2. A LEI E A ORDEM DO IMPÉRIO
As origens da Roma Republicana
3.
4. • Roma foi fundada em 753 a.C., pelos Latinos, um dos muitos povos que
habitavam a península itálica.
• Em 510 a.C., foi proclamada a República (res public, “coisa pública”), a
população de Roma era uma mistura de Latinos, Sabinos e Etruscos, já
organizada em instituições como o Patriciado, o Senado e a Assembleia
Curial.
• A República instituía um governo de representação popular formado por
delegados eleitos pelo povo com o propósito de defender os seus
interesses, se bem que os plebeus não tivessem acesso a estes lugares.
5. • Tratava-se de um sistema político em que a administração da cidade e
do território se fundava no Senado, ao qual se juntavam os
magistrados e o exército.
• O Senado, exercia o poder legislativo e era o órgão mais importante.
Só tinham assento os cidadãos mais ricos – os patrícios – que
constituíam uma casta nobre e aristocrata que monopolizava estes
lugares e as magistraturas.
6. A Sociedade Romana
• Patrícios:
– era o grupo social mais privilegiada;
- Eram cidadãos de Roma descendentes de famílias ricas;
- Estavam isentos de pagar impostos;
- Eram os únicos a ter acesso ao Senado e a desempenhar altas funções na
administração pública, na justiça, no exército e na religião;
- Eram proprietários de terras, de rebanhos, de escravos e de casas na cidade e
no campo, as villae.
7. • Plebeus:
• Plebe – do latim plebem, multidão;
• Eram mulheres e homens livres que se dedicavam ao comércio, ao artesanato
e aos trabalhos agrícolas;
• Pagavam impostos;
• Prestavam serviço militar, mas não tinham privilégios nem direitos politicos
8. • Escravos:
• Era o estrato mais baixo da sociedade;
• Eram cerca de 30% da população de Roma;
• Eram sobretudos prisioneiros de guerra, vendidos na praça pública aos patrícios,
para quem realizavam as mais diversas atividades e serviços;
• Os escravos mais cultos, podiam ser pedagogos e utilizados na educação dos
filhos dos patrícios;
• Os escravos podiam adquirir um estatuto de independência – os libertos –
sendo-lhes concedida a liberdade pelo patrono, quer pelos bons serviços
prestados, quer por morte do seu senhor.
9. • Roma beneficiando de uma localização geográfica privilegiada que
fazia da cidade um local de passagem das rotas comerciais do
Mediterrâneo, desenvolveu-se e ganhou progressivamente poder,
levando a cabo uma imensa expansão territorial, que se iniciou na
Itália, levando a civilização romana à Gália, Germânia, Egito, Ásia
Menor e à hegemonia sobre o mar Mediterrâneo – que designaram
de mare nostrum, o nosso mar – na edificação de um dos maiores
impérios da história da humanidade.
10. • O Império Romano veio a tornar-se um modelo de organização
política e estrutura social, principalmente no que se refere à
sociedade civil, à religião e ao desenvolvimento da sua língua – o
latim – embrião de toda uma cultura.
11. • O Império Romano, construiu uma sociedade cosmopolita em que as
características da civilização romana eram assimiladas lentamente
pela cultura-mãe, estabelecida a partir de Roma, a capital, vindo a
contribuir para a diversidade e complexidade que a celebrizou.
13. • A partir do século II a.C. e após a derrota de Cartago nas Guerras
Púnicas, a aventura expansionista converteu-se na razão de ser da
República romana.
• O domínio da Ásia Menor, da Grécia, do Egito e a hegemonia de todo
o mar Mediterrâneo, trouxeram para Roma produtos, riquezas e
recursos materiais que a tornaram o centro do mundo.
14. • Roma teve um período de guerras civis que acabaram com a ascensão
de Júlio César.
• César durante a sua magistratura:
• reformou o regime politico de Roma;
• Regularizou o seu traçado urbanístico e deu uma dimensão monumental à
cidade.
15. • Octávio César Augusto construiu um dos maiores impérios da história
da humanidade, ficando o período da sua governação – 30 a.C – 14
d.C – conhecido como o “século de Augusto” a Idade de Ouro da
civilização romana.
