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    ●   SEGUNDO CADERNO                                                                                    O GLOBO                                                                    Sábado, 25 de fevereiro de 2012




                                                                                                           PERFIL
                                                                                                                                                                                                           Leonardo Aversa




ARMANDO PITTIGLIANI e sua coleção de discos: a trajetória de 38 anos com artistas de uma mesma companhia, a hoje Universal, começou com a frase “Filho, compramos uma gravadora”, dita por seu pai em 1955




Memórias de
                                                                                                                                                                                                               Reproduções




um inventor de
histórias da MPB
                                                                                                                                                                                  COM ELIS REGINA (acima),
                                                                                                                                                                                  que ele trouxe para o Rio;
                                                                                                                                                                                  e os discos de 1963 de
                                                                                                                                                                                  Jorge Ben e Sergio Mendes,
                                                                                                                                                                                  produções marcantes


O produtor e divulgador Armando Pittigliani prepara livro                                                                                                                             até a desconfiar de Armando,
                                                                                                                                                                                      que, na verdade, foi detido na-
sobre quatro décadas vividas na indústria fonográfica




                                      “
                                                                                                                                                                                      quela noite.
                                                                                                                                                                                         — Eu dei um ataque: “Vocês
                                                                                                                                                                                      vão ver! Liga para o Rio e chama
        Luiz Fernando Vianna                                                                                                                                                          o general Osório. Se ele não es-
                                                                                                                                                                                      tiver, chama o general San Mar-
        luiz.vianna@oglobo.com.br
                                                                                                                                                                                      tín!” Ficaram assustados, acaba-



