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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – ECI
                 DISCIPLINA: DIG TGI034 - Memória e Patrimônio Cultural
                 PROFESSOR: Rene Lommez Gomes
                 ALUNA: Rita de Cássia Gonçalves – 4º Período/Biblioteconomia/Noturno
                 ATIVIDADE: Fichamento (1)
                 DATA: 01 de outubro de 2012

    “ Se os mais moços esquecessem as histórias de seus ancestrais, em breve suas culturas se
                        perderiam para sempre”. ( ANGELLES, Jean )

                “Na prática, a arte da memória é uma arte da linguagem”. (texto)

       Ao buscar o termo ‘Mémória’ em dicionário comum                é possível encontrar vários
significados, entre eles “ faculdade de reter as ideias, impressões e conhecimentos adquiridos
anteriormente”, ou “ lembrança, reminiscência, recordação” (Aurélio, 1986).             Vejamos as
abordagens do texto que tratam do assunto :
           Memória: Atlas, Coleção, Documento/monumento, Fóssil, Memória, Ruína/restauro.


       O conceito de memória exposto “ faculdade de conservar os vestígios do que pertence já em
si a uma época passada. Este não é diferente do que vimos no dicionário certamente , no entanto,
traz consigo distinções: a memória da espécie, inerente a todos os seres vivos, no caso dos fósseis,
e também a memória individual, que ‘adquire no homem dimensões e possibilidades’, ou seja, de
entrar em sintonia com seus semelhantes por meio de objetos e linguagem. Essa memória humana
não é repassada biologicamente de pai para filho, trata-se da memória coletiva , ‘criações exteriores
ao próprio organismo’, ‘relatos que passam de narrador em narrador’, e que mantém no geral suas
propriedades; encontram-se presentes também        na escrita, na linguagem , desenhos, quadros,
esculturas, entre outros. Vale dizer até mesmo que o homem vive de um passado inscrito, presente
sob a “forma de resíduo’ e remodelado às necessidades do dia a dia, conservando-o e , quando
modificado o fazem no sentido de restaurá-lo à luz do que já foi um dia.
        A memória é um local privilegiado diríamos, para o acesso das recordações, imagens,
relíquias ; a possibilidade presente de relacionar-se com o passado , ainda que de uma maneira
limitada, haja visto que existem “brechas”, dúvidas, e uma reconstrução sensível do que se passou
é quase sempre ‘imperfeita’ . Platão, filósofo grego separou o mundo sensível, cópia (imperfeita)
do mundo inteligível, perfeito, imutável, verdadeiro e sublime para evocar as reminiscências.
       As sociedades do passado só podem ser conhecidas e decodificadas através dos seus
“restos”, não no sentido pejorativo do termo e sim sob o olhar dos objetos produzidos
individualmente e ou coletivamente presente nos fósseis, documentos, monumentos, obras escritas,
desenhadas, simbolizadas de uma maneira ou outra. Daí a necessidade de buscar nestes objetos
simbólicos característicos de regiões, gêneros , a própria história da humanidade. Essa busca é
incansável, imprecisa e ao mesmo tempo permitida por meio das “recordações coletivamente
materializadas”, logo, a sociedade do presente só poderá ser conhecida e reconhecida se deixar
seus registros , feitos e vestígios para a posteridade.
        A linguagem é o elemento por excelência - essencial para a efetivação da tradição oral
(muito antiga), que repassa de indivíduos para futuras gerações o material constitutivo da
memória coletiva e transgeracional. Sem a             linguagem os seres humanos não entrariam em
“contato” com os seus antepassados. A oralidade seria uma ponte entre o agora (presente) e o
passado vivenciado ou não pelos mesmos indivíduos.
        Para se dar conta da produção material dos objetos do passado existem elaborações , ou
construções de “conjunto de objetos naturais ou artificiais afastados dos circuitos de utilização”,
denominadas COLEÇÕES. As coleções são exposições protegidas e que servem para resgatar a
memória coletiva. Neste contexto, à vista dos homens cada item da coleção alcança sua recordação
e dimensão que se encontra latente.
        Os documentos/monumentos passam a existir quando ocorre uma passagem (quase que um
ritual) de utilidade dos objetos (vestígios, imagens ou relíquias ) para formarem uma coleção,
podendo ser vistos, conhecidos e reconhecidos (no caso dos fósseis ) , interpretados, revelados,
