiafeudal,
cidadesressurgindo, asartesaflorando, a
ciênciaeafilosofiaebulindo. A matemática
earazão protagonizam acena. A terrasai do
centro evai setornando partedamáquina
cósmica. A terraédesmontada, o céu é
investigado, avidaéclassificada, o homem é
dissecado. Tudo setransformaem objeto sem
alma, observado por um homem, cujaalma
estánarazão: arazão humana“toma” o
timão dahistória.
21. O novo modelo científico deinvestigação
exilou do mundo suaalma.
O pensador FrancisBacon (1561/1626)
escreveu que“ o império do ho mem so bre as
co isas se apó ia unicamente nas artes e nas
ciências”. Seu método indutivo, do particular
parao geral, defendiaqueerapreciso “extrair
da natureza so b to rtura to do s o s seus
segredo s” .
Em seguida, RenéDescartes(1596/1650)
estabeleceadúvidacomo método parabuscada
verdade.
22. O método cartesiano é, nessesentido, um caminho
rigoroso quebuscaseparar o mental do natural, o
observador do objeto, paraexplicar, em última
instância, seu mecanismo. Nasceo mecanicismo, o
mundo operacomo umamáquina. O trabalho dos
homens, doscientistas, éconhecer leisgeraisde
funcionamento do mundo-máquina, eassim obter o
controleeo domínio sobreele. Paratanto basta
dividir o todo em suaspartes, classificá-lase
estabelecer suasrelações.
“ Penso , lo go so u”
23. A
CODIFICAÇÃ
O
ESPÍRITA
O Espiritismo tem seu início em
meio ao deslumbramento da
CiênciaModerna. Revoluçõese
avançosnaciência, economiae
políticaparecem consolidar uma
novaera. Háumacrençana
ciênciaeem suafilhadileta, a
tecnologia, como promessasde
felicidadenaterra.
O homem estáno pódio,
iluminado pelarazão.
24. Nestecontexto nasceu ecresceu Hippolyte
Léon Denizard Rivail(1804/1869).
Em 1855 começou aseinteressar pelo
fenômeno das“mesasgirantes” na
movimentadaParis. A partir daí sededicou
àsistematização ecompreensão dessa
realidade, buscando integrá-lanos
conhecimentoscientífico, filosófico e
religioso daépoca.
25. Destemodo, com o
pseudônimo deAllan
Kardec, seu nome
duranteuma
encarnação entreos
Druidas, naGália,
conformerevelação
deum espírito
chamado Zéfiro,
assumiu aimportante
tarefadeCodificador
do Espiritismo
A Codificação ébasedo Espiritismo
Pentateuco daDoutrina:
o O Livro dosEspíritos(1857) - obra
quefundao Espiritismo;
o O Livro dosMédiuns(1861);
o O Evangelho Segundo o
Espiritismo (1864);
o O Céu eo Inferno (1865);
o A Gênese(1868).
26. O sagrado desdobra-seseguindo
um plano. Como alagartajá
conservaaborboletaem si. Os
espíritosrevelam: “ Impo rta que
cada co isa venha a seu tempo . A
verdade é co mo a luz: o ho mem
precisa habituar-se a ela, po uco
a po uco ; do co ntrário , fica
deslumbrado ” . (LE: 628)
27. É preciso aconsciênciadequeo
sagrado não éaaparição do anormal, da
anomalia, seu aparecimento nahistória
não éobrado acaso:
“ As co municaçõ es entre o mundo
espírita e o mundo co rpó reo estão na
o rdem naturaldas co isas e não
co nstituem fato so brenatural, tanto que
de tais co municaçõ es se acham vestígio s
entre to do s o s po vo s e em to das as
épo cas” .
(Prolegômenos: LE)
28. Motivo pelo qual devemosbuscar as
raízesdo sagrado no chão dahistória,
pois, parao
“ estudio so , não há nenhum sistema
antigo de filo so fia, nenhuma tradição ,
nenhuma religião , que seja
desprezível, po is em tudo há germens
de grandes verdades. Rico s são tais
o bjeto s e po dem co ntribuir
grandemente para vo ssa instrução ” .
