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                                                                                                                 Fotos: Divulgação / iStock
         SINOPSE

         •• A cocriação talvez seja o principal fenômeno da atualidade. Aplica-se a todo tipo de organização,
            com ou sem fins lucrativos, governamental ou não. Ao gerar valor para diferentes stakeholders
            envolvidos, essa abordagem tem, como poucas, o potencial de gerar algo que vai muito além
            do crescimento econômico geralmente almejado, promovendo crescimento inclusivo rumo ao
            desenvolvimento.
         •• A cocriação não surge de modo aleatório. É necessário arquitetar e disponibilizar aos stakeholders
            um ambiente propício denominado “plataforma de engajamento”, marcado por quatro elementos
            fundamentais: transparência, acesso, diálogo e “reflexibilidade”. Esta pode ser traduzida como a
            capacidade de tornar mais transformador o valor gerado conjuntamente, benéfico para todos os
            envolvidos e de modo contínuo.
         •• Um exemplo didático de ambiente é a iniciativa e-Choupal, da divisão de agronegócios da empresa
            indiana ITC, com fins lucrativos. Trata-se de quiosques com acesso à internet instalados nos vilarejos
            para estimular os agricultores à colaboração que têm gerado um valor notável tanto para a ITC como
            para os agricultores. Exemplos de cocriação envolvendo organizações sem fins lucrativos podem ser
            observados na Espanha (com o banco CAN), na Coreia do Sul (com a iniciativa OASIS da prefeitura de
            Seul) e no Brasil,  com a Agenda 2020 do Rio Grande do Sul, o orçamento participativo de Porto Alegre
            e o movimento Todos pela Educação.


50   HSMManagement 88 • setembro-outubro 2011 hsmmanagement.com.br
Plataforma >
    cocriação >
                   desenvolvimento
Com base em exemplos da Índia e do Brasil, os consultores da
Symnetics Venkat Ramaswamy e André Coutinho, experts em
estratégia, detalham o fenômeno da cocriação, muito falado e




G
pouco entendido, e que começa por um ambiente de engajamento

               raças à internet, às        de engajamento. Ela vai além de             Os três primeiros dependem uns
               mídias sociais e aos        conceitos como colaboração e ino-         dos outros. A transparência diz res-
               avanços da comuni-          vação aberta; diz respeito à nature-      peito à clareza sobre motivação e ob-
               cação móvel, indi-          za do engajamento que se dá entre         jetivos dos participantes e à avaliação
               víduos interligados         os stakeholders. O ato de criação         da relação custo-benefício (ou risco-
em rede ao redor do mundo não              depende do ambiente no qual a             -recompensa) no processo de cocria-
são mais receptores passivos de            “cocriatividade” ativa ocorre e nos       ção. O acesso refere-se à habilidade
produtos ou serviços das organiza-         remete para além do crescimento           de usar, modificar e expandir dados,
ções. Ao contrário, são participantes      econômico; vemos um desenvolvi-           informações, conhecimentos e ferra-
ativos, colaboradores no processo          mento econômico e social.                 mentas. O diálogo é a capacidade de
de criação de valor, cocriadores de                                                  compartilhar, comunicar e se envol-
soluções –com empresas privadas,                                                     ver em conversas divergentes e con-
públicas e sociais. E tais empresas,       a transparência,                          vergentes na plataforma.
por sua vez, estão aprendendo a co-        na plataforma de                            E a reflexibilidade? É a capacidade
criar com eles.                                                                      de tornar as experiências nos engaja-
  Cocriação é o desenvolvimento,           engajamento, requer                       mentos dos participantes mais trans-
por stakeholders diversos, de ex-                                                    formadoras e, assim, expandir o valor
periências de geração de valor que
                                           clareza sobre                             criado para todos os envolvidos e de
sejam benéficas para todos os en-          motivação e objetivos                     modo contínuo –isso é construí­ o    d
volvidos, por meio de plataformas                                                    porque se facilitam o diálogo, a coleta
                                           dos participantes                         de expe­ iências anteriores dos parti-
                                                                                              r
                                                                                     cipantes e o acúmulo de aprendizado
Venkat Ramaswamy é professor de              O ambiente propício à cocriação,        para fazer evoluir ainda mais os be-
marketing da Stephen M. Ross School of     chamado de plataforma de engaja-          nefícios da plataforma.
Business, da University of Michigan, Es-   mento, segue quatro princípios fun-
tados Unidos, e trabalha com cocriação     damentais:                                O caso e-Choupal, da ITC, na Índia
junto à firma de consultoria brasileira                                              Vejamos o exemplo da rede de agro-
Symnetics, que opera em 11 países.           • transparência,                        negócios e-Choupal, da Índia (“chou-
André Coutinho é sócio-diretor da Sym-       • acesso,                               pal” significa “local de encontro” em
netics no Brasil e professor de inovação     • diálogo e                             hindi), que a ITC criou para ampliar
da Business School São Paulo.                • reflexibilidade.                      sua posição no mercado mundial de