apreciados, e relacionados com o mundo que os incorporava. O sujeito do conhecimento presente
esforça-se para resgatar com autenticidade um mundo não experimentado por ele, mas que
certamente deixou marcas e o influencia.
        A escrita é de suma importância desde o seu nascimento (invenção) , no passado foi
instrumento de comunicação com as divindades , mais tarde serviria para ‘transmitir mensagens’
aos homens do futuro. O presente relaciona-se com o passado por meio de textos escritos, sendo
que existem vários tipos de documentos acumulados, organizados, identificados ,                     possuindo
uma ‘duração’, permitindo um olhar diferente ao do passado . A tradição oral que outrora estava
fortemente vinculada à narrativa e ao seu narrador se fazia atemporal e imediata.
        Os Atlas compreendem um tipo de documento - são cartas geográficas oriundas das
viagens e expedições exploratórias ocorridas por marinheiros, aventureiros e mesmo “autoridades”
que pretendiam estudar terras distantes, a superfície do globo terrestre. Eles registram e transmitem
uma complexidade histórica, representam “ o lado invisível do tempo e do espaço”.
        O conceito de ruína/restauro no contexto da memória pode ser entendido apenas como
‘parte’ daquilo que chega até nós. De fato, os vestígios (imagens, relíquias) viajam no tempo e
compreendem algo muito maior que pode ser reevocado, porém amplo demais para ser captado
em toda a sua integridade, “a completude original perdida”. O interesse pela ruína só ocorre para
permitir uma relação entre passado e presente. Ressuscita-se o passado. ( Abro um parêntese aqui,
consequentemente um desabafo , porque existe algo que muito me incomoda. As guerras atuais que varrem o Oriente
Médio , em especial, o Iraque e o Afeganistão, além dos seres humanos , destroem cidades inteiras, coleções, obras de
arte são saqueadas , patrimônio cultural da humanidade, berço das primeiras civilizações e no, entanto , não se leva
em consideração este valor cultural, quando os interesses, políticos, econômicos e ideológicos se mostram mais
atrativos. Ao meu ver, este descaso ocorre porque os beligerantes ocidentais não se enxergam como parte constitutiva
dessa sociedade; pelo contrário dizem que travaram guerras porque estes povos destruíram um símbolo da sociedade
ocidental , ‘liberdade de expressão’, depois da queda das Torres Gêmeas).
        Quanto ao restauro, ou seja, da reconstrução do objeto ao estado material originário, a
princípio limitado aos textos escritos e às obras dos Antigos , dá-se um trabalho de comparação :
cópias do mesmo manuscrito e algumas obras que mostram semelhanças evidentes. Por muito
tempo somente objetos representativos muito valorizados , os greco-romanos e posteriormente os
manuscritos medievais. Atualmente restaura-se os monumentos, respeitando as mudanças que
sofreram com o tempo, e o que é importante, ressalta-se as partes restauradas daquelas que se
mantém conservadas com as características originais.
        Na atualidade, perdeu-se a ideia de que todo texto tenha “um sentido originário”, único;
cede-se espaço à concepção hermenêutica, interpretativa, caráter aberto de que uma obra permita
várias leituras sobre ela. O mundo mudou, e consequentemente o diálogo com a memória coletiva
do passado se mostra alterado, “ mais longo, mais rico, e bem mais datado”. Vale dizer que a
contemporaneidade possui uma memória ‘mais rica que nunca’, mas também, vulnerável, uma vez
que depende das conjunturas econômicas, políticas e militares.
        Um apelo ético e moral se faz jus para a manutenção daquilo que a humanidade recebe e
notadamente precisa ‘transmitir em boas condições’, caso contrário, o futuro não encontrará “na
sua memória documentos e monumentos suficientes para formarem ideias muito claras acerca do
nosso presente tornado o seu passado”. Em outras palavras, a atualidade trata dos suportes
materiais da memória coletiva e transgeracional enriquecida com elementos novos (tecnologia), ou
mesmo        subjetivos . Compete às pessoas conscientizarem-se de                             que ao tratá-los
(documentos/monumentos, coleção, livros, atlas, fósseis e ruínas) com seriedade e respeito estarão
pensando no patrimônio cultural que deixarão para posteridade. Isso realmente é, ao meu ver um
grande desafio para todos os profissionais, cidadãos e para as autoridades finalmente .