A
         fotógrafa Adriana Pit-                                                                                                                                                       ram me soltando — conta.
         tigliani estava no final                                                                                                                                                        — As ideias que o Armando
         de sua luta contra o                                                                                                                                                         tinha me provocavam, e as que
         c â n c e r, e m 2 0 0 8 ,
quando pediu ao pai que es-
                                        Eu dei um ataque: ‘Vocês vão ver! Liga para                                                                                                   eu tinha o provocavam. Era
                                                                                                                                                                                      muito rico — recorda Midani.
crevesse o livro que planejava          o Rio e chama o general Osório. Se ele não                                                                                                        Música, mulher e futebol
havia quase duas décadas.
   — Vou realizar o seu desejo          estiver, chama o general San Martín!’ Ficaram                                                                                                    Afeito a grandes eventos,
— prometeu Armando Pittiglia-                                                                                                                                                         ele organizou um show para
ni, que tem outros dois filhos.         assustados, acabaram me soltando                                                                                                              30 mil pessoas em Recife, em
   Aos 77 anos, ele está reunin-                                                                                                                                                      1988, festejando um disco de
do suas memórias em “Você               Armando Pittigliani, recordando a detenção após o festival Phono 73,                                                                          platina de Elba Ramalho.
ainda não ouviu nada!”, título          no qual Chico Buarque e Gilberto Gil tentaram cantar “Cálice”                                                                                    — A festa foi um marco na
provisório que é o mesmo de                                                                                                                                                           minha carreira — recorda Elba.
um dos importantes discos                                                                                                                                                             — Não me lembro de Armando
que produziu, feito por Sergio                                                                                                                                                        se contrapondo a nossos delí-
Mendes e seu sexteto Bossa              Seu pai, Amilcar, e seus tios,     Armando começou na empresa,             Pouco depois, conheceu as          Ser esperto também ajuda        rios artísticos. Ouvia, pondera-
Rio em 1963. As lembranças            Alberto e Attilio, ajudavam a        mas como conferente de esto-        músicas e a figura de Jorge Li-     em algumas ocasiões. Para fa-      va e sempre acolhia, fazendo
de Armando contam um peda-            família em Imbituba (SC) pes-        que. Não durou um dia na fun-       ma Menezes, ou “Rei Jorge Ben,      zer um disco do personagem         do seu jeitinho as coisas sim-
ço da história da música bra-         cando e vendendo amendoins           ção, pois disse que queria tra-     1 o e Único”, como escreve no
                                                                                                                 -                                 infantil Topo Gígio, sucesso na    ples se tornarem grandiosas.
sileira, especialmente da gra-        e picolés. Quando Armando,           balhar com música. Exatamen-        livro. Armando assinou a pro-       década de 1960, percebeu que          — Foi meu primeiro guru.
vadora em que trabalhou de            nascido durante curta estada         te naquela data, Ramalho Netto      dução de “Samba esquema no-         o cantor italiano que dublava o    Seu entusiasmo quase juvenil
1955 a 1993: a hoje Universal e       dos pais em Santos, tinha 5          deixou o setor de divulgação.       vo”, que lançou o artista.          boneco era ruim e que o vigia      e sua ingenuidade madura de
que já foi, dentre outros no-         anos, os Pittigliani se muda-           — Você conhece um bom                No ano seguinte, de férias em   do estúdio o imitava acrescen-     quem acredita no novo suces-
mes, Philips e PolyGram.              ram para o Rio.                      assessor de imprensa? — per-        Florianópolis, foi convencido a     tando qualidade. Decisão: o ita-   sivamente me ensinaram mui-
   — Armando não tem tido o             Em 1941, os audaciosos ir-         guntou o tio Alberto.               ver um show de jovens cantores      liano gravava, mas a voz para      to — exalta Marcelo Castello
reconhecimento geral que me-          mãos encomendaram da Euro-              — Claro! Está falando com        gaúchos. Impressionou-se tanto      valer era a do vigia dublador.     Branco, que entrou jovem na
rece. Mas as pessoas do meio          pa grande quantidade de lâm-         ele — respondeu o sobrinho          com uma delas que a convenceu          E tem a do português que        gravadora e se tornou mais
sabem quem ele é e o que ele          padas fluorescentes. Logo após       com a cara de pau que o tor-        a se mudar para o Rio. Tirou Elis   não conseguia pronunciar           tarde seu principal executivo.
fez — ressalta André Midani,          a chegada da carga, a Segunda        naria um craque do marketing        Regina da CBS (hoje Sony) e, em     bem o “s” no final das pala-          Em 1993, Armando foi desli-
que foi presidente da então           Guerra Mundial interrompeu as        e o ajudaria como produtor.         1965, ela já gravava pela Philips   vras. Antes de o disco ficar       gado da companhia e passou a
Phonogram entre 1968 e 1976,          remessas para o Brasil. O pro-          Em 1963, além de viabilizar o    o repertório que a consagraria,     pronto, o próprio Armando foi      fazer produções episódicas
época em que a autointitulada         duto valorizou em progressão         LP do niteroiense Sergio Men-       não mais canções adolescentes.      para o microfone e preencheu       com sua empresa, então cha-
“mais brasileira das multina-         geométrica, e a família enrique-     des — que, antes de pegar a             — Uma boa música faz o su-      as lacunas: “ssss”, “ssss”.        mada ASP One (para ser lida co-
cionais” reunia a nata da MPB,        ceu. A ponto de, em 1954, Ar-        barca, gostava de comer um an-      cesso de qualquer cantor. Mas          Houve momentos mais ten-        mo “aspone”). Gostaria de em-
como Chico Buarque, Caetano           mando ouvir do pai:                  gu do Gomes em pé, e hoje é         um bom cantor não faz o suces-      sos, como no festival Phono        placar mais projetos (“Mas não
Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa         — Filho, compramos uma             um milionário concorrente ao        so de qualquer música. Reper-       73, que reuniu o elenco da         sou do PT nem Nelson Motta”)
e Maria Bethânia.                     gravadora.                           Oscar —, ele apostou num jo-        tório é fundamental — prega         Phonogram em São Paulo.            e continua fiel a três grandes
   O baterista Armando Pittiglia-       Era a Sinter, que em 1950 fora     vem indicado pelo também pro-       ele, que não considera decisi-      Quando Chico Buarque e Gil-        paixões: música, mulheres (es-
ni começou cedo a gostar de           a primeira companhia brasilei-       dutor João Mello. Bastou ouvir      vo, para um produtor, ser ex-       berto Gil cantaram “Cálice”,       tá no sétimo casamento) e fute-
música, mas se tornou executi-        ra a lançar LPs em dez polega-       o violão numa fita para dizer:      pert em música. — O importan-       censurada pelo regime militar,     bol — joga todo sábado no Clu-
vo do ramo quase por acaso.           das. Em 1 o de março de 1955,
                                                 -                            — Já está contratado.            te é fazer o elo com o público.     o som foi cortado. Chegou-se       be dos 30, em São Conrado. ■