                                                                  HSMManagement 88 • setembro-outubro 2011 hsmmanagement.com.br   51
ESTRATÉGIA



     exportação de commodities, especial-          mercado internacional, novidades da        naram um contrato em que se compro-
     mente grãos de soja.                          agricultura, conhecimento e conselhos      metem a empregar parte de seus rendi-
        A divisão de agronegócios da ITC           sobre métodos agrícolas e testes de solo   mentos no bem-estar da comunidade.
     entende que a melhor maneira de a             específicos para cada cultura e região.      Graças ao esforço, os rendimentos
     empresa crescer é alavancar o desem-          Além disso, dispõem de um e-mail           dos agricultores cresceram, pois eles
     penho econômico de todo o sistema e           para entrar em contato com cientistas      passaram a utilizar melhores sementes
     principalmente dos agricultores. Em           de universidades agrícolas, com a rede     e herbicidas, conseguindo cobrar mais
     cada comunidade agrícola em que está          de profissionais da ITC e com colegas      por seus produtos. Particularmente,
     presente, há a ITC e-Choupal, uma pla-        agricultores que talvez tenham enfren-     conseguiram melhorar a qualidade de
     taforma de engajamento que consiste           tado desafios semelhantes aos seus.        seus produtos e assim atender às exi-
     em quiosques com acesso à internet,             Os agricultores ganham ainda aces-       gências da ITC.
     gerenciados por agricultores locais           so a registros de terras, serviços de
     treinados pela própria ITC. Esses ges-        saúde e educação, organizações não         com e sem fins lucrativos
     tores, chamados “sanchalaks”, são a           governamentais e grupos de autoajuda       A iniciativa e-Choupal da ITC ilustra o
     parte humana essencial da plataforma.         (por exemplo, grupos que tornam mais       poder potencial da cocriação por meio
        Agricultores se encontram lá para          fácil para os agricultores poupar seus     do envolvimento dos setores privado
     estabelecer diálogo com os sanchalaks,        rendimentos e com isso ter maior aces-     (profit.com), público (public.gov) e
     com a ITC e entre si, como uma comu-          so a empréstimos).                         social (social.org), resultando em de-
     nidade. Também têm acesso à internet,           Os sanchalaks se tornaram confiá-        senvolvimento econômico e social co-
     assim como a outras fontes de conteú-         veis cocriadores da mudança, fazendo       criativo, baseado em experiências hu-
     do, incluindo informações diárias so-         juramentos perante a comunidade de         manas valiosas (human.exp).
     bre a previsão do tempo na língua lo-         que servirão fielmente aos interesses        No caso ITC, o protagonista foi o setor
     cal, preços de várias commodities no          dela sem discriminação. Também assi-       privado, que, com a plataforma de enga-
                                                                                              jamento, construiu redes de capacidade
                                                                                              e forneceu liderança intelectual para
     a iniciativa e-choupal da ITC, de quiosques de                                           reunir múltiplos colaboradores, não
     internet nas aldeias da índia, aumentou os                                               apenas do setor privado, mas também
                                                                                              do social (como ONGs e comunidades
     rendimentos dos agricultores                                                             locais), fora o apoio do setor público.



     O orçamento participativo
     da Prefeitura de Porto Alegre
     A história de concepção e execução de orçamentos públi-           a prefeitura da capital gaúcha, assim como as demais que
     cos no Brasil é marcada por sérias deformações relacio-           seguiram seu exemplo, decidia os investimentos deixando
     nadas à concentração de poder, desperdício de recursos e          a população completamente à margem do processo, se-
     corrupção. Em Porto Alegre, essa história mudou.                  guindo prioridades diferentes das escolhidas por parte sig-
       A prefeitura da capital gaúcha criou um sistema inova-          nificativa da população. A cidade enfrentava o desequilíbrio
     dor para formular e acompanhar o orçamento municipal, o           financeiro e administrativo. A arrecadação originada dos
     chamado “Orçamento Participativo”. Agora, não são mais os         impostos era insuficiente para financiar o mínimo dos ser-
     técnicos e lideranças de governo em seus escritórios que          viços públicos que precisavam ser realizados e começar a
     decidem de modo fechado o destino dos gastos públicos;            resgatar a dívida social acumulada de milhões de cidadãos
     cidadãos e colaboradores externos, por meio de deliberação        que viviam em níveis inaceitáveis de miséria.
     e processos de consulta, decidem e definem juntos os valo-           Com o Orçamento Participativo, as obras básicas de sa-
     res dos gastos, assim como onde e quando os investimentos         neamento, por exemplo, passaram a ser prioridade. Isso
     serão realizados, quais são as prioridades e que planos e         permitiu aumento no fornecimento de água, entre 1990 e
     ações serão desenvolvidos pela prefeitura.                        o início de 1995, de 400 mil residências para 465 mil. Hoje,
       Em todo o Brasil, existem pelo menos 70 cidades que es-         cerca de 98% dos domicílios contam com o serviço. Com
     tabeleceram o sistema de Orçamento Participativo, sem-            relação ao sistema de esgotos, o crescimento tem sido
     pre com base na experiência de Porto Alegre. No passado           ainda maior.



52     HSMManagement 88 • setembro-outubro 2011 hsmmanagement.com.br
ESTRATÉGIA



                                                                                              implementadas por meio da OASIS,
                                                                                              tais como o fornecimento grátis de car-
                                                                                              rinhos de bebê e cadeiras de rodas em
                                                                                              parques, o estreitamento das grades de
                                                                                              tampas de esgoto e uma passarela so-
                                                                                              bre o rio Han. As ideias são postadas no
                                                                                              website da OASIS com data de validade
                                                                                              e uma barra progressiva que mostra o
                                                                                              percentual realizado. O website permi-
                                                                                              te uma discussão mais profunda sobre
                                                                                              soluções alternativas ou problemas
                                                                                              relacionados. Enquanto outros siste-
                                                                                              mas institucionais ao redor do mundo
                                                                                              tendem a focar as reclamações dos ci-
                                                                                              dadãos, a OASIS transforma o papel da
                                                                                              prefeitura de Seul, aprimora a imagem
                                                                                              dos servidores públicos e aumenta a
                                                                                              confiança na instituição.

