O documento discute as técnicas e operações de poda do olival, incluindo os objetivos, época, intensidade e frequência da poda. Detalha os tipos de poda como formação, frutificação, rejuvenescimento e sanitária. Também descreve as ferramentas usadas na poda e como realizar cortes corretamente.
1. Operações Culturais de implantação,
condução, manutenção e colheita do Olival
Operações culturais de implantação, condução, manutenção e colheita do olival – Mário Mendes - 2014
3. Historial
A poda, requer(ia) da parte de quem a
executa(ava), muita experiência e
particular sabedoria! No desempenho
desta atividade agrícola, que consiste
essencialmente no desbaste dos
ramos inúteis da respetiva árvore para
que esta tenha um boa produção no
ano seguinte, existiam há uns anos
atrás e para o caso específico da
oliveira, trabalhadores devidamente
"certificados" pelo Ministério da
Economia.
A emissão do Cartão Profissional de
Podadores de Oliveiras, como é o caso
deste exemplar em nome de Manuel
Duarte Grais, era validado pela Direção
Geral dos Serviços Agrícolas e servia
porventura de garantia ao trabalho
realizado, credenciando estes
trabalhadores perante as entidades
patronais que os contratavam. Hoje,
claro, a realidade é inexoravelmente
4. No verso do cartão, constavam algumas das regras que os profissionais "Podadores de Oliveiras", deveriam
de respeitar e cumprir.
5. Técnicas e operações de Condução
Poda
schoolhouse – Operações culturais de implantação, condução, manutenção e colheita do olival – Mário Mendes - 2014
O QUE É A PODA?
A poda consiste na remoção de partes da planta
através do corte, para renovar a estrutura vegetativa
e estimulara floração e a frutificação.
6. PODA
• Objetivos
A poda deve permitir manter um bom equilíbrio entre a função vegetativa
e reprodutiva ao longo dos anos, assegurando a produção regular de
azeitona.
A poda deve adequar a árvore ao método de colheita azeitona e facilitar a
transitabilidade de tratores e equipamentos.
A poda deve assegurar um bom arejamento da copa, e maximixar a
entrada de luz.
“ Só copas bem iluminadas frutificam adequadamente”
7. PODA
• Objetivos
A poda deve assegurar o equilíbrio da arvore, entre o sistema radicular a
estrutura perene e as folhas.
Ou seja, o sistema radicular deve ter uma área, adequada e que promova
a estabilidade da estrutura perene e folhas de modo a estas terem a
sustentabilidade necessária.
A área do sistema radicular deve ser diretamente proporcional à área da
copa.
8. PODA
• Sistema Radicular
• Raizes
Têem a capacidade da árvore granjear recursos no solo como a água e
sais minerais
• Estrutura Perene
• Esqueleto da árvore
Troncos pernadas e ramos que suportam as folhas e têem o papel de
acumulação de reservas.
• Folhas
• Orgãos responsáveis pela síntese de compostos, que vão permitir o
desenvolvimento novas folhas, ramos e raízes, bem como dos frutos.
9. PODA
• As folhas são o motor do desenvolvimento da árvore. A sua actividade é
suportada pela radiação solar, pelo dióxido de carbono atmosférico e pela
água e sais minerais que a planta absorve pelas raízes.
10. PODA
• Época da poda
A poda deve ser efectuada durante o repouso vegetativo.
Depois da colheita pode-se iniciar a poda.
Janeiro, Fevereiro e Março são os meses naturais para se efetuar a poda.
• Deve-se evitar podar após o reinicio da atividade vegetativa da Primavera.
Nesta fase, a planta está já a remobilizar reservas para a nova rama que se
perdeu com o corte.
• A partir do fim de Março inicia-se a diferenciação floral. Após esta fase para
além de se perderem reservas nutritivas, podem destruir-se os novos rebentos
e os primórdios dos botões florais.
• Durante o Verão pode e deve-se eliminar os rebentos interiores que fecham
excessivamente a copa, sobretudo em ano de poda, deve-se também remover
todos os rebentos que surgem anualmente na base do tronco.