• Mantendo as aparências republicanas, Augusto – consagrado ou
santo – exerceu um poder absoluto, sobrepondo-se a todas as
instituições políticas, militares e religiosas, esvaziando as assembleias
das suas funções tradicionais:
16. • Assumiu o comando militar (imperator);
• Máximo pontífice ( pontifex maximus), a autoridade absoluta
sobre a religião;
• Pai da pátria ( pater patriae), acentua a sua autoridade sobre toda
a sociedade romana, reafirmando o carácter divino do imperador
que deu lugar ao culto imperial.
17. • O século de Augusto foi um período de grande expansão territorial,
de otimismo, progresso e estabilidade – paz romana – e uma época
de intensa atividade construtiva com o propósito de tornar o seu
poder sólido e visível.
18. A obra de Augusto: o Império
• Obras públicas:
• Construção de estradas e pontes que uniram as províncias de todo o Império;
• Construção de cidades pelas várias províncias do Império;
• Construção de equipamentos públicos em todas as províncias: escolas, bibliotecas,
termas, banhos públicos, basílicas, templos, teatros, circos e monumentos
comemorativos;
• Criação de uma rede de esgotos e abastecimento de água, construção do fórum,
aquedutos e monumentos comemorativos (estátuas, arcos de triunfo, colunas)
19. • Plano económico:
• Desenvolvimento dos campos para a agricultura;
• Criação de indústrias de conservas, vinho, azeite, sal
• Plano social:
• Restabelecimento da paz social e da igualdade de todos os cidadãos livres
perante a lei;
• Criação do censo, um imposto obrigatório que dava direito à eleição de
qualquer cidadão para o senado ou para os cargos públicos.
20. • Plano político:
• Reforço dos poderes do Imperador;
• Reforma do aparelho administrativo central e provincial;
• Redução dos poderes do Senado e das magistraturas.
• Plano cultural:
• Financiamento de artistas, poetas, escritores e intelectuais;
• Início do mecenato artístico e cultural
21. • Plano religioso:
• Reforma da religião tradicional ligando-a ao culto do Imperador
• Plano militar:
• Restabelecimento da ordem e da disciplina após período de anarquia e
instabilidade da República;
• Aumento da extensão do Império;
• Pacificação das províncias e estabelecimento da pax romana.
22. • Diz-se que quando Augusto chegou a Roma encontrou uma cidade de
tijolos, quando partiu deixou uma cidade de mármore.
• Além do Fórum , a obra mais emblemática de todo o programa
monumental e propagandístico que Augusto realizou em Roma foi o
Ara Pacis, onde deixou materializada a expressão do sagrado e do
poder.
24. Augusto de Primaporta, Roma, c.
29 d.C
Aspetos da estátua:
1 – o braço direito erguido, um gesto de senador dirigindo-
se à assembleia que manifesta o domínio da retórica;
2 – o uniforme militar revela a natureza do regime e a sua
condição de Imperador;
3 – a toga dos patrícios descaída sobre os eu braço
esquerdo, evidencia o poder político e o domínio sobre as
magistraturas;
4 – a anatomia clássica e o rosto helénico, com influencia de
Doriforo (Policleto), evidenciam as suas tendências artísticas
e culturais assentes no Classicismo grego
26. • 753 a.C – fundação de Roma
• 476d.C. – queda de Roma
• A partir de Roma construiu-se um dos maiores impérios da história.
Dominando toda a bacia do mar Mediterrâneo, Roma era o centro
das rotas marítimas e terrestres que ligavam todos os pontos do
Império.
27. • A cobertura oferecida pelas estradas romanas foi um fator de
desenvolvimento económico, social e cultural:
• Permitiu a circulação de pessoas e de bens, aproximando as cidades e os
povos
• Constituiu um meio eficaz de defesa e segurança ao facilitar a deslocação
dos exércitos para os pontos mais distantes do Império.
28. • Desde a República, Roma – a urbes – começou a ser dotada de
infraestruturas, equipamentos e edifícios públicos adequados à sua
importância.
• Augusto conferiu a Roma a grandiosidade, a monumentalidade e o
prestígio que fazia da cidade a capital de um imenso Império.
• As obras de reorganização, reestruturação e restauração que
empreendeu na cidade foram um instrumento político que utilizou
como meio de afirmação e consolidação do seu poder.