                                                                                              Economias cocriativas no Brasil
                                                                                              Empresas cocriativas já firmaram raí-
                                                                                              zes no Brasil. Não é difícil encontrar
                                                                                              ativistas brasileiros praticantes da co-
                                                                                              criação com considerável influência
                                                                                              em suas respectivas áreas de atuação:
                                                                                              Marco André Ferreira, do Santander;
                                                                                              Romeo Busarello, da Tecnisa; João
                                                                       Venkat Ramaswamy       Ciaco, da Fiat; Paulo Amorim, da Dell;
                                                                                              Pedro Passos, Guilherme Leal e Luiz
     empresas cocriativas já firmaram raízes no                                               Seabra, da Natura; dr. João Polancyk,
                                                                                              do Hospital Moinhos de Vento; Ronald
     Brasil, que, na última década, vem adotando                                              Krummenauer, da Agenda 2020 do Rio
     a agenda do “crescimento inclusivo”                                                      Grande do Sul; Mozart Neves e Priscila
                                                                                              Cruz, do Todos pela Educação.
       O setor social também pode, no              seus consumidores, clientes empre-            Na última década, o Brasil vem ado-
     entanto, estimular o desenvolvimen-           sariais e parceiros de projetos sociais.   tando a chamada agenda do “cresci-
     to econômico baseado na cocriação.               Iniciativas de desenvolvimento          mento inclusivo”, com o objetivo de
     Exemplo disso é o trabalho do banco           econômico e social cocriativo podem        melhorar a qualidade de vida (por
     espanhol Caja Navarra (CAN), insti-           também emergir da dinâmica do se-          meio de educação, saúde, transporte,
     tuição financeira regional, sem fins          tor público, nos níveis municipal,         moradia) da população carente, as-
     lucrativos, desenhada para apoiar e           estadual e nacional. Vejamos o caso        sim como incorporar consumidores
     disponibilizar crédito a comunidades          da cidade de Seul (Coreia do Sul). No      “emergentes” no mercado. Políticas
     locais. O que distingue o CAN é sua           final de 2006, o prefeito Oh Se-Hoon       públicas e programas como o Fome
     transparência, baseada em platafor-           lançou externamente uma plataforma         Zero e o Luz para Todos são iniciativas
     ma de engajamento online. Entre os            de ideias online chamada OASIS para        alinhadas com essa tendência.
     serviços oferecidos pela plataforma           “aumentar a criatividade e imagina-           O setor privado também vem se en-
     está a iniciativa “Você escolhe, você         ção na administração municipal”,           gajando em projetos de caráter estru-
     decide”, que fornece aos clientes,            trazendo cidadãos como participan-         turante para o País (relacionados com
     online, acesso a informações como             tes ativos das políticas públicas. Entre   a infraestrutura de transporte, água e
     “quanto o banco gera de lucro com             outubro de 2006 e maio de 2009, mais       energia). As 50 maiores empresas bra-
     cada cliente individualmente” e               de 4,25 milhões de cidadãos visitaram      sileiras investem seriamente em ini-
     ainda lhes dá o poder de escolher o           a OASIS, enviando 33.737 ideias (em        ciativas sociais e parecem estar abra-
     projeto social em que o CAN deveria           média, 1.050 ideias por mês).              çando uma espécie de “capitalismo
     investir. Assim, cocria atividades com           Aproximadamente 100 ideias já foram     responsável” em várias áreas, como


54     HSMManagement 88 • setembro-outubro 2011 hsmmanagement.com.br
ESTRATÉGIA



      A agenda de
      longo prazo da
      sociedade gaúcha
     Desde 1970, governo após governo do Rio Grande do Sul fracas-       e à construção de um consenso democrático, estabelecido pela
     sava nas reformas necessárias para reduzir a dívida pública. Em     coalizão de cidadãos diversos em nome dos interesses públicos.
     2004, 32% da arrecadação de impostos estava comprometida               Na primeira fase, cerca de 950 pessoas se reuniram, repre-
     com aposentadorias e 13% com o aumento da dívida pública.           sentando todos os segmentos da sociedade. A iniciativa então foi
        Um modelo não governamental de cocriação começou, en-            renomeada como “A Visão do Futuro do Rio Grande do Sul 2020
     tão, a emergir para vencer as três deficiências mais comuns dos     (o Rio Grande do Sul que nós queremos)”.
     programas públicos brasileiros, que, juntas, levam à ineficiência      A fase seguinte foi a cocriação da agenda estratégica, com
     e, nos piores casos, à corrupção:                                   objetivos de longo prazo, metas e ações a serem implementa-
                                                                         das prevendo que os resultados sejam colhidos pelas gerações
       • falta de transparência,                                         atuais e futuras. A ideia era, governo após governo, manter o
       • pouca responsabilidade por resultados e                         foco nessas prioridades estratégicas, reduzindo a possibilidade
       • descontinuidade política (mesmo quando havia progresso          de descontinuidade de uma administração para outra, algo fun-
       econômico e programas de desenvolvimento social, as mu-           damental, uma vez que, para haver retorno em programas de
       danças eram lentas e frequentemente desfeitas na gestão           educação e infraestrutura, são necessários dez anos ou mais.
       seguinte).                                                           Em outubro de 2006, a agenda estratégica foi apresentada
                                                                         para os dois candidatos majoritários a governador e ambos
     Em 2006, a sociedade se organizou e tratou de lançar uma agen-      se comprometeram diante de cerca de mil pessoas e da mídia
     da estratégica de longo prazo elaborada com o engajamento de        a implementar as propostas da Agenda 2020. Um site foi cria-
     lideranças empresariais, políticos, trabalhadores, educadores,      do (www.agenda2020.org.br), como um fórum público online
     ativistas sociais e representantes do governo. Esses grupos pas-    de acesso aberto, para todas as apresentações ou tópicos de
     saram a articular coletivamente uma visão comum e objetivos         discussão da agenda, para democratizar o processo governa-
     estratégicos, além de metas e projetos de longo prazo para o        mental e seguir em frente. A agenda devia tornar-se também
     estado, concebendo um sistema que permite gerenciar e avaliar       um “observatório público” para o governo e encorajar todas
     continuamente o progresso e responsabilizar os políticos eleitos    as entidades públicas e econômicas a alinhar, com ela, sua
     e as demais partes interessadas. Em 2006, líderes empresariais      própria agenda –diversas “agendas regionais” foram impul-
     e da sociedade civil propuseram um programa de recuperação          sionadas a partir de então no estado. A Agenda 2020 já pas-
     social e econômica –a Federação das Indústrias do Rio Grande        sou por três governos estaduais e, de lá para cá, continuam
     do Sul (Fiergs) e outras quatro associações (FDCL, Fecomércio,      a ser promovidos debates públicos coletivos entre os vários
     Federasul e Farsul) “apadrinharam“ a iniciativa.                    setores –privado, público e social– nos fóruns temáticos, in-
        A agenda recebeu o nome de “Agenda Estratégica 2020”. Uma        teração em blogs e newsletters e estímulo ao “feedback so-
     plataforma de engajamento “ao vivo” foi concebida para propi-       bre o feedback” dos cidadãos, numa contínua conversação e
     ciar o diálogo –e a cocriação– de diversos stakeholders, dividida   recalibração da agenda estadual. Avanços importantes –em
     em fóruns temáticos, como infraestrutura, educação, gestão pú-      infraestrutura, gestão pública, educação e cidadania– têm
     blica. Esse foi um verdadeiro chamado ao exercício da cidadania     sido registrados em função da iniciativa.