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Perfil armando pittilgliani

  • 1. 4 . ● SEGUNDO CADERNO O GLOBO Sábado, 25 de fevereiro de 2012 PERFIL Leonardo Aversa ARMANDO PITTIGLIANI e sua coleção de discos: a trajetória de 38 anos com artistas de uma mesma companhia, a hoje Universal, começou com a frase “Filho, compramos uma gravadora”, dita por seu pai em 1955 Memórias de Reproduções um inventor de histórias da MPB COM ELIS REGINA (acima), que ele trouxe para o Rio; e os discos de 1963 de Jorge Ben e Sergio Mendes, produções marcantes O produtor e divulgador Armando Pittigliani prepara livro até a desconfiar de Armando, que, na verdade, foi detido na- sobre quatro décadas vividas na indústria fonográfica “ quela noite. — Eu dei um ataque: “Vocês vão ver! Liga para o Rio e chama Luiz Fernando Vianna o general Osório. Se ele não es- tiver, chama o general San Mar- luiz.vianna@oglobo.com.br tín!” Ficaram assustados, acaba- A fotógrafa Adriana Pit- ram me soltando — conta. tigliani estava no final — As ideias que o Armando de sua luta contra o tinha me provocavam, e as que c â n c e r, e m 2 0 0 8 , quando pediu ao pai que es- Eu dei um ataque: ‘Vocês vão ver! Liga para eu tinha o provocavam. Era muito rico — recorda Midani. crevesse o livro que planejava o Rio e chama o general Osório. Se ele não Música, mulher e futebol havia quase duas décadas. — Vou realizar o seu desejo estiver, chama o general San Martín!’ Ficaram Afeito a grandes eventos, — prometeu Armando Pittiglia- ele organizou um show para ni, que tem outros dois filhos. assustados, acabaram me soltando 30 mil pessoas em Recife, em Aos 77 anos, ele está reunin- 1988, festejando um disco de do suas memórias em “Você Armando Pittigliani, recordando a detenção após o festival Phono 73, platina de Elba Ramalho. ainda não ouviu nada!”, título no qual Chico Buarque e Gilberto Gil tentaram cantar “Cálice” — A festa foi um marco na provisório que é o mesmo de minha carreira — recorda Elba. um dos importantes discos — Não me lembro de Armando que produziu, feito por Sergio se contrapondo a nossos delí- Mendes e seu sexteto Bossa Seu pai, Amilcar, e seus tios, Armando começou na empresa, Pouco depois, conheceu as Ser esperto também ajuda rios artísticos. Ouvia, pondera- Rio em 1963. As lembranças Alberto e Attilio, ajudavam a mas como conferente de esto- músicas e a figura de Jorge Li- em algumas ocasiões. Para fa- va e sempre acolhia, fazendo de Armando contam um peda- família em Imbituba (SC) pes- que. Não durou um dia na fun- ma Menezes, ou “Rei Jorge Ben, zer um disco do personagem do seu jeitinho as coisas sim- ço da história da música bra- cando e vendendo amendoins ção, pois disse que queria tra- 1 o e Único”, como escreve no - infantil Topo Gígio, sucesso na ples se tornarem grandiosas. sileira, especialmente da gra- e picolés. Quando Armando, balhar com música. Exatamen- livro. Armando assinou a pro- década de 1960, percebeu que — Foi meu primeiro guru. vadora em que trabalhou de nascido durante curta estada te naquela data, Ramalho Netto dução de “Samba esquema no- o cantor italiano que dublava o Seu entusiasmo quase juvenil 1955 a 1993: a hoje Universal e dos pais em Santos, tinha 5 deixou o setor de divulgação. vo”, que lançou o artista. boneco era ruim e que o vigia e sua ingenuidade