29. • Em relação às transformações urbanísticas, Augusto dotou Roma de
uma nova divisão da cidade em novas zonas e bairros, que:
• Aperfeiçoou a administração da cidade;
• Facilitou o sistema de circulação, a segurança, a movimentação dos
exércitos ou o combate a incêndios.
• O desenvolvimento urbanístico foi:
• um instrumento político;
• um meio de afirmação do poder e da soberania do Império sobre os outros
povos.
30. • A maioria das cidades do Império nasceram de acampamentos
militares ou de pequenos aglomerados urbanos conquistados, aos
quais os romanos impuseram o seu traçado regulador.
31. • Nas cidades planificadas, visando um urbanismo mais organizado e
harmonioso, mediante um traçado e distribuição mais regular do
seu espaço, o recinto urbano era atravessado por duas vias
perpendiculares:
• O cardo, orientado num eixo norte-sul
• o decumanus, no sentido este-oeste.
31
32. 32
1
2
Timgad, na Argélia,
fundada por Trajano, é
uma cidade cujo
traçado retangular
revela a orientação
perpendicular das
ruas, a partir de duas
vias principais ( o
cardo 1 e o
decumanus 2), o que
denota o sentido
prático de organização
do espaço urbano
33. 33
Pompeia, um exemplo do urbanismo romano
A rua representada no
documento demonstra como o
espírito prático dos romanos se
materializava na cidade – a
estrada foi solidamente
empedrada com passeio
desnivelado relativamente à via.
34. • Principais características do urbanismo romano:
• Traçado ortogonal ou em quadrícula;
• Duas vias principais que se entrecruzam (cardo e decumano;
• Fórum (centro político e administrativo da cidade);
• Construções utilitárias (equipamentos religiosos, culturais e
lúdicos: templo, teatro, termas, bibliotecas, mercado);
• Ruas calcetadas e robustas;
• Ruas aptas para a circulação de carroças
34
35. • As obras de urbanização e de construção de pontes, estradas,
aquedutos, edifícios públicos, teatros, circos e fóruns por todo o
Império, foram um forte instrumento político que Roma utilizou
como meio de afirmação e consolidação do seu poder e soberania
sobre todo o mundo mediterrâneo.
37. • O Senado era uma assembleia de cidadãos notáveis eleitos entre os
patrícios:
• Era a mais alta autoridade do Estado, competia-lhe legislar, deliberar,
regulamentar e mandar executar sobre todos os assuntos da vida pública
• Competia ao Senado zelar pelas boas práticas do governo e das
magistraturas (os cargos públicos) integradas no cursos honorum (
carreira das honras).
38. • Só os patrícios podiam aceder ao cursos honorum, mas estavam
dependentes:
• Da Idade;
• Das qualidades pessoais;
• Do censo (quantidades de bens e propriedades que possuíam)
39. • As magistraturas eram de carácter administrativo, judiciário e
militar e eram constituídas por dois elementos.
• Hierarquização das magistraturas:
• Cônsules, principais magistrados, encarregados de comandar o exército,
convocar o Senado e presidir a cultos públicos;
• Pretores, que exerciam funções judiciárias;
• Censores, faziam o recenseamento dos cidadãos e fiscalizavam a sua
conduta moral pública;
40. • Questores, encarregados pela administração das finanças;
• Senadores, designavam os cônsules.
No Senado, onde as ideias, as opiniões e os juízos eram debatidos com
determinação, a retórica (a arte de argumentação) tornou-se o principal
recurso do senador para convencer os seus opositores.
O maior dos oradores romanos foi Cícero que elevou a retórica à categoria
de ciência.
41. • A Lei romana foi um dos fatores mais importantes na coesão social e
na aglutinação das mais distintas culturas integradas no Império.
• Criada a partir dos costumes e das tradições do povo, a Lei era
constituída por um conjunto de leis pragmáticas, racionais e
abrangentes de todos os domínios da vida pública e privada.
43. • O latim é uma língua indo-europeia que chegou à Península Itálica a
partir do século IX a.C. trazida pelos Latinos.
• A língua latina foi elevada a um modelo de civilização pelo trabalho
literário de personalidades eruditas que estabilizaram a sua
estrutura, a fonética e o sistema sintático.
• Ao ser adotada como língua oficial do Império , o Latim converteu-
se num importante fator para criar uma unidade cultural,
contribuindo para a assimilação cultural e civilizacional de Roma.
