SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  4
Télécharger pour lire hors ligne
Falta aos cônjuges modernos,
mesmos católicos a confiança
em Deus. Temos o direito de
exprobrar-lhes a falta de gene-
rosidade e de esperança. O
tremendo egoísmo burguês
dessorou os corações. O filho já
não é "mais um criado" das
antigas participações de nasci-
mento do interior do Brasil. O
filho é hoje economicamente
encarado, "um herdeiro". Vê-se
no filho a nascer mais um leito,
mais um prato, mais uma men-
salidade de colégio. Pior ainda,
talvez: "mais um trabalho". A
própria mãe é quem teme e se
queixa. As queixas mais lamen-
táveis para lábios maternos:
está envelhecendo; não pode
mais frequentar a sociedade;
não tem mais tempo para nada;
as senhoras antigas podiam ter
muitos filhos, mas hoje não! É a
linguagem do egoísmo gélido e
desalmado. E isto é tanto pior
quanto são os aquinhoamentos
da fortuna que mais se quei-
xam.
Outros experimentam reais
dificuldades. Cresce-lhes a famí-
lia e não se lhes aumentam os
meios. A continuar assim, te-
mem chegar à penúria.
A uns e outros lembramos que
a generosidade divina não se
deixa vencer. Retrai-se diante
dos que retraem. Mas não terá
limites com os que põem no Pai
toda a sua confiança. "Quando
Deus dá a boca, dá o prato",
diziam os nossos antigos, muito
mais cristãos do que nós. E o
Livro Sagrado afirma na palavra
do Salmista: "Nunca vi o justo
abandonado, nem a sua des-
cendência a mendigar o
p ã o " ( S l . 3 6 , 3 5 ) .
As dificuldades econômicas
ou pessoais com uma família
numerosa são largamente com-
pensadas. Os que querem filhos
bem educados só têm que de-
Confiança em deus
Mons. Alvaro negromonte
SANTOS E
FESTAS DO MÊS:
01– Santo Inácio de Antio-
quia;
02– Purificação de Nossa
Senhora;
05– Santa Águeda;
09– São Cirilo;
10– Santa Escolástica;
14– São Valentim;
22– Cátedra de São Pedro;
23– São Pedro Damião.
doutor da Igreja;
27– São Gabriel de Nossa
Senhora das Dores;
N E S T A
E D I Ç Ã O :
Matrimônio 1
Quarta-feira de cinzas 2
Virtudes do lar 3
Crise da Igreja 4
Fevereiro/ 2014Edição 9
A Família Católica
C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S
sejá-los numerosos. É a família
numerosa o melhor ambiente
para uma boa educação. Importa,
porém, não confundir a boa edu-
cação, formadora de homens
fortes, viris e santos, com as facili-
dades que servem apenas para
fazer comodistas, gozadores e
maricas.
Os bons cristãos não se satisfa-
zem com não pecar pelo escânda-
lo infundado que venha a provo-
car seu procedimento correto.
Querem dar bom exemplo: que
seu procedimento brilhe como a
luz do Evangelho, posta sobre o
alqueire. Os seus muitos filhos
serão estímulo à covardia de uns,
à falta de confiança de outros.
Mais. Para os bons cristãos o
matrimônio é um Sacramento:
coisa sagrada, fonte eficaz das
graças divinas, figura da mística e
real união entre Cristo e a Igreja.
Ao administrar-se este sacramen-
to, a Igreja expressou aos cônju-
ges seus sentimentos a este
respeito. Está na benção nupcial
que a esposa seja “fecunda em
prole” e "como a vide abundan-
te"; que os filhos "estejam em
redor da mesa, como rebentos
de oliveira"; e nisto estão as ben-
çãos de Deus: "assim será aben-
çoado o homem que teme o Se-
nhor". A estes ensinamentos
cristãos refere-se a Encíclica
Casti Connubbi:
"Daí se vê facilmente quão
grande dom da bondade divina e
quão precioso fruto do matrimô-
nio sejam os filhos, germinados
da força onipotente de Deus e
com a cooperação dos cônjuges".