      educação, preservação ambiental, ex-          pacto nas pessoas, no planeta e nos lu-       Para analisar a viabilidade da cocria-
      celência na gestão pública, cidadania e       cros), o tripé da sustentabilidade.         ção social no Brasil, a Forrester levan-
      desenvolvimento comunitário.                    Reforçando o modo colaborativo            tou os fatores cruciais para o sucesso
        O Instituto Gerdau, o Instituto Natu-       brasileiro, um estudo recente da For-       do engajamento cocriativo social: alto
      ra e a Fundação Itaú Social são bons          rester Research destaca a voracidade        nível de engajamento com a mídia
      exemplos de empresas privadas que             dos brasileiros pela mídia social. O        social, elevado grau de interação com
      tratam do engajamento público e so-           relatório observa como o engajamen-         as companhias utilizando ferramen-
      cial. Há um sentimento crescente de           to social não exclui a diversão ou a        tas de mídia social e vontade inerente
      colaboração no País, representado por         conexão de pessoas com a família e          para cocriar com empresas. A pesquisa
      alguns empresários, políticos e atores        amigos, estendendo-se também a in-          mostra que todos os três fatores estão
      sociais que protagonizam iniciativas          terações com empresas, governo e or-        presentes no País e, portanto, há um
      voltadas para o triple bottom line (im-       ganizações sociais.                         ambiente favorável à cocriação.


56      HSMManagement 88 • setembro-outubro 2011 hsmmanagement.com.br
ESTRATÉGIA




     a mobilização
     Todos pela
     Educação
     Movimento fundado por empresas
     privadas que põe em rede empresá-
     rios, educadores e gestores públicos,
     o Todos pela Educação surgiu em 2006
     com a missão de “contribuir para o di-
     reito de toda criança e jovem efetiva-
     mente exercer seu direito de acesso
     a uma educação básica de qualidade
     até 2022”.
        Representando a sociedade civil
     organizada, ele gerou coletivamente
     cinco metas de longo prazo para o
     País, com base em padrões nacionais
     e internacionais, e atua sistematica-
     mente em favor delas:

       1) Toda criança e jovem entre 4 e 17
       anos na escola.                                                                                             André Coutinho
       2) Toda criança completamente al-
       fabetizada até 8 anos.
       3) Todo estudante com programa               a cocriação pode construir ecossistemas de
       de aprendizado adequado.
       4) Todo jovem com ensino médio               negócios civis e sociais com sustentabilidade
       completo até 19 anos.                        e resiliência, viabilizando o desenvolvimento
       5) Aumento do investimento em
       educação e boa gestão desses re-              Cerca de 75% dos brasileiros online       Tanto o Brasil como a Índia enfren-
       cursos.                                     foram classificados como cocriadores      tam ainda muitos desafios para fechar
                                                   favoráveis, isto é, indivíduos que pen-   a lacuna do desenvolvimento que
     O argumento que fundamenta a                  sariam na possibilidade de contribuir     os separa das economias de primei-
     a­ uação do Todos pela Educação é o
      t                                            para ajudar as organizações a proje-      ro mundo, mesmo após 150 anos de
     de que a ação solitária dos governos          tar e a desenvolver novos produtos e      Revolução Industrial, sem contar as
     não será suficiente para o Brasil se          serviços ou melhorar os existentes.       desigualdades sociais crescentes. Ao
     recuperar e alcançar níveis interna-          Apesar de o mundo online não ter al-      mesmo tempo, porém, o crescimento
     cionais de qualidade na educação;             cançado totalmente a massa de consu-      da economia doméstica traz otimismo
     apenas com esforços conjuntos dos             midores brasileiros, eles não se mos-     desenfreado.
     setores privado, social e público no-         tram tímidos em aproveitar as mídias        Acreditamos que o paradigma da
     vas soluções inovadoras surgirão e            sociais como forma de se conectar         cocriação oferece um meio prático de
     fecharão a lacuna da educação.                com as organizações.                      levar esses países adiante no cresci-
        Trabalhando com conhecimento                 No quadro ao lado, discutimos um        mento inclusivo e construir ecossiste-
     técnico, mobilização, comunicação e           exemplo inspirador do movimento           mas empresariais e sociais poderosos
     articulação institucional, o Todos pela       da cocriação surgido no Brasil. Ou-       com sustentabilidade e resiliência,
     Educação (www.todospelaeducacao.              tros aparecem nos quadros das pá-         viabilizando o desenvolvimento eco-
     org.br) executa ações que estão mu-           ginas 52 e 56. Eles ilustram o poten-     nômico e social.
     dando o ritmo do desempenho edu-              cial para aprimorar a colaboração de
     cacional no Brasil.                           múltiplos stakeholders na geração de
                                                   valor cocriativo.                           HSM Management