44. • Aspetos da romanização dos territórios ocupados:
• Adoção do latim como língua oficial;
• Implementação de uma política de desenvolvimento urbano segundo o
modelo de Roma;
• Difusão do modo de vida romano, dos seus costumes, hábitos e tradições
como modelo exemplar de civilização;
• Expansão das tipologias arquitetónicas, públicas e privadas, segundo o
padrão da arquitetura romana: teatros, circos, termas, bibliotecas.
45. • No período do Império, o latim sofreu transformações em contacto com outros
dialetos;
• Ao latim do povo chamou-se o latim do limes (limite ou fronteira), ou latim
vulgar que deu origem à formação das línguas românicas europeias, tais como:
• Português,
• Italiano,
• Castelhano,
• Francês,
• Romeno,
• Catalão.
46. O ÓCIO: OS TEMPOS DO LÚDICO,
A PREOCUPAÇÃO COM AS ARTES
47. • A pax romana, a prosperidade económica e a conquista de novos
territórios para o Império trouxeram a Roma um clima de bem-estar
que proporcionou aos romanos o usufruto do lazer, do ócio e da
diversão.
• O século I d.C. foi o século do panem et circenses para a plebe, pão e
circo, uma metáfora que significa “comida e divertimento” para o
povo, os cidadãos não pediam mais do que trigo no Fórum e
espetáculos no circo.
48. • Roma era uma capital imensa, cosmopolita e visitada por gente
vinda de toda a parte.
• Comerciantes, mercadores, aventureiros, soldados ou negociantes
de escravos, todos vinham a Roma em busca de negócio ou de
diversão e prazer.
• Para além dos jogos do circo e das lutas de gladiadores, os Romanos
dividiam o seu tempo pelo:
• Fórum (onde se discutia política e jogos);
49. • Basílica ( edifício com funções políticas, comerciais e sociais);
• Termas ( onde relaxavam o corpo e conviviam);
• Templo ( prestavam culto ao Imperador)
- Nas suas luxuosas domus ou villae organizavam banquetes e
salões culturais para os seus amigos, acompanhados de música,
dança e recitação de poesia.
- Também apreciavam o teatro, com relevo para as comédias.
50. A ARQUITETURA ROMANA ENTRE
O BELO E O ÚTIL
O carácter da arquitetura romana: utilidade e grandiosidade
51. • Um dos maiores legados que a civilização romana deixou foi a
arquitetura.
• Contributos deixados pelos romanos ao mundo ocidental:
• Sistemas;
• Processos e tecnologias de construção;
• Funções e equipamentos criados para satisfazer determinadas necessidades
da sociedade.
52. • A arquitetura romana é aquela que melhor reflete e testemunha o carácter
de um povo e de uma civilização.
• Pragmatismo, racionalismo, funcionalismo e utilitarismo são os principais
pilares em que assenta todo o sistema de construção e organização dos
espaços edificados.
• Estradas, pontes, aquedutos, basílicas, termas, templos, teatros e circos
espalhados pelas províncias são:
• Um veículo de difusão de toda uma cultura;
• Instrumento politico de afirmação da grandiosidade e da soberania do Império.
53. • A arquitetura romana resultou de uma assimilação de elementos de
duas culturas:
• A etrusca
• A grega.
• Dos etruscos, os Romanos herdaram:
• o emprego do arco de volta perfeita e da abóboda;
• O tipo de templo, elevado sobre um pódio proeminente, e apresentando uma
cella como espaço único e aberto
55. Maison Carré, Nimes, França
Apresenta as boas normas de construção e arquitetura
enunciadas por Vitrúvio:
Podium elevado com escadaria frontal;
Pórtico de colunas coríntias soltas no pronaos e
embelezadas em torno da cella;
Cella ampla e ausência de opistódomos
A cella é um espaço único ( e não subdividido
em três), porque os Romanos utilizavam-na
para alojar a imagem da divindade e também se
serviam dos santuários para exporem os troféus
das campanhas dos exércitos conquistadores.
56. • O templo romano é um edifício que privilegia a funcionalidade e a
utilidade.
• A cultura helenística, pela sua sobriedade, racionalidade e
harmonia, foi a que mereceu maior fascínio e admiração por parte
dos romanos.