madura de que já foi, dentre outros no- anos, os Pittigliani se muda- — Você conhece um bom No ano seguinte, de férias em do estúdio o imitava acrescen- quem acredita no novo suces- mes, Philips e PolyGram. ram para o Rio. assessor de imprensa? — per- Florianópolis, foi convencido a tando qualidade. Decisão: o ita- sivamente me ensinaram mui- — Armando não tem tido o Em 1941, os audaciosos ir- guntou o tio Alberto. ver um show de jovens cantores liano gravava, mas a voz para to — exalta Marcelo Castello reconhecimento geral que me- mãos encomendaram da Euro- — Claro! Está falando com gaúchos. Impressionou-se tanto valer era a do vigia dublador. Branco, que entrou jovem na rece. Mas as pessoas do meio pa grande quantidade de lâm- ele — respondeu o sobrinho com uma delas que a convenceu E tem a do português que gravadora e se tornou mais sabem quem ele é e o que ele padas fluorescentes. Logo após com a cara de pau que o tor- a se mudar para o Rio. Tirou Elis não conseguia pronunciar tarde seu principal executivo. fez — ressalta André Midani, a chegada da carga, a Segunda naria um craque do marketing Regina da CBS (hoje Sony) e, em bem o “s” no final das pala- Em 1993, Armando foi desli- que foi presidente da então Guerra Mundial interrompeu as e o ajudaria como produtor. 1965, ela já gravava pela Philips vras. Antes de o disco ficar gado da companhia e passou a Phonogram entre 1968 e 1976, remessas para o Brasil. O pro- Em 1963, além de viabilizar o o repertório que a consagraria, pronto, o próprio Armando foi fazer produções episódicas época em que a autointitulada duto valorizou em progressão LP do niteroiense Sergio Men- não mais canções adolescentes. para o microfone e preencheu com sua empresa, então cha- “mais brasileira das multina- geométrica, e a família enrique- des — que, antes de pegar a — Uma boa música faz o su- as lacunas: “ssss”, “ssss”. mada ASP One (para ser lida co- cionais” reunia a nata da MPB, ceu. A ponto de, em 1954, Ar- barca, gostava de comer um an- cesso de qualquer cantor. Mas Houve momentos mais ten- mo “aspone”). Gostaria de em- como Chico Buarque, Caetano mando ouvir do pai: gu do Gomes em pé, e hoje é um bom cantor não faz o suces- sos, como no festival Phono placar mais projetos (“Mas não Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa — Filho, compramos uma um milionário concorrente ao so de qualquer música. Reper- 73, que reuniu o elenco da sou do PT nem Nelson Motta”) e Maria Bethânia. gravadora. Oscar —, ele apostou num jo- tório é fundamental — prega Phonogram em São Paulo. e continua fiel a três grandes O baterista Armando Pittiglia- Era a Sinter, que em 1950 fora vem indicado pelo também pro- ele, que não considera decisi- Quando Chico Buarque e Gil- paixões: música, mulheres (es- ni começou cedo a gostar de a primeira companhia brasilei- dutor João Mello. Bastou ouvir vo, para um produtor, ser ex- berto Gil cantaram “Cálice”, tá no sétimo casamento) e fute- música, mas se tornou executi- ra a lançar LPs em dez polega- o violão numa fita para dizer: pert em música. — O importan- censurada pelo regime militar, bol — joga todo sábado no Clu- vo do ramo quase por acaso. das. Em 1 o de março de 1955, - — Já está contratado. te é fazer o elo com o público. o som foi cortado. Chegou-se be dos 30, em São Conrado. ■