A homenagem a Alfredo da Silva, fundador da CUF, promovida durante esta semana, escamoteando o carácter de violenta e feroz repressão sobre os trabalhadores em luta, de recusa ao diálogo com os sindicatos e autoritarismo implacável que o caracterizou, constitui um insulto aos trabalhadores e ao povo do Barreiro.
Um insulto aos trabalhadores e ao povo do barreiro
1. PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS
Comissão Concelhia do Barreiro
NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL E À POPULAÇÃO
UM INSULTO AOS TRABALHADORES E AO POVO DO BARREIRO
A homenagem a Alfredo da Silva, fundador da CUF, promovida durante esta semana, escamoteando o carácter
de violenta e feroz repressão sobre os trabalhadores em luta, de recusa ao diálogo com os sindicatos e
autoritarismo implacável que o caracterizou, constitui um insulto aos trabalhadores e ao povo do Barreiro.
Alfredo da Silva – deputado franquista na Monarquia, senador sidonista na República e procurador à Câmara
Corporativa de Salazar – foi desde a primeira hora um dos sustentáculos do regime fascista, que condenou o
povo português à fome, à exploração, à miséria, à guerra, ao obscurantismo e à privação das liberdades,
durante quase meio século, assumindo-se como um entusiasta e financiador do Golpe do 28 de Maio, que abriu
as portas à implantação do Estado Novo.
Os trabalhadores e o povo do Barreiro bem conhecem a verdadeira face desse que é hoje apresentado como
industrial visionário: a face da brutal exploração dos operários, da repressão sobre todas as formas, de suporte e
de dirigente omnipresente do regime fascista implantado em Portugal, que requisitou e instalou a PIDE e a GNR
nas fábricas da CUF, no Barreiro, para reprimir quem ousasse levantar a voz contra o sistema.
Na verdade, a promoção desta homenagem a este pretenso benfeitor e benemérito da Pátria, no ano em que se
assinalam os 40 anos da Revolução de Abril, tem um carácter verdadeiramente provocatório e merece o repúdio
de quem viveu aqueles tempos de exploração e de quem, na actualidade, está sofrendo os resultados de
décadas de política de direita.
Os mesmos que desbarataram a oportunidade do aproveitamento das nacionalizações e da criação da Quimigal,
impedindo que esta fosse colocada ao serviço da economia nacional e das populações e lançaram no
desemprego milhares de trabalhadores do Barreiro, que insistem numa política de desastre nacional e de
desmantelamento do aparelho produtivo, são os mesmos que, utilizando dinheiros públicos, promovem agora
esta inusitada homenagem.
O facto de o Governo do PSD-CDS, usar esta iniciativa como pretexto para reapresentar a sua proposta sobre
uma suposta “reindustrialização” do país, revela até onde pode ir a sua hipocrisia e revela os modelos que estão
dispostos a seguir.
Depois de décadas de política de direita, é este o Governo que mais postos de trabalho e empresas destruiu,
nos recentes anos de aplicação do Pacto de Agressão assinado entre o FMI, a União Europeia e o BCE com o
PS, o PSD e o CDS.
O Executivo da Concelhia do Barreiro do PCP, rejeitando as políticas de quem, ao longo de décadas, tem
tentado destruir as conquistas da Revolução de Abril, reafirmando a urgência de demitir o actual Governo,
sublinha que a situação actual e o futuro do País e, naturalmente, do Barreiro, impõem a ruptura com a política
de direita e a concretização de uma alternativa patriótica e de esquerda, afirmação de democracia e soberania
que projete, consolide e desenvolva os valores de Abril no futuro de Portugal.
Barreiro, 27 de Junho de 2014
O Executivo da Comissão Concelhia do
Partido Comunista Português
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