E, mais expressi-
vamente ainda:
"Os cônjuges verão
nos filhos, recebidos
com ânimo pronto e
reconhecido das
mãos divinas, um
tesouro que lhes foi
confiado por Deus,
não para dele servir-
se em sua própria
vantagem nem da
pátria terrena, mas
para restituí-lo de-
pois, com juros, no
dia da prestação
final das contas".
É, sem dúvida, a
perfeição cristã. E a
perfeição não se
impõe. Mas se
aconselha. E tem-se
o direito de esperar
dos bons cristãos,
p r i n c i p a l m e n t e
quando o mundo
tanto precisa de
bons exemplos e de ação regene-
radora.
Fonte: Noivos e esposos
A F a m í l i a C a t ó l i c aE d i ç ã o 9
procissão na qual os penitentes iam des-
calços; retornando, eram lançados solene-
mente fora da Igreja pelo Bispo que lhes
dizia: “Os expulsamos do recinto da Igreja
por vossos pecados e crimes, como Adão,
o primeiro homem foi expulso do paraíso
por sua desobediência.” Cantava em con-
tinuação o clero alguns responsórios reti-
rados do Gênesis, em que se recordavam
as palavras do Senhor, que condenavam o
homem ao suor e ao trabalho nesta terra
já maldita. Fechava em seguida as portas
da Igreja. E os pecadores não deviam pas-
sar seus portais até chegar a Quinta feira
Santa, onde receberiam com solenidade
a absolvição.
Extensão do rito litúrgico.
Depois do século XI começou a cair em
desuso a penitencia pública; em troca, o
costume de impor as cinzas a todos os
fiéis neste dia, chegou a generalizar-se e
foi classificado entre as cerimônias essen-
ciais da Liturgia romana. Antigamente, se
aproximavam descalços para receber este
aviso do nada do homem, e ainda em
pleno século XII o mesmo Papa saía de
Santa Anastásia até Santa Sabina onde se
celebrava a Estação e ia descalço, como
os Cardeais de seu cortejo. A Igreja cedeu
nesta severidade exterior, sem deixar de
ter grande estima dos sentimentos que
tão imponente rito deve produzir em nos-
sas almas.
Como acabamos de insinuar, a estação
em Roma se celebra hoje em Santa Sabi-
na, sobre o Monte Aventino. Baixo os aus-
pícios desta santa mártir se inicia a peni-
tência quaresmal.
Começam as sagradas cerimônias pela
benção da cinza. Procedem dos ramos
bentos do ano anterior no domingo antes
da Páscoa. A benção que recebem neste
novo estado tem por finalidade fazer-nos
mais dignos do mistério de contrição e
humildade que vai significar.
O ano litúrgico—Dom Guéranger
Convite do profeta
Fervia ontem o mundo nos prazeres, e
os mesmos cristãos se entregavam a
expansões permitidas; mas já de madru-
gada ressoou em nossos ouvidos a trom-
beta sagrada que nos fala o Profeta.
Anuncia a solene abertura do jejum qua-
resmal, o tempo de expiação, a proximi-
dade mais iminente dos grandes aniver-
sários de nossa Redenção. Avante, pois,
cristãos, preparemo-nos a combater as
batalhas do Senhor.
Armadura espiritual.
Nesta luta, contudo, do espírito contra a
carne, temos de estar armados, e é aqui
que a Igreja nos convoca em seus tem-
plos para treinar-nos nos exercícios, na
esgrima da milícia espiritual. São Paulo
nos deu já a conhecer em pormenor as
partes de nossa defesa: “Cingi vossos
lombos com a verdade, revestida a cou-
raça da justiça, e calçados os pés pron-
tos para anunciar o Evangelho da paz.
Levando em todo momento o escudo da
fé e a esperança de poupar-vos pelo
elmo que protege a cabeça”. O Príncipe
dos Apóstolos vem por sua parte a dizer-
nos: “Cristo padeceu na carne, armai-vos
também vós deste mesmo pensamen-
to”. A Igreja nos recorda hoje estes ensi-
namentos apostólicos, mas acrescenta
por sua parte outros não menos elo-
quentes, fazendo-nos subir até o dia da
prevaricação, que fez necessário os
combates à que vamos nos entregar, às
expiações que vamos de passar.