11. PODA
• Intensidade da poda
Poucas árvores resistem como a oliveira à intensidade do corte. Isto deve-
se à grande quantidade de gemas que povoam o lenho e ás reservas da
fotossíntese que nele se encontram.
Mesmo sujeitas a poda intensa ou severa raramente morrem, pondo no
entanto o fator produtivo em causa
Após poda severa as árvores ficam com pouca rama e com a capacidade
fotossintética limitada. Contudo, como a água e os nutrientes ficam
disponíveis para uma área foliar muito reduzida (AUMENTA A RELAÇÃO
RAIZ/FOLHAS), a planta responde com vigor, orientando os recursos na
reposição de rama nova, emitindo chupões (pés de burro) desde a base do
tronco até aos ramos mais altos da árvore. No entanto como
consequência temos uma queda acentuada na produção de azeitona.
12. PODA
A intensidade da poda deve ser ajustada às condições de
crescimento da planta. Assim, em regadio, com menos fatores
limitantes, poda-se menos.
Poda-se mais em solos pobres e com pouca capacidade de
armazenamento de água.
13. PODA
• Frequência da Poda
• Poda anual
• Poda Bienal
• Poda trienal
• Poda em ciclos longos
14. PODA
• Poda anual
•Em olival adulto deve-se manter a mesma relação raiz/parte aérea (copa)
ao longo dos anos, isto só se consegue com podas ligeiras anuais.
• A poda anual prepara melhor a árvore para a colheita por vibração do
tronco. Uma estrutura fixa rígida com ramos curtos, renovados
anualmente, melhora a transmissão da vibração e incrementa o derrube
dos frutos.
•O principio desta é um reduzido numero de cortes por árvore.
•Tem o contra de aumentar os custos anuais de produção.
15. PODA
• Poda Bienal
• Na impossibilidade de se implementar um sistema de podas anuais opta-
se pelo bienal, sendo que o principio do reduzido numero de cortes se
mantem.
• Com podas de dois em dois anos conseguem-se assegurar volumes de
copa não muito variados, mantendo a regularidade da produção.
16. PODA
• Poda Trienal
• Poda trienais podem representar o ponto de equilíbrio entre o ideal
fisiológico e a possibilidade prática
Ou seja, por um lado os custos são mais contidos e ainda se consegue
manter as árvores mais ou menos equilibradas, sem comprometer a
produção.
Tem como contra, a tendência em o podador cortar em excesso.
17. PODA
• Poda em ciclos longos
A poda em ciclos longos, ou seja em períodos de intervalo superiores a 3
anos, gera inevitavelmente desiquilibrios fisiológicos. Pois as arvores
estando muito tempo sem ser podadas, tendem em crescer em altura,
suportadas por grandes pernadas. A copa demasiado fechada, pouco
arejada e restringindo a entrada de luz e consequente redução da
produção.
Ainda provoca o envelhecimento prematuro da árvore, e o aumento de
custos da poda seguinte, uma vez que esta será muito mais difícil e
demorada.
18. Em resumo
Pode-se dizer que as Bases agronómicas da poda são:
• Equilibrar o crescimento com a frutificação
Com a poda pretende-se assegurar a produção de azeitona no ano e nos
seguintes. Podas Intensas e excessos de produção provocam alternâncias
de produção.
• Equilibrar volume de copa com o solo e a agua
Uma copa demasiado volumosa pode provocar um excesso de
transpiração relativamente à água disponível, provocando um stress
hídrico acentuado e uma redução da vitalidade da planta e da produção
de azeite.
• Equilibrar volume da copa com a intercepção da luz
A capacidade produtiva é potenciada quando existe uma boa eficácia na
captação da luz.
19. PODA
• Tipos de Poda
• Poda de Formação
• Poda de Frutificação
• Poda de rejuvenescimento ou renovação
• Poda sanitária
• Poda de regeneração
20. Poda de Formação
O objectivo da poda de
formação é constituir o
esqueleto da árvore, com
definição do tronco, da altura
das pernadas principais e o
numero destas, bem como a
forma da copa.