REFERÊNCIA


ENCICLOPÉDIA EINAUDI. Memória: Atlas, Coleção, Documento/monumento, Fóssil, Memória,
Ruína/restauro . Volume 42. p. 507-516 .
Fichamento (1) memória e patrimônio cultural   einaudi

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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – ECI DISCIPLINA: DIG TGI034 - Memória e Patrimônio Cultural PROFESSOR: Rene Lommez Gomes ALUNA: Rita de Cássia Gonçalves – 4º Período/Biblioteconomia/Noturno ATIVIDADE: Fichamento (1) DATA: 01 de outubro de 2012 “ Se os mais moços esquecessem as histórias de seus ancestrais, em breve suas culturas se perderiam para sempre”. ( ANGELLES, Jean ) “Na prática, a arte da memória é uma arte da linguagem”. (texto) Ao buscar o termo ‘Mémória’ em dicionário comum é possível encontrar vários significados, entre eles “ faculdade de reter as ideias, impressões e conhecimentos adquiridos anteriormente”, ou “ lembrança, reminiscência, recordação” (Aurélio, 1986). Vejamos as abordagens do texto que tratam do assunto : Memória: Atlas, Coleção, Documento/monumento, Fóssil, Memória, Ruína/restauro. O conceito de memória exposto “ faculdade de conservar os vestígios do que pertence já em si a uma época passada. Este não é diferente do que vimos no dicionário certamente , no entanto, traz consigo distinções: a memória da espécie, inerente a todos os seres vivos, no caso dos fósseis, e também a memória individual, que ‘adquire no homem dimensões e possibilidades’, ou seja, de entrar em sintonia com seus semelhantes por meio de objetos e linguagem. Essa memória humana não é repassada biologicamente de pai para filho, trata-se da memória coletiva , ‘criações exteriores ao próprio organismo’, ‘relatos que passam de narrador em narrador’, e que mantém no geral suas propriedades; encontram-se presentes também na escrita, na linguagem , desenhos, quadros, esculturas, entre outros. Vale dizer até mesmo que o homem vive de um passado inscrito, presente sob a “forma de resíduo’ e remodelado às necessidades do dia a dia, conservando-o e , quando modificado o fazem no sentido de restaurá-lo à luz do que já foi um dia. A memória é um local privilegiado diríamos, para o acesso das recordações, imagens, relíquias ; a possibilidade presente de relacionar-se com o passado , ainda que de uma maneira limitada, haja visto que existem “brechas”, dúvidas, e uma reconstrução sensível do que se passou é quase sempre ‘imperfeita’ . Platão, filósofo grego separou o mundo sensível, cópia (imperfeita) do mundo inteligível, perfeito, imutável, verdadeiro e sublime para evocar as reminiscências. As sociedades do passado só podem ser conhecidas e decodificadas através dos seus “restos”, não no sentido pejorativo do termo e sim sob o olhar dos objetos produzidos individualmente e ou coletivamente presente nos fósseis, documentos, monumentos, obras escritas, desenhadas, simbolizadas de uma maneira ou outra. Daí a necessidade de buscar nestes objetos simbólicos característicos de regiões, gêneros , a própria história da humanidade. Essa busca é
  • 2. incansável, imprecisa e ao mesmo tempo permitida por meio das “recordações coletivamente materializadas”, logo, a sociedade do presente só poderá ser conhecida e reconhecida se deixar seus registros , feitos e vestígios para a posteridade. A linguagem é o elemento por excelência - essencial para a efetivação da tradição oral (muito antiga), que repassa de indivíduos para futuras gerações o material constitutivo da memória coletiva e transgeracional. Sem a linguagem os seres humanos não entrariam em “contato” com os seus antepassados. A oralidade seria uma ponte entre o agora (presente) e o passado vivenciado ou não pelos mesmos indivíduos. Para se dar conta da produção material dos objetos do passado existem elaborações , ou construções de “conjunto de objetos naturais ou artificiais afastados dos circuitos de utilização”, denominadas COLEÇÕES. As coleções são exposições protegidas e que servem para resgatar a memória coletiva. Neste contexto, à vista dos homens cada item da coleção alcança sua recordação e dimensão que se encontra latente. Os documentos/monumentos passam a existir quando ocorre uma passagem (quase que um ritual) de utilidade dos objetos (vestígios, imagens ou relíquias ) para formarem uma coleção, podendo ser vistos, conhecidos e reconhecidos (no caso dos fósseis ) , interpretados, revelados, apreciados, e relacionados com o