Inimigos com quem temos que lutar.
Duas classes de inimigos nos enfrentam
decididos: as paixões em nosso coração
e os demônios por de fora. O orgulho
acarretou esta desordem. O homem se
negou a obedecer a Deus. Deus perdo-
ou, com a dura condição de que teria
que morrer. Disse-lhe, pois: “Sois pó,
homem, e ao pó retornarás”. Ai! Como
esquecemos este saudável aviso? Hou-
vera bastado somente ele para fortale-
cer-nos contra nós mesmos persuadidos
do nosso nada, não nos houvéramos
atrevido a quebrar a lei de Deus. Se
agora queremos perseverar no bem, em
que a graça de Deus nos restabeleceu,
humilhemo-nos, aceitemos a sentença e
consideremos a vida como um caminho
mais ou menos curto que acaba na tum-
ba. Com esta perspectiva, se renova
tudo, tudo se explica. A bondade imensa
de Deus que se dignou amar a seres
condenados à morte nos apresenta ain-
da mais admirável; nossa insolência e
nossa ingratidão contra quem desafia-
mos nos breves instantes de nossa exis-
tência nos parece cada vez mais para
ser sentida, e a reparação que podemos
fazer e que Deus se digna aceitar, mais
posta em razão e salutar.
Imposição da cinza.
Este é o motivo pelo qual decidiu a Igreja,
quando julgou oportuno antecipar de
quatro dias o jejum quaresmal, a iniciar
este santo tempo, assinalando com cinza
a frente culpável dos seus filhos e repe-
tindo a cada um as palavras do Senhor
que nos condenam à morte. O uso, con-
tudo, como sinal de humilhação e peni-
tência, é muito anterior a presente insti-
tuição e a vemos praticada na antiga
aliança. Jó mesmo, no seio da gentilida-
de, cobria de cinza sua carne ferida pela
mão de Deus, e implorava deste modo
sua misericórdia. Mais tarde o salmista
na contrição viva de seu coração, mes-
clava cinza com o pão que comia, e aná-
logos exemplos abundam nos livros his-
tóricos e nos Profetas do Antigo Testa-
mento. E é que vivamente sentiam então
já a relação que há entre esse pó de um
ser materialmente queimado e o homem
pecador, cujo corpo há de ser reduzido a
pó, ao fogo da divina justiça. Para salvar
então a alma, acudia o pecador a cinza e
reconhecendo sua triste fraternidade
com ela se sentia mais resguardado da
cólera daquEle que resiste aos soberbos
e tem desejo de perdoar aos humildes.
Penitentes públicos
O uso litúrgico da cinza na quarta feira da
Quinquagésima, não parece haver-se
dado no começo a todos os fiéis, senão
aos culpados de pecados cometidos na
vida pública da Igreja. Antes da Missa se
apresentavam no templo onde o povo
estava reunido. Os sacerdotes ouviam a
confissão dos seus pecados, e depois os
cobriam de cilícios e derramavam cinzas
sobre suas cabeças. Depois desta ceri-
mônia, clero e povo, se prostravam em
terra e rezavam em voz alta os sete sal-
mos penitenciais. Tinha lugar depois a
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
O ANO LITÚRGICO—DOM PROSPERO GUERANGER
É virtude evangélica, sem dúvida. Olhe-
mos para Nossa Senhora. Todo o início
do Evangelho de São Lucas gira em torno
dEla; é Ela que obtém de seu Filho o mi-
lagre das bodas de Caná. Mas, depois, só
volta a aparecer uma única vez durante a
missão do Salvador. Todo o resto do tem-
po, Maria desaparece, cedendo o lugar
às santas mulheres que cuidam do Se-
nhor e dos Apóstolos. Apaga-se até à
hora trágica da Cruz, em que volta para
junto de seu Filho que vai morrer.
E que grande modelo desse saber pas-
sar despercebido é São José! O Evange-
lho assinala a sua presença quando o
Menino e sua Mãe precisam dos seus
serviços. Fora disso, nem é mencionado.