• Após a conquista da Grécia, Roma assimilou a mitologia, a filosofia,
a democracia (República), a arte e a arquitetura.
57. • A principal herança grega na arquitetura deu-se através da
apropriação das ordens arquitetónicas, com preferência pala ordem
coríntia e com a criação de duas novas ordens:
• A toscana, uma evolução do ordem dórica mas sem estrias no fuste;
• A compósita, numa fusão da ordem jónica com a coríntia
58.
59. O FÓRUM COMO SÍNTESE DA
ARQUITETURA E DA CIVILIZAÇÃO
ROMANA
60. • O Fórum constituiu o centro da urbe. À semelhança da ágora grega, o
fórum romano converteu-se numa praça pública, tornando-se o centro
da vida política, económica, social e cultural.
• Aqui realizam-se os mercados, as procissões triunfais, reuniões políticas
ou encontros sociais.
• Dado o caráter monumental e propagandístico que a arquitetura
romana assumiu, afirmando-se como um instrumento de glorificação e
difusão da soberania de Roma, o fórum imp~eo-se como o verdadeiro
centro do Império.
61.
62.
63. • O fórum converteu-se numa área monumental e é entendido como
uma autêntica representação do poder imperial.
• Os imperadores deixaram no fórum a marca do êxito do seu
governo, do sucesso, das suas campanhas militares e perpetuar a
sua glória.
• O fórum ao longo dos tempos recebeu obras de ampliação para
novos espaços e de construção de novos edifícios, templos,
monumentos e estátuas.
64. • O fórum romano localiza-se no vale situado entre o Monte Palatino
e o Monte Capitolino.
• Edifícios que se situavam no fórum:
• Templos;
• Basílicas;
• Bibliotecas;
• Mercados;
• Monumentos (arcos de triunfo, estátuas e santuários)
66. • A principal manifestação do poder, da autoridade e do domínio
territorial do Império Romano exprimiu-se na arquitetura e nas
obras públicas através das quais Roma impôs um
empreendedorismo nunca antes visto.
• Esta política de obras públicas e de desenvolvimento do território
foi o que melhor caracterizou a ambição de poder e evidenciou a
grandeza de Roma.
67. • Construíram estradas, pontes e aquedutos que aproximaram os povos e
incrementaram o abastecimento de água às cidades e foram
enriquecendo com equipamentos (basílicas, termas, anfiteatros e
monumentos) que melhoraram a qualidade de vida das populações.
• Importando a linguagem clássica da arquitetura helenística, a arquitetura
romana apresentou diferenças:
• ao nível dos materiais,
• Das técnicas construtivas,
• Das tipologias arquitetónicas
68. • Uma das maiores contribuições para as tecnologias da construção
foi a argamassa – o opus caementicium – (atual betão)
Opus caementicium
Argamassa formada por areia, cal,
cascalho e água, apertado entre
taipais (a cofragem) ou aparelho
de pedra, sendo posteriormente
revestidos com pedras, peças
cerâmicas ou gesso
69. • O opus caementicium permite executar soluções como paredes
arredondadas em abside (arco ou abóboda), coberturas em
abóboda e cúpulas.
• A partir de opus foram criadas outras variantes.
O opus incertum consiste num
revestimento de pedras assentes
irregularmente
70. Opus latericium
Opus caementicium com
revestimento de tijolos
assentes regularmente
Opus vittatum
Opus caementicium com
revestimento de pedras regulares
alternadas com bandas de tijolos
na horizontal
71. • Os opus incertium, latericium ou vittatum, referiam-se aos diversos
tipos de revestimentos com que as paredes eram acabadas nas suas
superfícies.
• Estes revestimentos podiam ser de pedra, tijolo ou ladrilhos cozidos,
deviam proteger as paredes e conferir-lhe maior resistência e
durabilidade.
72. • A grande inovação dos romanos a nível das técnicas construtivas
foram:
• O arco de volta perfeita.
• A abóboda de berço.
• As vantagens na utilização destes elementos eram:
• Interiores mais amplos.
• Espaços mais funcionais.
• Construções mais grandiosas
73. • No Império o arco adquire um valor simbólico como expressão do
poder e ordem inerentes aos desígnios imperiais.
• O arco de volta perfeita, ou arco romano é elemento fundamental
de todo o processo construtivo.