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Plataformas de cocriação para desenvolvimento

  • 1. estratégia Fotos: Divulgação / iStock SINOPSE •• A cocriação talvez seja o principal fenômeno da atualidade. Aplica-se a todo tipo de organização, com ou sem fins lucrativos, governamental ou não. Ao gerar valor para diferentes stakeholders envolvidos, essa abordagem tem, como poucas, o potencial de gerar algo que vai muito além do crescimento econômico geralmente almejado, promovendo crescimento inclusivo rumo ao desenvolvimento. •• A cocriação não surge de modo aleatório. É necessário arquitetar e disponibilizar aos stakeholders um ambiente propício denominado “plataforma de engajamento”, marcado por quatro elementos fundamentais: transparência, acesso, diálogo e “reflexibilidade”. Esta pode ser traduzida como a capacidade de tornar mais transformador o valor gerado conjuntamente, benéfico para todos os envolvidos e de modo contínuo. •• Um exemplo didático de ambiente é a iniciativa e-Choupal, da divisão de agronegócios da empresa indiana ITC, com fins lucrativos. Trata-se de quiosques com acesso à internet instalados nos vilarejos para estimular os agricultores à colaboração que têm gerado um valor notável tanto para a ITC como para os agricultores. Exemplos de cocriação envolvendo organizações sem fins lucrativos podem ser observados na Espanha (com o banco CAN), na Coreia do Sul (com a iniciativa OASIS da prefeitura de Seul) e no Brasil, com a Agenda 2020 do Rio Grande do Sul, o orçamento participativo de Porto Alegre e o movimento Todos pela Educação. 50 HSMManagement 88 • setembro-outubro 2011 hsmmanagement.com.br
  • 2. Plataforma > cocriação > desenvolvimento Com base em exemplos da Índia e do Brasil, os consultores da Symnetics Venkat Ramaswamy e André Coutinho, experts em estratégia, detalham o fenômeno da cocriação, muito falado e G pouco entendido, e que começa por um ambiente de engajamento raças à internet, às de engajamento. Ela vai além de Os três primeiros dependem uns mídias sociais e aos conceitos como colaboração e ino- dos outros. A transparência diz res- avanços da comuni- vação aberta; diz respeito à nature- peito à clareza sobre motivação e ob- cação móvel, indi- za do engajamento que se dá entre jetivos dos participantes e à avaliação víduos interligados os stakeholders. O ato de criação da relação custo-benefício (ou risco- em rede ao redor do mundo não depende do ambiente no qual a -recompensa) no processo de cocria- são mais receptores passivos de “cocriatividade” ativa ocorre e nos ção. O acesso refere-se à habilidade produtos ou serviços das organiza- remete para além do crescimento de usar, modificar e expandir dados, ções. Ao contrário, são participantes econômico; vemos um desenvolvi- informações, conhecimentos e ferra- ativos, colaboradores no processo mento econômico e social. mentas. O diálogo é a capacidade de de criação de valor, cocriadores de compartilhar, comunicar e se envol- soluções –com empresas privadas, ver em conversas divergentes e con- públicas e sociais. E tais empresas, a transparência, vergentes na plataforma. por sua vez, estão aprendendo a co- na plataforma de E a reflexibilidade? É a capacidade criar com eles. de tornar as experiências nos engaja- Cocriação é o desenvolvimento, engajamento, requer mentos dos participantes mais trans- por stakeholders diversos, de ex- formadoras e, assim, expandir o valor periências de geração de valor que clareza sobre criado para todos os envolvidos e de sejam benéficas para todos os en- motivação e objetivos modo contínuo –isso é construí­ o d volvidos, por meio de plataformas porque se facilitam o diálogo, a coleta dos participantes de expe­ iências anteriores dos parti- r cipantes e o acúmulo de aprendizado Venkat Ramaswamy é professor de O ambiente propício à cocriação, para fazer evoluir ainda mais os be- marketing da Stephen M. Ross School of chamado de plataforma de engaja- nefícios da plataforma. Business, da University of Michigan, Es- mento, segue quatro princípios fun- tados Unidos, e trabalha com cocriação damentais: O caso e-Choupal, da ITC, na Índia junto à firma de consultoria brasileira Vejamos o exemplo da rede de agro- Symnetics, que opera em 11 países. • transparência, negócios e-Choupal, da Índia (“chou- André Coutinho é sócio-diretor da Sym- • acesso, pal” significa “local de encontro” em netics no Brasil e professor de inovação • diálogo e hindi), que a ITC criou para ampliar da Business School São Paulo. • reflexibilidade. sua posição no mercado mundial de HSMManagement 88 • setembro-outubro 2011 hsmmanagement.com.br 51