Quanto a Jesus, o Filho de Deus que se
abaixou até à nossa condição de criatu-
ras, lembremo-nos de como se furta às
ovações das multidões. Não quer que se
fale das curas que realiza. Apaga-se dian-
te de seu Pai, de quem é apenas o envia-
do. (...)
O amor próprio afirma-se, põe-se em
evidência, instala-se, avoca tudo para si.
E os outros? Dos outros só conhecemos
aquilo que nos devem ou aquilo que de-
les podemos tirar.
Daí surgem os conflitos que arruínam o
bom entendimento entre os homens.
“Por que devo ser passado para trás? Por
acaso serei menos capaz do que aquele
outro?”, pensará este.“ Tenho as mes-
mas necessidades que aquele, e pelo
menos os mesmos méritos”, opinará
outro. (...)
E quase se chega à conclusão de que a
humildade não pode ser tida por virtude,
pois, se a puséssemos em prática, con-
duziria ao aniquilamento total da perso-
nalidade.
Ora, aí está algo que revela uma extre-
ma confusão de ideias. O Evangelho–
como teremos ocasião de repetir– é
uma escola de grandeza e de audácia.
Longe de nos aniquilar, obriga-nos, pelo
contrário, a fazer render ao máximo
todas as nossa qualidades naturais, a
pôr-nos na primeira fila à hora de agir;
mas, depois de termos agido o melhor
que tenhamos podido, obriga-nos tam-
bém a não nos darmos importância.
Esse é o primeiro aspecto da virtude do
saber “apagar-se”.
Aliás, a palavra já exprime o que que-
remos dizer. O professor não teria nada
P á g i n a 3 A F a m í l i a C a t ó l i c a
que apagar do quadro-negro se antes não
tivesse escrito na ardósia algumas letras
ou números. Só posso apagar-me depois
de ter agido; só posso desaparecer depois
de me ter mostrado.
A humildade não consiste em esconder-
se para não fazer nada, mas em não nos
admirarmos a nós próprios depois de ter-
mos feito o máximo e o melhor que tenha-
mos podido. Mais ainda: se queremos ter
sucesso em algum trabalho, é preciso que
não tenhamos nada em vista além desse
trabalho, sem buscarmos aplausos. Se
queremos falar utilmente, é necessário
pensarmos unicamente no que dizemos,
sem nos escutarmos a nós mesmos. Não
se pode ser ao mesmo tempo espectador
e ator; não podemos ir até à janela para
nos vermos passar. (...)
A pequena virtude do saber passar des-
percebido não só não nos diminui, como
apresenta um outro aspecto que a relacio-
na com a caridade. O discípulo de Jesus
Cristo, além de não se admirar a si mes-
mo, alegra-se em reconhecer o bem que
os outros fazem, especialmente o que os
outros fazem melhor do que ele. Ninguém
o ouvirá vangloriar-se, antes será ele
quem primeiro louvará com satisfação o
sucesso dos outros. Assim como desapa-
rece por detrás do seu trabalho bem feito,
também se apaga com toda a simplicida-
de por detrás das qualidades e dos méri-
tos dos seus semelhantes. São Paulo não
hesita em fazer desta disposição um pre-
ceito universal: Que cada um de vós, com
toda a humildade, considere os outros
superiores a si (Rom 12,10).
Não nos assustemos. O Apóstolo não nos
pede que neguemos a evidência. Não é
necessário fecharmos os olhos diante das
nossas próprias qualidades; não há dúvi-
da de que somos mais talentosos ou mais
virtuosos do que muitos outros, sob vários
pontos de vista. Mas não é menos verda-
de que mesmo aqueles que com toda a
razão consideramos inferiores a nós, tem
aptidões e virtudes que nós não possuí-
mos, pelo menos no mesmo grau. (...)
Mais, um passo e chegaremos à perfei-
ção. Já que os outros tem méritos e direi-
tos como nós, por que havemos de exigir
que se curvem sempre diante de todas as
nossas vontades?