• Aplicado nas mais diversas situações é um elemento arredondado
apoiado em muros ou colunas, que suporta as cargas das paredes
superiores.
74. • A nível das tipologias arquitetónicas destaca-se a:
• Arquitetura religiosa com templos, santuários e altares dedicados quer ao culto
imperial, quer a divindades locais de proteção das cidades e das populações.
• Arquitetura comemorativa, desempenhou um papel importante na
demonstração da grandeza e do poder de Roma. Neste domínio foram
construídos arcos de triunfo e colunas triunfais que eram monumentos com um
carácter descritivo, erguidos para comemorar e evocar os heróis do Império e as
suas façanhas militares nas campanhas de expansão do Império
75. Arco de Orange, França, 20 d.C Arco de Tito, Roma, 80-85 d.C
76. Arco de Trajano, Benevento, 114 d.C
Arco de Constantino, Roma, 312-315 d.C
77. • Os arcos de triunfo, destinados a celebrar as vitórias dos exércitos
em campanha militares, são constituídos por um corpo inferior no
qual se abrem os arcos e um corpo superior (o ático) destinado a
receber as inscrições laudatórias (celebrar) e relevos narrativos de
consagração de individualidades ou factos históricos
79. • A nível da arquitetura doméstica temos:
• As insulae, eram edifícios de três ou quatro andares destinados a arrendamento
da plebe, construídos com materiais económicos (tijolo, opus caementicium
simples e estrutura de madeira para os pavimentos).
• O rés do chão destinava-se a lojas de comércio, as tabernae e nos pisos superiores
distribuíam-se vários compartimentos, os cenacula, todos idênticos e organizados
em torno de um pátio central.
• Os edifícios de melhor qualidade tinham abastecimento de água e esgotos e
sanitários comuns.
80. Modelo de uma insula
Tinham más condições de isolamento térmico
e acústico, eram vulneráveis aos incêndios
81. Insula em Ostia, Roma , século I
Ostia era um porto de Roma. Esta insula
construída em opus latericium, reflete
um significativo desenvolvimento urbano
desta pequena cidade
82. • As domus eram as casa urbanas e individuais dos patrícios.
• Distribuíam-se pelas colinas, evitando o bulício do centro da cidade e
desenvolviam-se num único piso.
Atrium – onde se situava um altar destinado
ao culto doméstico (lararium);
87. • No campo ou junto ao mar surgem as villae, moradias individuais
onde os patrícios disfrutavam dos seus tempos de ócio e lazer..
• Os pavimentos eram revestidos a mosaicos cerâmicos e as paredes
cobertas de frescos.
• Dispunham de bibliotecas, banhos, piscinas, jardins e anfiteatros.
90. • A escultura desempenhou um papel muito importante na sociedade
romana. Desde a produção do retrato, estátuas públicas e estátuas
equestres glorificando os imperadores e os chefes militares e
políticos, a escultura foi um importante suporte da afirmação do
poder imperial e da sacralização dos seus protagonistas.
91. • Numa fusão de influências da arte etrusca e do classicismo grego,
uma das tradições que mais se desenvolveu foi a glorificação dos
chefes políticos e militares e , aos quais se erguiam estátuas em
lugares públicos com fins comemorativos.
92. O Orador
Esta estátua enquadra-se mais
na arte etrusca
Augusto de Primaporta
Insere-se mais na arte grega, porque
consegue a fusão entre a idealização
e a beleza formal, que dá preferência
à representação realista das traços
fisionómicos e expressivos.
93. Hermes com Dionisio de Praxiteles Augusto de Primaporta
Semelhanças entre as duas esculturas:
1. Naturalismo da representação;
2. Harmonia das partes anatómicas;
3. Movimento contraposto
94. Imperador Cláudio, 4º Imperador.
Características da escultura:
- Representação realista dos traços fisionómicos;
- Idealização da perfeição das formas;
- Acentuação do individualismo e do culto da
personalidade
95. • As estátuas equestres são outro género de estatuária celebrativa e
estavam em exposição nas praças públicas.
Estátua equestre de Marco
Aurélio
Marco Aurélio era um admirador da cultura helénica e adota o
cabelo e a barba à moda dos filósofos gregos.
