O documento discute como a pesquisa socioantropológica pode contribuir para o modelo de formação humana proposto nas Orientações Curriculares de Mato Grosso. As OCs defendem uma escola única que valoriza o trabalho intelectual e operacional ao invés de diferentes formas de ensino. O levantamento socioantropológico pode ajudar a reconstruir o currículo por meio de complexos temáticos que representem a comunidade escolar. Várias escolas em Sinop estão desenvolvendo este instrumento com apoio do CEFAPRO.
1. AS CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA
SOCIOANTROPOLÓGICA PARA A
ESCOLA DE FORMAÇÃO HUMANA
Sara Cristina Gomes Pereira
cristina.sara.27@hotmail.com
Élidi Preciliana Pavanelli Zubler
elidipavanelli@gmail.com
2. Objetivo
Apresentar a concepção de formação
humana presente nas Orientações
Curriculares do Estado de Mato Grosso
(OCs) onde é discutida uma proposta
de reconstrução do currículo através
do Complexo Temático a partir do
levantamento socioantropológico.
3. A escola de Formação Humana:
assegurada pelas OCs.
No texto das Orientações a escola única
proposta para os Ciclos de Formação
Humana não deverá ter diferentes formas
de organização com diferentes qualidades,
uma destinada à formação da burguesia
outra destinada aos trabalhadores, mas
uma mesma concepção teórica
metodológica que oriente para o trabalho
intelectual e operacional.
4. Educação/trabalho como princípio
educativo
Gramsci (1978) propõe como categoria para a
compreensão da educação, o trabalho como
princípio educativo, mostrando que os projetos
pedagógicos se originarão das necessidades do
mundo da produção e da existência, o que implica
não só no desenvolvimento de capacidades
técnicas, mas principalmente de uma concepção de
mundo que aceite o trabalho definido como
“natural”, e não como necessidade do modo de
produção capitalista, para melhor explorar o
trabalho, e assim valorizar-se.
5. Escola de Formação Humana X
Escola Taylorista/Fordista (OCs)
A escola de “formação humana” diferente da escola
tecnicista, industrial – Taylorista/Fordista significará
para um professor que tenha se constituído como
educador, mergulhar no mundo dos educandos,
perceber que cada um deles é um universo de
criatividade, de sensibilidade, de potencialidade, de
afetividade e que cada um deles tem uma história,
uma identidade e, portanto, um jeito singular de
relacionar-se com o mundo, com o novo, com o
conhecimento, o que lhe confere necessidades e
capacidades cognitivas específicas, às quais o
educador deverá responder.
6. Movimento na Educação –
Currículo
Neste sentido desenvolver um movimento na educação
com a pretensão de resgatar os princípios da “formação
humana” e re-significá-los em face do contexto atual,
construindo conceitos e valores identificados com a
valorização do ser humano, com uma ordem moral, ética
e política, democrática e inclusiva, comprometida com os
ideais emancipatórios e com a formação humana
constitui-se um desafio aos educadores e a sua
concretização implica em intensivo trabalho coletivo dos
profissionais da educação que atuam em todas as suas
etapas especificidades e modalidades e na implementação
de políticas públicas que objetivem a formação humana, na
perspectiva da inclusão social (MATO GROSSO, 2010, p.
28).
7. Experiências nas escolas com a reformulação
do Currículo por Complexos Temáticos a
partir do levantamento socioantropológico
Seguindo as Ocs o CEFAPRO/Sinop sob a
Orientação da Secretaria de Estado de
Educação organizou e desenvolveu o Seminário
com o tema “Formação em Rede Orientações
Curriculares para a Educação Básica do Estado
de Mato Grosso” nos dias 27 a 30 de agosto do
corrente ano, onde foi abordado o trabalho
por Complexo Temático partindo do
levantamento socioantropológico.
8. O trabalho nas escolas do Polo
Sinop-MT.
Motivadas pelo seminário as escolas tem solicitado ao
CEFAPRO uma reflexão mais aprofundada sobre os
temas trabalhados no evento. Desta forma o Centro
organizou grupos para apoio aos principais temas
discutidos no evento. Um dos temas solicitados para
o trabalho na escola foi a construção de um
instrumento e metodologias para o levantamento
socioantropológico. Neste sentido um grupo de
professoras formadoras tem ido às escolas para
construir com eles o significado e o instrumento que
melhor represente o levantamento
socioantropológico de cada instituição escolar, este
trabalho está atualmente em desenvolvimento.
9. Conclusões
Várias escolas tem construído coletivamente este instrumento,
com a orientação deste grupo de professoras formadoras do
CEFAPRO que elaboraram um Tópico Guia para que cada
instituição possa construir o instrumento de coleta de dados de
acordo com o interesse e a necessidade do coletivo escolar,
bem como escolham a melhor maneira para aplica-lo e
sistematiza-lo, afim de que tenham subsídio para reorganizar
seus Currículos a partir do Complexo Temático respaldados
pelas Orientações Curriculares para o Estado de Mato Grosso.
Desta forma este processo culminará com a reorganização dos
Currículos das Escolas de Educação Básica por Complexo
Temático para os próximos anos letivos.
10. Referências Bibliográficas
AZEVEDO, J. C. Reconversão cultural da escola:
mercoescola e escola cidadã. Porto Alegre: Sulina, 2007.
GRAMSCI, A. Os intelectuais e a organização da cultura.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
MATO GROSSO. Orientações Curriculares: concepções
para a Educação Básica. SEDUC/MT. Cuiabá, 2010.
PISTRAK, M. M. Fundamentos da escola do trabalho.
Tradução Daniel Aarão Reis Filho. São Paulo: editora Brasiliense,
1981.
ROCHA, Silvio (Org.). Ciclos de formação: a proposta
político-pedagógica da escola cidadã. Cadernos
Pedagógicos, n. 9. Porto Alegre: SMED, 1996.
KUENZER, A. Z. Ensino Médio: construindo uma proposta
para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez, 2000.