  • 3. ESTRATÉGIA exportação de commodities, especial- mercado internacional, novidades da naram um contrato em que se compro- mente grãos de soja. agricultura, conhecimento e conselhos metem a empregar parte de seus rendi- A divisão de agronegócios da ITC sobre métodos agrícolas e testes de solo mentos no bem-estar da comunidade. entende que a melhor maneira de a específicos para cada cultura e região. Graças ao esforço, os rendimentos empresa crescer é alavancar o desem- Além disso, dispõem de um e-mail dos agricultores cresceram, pois eles penho econômico de todo o sistema e para entrar em contato com cientistas passaram a utilizar melhores sementes principalmente dos agricultores. Em de universidades agrícolas, com a rede e herbicidas, conseguindo cobrar mais cada comunidade agrícola em que está de profissionais da ITC e com colegas por seus produtos. Particularmente, presente, há a ITC e-Choupal, uma pla- agricultores que talvez tenham enfren- conseguiram melhorar a qualidade de taforma de engajamento que consiste tado desafios semelhantes aos seus. seus produtos e assim atender às exi- em quiosques com acesso à internet, Os agricultores ganham ainda aces- gências da ITC. gerenciados por agricultores locais so a registros de terras, serviços de treinados pela própria ITC. Esses ges- saúde e educação, organizações não com e sem fins lucrativos tores, chamados “sanchalaks”, são a governamentais e grupos de autoajuda A iniciativa e-Choupal da ITC ilustra o parte humana essencial da plataforma. (por exemplo, grupos que tornam mais poder potencial da cocriação por meio Agricultores se encontram lá para fácil para os agricultores poupar seus do envolvimento dos setores privado estabelecer diálogo com os sanchalaks, rendimentos e com isso ter maior aces- (profit.com), público (public.gov) e com a ITC e entre si, como uma comu- so a empréstimos). social (social.org), resultando em de- nidade. Também têm acesso à internet, Os sanchalaks se tornaram confiá- senvolvimento econômico e social co- assim como a outras fontes de conteú- veis cocriadores da mudança, fazendo criativo, baseado em experiências hu- do, incluindo informações diárias so- juramentos perante a comunidade de manas valiosas (human.exp). bre a previsão do tempo na língua lo- que servirão fielmente aos interesses No caso ITC, o protagonista foi o setor cal, preços de várias commodities no dela sem discriminação. Também assi- privado, que, com a plataforma de enga- jamento, construiu redes de capacidade e forneceu liderança intelectual para a iniciativa e-choupal da ITC, de quiosques de reunir múltiplos colaboradores, não internet nas aldeias da índia, aumentou os apenas do setor privado, mas também do social (como ONGs e comunidades rendimentos dos agricultores locais), fora o apoio do setor público. O orçamento participativo da Prefeitura de Porto Alegre A história de concepção e execução de orçamentos públi- a prefeitura da capital gaúcha, assim como as demais que cos no Brasil é marcada por sérias deformações relacio- seguiram seu exemplo, decidia os investimentos deixando nadas à concentração de poder, desperdício de recursos e a população completamente à margem do processo, se- corrupção. Em Porto Alegre, essa história mudou. guindo prioridades diferentes das escolhidas por parte sig- A prefeitura da capital gaúcha criou um sistema inova- nificativa da população. A cidade enfrentava o desequilíbrio dor para formular e acompanhar o orçamento municipal, o financeiro e administrativo. A arrecadação originada dos chamado “Orçamento Participativo”. Agora, não são mais os impostos era insuficiente para financiar o mínimo dos ser- técnicos e lideranças de governo em seus escritórios que viços públicos que precisavam ser realizados e começar a decidem de modo fechado o destino dos gastos públicos; resgatar a dívida social acumulada de milhões de cidadãos cidadãos e colaboradores externos, por meio de deliberação que viviam em níveis inaceitáveis de miséria. e processos de consulta, decidem e definem juntos os valo- Com o Orçamento Participativo, as obras básicas de sa- res dos gastos, assim como onde e quando os investimentos neamento, por exemplo, passaram a ser prioridade. Isso serão realizados, quais são as prioridades e que planos e permitiu aumento no fornecimento de água, entre 1990 e ações serão desenvolvidos pela prefeitura. o início de 1995, de 400 mil residências para 465 mil. Hoje, Em todo o Brasil, existem pelo menos 70 cidades que es- cerca de 98% dos domicílios contam com o serviço. Com tabeleceram o sistema de Orçamento Participativo, sem- relação ao sistema de esgotos, o crescimento tem sido pre com base na experiência de Porto Alegre. No passado ainda maior. 52 HSMManagement 88 • setembro-outubro 2011 hsmmanagement.com.br
  • 4. ESTRATÉGIA implementadas por meio da OASIS, tais como o fornecimento grátis de car- rinhos de bebê e cadeiras de rodas em parques, o estreitamento das grades de tampas de esgoto e uma passarela so- bre o rio Han. As ideias são postadas no website da OASIS com data de validade e uma barra progressiva que mostra o percentual realizado. O website permi- te uma discussão mais profunda sobre soluções alternativas ou problemas relacionados. Enquanto outros siste- mas institucionais ao redor do mundo tendem a focar as reclamações dos ci- dadãos, a OASIS transforma o papel da prefeitura de Seul, aprimora a imagem dos servidores públicos e aumenta a confiança na instituição. Economias cocriativas no Brasil Empresas cocriativas já firmaram raí- zes no Brasil. Não é difícil encontrar ativistas brasileiros praticantes da co- criação com considerável influência em suas respectivas áreas de atuação: Marco André Ferreira, do Santander; Romeo Busarello, da Tecnisa; João Venkat Ramaswamy Ciaco, da Fiat; Paulo Amorim, da Dell; Pedro Passos, Guilherme Leal e Luiz empresas cocriativas já firmaram raízes no Seabra, da Natura; dr. João Polancyk, do Hospital Moinhos de Vento; Ronald Brasil, que, na