LE: 628
29. Para entender o Espiritismo co mo “ ciência no va que vem
revelar ao s ho mens, po r meio de pro vas irrecusáveis, a
existência e a natureza do mundo espirituale as suas
relaçõ es co m o mundo co rpó reo , ele no -lo mo stra, não
mais co mo co isa so brenatural, po rém, ao co ntrário , co mo
uma das fo rças vivas e sem cessar, atuantes da Natureza,
co mo a fo nte de uma imensidade de fenô meno s até ho je
inco mpreendido s e, po r isso , relegado s para o do mínio
do fantástico e do maravilho so .” (ESE:1,5)
30. Ciênciaeao mesmo tempo DoutrinaCristã, pois
“ O Cristo fo i o iniciado r da mais sublime mo ral,
que há de reno var o mundo , apro ximar o s
ho mens e to rná-lo s irmão s; que há de fazer
bro tar de to do s o s co raçõ es a caridade e o amo r
ao pró ximo e estabelecer entre o s humano s uma
so lidariedade co mum; é a lei do pro gresso , a que
a Natureza está submetida, que se cumpre; e o
Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza
para fazer co m que a Humanidade avance.”
(ESE: 1,9)
31. Balizado no tripé
daFilosofia-
Ciência-Religião,
o Espiritismo
identifica
dimensões, porém
concebeum único
mundo, criado e
regido por um
único Criador,
pelo qual as
criaturasevoluem.
Nacosmologiarevelada,
Deus ÉInteligência
Suprema, causaprimeirade
todasascoisas, criou o
Espírito, princípio
inteligentedo universo, que
seprendeeseserveda
Matéria parasuaevolução.
Tendo o Espírito supremacia
sobreaMatéria, qualquer
terapiaparacurahumanatem
queinfluir no Espírito.
32. No imenso universo criado
por Deus, o maravilhoso
curso daevolução flui
regulado pelasLeis
Naturaisou Divinas, onde
matéria, culturaeespírito
evoluem, nanecessária
marchaquepassapelo
mineral, vegetal, animal,
hominal (ser moral cujo
livrearbítrio jálhefoi
outorgado) ...
... marchaespiral que
tem nareencarnação a
manifestação dasagrada
sabedoriaejustiçado
Criador.
33. REDESCOBERTA E RETORNO DO SAGRADO
A modernidade
revolucionou o
mundo noscampos
econômico, artístico,
político e,
principalmente,
científico. Tempo de
Luzes, idadeda
razão.
34. Mas, eo coração humano?Interiorizou aquilo queos
grandesprofetas, lídereseeducadoresespirituaisda
humanidadevieram ensinando ao longo dosmilênios?
Não, o progresso foi, fundamentalmente, no campo
material, do conforto do individuo, dasatisfação de
necessidadesefêmeras, do desenvolvimento tecnológico.
35. O século vintefoi um tempo de
desentendimentos, deguerras
mundiais, do mundo dividido por um
muro, ededesenvolvimento deum
modo devidaprofundamente
predatório em relação ànaturezaeàs
criaturasquecoabitam aterracom os
humanos.
Surgeo vazio, faltaderumo ede
significado, arazão humana,
arrogante, épostaem xeque.
36. Entretanto, édacrisequesurgem asoportunidades, do velho
nasceo novo, transformado eengrandecido. O mundo se
tornou global, inteiro, o espírito humano construiu um
monumental edifício em todososcampos, dasartes, da
filosofia, daciênciaedo sagrado, asasoportunidadessó
podem ser grandiosas.
A históriaéaberta, flui no tempo, reflexõeseinspirações
pairam noscéus, modelossemodificam, aconsciênciavai
unificando aspartes.
A dimensão espiritual éretiradado exílio pelavisão
sistêmica, dequetudo estáinterligado, dequetudo é
sagrado, tudo faz sentido.