O naturalismo das figuras, o modelo do cabelo e a perfuração do
olhos para acentuar o olhar são recursos plásticos que contribuem
para a mensagem de magnanimidade, serenidade e de um
estoicismo, a escola filosófica que mais o interessou.
(Estoicismo é um movimento filosófico que surgiu na Grécia Antiga
e que preza a fidelidade ao conhecimento, desprezando todos os
tipos de sentimentos externos, como a paixão, a luxúria e demais
emoções.)
96. • As estátuas equestres visavam consagrar o soberano como herói
iluminado e audaz, em traços naturalistas e numa expressão
idealista.
• Montado a cavalo, a estátua equestre é o género escultórico que
melhor reflete a glorificação e divinização do imperador,
apresentado como um herói.
97. • O relevo, subordinado à arquitetura, teve fins:
• Ornamentais;
• Narrativos;
• Propagandísticos (ou comemorativos)
• Relatam a História de Roma e a vida dos homens
• Este tipo de relevos encontram-se em:
• Arcos de triunfo
• Colunas triunfais
• Frisos
• Sarcófagos
• Altares
• Estelas funerárias
98. Relevo mitológico grego Pormenores da Ara Pacis Augustae
O relevo grego, relata sobretudo cenas
mitológicas, recriadas pela imaginação de
cada artista, com sentido alegórico e
simbólico, aliado a grande sensibilidade
plástica e estética
O relevo romano fala de cenas reais, reproduzidas
do natural e de modo fidedigno. Demonstra o
gosto pela representação minuciosa e verídica,
com sentido documental e propagandístico. o
relevo tem maior profundidade espacial que o
grego e o esbatimento é mais notório
100. • O retrato nasceu de um costume romano, mas de forte influência
etrusca.
• Quando morria o chefe de família – o pater famílias – o seu rosto era
reproduzido em cera e guardado num relicário de culto doméstico.
• Na origem do retrato romano estiveram os seguintes aspetos:
• A tradição etrusca;
• O retrato fisionómico grego do período helenístico;
• O costume romano do culto dos antepassados, o designado imagines maiorum,
ou “efígies dos antepassados”
101. Estátua de Barberini, Roma,
século I a.C
O Patrício Barberini foi uma figura ilustre da Roma Antiga. Esta
estátua representa-o levando os retratos dos seus antepassados
cujo culto era sinal de nobreza.
Para além de ser um testemunho da importância que os retratos
tinham na época romana, está patente a evolução que esta
expressão artística registou, uma vez que cada uma das cabeças
tem um tratamento plástico e expressivo diferente
102. • Características da escultura romana:
• Influência da tradição etrusca de criar máscaras de cera a partir do rosto dos
mortos ilustres;
• Escultura associada ao culto dos antepassados em altares domésticos;
• Individualismo e culto da personalidade que dá preferência ao retrato
individualizado de figuras ilustres das famílias dos patrícios;
• Retrato realista que reproduz as características fisionómicas e psicológicas
do indíviduo
103. Crésilas, retrato de Péricles,
séc. V a.C.
Retrato imperador Caracala,
séc. III d.C.
O retrato grego representa heróis e
personagens importantes. Não procura a
total verosimilhança, pois não visa o
individuo em si, mas a essência da pessoa, o
modelo ideal que ela representa para a
sociedade
O retrato romano representa o indivíduo, pessoa
importante ou gente comum, visando captá-lo quer
física quer psicologicamente, tal como ele é.
Teve um carácter mais privado, exibia-se nos lares, na
galeria dos antepassados, recordando os mortos
queridos
104. A PINTURA E O MOSAICO: A VIDA
ENQUANTO FORMA DE ARTE
105. • A pintura e o mosaico foram, as formas artísticas eminentemente
decorativas, usando-se quer nos edifícios públicos quer privados.
• A pintura foi praticada nas paredes interiores (pintura mural), feita a
fresco – uma técnica já utilizada pelos gregos, consistia na aplicação
de pigmentos (cores) diluídos em água sobre a parede revestida
com uma camada de gesso ainda húmido. Após secarem, as cores
fixavam e produziam o resultado plástico e expressivo.
106. • A encáustica, uma técnica também de origem helenística, consistia
na diluição dos pigmentos em cera derretida, assegurando uma
maior conservação da pintura.