Há momentos em que um chefe de famí-
lia tem de impor a sua decisão, sob pena
de estar traindo o seu dever. Mas, nesses
casos, não é a sua opinião ou o seu gosto
que ele faz prevalecer: está exigindo o
respeito a uma lei superior, a que ele pró-
prio se submete em primeiro lugar. Fora
destes casos, em que a autoridade tem o
dever de exercer as suas responsabilida-
des, sempre o melhor meio de assegurar o
bom relacionamento no lar é que cada um
se proponha tornar a vida amável aos
outros.
Ninguém quererá negar esta evidência.
Se a mãe mereceu ser chamada a rainha
do lar, é menos porque todos lhe obede-
cem do que por apagar-se continuamente
a serviço de todos. Não disse Jesus Cristo
que o maior de todos é aquele que serve
os outros? A mãe é a alma do lar porque
cuida de tudo: deita-se por último para
por em ordem o que ficou desarrumado, e
é a primeira a levantar-se para que não
falte nada a ninguém; nunca se queixa
dos seus sofrimentos, nunca procura um
louvor; não se preocupa com o que mais
lhe conviria; sabe o que agrada ao marido
e aos filhos, desdobra-se para trazer con-
tentes todos aqueles a quem ama.
Pois bem! Seria injusto que a mãe fosse
a única a ocultar-se. Todos devem imitá-la
e, fazendo-o contribuem para o bem-estar
da família. Lares infelizes são aqueles em
que predominam as duas horrorosas leis
do “cada um por si” e do “primeiro eu”.
Cristo substituiu este reino do egoísmo
pelo do amor, que implica esquecimento
de si mesmo.
Nos lares cristãos, inverte-se a ordem
egoísta: “primeiro vem os outros, depois
eu”. Encontramos a nossa felicidade em
tornar felizes os outros. Em vez de nos
apoderarmos da cadeira mais confortável
ou de estarmos à espreita do melhor bife,
cada um se empenha em oferecê-los aos
outros e se alegra em dar-lhes prazer.
Os esposos sempre vivem em perfeita
harmonia quando, antes de exprimirem
um desejo, o marido e a mulher, cada um
por sua conta, se perguntam interiormen-
te: O que é que ela prefere? De que é que
ele gostaria?
E os filhos, não devem eles pensar que
o pai e a mãe renunciam inúmeras vezes
às suas comodidades para lhes darem
uma satisfação? Os pais alegram-se com
a felicidade dos filhos. E os filhos, por sua
vez, não devem deixar passar nenhuma
ocasião de adivinhar as preferências dos
pais, e fazê-lo discretamente, sem que
eles o percebam. Não hão de dizer:
“Ninguém pensa em mim, só eu é que me
sacrifico”. Numa família em que todos
procuram passar despercebidos, ninguém
se sacrifica. Não há necessidade de pen-
sarmos em nós mesmo, por que os outros
o fazem, antes de que nós o façamos. (...)
“Mas isso seria o paraíso na terra!”, dirá
alguém.
Não há dúvida de que sim, e desejo de
todo o coração que se faça a experiência.
A PEQUENA VIRTUDE DO PASSAR DESPERCEBIDO
AS PEQUENAS VIRTUDES DO LAR—GEORGES CHEVROT
DOUTRINA
O QUE É A FÉ?
A Fé é uma virtude sobrenatural pela
qual, apoiados sobre a autoridade de
Deus mesmo, atraídos e ajudados por
Sua Graça, tomamos por absolutamen-
te verdadeiro tudo o que ele revelou.
ESTA CRISE É UMA CRISE DE FÉ?
A Fé cristã parece em vias de desapare-
cer da Europa. As verdades fundamen-
tais, como a fé em Deus, a Divindade
de Jesus Cristo, o Céu, o Purgatório e o
Inferno, são cada vez menos aceitas. O
mais inquietante é que esses artigos de
Fé são negados mesmo por pessoas
que se dizem católicas e frequentam
regularmente a igreja.
A CRISE (DA IGREJA) É TAMBÉM UMA
CRISE MORAL?