última década, vem adotando Krummenauer, da Agenda 2020 do Rio a agenda do “crescimento inclusivo” Grande do Sul; Mozart Neves e Priscila Cruz, do Todos pela Educação. O setor social também pode, no seus consumidores, clientes empre- Na última década, o Brasil vem ado- entanto, estimular o desenvolvimen- sariais e parceiros de projetos sociais. tando a chamada agenda do “cresci- to econômico baseado na cocriação. Iniciativas de desenvolvimento mento inclusivo”, com o objetivo de Exemplo disso é o trabalho do banco econômico e social cocriativo podem melhorar a qualidade de vida (por espanhol Caja Navarra (CAN), insti- também emergir da dinâmica do se- meio de educação, saúde, transporte, tuição financeira regional, sem fins tor público, nos níveis municipal, moradia) da população carente, as- lucrativos, desenhada para apoiar e estadual e nacional. Vejamos o caso sim como incorporar consumidores disponibilizar crédito a comunidades da cidade de Seul (Coreia do Sul). No “emergentes” no mercado. Políticas locais. O que distingue o CAN é sua final de 2006, o prefeito Oh Se-Hoon públicas e programas como o Fome transparência, baseada em platafor- lançou externamente uma plataforma Zero e o Luz para Todos são iniciativas ma de engajamento online. Entre os de ideias online chamada OASIS para alinhadas com essa tendência. serviços oferecidos pela plataforma “aumentar a criatividade e imagina- O setor privado também vem se en- está a iniciativa “Você escolhe, você ção na administração municipal”, gajando em projetos de caráter estru- decide”, que fornece aos clientes, trazendo cidadãos como participan- turante para o País (relacionados com online, acesso a informações como tes ativos das políticas públicas. Entre a infraestrutura de transporte, água e “quanto o banco gera de lucro com outubro de 2006 e maio de 2009, mais energia). As 50 maiores empresas bra- cada cliente individualmente” e de 4,25 milhões de cidadãos visitaram sileiras investem seriamente em ini- ainda lhes dá o poder de escolher o a OASIS, enviando 33.737 ideias (em ciativas sociais e parecem estar abra- projeto social em que o CAN deveria média, 1.050 ideias por mês). çando uma espécie de “capitalismo investir. Assim, cocria atividades com Aproximadamente 100 ideias já foram responsável” em várias áreas, como 54 HSMManagement 88 • setembro-outubro 2011 hsmmanagement.com.br
  • 5. ESTRATÉGIA A agenda de longo prazo da sociedade gaúcha Desde 1970, governo após governo do Rio Grande do Sul fracas- e à construção de um consenso democrático, estabelecido pela sava nas reformas necessárias para reduzir a dívida pública. Em coalizão de cidadãos diversos em nome dos interesses públicos. 2004, 32% da arrecadação de impostos estava comprometida Na primeira fase, cerca de 950 pessoas se reuniram, repre- com aposentadorias e 13% com o aumento da dívida pública. sentando todos os segmentos da sociedade. A iniciativa então foi Um modelo não governamental de cocriação começou, en- renomeada como “A Visão do Futuro do Rio Grande do Sul 2020 tão, a emergir para vencer as três deficiências mais comuns dos (o Rio Grande do Sul que nós queremos)”. programas públicos brasileiros, que, juntas, levam à ineficiência A fase seguinte foi a cocriação da agenda estratégica, com e, nos piores casos, à corrupção: objetivos de longo prazo, metas e ações a serem implementa- das prevendo que os resultados sejam colhidos pelas gerações • falta de transparência, atuais e futuras. A ideia era, governo após governo, manter o • pouca responsabilidade por resultados e foco nessas prioridades estratégicas, reduzindo a possibilidade • descontinuidade política (mesmo quando havia progresso de descontinuidade de uma administração para outra, algo fun- econômico e programas de desenvolvimento social, as mu- damental, uma vez que, para haver retorno em programas de danças eram lentas e frequentemente desfeitas na gestão educação e infraestrutura, são necessários dez anos ou mais. seguinte). Em outubro de 2006, a agenda estratégica foi apresentada para os dois candidatos majoritários a governador e ambos Em 2006, a sociedade se organizou e tratou de lançar uma agen- se comprometeram diante de cerca de mil pessoas e da mídia da estratégica de longo prazo elaborada com o engajamento de a implementar as propostas da Agenda 2020. Um site foi cria- lideranças empresariais, políticos, trabalhadores, educadores, do (www.agenda2020.org.br), como um fórum público online ativistas sociais e representantes do governo. Esses grupos pas- de acesso aberto, para todas as apresentações ou tópicos de saram a articular coletivamente uma visão comum e objetivos discussão da agenda, para democratizar o processo governa- estratégicos, além de metas e projetos de longo prazo para o mental e seguir em frente. A agenda devia tornar-se também estado, concebendo um sistema que permite gerenciar e avaliar um “observatório público” para o governo e encorajar todas continuamente o progresso e responsabilizar os políticos eleitos as entidades públicas e econômicas a alinhar, com ela, sua e as demais partes interessadas. Em 2006, líderes empresariais própria agenda –diversas “agendas regionais” foram impul- e da sociedade civil propuseram um programa de recuperação sionadas a partir de então no estado. A Agenda 2020 