O documento discute a importância do jornalismo de moda para a indústria brasileira da moda. A indústria da moda no Brasil fatura bilhões de dólares por ano e emprega milhões, mas ainda carece de profissionais qualificados e identidade nacional para competir globalmente. O jornalismo de moda precisa ser aprimorado para melhor promover a indústria brasileira.
Importância do Jornalismo de Moda para a indústria brasileira
1. JORNALISMO DE MODA
A importância do Jornalismo de Moda para a indústria brasileira
Qual o faturamento brasileiro com a indústria da moda, tanto no que se refere à
exportação como o turismo.
Silvane Passos
Nos últimos dois anos o que mais se ouve é que o Brasil está moda, que é a bola da vez
e que o mundo quer conhecê-lo melhor. Pois bem, a nossa fama pode ser que venha por
termos a primeira mulher eleita para o cargo de presidente, por temos grandes jogadores
de futebol, por algum escandâlo político e também no campo da moda, sendo que o
primeiro chamariz para esta área foi a über model Gisele Bündchen, que mostrou toda a
sua “ginga” nas passarelas e abriu espaços para outras, como também aguçou a
curiosidade sobre nós.
Passado um tempo, alguns estilistas começaram a “exportar” suas experiências, suas
roupas para os grandes centros urbanos, aqueles que “ditam” referências fashions – Nova
York, Londres e até Japão. Mas acho que ainda estamos devendo bons e criativos
estilistas que coloquem a nossa marca no cenário mundial. SegundoAvant-Garde, em
recente entrevista para uma revista de um grande shopping paulistano sobre as possíveis
tendências (ou influências!?) impressas por nós - “as pessoas lá fora têm uma ideia do
País como uma miragem: paisagens cheias de beleza, corpos bonitos. Um estilo de vida
muito despojado. E isso é a marca Brasil”.
Outra pessoa ligada ao mundo da moda, a editora responsável de uma publicação voltada
ao mercado de luxo, tem uma visão bem parecida sobre a falta de uma identidade
nacional, a falta de profissionalização do setor e de áreas relacionadas. Não temos mão
de obra qualificada, a carga tributária é altíssima, sem falar da infraestruta logística, que é
ruim. Os meios de escoamento da produção ainda são basicamente através de transporte
rodoviário, ocasionado altos preços. Com estes requisitos, fica difícil competirmos em pé
de igualdade com as marcas estrangeiras, que aportaram com seus produtos de
qualidade nos centros de luxo das principais cidades brasileiras.
2. Foto: by internet
Outro ponto importante neste setor são os números apontados pela ABIT – Associação da
Indústria Têxtil e de Confecção que diz que a moda brasileira no setor têxtil é a segunda
maior cadeia de empregos; maior produtor de seda in natura (exportamos para a marca
francesa Hermès); mais de 100 escolas e faculdades de moda; faturamento referente ao
ano de 2011 da cadeia têxtil e de confecção gira em torno de US$ 67 bilhões e isso é
5,6% do PIB – Produto Interno Bruto; as importações (sem a fibra de algodão) giram em
torno de US$ 1,42 bilhões, enquanto as exportações (sem a fibra de algodão) ficam em
média de US$ de 6,17 bilhões. Ressaltamos ainda a grande quantidade de eventos no
setor, as chamadas semanas de moda em todo o País, como também as feiras onde são
apresentados novos produtos, os tecidos, os maquinários, as tendências em vestuários,
gerando muitos contratos e a vinda de mais de 130 jornalistas de moda que visitam o
Brasil a cada ano.
O jornalismo de moda é mais uma especialização que o profissional de comunicação
pode atuar nas diversas áreas – redação, cobertura de eventos, mas segundo alguns
profissionais mais experientes faltam candidatos hábeis para as vagas existentes; estes
são despreparados, não possuem embasamento profundo sobre a cadeia de valor de
moda e em sua maioria fazem comentários superficiais sobre “o brinco que combina com
a blusa x e com a cor tal” com opiniões que nem sempre são corretas. Não possuem um
olhar mais apurado e técnico. O profissional da área de moda Carlos Simões em uma
explanação aos alunos do curso de extensão de jornalismo de moda, da Universidade de
São Paulo, mencionou que o jornalista de moda precisa conhecer a fundo como funciona
a indústria têxtil, o quanto ela gera em faturamento, quem são os países que fazem
concorrência frente ao Brasil.
3. Um outro ponto importante debatido entre os profissionais da área de moda é que nós
brasileiros não exportamos nenhum produto com valor agregado, as matérias-primas –
as commodities; Israel exporta mais que a gente; alguns países da América do Sul como
Chile, Argentina, Peru e Colômbia possuem um mercadofashion aquecidíssimo, e este
último tem na cidade de Medellín seu principal polo. Nem em moda praia a gente exporta;
“ditamos” apenas o tal do lyfestyle.
O podemos concluir é que a indústria fashion brasileira ainda é tanto “despreparada” para
atingir degraus maiores, pois algumas possuem estruturas domésticas, seus profissionais
sem tanto traquejos ou sem informações apropriadas não sabem lidar com os desafios ou
demandas. Fica a dica para que nossos profissionais se aperfeiçoem o mais rápido
possível; as nossas leis sejam mais brandas na aplicação de encargos e os profissionais
de jornalismo de moda também sejam mais bem informados, pois acredito que através
desta ponte, o Brasil pode se apresentar de forma mais agressiva e atuante no mundo da
moda.