• A pintura também era praticada em painéis móveis de madeira
(pintura móvel), feita a têmpera – técnica de pintura em que os
pigmentos são diluídos em agua e o aglutinante é a gema do ovo
107. • As origens da pintura romana encontram-se nos Etruscos, que
tinham o hábito de pintar as paredes interiores dos túmulos e das
suas casas.
• Nessa civilização, a pintura teve duas funções:
• A de proteção
• A de embelezamento
108. • Na civilização romana a pintura e o mosaico assumiram funções
simbólicas, alegóricas e decorativas.
• A pintura e o mosaico tem aspetos em comum:
• Enriquecer cenograficamente os ambientes interiores;
• Ampliar os espaços através de efeitos ilusionistas de perspetiva;
• Animar a arquitetura através de composições fantasistas, expressivas e
plasticamente criativas
109. • Os principais assuntos tratados na pintura foram:
• Cenas mitológicas, representações de mitos e mistérios da vida dos deuses;
• Temas históricos, episódios, batalhas e grandes façanhas militares com
propósitos comemorativos;
• Paisagens e naturezas-mortas, numa abordagem tão realista quanto
fantasista, bucólica e poética;
• Retratos, materializando o individualismo e o “culto dos antepassados”.
110. • A tradição do mosaico esteve ligada à pintura e é desta que retira o
estilo e o colorido.
• O mosaico é feito com pequenas tesselas de materiais de cores
variadas (mármores, pedras e vidro), aplicadas sobre a argamassa
fresca que cobria os locais de suporte – inicialmente o chão e depois
as paredes exteriores e até os tetos de pequenas cúpulas.
111. Mosaico da Casa dos Repuxos, Conímbriga,
Portugal, século I
É uma composição tipo tapete, misturando
motivos geométricos, naturalistas e
figurativos.
O painel central representa uma cena de
caça.
112. • A técnica e o estilo dos mosaicos romanos são de origem oriental,
egípcia e grega.
• Os grandes temas dos mosaicos são:
• Episódios históricos, mitológicos, cenas de caça, jogos, naturezas-mortas
114. • A pintura foi organizada em quatro estilos:
• O Primeiro Estilo, apresentou uma forte relação com o mundo helenístico e
consistiu, simplesmente, em painéis de estuque pintado imitando o
revestimento de mármore colorido.
Villa de Arianna, Pompeia, século II a.C.
É o primeiro estilo, trata-se da imitação de
revestimentos em lajes de mármore colorido
115. • O Segundo Estilo é uma fase mais desenvolvida em que o artista criou efeitos
ilusórios nas paredes, através da representação de elementos arquitetónicos em
perspetiva que prolongam o espaço arquitetónico.
Frescos do Cubiculum, Villa de Fannius Sinistor,
Pompeia, 40-30 a.C
116. • O Segundo Estilo também designado de “estilo da perspetiva
arquitetónica”, uma vez que as decorações privilegiam a simulação
de cenografias arquitetónicas, criando os “efeitos de janela” com
paisagens e outras figurações que pretendiam criar a perceção de
profundidade e rasgar a superfície da parede
117. • O Terceiro Estilo, ou “estilo ornamental”, privilegiou o tratamento da
superfície da parede, em detrimento dos efeitos ilusionistas. As
cenas figurativas são representadas como quadros pendurados nas
paredes. São utilizados motivos vegetalistas de inspiração oriental e
africana que conferem um carácter ornamental e exótico.
118. Villa de Lucretius, Pompeia, c. 50 a.C
Nesta pintura combinam-se elementos arquitetónicos com grinaldas, sanefas e outros
ornamentos vegetalistas.
Os elementos arquitetónicos assumem um papel decorativo e estruturante na organização da
superfície da parede
119. • O Quarto Estilo, ou “estilo compósito”, foi o mais complexo e
cenográfico. Utilizou as imitações de mármore, as perspetivas
arquitetónicas, cenas mitológicas e paisagens ilusionísticas,
construindo espaços irreais onde o pitoresco e a fantasia
contribuem para criar um ambiente de profunda exuberância e
fantasia
121. • As temáticas destacam-se:
• Assuntos mitológicos e as cenas das vidas dos deuses, dos mitos e dos seus
mistérios;
• Pintura da paisagem;
• As naturezas-mortas;
• O retrato