A crise dos costumes acompanha a
crise de Fé. Embora São Paulo lembre
aos cristãos que devem, pela sua ma-
neira de viver, brilhar em meio a uma
geração corrupta assim como as estre-
las brilham no Universo ( Fil 2,15), pode
-se dizer que o gênero de vida dos cris-
tãos atuais não difere em nada daquele
dos filhos deste mundo, daquele dos
incrédulos. Sua Fé fraca e esvaziada
em sua substância não tem mais força
para influenciar sua vida ainda menos
para transformá-la.
QUAL A LIGAÇÃO NORMAL ENTRE A FÉ E
A MORAL?
O homem enfraquecido pelo pecado
original tem a tendência de se abando-
nar a suas paixões, perdendo assim o
domínio de si. A fé cristã, ao contrário,
mostra-lhe o que Deus espera dele e
como se deve conduzir a vida conforme
Sua vontade. O homem sabe pela Fé o
que ele pode esperar se observar os
dez Mandamentos de Deus, mas tam-
bém as penas com as quais Deus puni-
rá se ele se desviar. A Fé e os Sacra-
mentos dão-lhe a força para vencer
suas más inclinações e para se entre-
gar todo inteiro ao Bem e ao amor de
Deus.
QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS MORAIS
DE UMA CRISE DE FÉ?
Se a Fé desaparece, o homem não se vê
mais chamado à perfeição moral e à vida
eterna ao lado de Deus. Entregar-se-á
sempre mais aos prazeres desregrados
desta vida.
A ATUAL CRISE DOS COSTUMES TAMBÉM
ATINGE OS CATÓLICOS?
É o que nós experimentamos hoje. Fideli-
dade, pureza, justiça, espírito de sacrifício
etc. não são mais, até entre os cristãos,
valores incontestáveis. Um casamento em
três acaba hoje em divórcio depois de
cinco ou de dez anos; é sabido que a se-
gunda união depois do divórcio é deman-
dada por um número cada vez maior de
católicos. A revista Herderkorrespondenz
de março de 1984 dava a conhecer que,
no Tirol católico, 84% da população rejeita
o ensinamento da Igreja sobre a contra-
cepção e que, dentre as pessoas de 18 a
30 anos, a plena adesão é quase nula
(1,8%). No Valais, 81,5% dos católicos
acham que as pessoas divorciadas e reca-
sadas devem poder comungar. (Instituto
Link, 1990) Na França, em 2003, um
quarto dos católicos praticantes declara
que, para eles, “a ideia de pecado não
mais significa grande coisa”.
Edição:
Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES
h p:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br
Entre em contato conosco pelo e-mail:
jornalafamiliacatolica@gmail.com
CATECISMO CATÓLICO DA CRISE NA IGREJA
Pe. Matthias Gaudron
NÃO HÁ TAMBÉM UMA CRISE NO CLERO?
A falta de vocação sacerdotal e religiosa,
tanto quanto as defecções, manifesta
uma crise profunda no clero. Muitos pa-
dres perderam a Fé; eles não estão mais
em condições de comunica-la aos ho-
mens e de transmitir-lhes entusiasmo por
ela.
QUAL É A REAL LIGAÇÃO ENTRE A CRISE
DE FÉ E A CRISE DO CLERO?
A crise do clero é a causa da crise de Fé
entre os fiéis. Se a Fé dos católicos que
assistem regularmente à missa dominical
está num estado tão lamentável, a causa
só pode vir de uma pregação defeituosa.
Se os padres ensinassem regularmente a
Fé Católica, a situação seria inteiramente
outra. Os homens não perderam sozinhos
a Fé; ela lhes foi arrancada no catecismo
e do alto do púlpito. Quando, no sermão,
durante anos e anos, as Verdades da Fé
são postas em xeque, relativizadas ou
até negadas abertamente, como se sur-
preender se os simples fiéis perdem a
Fé? Os mais jovens até mesmo nunca a
conheceram.
A CRISE DO CLERO É TAMBÉM UMA CRI-
SE MORAL?
A crise é antes de tudo uma crise de Fé,
mas um clero cuja Fé é fraca não tem
evidentemente mais a força de guardar o
celibato, pois isso só é possível àquele
que está animado de fé viva e de um
grande amor de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Não é um mistério para ninguém
que grande número de padres mantenha
hoje relações pecaminosas com uma
mulher, de modo mais ou menos público;
ouve-se regularmente que um padre
abandonou seu posto, confessando que
não guardava mais o celibato a anos.