mundo que os incorporava. O sujeito do conhecimento presente esforça-se para resgatar com autenticidade um mundo não experimentado por ele, mas que certamente deixou marcas e o influencia. A escrita é de suma importância desde o seu nascimento (invenção) , no passado foi instrumento de comunicação com as divindades , mais tarde serviria para ‘transmitir mensagens’ aos homens do futuro. O presente relaciona-se com o passado por meio de textos escritos, sendo que existem vários tipos de documentos acumulados, organizados, identificados , possuindo uma ‘duração’, permitindo um olhar diferente ao do passado . A tradição oral que outrora estava fortemente vinculada à narrativa e ao seu narrador se fazia atemporal e imediata. Os Atlas compreendem um tipo de documento - são cartas geográficas oriundas das viagens e expedições exploratórias ocorridas por marinheiros, aventureiros e mesmo “autoridades” que pretendiam estudar terras distantes, a superfície do globo terrestre. Eles registram e transmitem uma complexidade histórica, representam “ o lado invisível do tempo e do espaço”. O conceito de ruína/restauro no contexto da memória pode ser entendido apenas como ‘parte’ daquilo que chega até nós. De fato, os vestígios (imagens, relíquias) viajam no tempo e compreendem algo muito maior que pode ser reevocado, porém amplo demais para ser captado em toda a sua integridade, “a completude original perdida”. O interesse pela ruína só ocorre para permitir uma relação entre passado e presente. Ressuscita-se o passado. ( Abro um parêntese aqui, consequentemente um desabafo , porque existe algo que muito me incomoda. As guerras atuais que varrem o Oriente
  • 3. Médio , em especial, o Iraque e o Afeganistão, além dos seres humanos , destroem cidades inteiras, coleções, obras de arte são saqueadas , patrimônio cultural da humanidade, berço das primeiras civilizações e no, entanto , não se leva em consideração este valor cultural, quando os interesses, políticos, econômicos e ideológicos se mostram mais atrativos. Ao meu ver, este descaso ocorre porque os beligerantes ocidentais não se enxergam como parte constitutiva dessa sociedade; pelo contrário dizem que travaram guerras porque estes povos destruíram um símbolo da sociedade ocidental , ‘liberdade de expressão’, depois da queda das Torres Gêmeas). Quanto ao restauro, ou seja, da reconstrução do objeto ao estado material originário, a princípio limitado aos textos escritos e às obras dos Antigos , dá-se um trabalho de comparação : cópias do mesmo manuscrito e algumas obras que mostram semelhanças evidentes. Por muito tempo somente objetos representativos muito valorizados , os greco-romanos e posteriormente os manuscritos medievais. Atualmente restaura-se os monumentos, respeitando as mudanças que sofreram com o tempo, e o que é importante, ressalta-se as partes restauradas daquelas que se mantém conservadas com as características originais. Na atualidade, perdeu-se a ideia de que todo texto tenha “um sentido originário”, único; cede-se espaço à concepção hermenêutica, interpretativa, caráter aberto de que uma obra permita várias leituras sobre ela. O mundo mudou, e consequentemente o diálogo com a memória coletiva do passado se mostra alterado, “ mais longo, mais rico, e bem mais datado”. Vale dizer que a contemporaneidade possui uma memória ‘mais rica que nunca’, mas também, vulnerável, uma vez que depende das conjunturas econômicas, políticas e militares. Um apelo ético e moral se faz jus para a manutenção daquilo que a humanidade recebe e notadamente precisa ‘transmitir em boas condições’, caso contrário, o futuro não encontrará “na sua memória documentos e monumentos suficientes para formarem ideias muito claras acerca do nosso presente tornado o seu passado”. Em outras palavras, a atualidade trata dos suportes materiais da memória coletiva e transgeracional enriquecida com elementos novos (tecnologia), ou mesmo subjetivos . Compete às pessoas conscientizarem-se de que ao tratá-los (documentos/monumentos, coleção, livros, atlas, fósseis e ruínas) com seriedade e respeito estarão pensando no patrimônio cultural que deixarão para posteridade. Isso realmente é, ao meu ver um grande desafio para todos os profissionais, cidadãos e para as autoridades finalmente . REFERÊNCIA ENCICLOPÉDIA EINAUDI. Memória: Atlas, Coleção, Documento/monumento, Fóssil, Memória, Ruína/restauro . Volume 42. p. 507-516 .