Oliveira a necessitar de poda de formação
21. Poda de Formação
• Na poda de formação as intervenções devem ser mínimas. Nunca se
justifica poda severa.
• Quando se corta de forma excessiva, a planta responde com a emissão de
chupões (pés de burro). Dando a sensação errada que a planta se
desenvolveu, mas apenas significa que os recursos á sua disposição foram
demais para a área foliar da mesma, traduzindo-se em custos de produção
desnecessários.
• É importante que se perceba que o crescimento do tronco advem da seiva
elaborada pelas folhas e não da seiva bruta proveniente da raiz.
• Na formação tudo deve ser progressivo. Nunca se deve tentar que a
árvore seja estruturada mais depressa DO QUE A SUA NATUREZA O
PERMITE.
22. Poda de Frutificação
Neste tipo de poda, pretende-
se evitar um excesso de
produção nos novos raminhos
que levaria ao esgotamento
da árvore e à alternância de
produção e manter os órgãos
de frutificação sãos,
promovendo uma adequada
luminosidade e arejamento
de toda a copa.
Árvore aonde se efectuara uma poda de frutificação
23. Poda de rejuvenescimento ou
renovação
• A poda de Rejuvenescimento aplica-se a olivais envelhecidos por
abandono temporário ou a olivais idosos e caracteriza-se basicamente
por:
• O rejuvenescimento deverá ser feito por etapas, com corte e ajuste de
pernadas ao longo de dois ciclos de poda consecutivos.
• Remove-se uma ou duas pernadas em cada poda, tendo em atenção em
deixar a zona dos cortes bem iluminada, para que seja mais fácil a
emissão de nova rebentação.
• Nas pernadas que ficam a poda deve ser mínima, procedendo-se apenas
a ligeiro desadensamento da rama.
• As pernadas que ficam devem assegurar produção até ao
rejuvenescimento da parte correspondente às pernadas retiradas.
24. Poda Sanitária
Este tipo de Poda, aplica-se
quando a árvore por alguma
razão atinje um nível de
decrepitude que permite ainda
salvar a estrura perene e folhas,
sendo que o sistema radicular
ainda apresenta vigor.
• Assim procede-se ao corte
de todas as folhas e galhos
mortos, danificados, secos,
quebrados, podres, com
deformações, etc.,
permitindo assim a
renovação da copa.
• No ciclo de poda seguinte,
aplica-se uma poda de
frutificação
25. Poda de Regeneração
Entende-se por poda de
regeneração o corte pela base de
árvores cuja decrepitude atingiu
um nível tal que não pareça viável
a recuperação de qualquer órgão
a não ser o sistema radicular.
Esta situação pode ocorrer
quando:
• Acidentes fisiológicos como
geadas podem destruir
integralmente a parte aérea
das árvores sobretudo quando
jovens. Em muitas destas
situações a recuperação da
árvores só pode ser feita pela
zona basal.
• Em Olivais tradicionais onde
surgem misturadas árvores
com idades muito
diferenciadas, ou pouco
apropriadas para mecanização
da colheita. Renovação e Transformação de Olival
50. Ferramentas e utensílios
de Poda
Tesoura de uma Mão
• Usada para cortes de brotos e
raminhos e para cortar os
chupões na base do tronco
(Pés de Burro)
51. Ferramentas e utensílios
de Poda
Tesoura de duas mãos ou
Tesourão.
• Usada na generalidade
dos cortes, exceto nos “
pés de burro”, pois não
se deve deixar a lâmina
entrar em contacto
com o solo.
52. Ferramentas e utensílios
de Poda
Serrote de Poda
• Usado no Corte dos
ramos e pernadas mais
grossos. Este em
particular dispões de um
fiado Japonês, próprio
para o corte de lenhas
em verde.
Nota Importante
No fim de cada dia de Poda, todas as Ferramentas devem
ser desinfetadas, no sentido de evitar a transmissão de
doenças de árvore para árvore e de evitar a criação de
fungos nas lâminas