37. “ Ao término de um perío do de decadência
so breveio o po nto de mutação . Aluz po dero sa
que fo ra banida ressurge. Amo vimento é
natural, mas este não é gerado pela fo rça,
surge espo ntaneamente.
Po r essa razão a transfo rmação do antigo
to rno u-se fácil. O velho é descartado e o no vo
é intro duzido . Ambas as medidas se
harmo nizam co m o tempo , não resultando
daí, po rtanto , nenhum dano .”
(I Ching)
38. “ To das as religiõ es, to das
as artes e to das as ciências
são o ramo de uma mesma
árvo re. To das essas
aspiraçõ es visam o
eno brecimento da vida
humana, elevando -se
acima da esfera da
existência puramente
materiale co nduzindo o
individuo para a
liberdade.”
(Albert Einstein)
A novaScientia
(conhecimento)
emergentese
movimentano
sentido da
conciliação, da
integração dos
saberesproduzidos
ereveladosno
processo cultural.
Gestadossob o sol
ancestral.
39. Passamostrêsséculosolhando parafora
buscando respostasno mundo exterior (macro).
Quando aciênciadirigeseu olhar paradentro
(micro) surgearesposta: tudo éum.
“Quanto mais penetramo s no mundo
submicro scó pico , passamo s a perceber um
sistema de co mpo nentes inseparáveis, do qualo
ho mem é parte integrante”.
(Capra)
40. “ Embo ra se co nfigure inco ncebível para a
razão co mum, vo cês e o s demais seres estão
integrado s recipro camente, po rtanto esta sua
vida atualnão é meramente uma parte de to da a
existência, senão que, em certo sentido é o
To do . Assim, vo cês po dem ser lançar ao chão ,
espraiando -se na Mãe Terra, co m a co nvicção
de que vo cê é uno co m ela e ela co ntigo ” .
(Erwin Schö edinger – 1 964 –
um do s fundado res da física quântica)
41. “Ho je estamo s
aprendendo a
linguagem pela qual
Deus fez a vida.
Estamo s ficando cada
vez mais admirado s pela
co mplexidade, pela
beleza e pela maravilha
da dádiva mais divina e
mais sagrada de Deus.”
FrancisCollins
(Diretor responsável pelo Projeto Genoma)
Segundo tesedeste
pesquisador, Deususa
aevolução para
aperfeiçoar o seu
projeto.
A criação éum projeto
em direção à
perfeição,
constantemente
reformulado e
aperfeiçoado com base
nalei deevolução, Lei
Divina.
42. A razão não émaisda
natureza, deum Deus
antropomórfico, nem éa
razão humana, éaRazão
cósmica.
O AMOR, fontedaqual o
homem tomaconsciência
desi enquanto naturezae
espírito, transforma-o em
jardineiro ecultivador do
Jardim daCriação.
43. BIBLIOGRAFIA
BÁSICAALVES, Rubem. O que é religião. São Paulo: Brasiliense: 1981.
CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus: Mitologia Primitiva. São Paulo: Palas
Athena, 2008.
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Athena, 2008.
CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus: Mitologia Ocidental. São Paulo:Palas
Athena, 2008.
CAPRA,Fritjof. O Ponto de Mutação. São Paulo: Cutrix, 1982.
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ELIADE, Mircea. O Xamanismo e as Técnicas Arcaicas do Êxtase. São Paulo:
Martins Fontes, 2002.
ELIADE, Mircea. Dicionário de Religião. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
GAARDER, Jostein. O Livro das Religiões. São Paulo: Cia. das Letras.
Kardec, Allan. Livros da Codificação, Rio de Janeiro: Editora da FEB.
OTTO, Rudolf, A idéia do sagrado, Imprensa Metodista, SP
Wilber, Ken. Espiritualidade Integral – Uma nova função para a religião neste início
de milênio. São Paulo: Ed. .Aleph, 2007.
PIRES, Herculano. O Espírito e o Tempo. São Paulo: Ed. Paidéia, 2009.