já pas- social e econômica –a Federação das Indústrias do Rio Grande sou por três governos estaduais e, de lá para cá, continuam do Sul (Fiergs) e outras quatro associações (FDCL, Fecomércio, a ser promovidos debates públicos coletivos entre os vários Federasul e Farsul) “apadrinharam“ a iniciativa. setores –privado, público e social– nos fóruns temáticos, in- A agenda recebeu o nome de “Agenda Estratégica 2020”. Uma teração em blogs e newsletters e estímulo ao “feedback so- plataforma de engajamento “ao vivo” foi concebida para propi- bre o feedback” dos cidadãos, numa contínua conversação e ciar o diálogo –e a cocriação– de diversos stakeholders, dividida recalibração da agenda estadual. Avanços importantes –em em fóruns temáticos, como infraestrutura, educação, gestão pú- infraestrutura, gestão pública, educação e cidadania– têm blica. Esse foi um verdadeiro chamado ao exercício da cidadania sido registrados em função da iniciativa. educação, preservação ambiental, ex- pacto nas pessoas, no planeta e nos lu- Para analisar a viabilidade da cocria- celência na gestão pública, cidadania e cros), o tripé da sustentabilidade. ção social no Brasil, a Forrester levan- desenvolvimento comunitário. Reforçando o modo colaborativo tou os fatores cruciais para o sucesso O Instituto Gerdau, o Instituto Natu- brasileiro, um estudo recente da For- do engajamento cocriativo social: alto ra e a Fundação Itaú Social são bons rester Research destaca a voracidade nível de engajamento com a mídia exemplos de empresas privadas que dos brasileiros pela mídia social. O social, elevado grau de interação com tratam do engajamento público e so- relatório observa como o engajamen- as companhias utilizando ferramen- cial. Há um sentimento crescente de to social não exclui a diversão ou a tas de mídia social e vontade inerente colaboração no País, representado por conexão de pessoas com a família e para cocriar com empresas. A pesquisa alguns empresários, políticos e atores amigos, estendendo-se também a in- mostra que todos os três fatores estão sociais que protagonizam iniciativas terações com empresas, governo e or- presentes no País e, portanto, há um voltadas para o triple bottom line (im- ganizações sociais. ambiente favorável à cocriação. 56 HSMManagement 88 • setembro-outubro 2011 hsmmanagement.com.br
  • 6. ESTRATÉGIA a mobilização Todos pela Educação Movimento fundado por empresas privadas que põe em rede empresá- rios, educadores e gestores públicos, o Todos pela Educação surgiu em 2006 com a missão de “contribuir para o di- reito de toda criança e jovem efetiva- mente exercer seu direito de acesso a uma educação básica de qualidade até 2022”. Representando a sociedade civil organizada, ele gerou coletivamente cinco metas de longo prazo para o País, com base em padrões nacionais e internacionais, e atua sistematica- mente em favor delas: 1) Toda criança e jovem entre 4 e 17 anos na escola. André Coutinho 2) Toda criança completamente al- fabetizada até 8 anos. 3) Todo estudante com programa a cocriação pode construir ecossistemas de de aprendizado adequado. 4) Todo jovem com ensino médio negócios civis e sociais com sustentabilidade completo até 19 anos. e resiliência, viabilizando o desenvolvimento 5) Aumento do investimento em educação e boa gestão desses re- Cerca de 75% dos brasileiros online Tanto o Brasil como a Índia enfren- cursos. foram classificados como cocriadores tam ainda muitos desafios para fechar favoráveis, isto é, indivíduos que pen- a lacuna do desenvolvimento que O argumento que fundamenta a sariam na possibilidade de contribuir os separa das economias de primei- a­ uação do Todos pela Educação é o t para ajudar as organizações a proje- ro mundo, mesmo após 150 anos de de que a ação solitária dos governos tar e a desenvolver novos produtos e Revolução Industrial, sem contar as não será suficiente para o Brasil se serviços ou melhorar os existentes. desigualdades sociais crescentes. Ao recuperar e alcançar níveis interna- Apesar de o mundo online não ter al- mesmo tempo, porém, o crescimento cionais de qualidade na educação; cançado totalmente a massa de consu- da economia doméstica traz otimismo apenas com esforços conjuntos dos midores brasileiros, eles não se mos- desenfreado. setores privado, social e público no- tram tímidos em aproveitar as mídias Acreditamos que o paradigma da vas soluções inovadoras surgirão e sociais como forma de se conectar cocriação oferece um meio prático de fecharão a lacuna da educação. com as organizações. levar esses países adiante no cresci- Trabalhando com conhecimento No quadro ao lado, discutimos um mento inclusivo e construir ecossiste- técnico, mobilização, comunicação e exemplo inspirador do movimento mas empresariais e sociais poderosos articulação institucional, o Todos pela da cocriação surgido no Brasil. Ou- com sustentabilidade e resiliência, Educação (www.todospelaeducacao. tros aparecem nos quadros das pá- viabilizando o desenvolvimento eco- org.br) executa ações que estão mu- ginas 52 e 56. Eles ilustram o poten- nômico e social. dando o ritmo do desempenho edu- cial para aprimorar a colaboração de cacional no Brasil. múltiplos stakeholders na geração de valor cocriativo. HSM Management 58 HSMManagement 88 • setembro-outubro 2011 hsmmanagement.com.br