Este documento fornece informações sobre psicopatia, incluindo objetivos de identificar a presença ou ausência de psicopatia após uma entrevista. Detalha como definir e detectar psicopatas com base em características como manipulação, mentiras, ausência de remorsos e empatia. Discutem-se também tipologias de psicopatas e prevalência na população.
2. OBJETIVOS
Objetivo geral:
No final da sessão, os formandos devem ser capazes de identificar a presença ou
ausência de psicopatia, após uma entrevista ao avaliado.
Objetivos específicos:
O formando deve conseguir detetar sinais da presença da patologia, durante uma
conversa com outros indivíduos;
O formando deve distinguir psicopatas primários e secundários, baseando-se no
discurso do avaliado.
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4. ROBERT HARE
Considera a psicopatia o grau máximo das perturbação da personalidade;
Todos os psicopatas devem ser considerados antissociais e sociopatas, mas destes nem todos
podem ser considerados psicopatas;
A psicopatia apresenta, segundo Hare (1991), características que não estão presentes nos
antissociais e sociopatas;
Interação social desviada dos padrões éticos e morais vigentes (não necessariamente
somente atividade criminal);
Afetivamente são irritáveis, sem capacidade de criar vínculos emocionais com o outro, não
têm capacidade de empatia, culpa ou remorsos;
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5. A MENTE DE UM PSICOPATA
Manipuladores, calculistas, mentirosos e narcisistas eles agridem, matam, não se
importam com o sofrimento das suas vítimas e ainda sentem prazer com isso.
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6. TIPOLOGIAS
A PSICOPATIA COMO UM CONSTRUCTO DIMENSIONAL (HARE, 1991)
Fator 1
(características interpessoais e afetivas)
Itens:
- Superficialidade
- Sentido grandioso de si próprio
- Falsidade
- Ausência de remorsos
- Ausência de empatia
- Não aceita responsabilidades
Fator 2
(Comportamento desviante e anti-social)
Itens:
- Impulsividade;
- Baixo controlo comportamental;
- Falta de objetivos;
- Irresponsabilidade;
- Comportamento adolescente anti-social;
- Comportamento Adulto anti-social
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7. Temibilidade Adaptação Social Baixa Adaptação Social Alta
Capacidade Criminal
Elevada
Criminosos de carreira
psicopatas: história de
reincidência. Perigosidade
elevada.
Criminosos de colarinho
branco. Burlas:
reincidentes: perigosidade
elevada
Capacidade Criminal
Baixa
Pequenos delinquentes
história de reincidência.
Perigosidade baixa.
Todos os indivíduos
(crimes de disputa)
perigosidade baixa.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE PERIGOSIDADE CARACTERIZAÇÃO
GLOBAL DO FUNCIONAMENTO PSICOLÓGICO E SOCIAL DO INDIVÍDUO
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9. A apresentação é superficial e pouco credível
A emoção não parece genuína
Esforça-se por parecer uma pessoa brilhante
Usa linguagem técnica de modo inadequado.
A conversação e o comportamento interpessoal não estão interligados.
Loquacidade/Encanto
Superficial
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10. Mostra segurança e tem uma boa opinião própria.
Exagera o seu status social e reputação.
Atribui à má sorte os seus insucessos/ Vítima do sistema.
Mostra pouca preocupação com o futuro.
Sentimento Grandioso de Si
Próprio
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11. Necessidade crónica e excessiva para novas e excitantes estimulações.
É frequente o uso de vários tipos de drogas;
A escola, o trabalho e as relações de longa duração são aborrecidas;
Percurso de vida em que são constantes as interrupções e o absentismo;
Necessidade de
Estimulação/Tendência
para o Tédio
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12. Mentir e enganar constitui uma característica típica do seu padrão
Histórias elaboradas acerca do seu passado;
Perplexos ou embaraçados quando confrontados com a verdade;
Identidades falsas ou falsos cúmplices;
Mentir Patológico
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13. Utilização de esquemas, embustes, fraudes e outras estratégias
manipulativas com o intuito de obter ganhos pessoais
Comportamentos de desprezo e sem preocupação pelos seus
efeitos nas vítimas
Estilo Manipulativo
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14. Aparenta não ter capacidade para assumir a culpa, não tem consciência.
Não aparenta sinceridade quando mostra remorsos.
Demonstra pouca emoção no que diz respeito a valores de ordem emocional.
Preocupa-se mais com o próprio sofrimento, do que com o sofrimento dos outros
Ausência de
Remorsos
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15. Incapacidade de experienciar emoções e afetos a um certo nível de profundidade.
Inconsistência entre expressões emocionais e respetivos comportamentos.
Superficialidade
Afetiva
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16. Frio e insensível.
Indiferente com os sentimentos dos outros.
Incapaz de avaliar as consequências emocionais das suas ações.
As expressões de emoção são superficiais e inconstantes.
As expressões verbais e não verbais são inconsistentes
Insensibilidade/Ausência de
Empatia
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17. Adoção de estilo de vida em que “viver à custa dos outros” é normal
Evitam empregos certos
Não têm meios de suporte ou rendimentos visíveis e sustentar-se meramente
através da atividade criminosa
Excessiva dependência de outros
Estilo de Vida
Parasita
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18. Frustra-se e zanga-se com facilidade, especialmente quando embriagado.
É muitas vezes abusivo física e verbalmente.
Os abusos podem ser repentinos e sem provocação.
Tem explosões de raiva de curta duração.
Deficiente Controlo
Comportamental
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19. Relacionamentos casuais, impessoais e triviais.
Existência frequente de casos de uma noite, numa seleção indiscriminada de
parceiros sexuais.
Infidelidades constantes/Recurso à prostituição.
Facilidade em participar em vários tipos de atividade sexual
Comportamento Sexual
Promíscuo
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21. Vivem em função do dia-a-dia e a mudar com frequência os seus planos
Não se preocupam ou pensam acerca do futuro
Ausência de Objetivos a
Longo Prazo
Incapacidade ou falta de vontade para formular planos ou objetivos
realistas a longo prazo
Têm objetivos irrealistas
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22. Têm comportamentos que causam sofrimento ou colocam os outros
em risco.
Incapazes ou nunca dispostos a aceitar a responsabilidade pessoal pelas suas
próprias ações e as consequências.
Apresentam desculpas para o seu comportamento que incluem a atribuição
de culpas a outros.
Negam as acusações que lhe são feitas
Não Acatamento de
Responsabilidades pelas
suas Ações
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23. Falta de cumprimento nos compromissos com as relações.
Deficiente relação com as crianças.
Comportamento inadequado no emprego: absentismo, etc.
Irresponsabilidade na gestão do dinheiro;
Irresponsabilidade
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Incumprimento nos empréstimos, cartões de crédito, etc.
29. Referências:
Blackburn, R. (1978). Psychopathy, arousal and the need for stimulation. In R. D. Hare & D. Schaling (Eds.), Psychopathic
Behavior: Approaches to Research (pp. 157-164). New York: Wiley.
Cleckley, H. The mask oh sanity. St. Louis, MO: Mosby, 1988.
Gonçalves, R. A. (1999b). Personalidade: O lado anti-social. Psychologica, 22, 83-101.
Hare, R. D. (1991). The Hare Psychopathy Checklist-Revised. Toronto: Multi Health Systems.
Hare, R. D. Psychopathy and Antisocial Personality Disorder: a case of diagnostic confusion. Psychiatric Times, v. 13, n. 2, p. 39-
40, 1996.
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