Nesse aspecto, a situação do clero do
Terceiro Mundo, cujo número está em
crescimento, não é também melhor.

Contenu connexe

En vedette

A família católica, 30 edição, novembro 2015
A família católica, 30 edição, novembro 2015A família católica, 30 edição, novembro 2015
A família católica, 30 edição, novembro 2015JORNAL A FAMILIA CATÓLICA
 
Jornal A Família Católica, 19 edição. dezembro 2014
Jornal A Família Católica, 19 edição. dezembro 2014Jornal A Família Católica, 19 edição. dezembro 2014
Jornal A Família Católica, 19 edição. dezembro 2014Thiago Guerino
 
A família católica, 33 edição. fevereiro 2016
A família católica, 33 edição. fevereiro 2016A família católica, 33 edição. fevereiro 2016
A família católica, 33 edição. fevereiro 2016JORNAL A FAMILIA CATÓLICA
 
Jornal A Família Católica, 17 edição. outubro 2014
Jornal A Família Católica, 17 edição. outubro 2014Jornal A Família Católica, 17 edição. outubro 2014
Jornal A Família Católica, 17 edição. outubro 2014Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 5 edição. outubro 2013
Jornal A Família Católica, 5 edição. outubro 2013Jornal A Família Católica, 5 edição. outubro 2013
Jornal A Família Católica, 5 edição. outubro 2013Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 11 edição, abril 2014
Jornal A Família Católica, 11 edição, abril 2014Jornal A Família Católica, 11 edição, abril 2014
Jornal A Família Católica, 11 edição, abril 2014Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 15 edição, agosto 2014
Jornal A Família Católica, 15 edição, agosto 2014Jornal A Família Católica, 15 edição, agosto 2014
Jornal A Família Católica, 15 edição, agosto 2014Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 12 edição, maio 2014
Jornal A Família Católica, 12 edição, maio 2014Jornal A Família Católica, 12 edição, maio 2014
Jornal A Família Católica, 12 edição, maio 2014Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 16 edição, setembro 2014
Jornal A Família Católica, 16 edição, setembro 2014Jornal A Família Católica, 16 edição, setembro 2014
Jornal A Família Católica, 16 edição, setembro 2014Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 10 edição março 2014
Jornal A Família Católica, 10 edição março 2014Jornal A Família Católica, 10 edição março 2014
Jornal A Família Católica, 10 edição março 2014Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 1 edição, junho 2013
Jornal A Família Católica, 1 edição, junho 2013Jornal A Família Católica, 1 edição, junho 2013
Jornal A Família Católica, 1 edição, junho 2013Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 25 edição. junho 2015
Jornal A Família Católica, 25 edição. junho 2015Jornal A Família Católica, 25 edição. junho 2015
Jornal A Família Católica, 25 edição. junho 2015Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 13 edição, junho 2014
Jornal A Família Católica, 13 edição, junho 2014Jornal A Família Católica, 13 edição, junho 2014
Jornal A Família Católica, 13 edição, junho 2014Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 7 edição. dezembro 2013
Jornal A Família Católica, 7 edição. dezembro 2013Jornal A Família Católica, 7 edição. dezembro 2013
Jornal A Família Católica, 7 edição. dezembro 2013Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 22 edição. março 2015
Jornal A Família Católica, 22 edição. março 2015Jornal A Família Católica, 22 edição. março 2015
Jornal A Família Católica, 22 edição. março 2015Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 2 edição, julho 2013
Jornal A Família Católica, 2 edição, julho 2013Jornal A Família Católica, 2 edição, julho 2013
Jornal A Família Católica, 2 edição, julho 2013Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 26 edição. julho 2015
Jornal A Família Católica, 26 edição. julho 2015Jornal A Família Católica, 26 edição. julho 2015
Jornal A Família Católica, 26 edição. julho 2015Thiago Guerino
 
Jornal A Família Católica, 20 edição. janeiro 2015
Jornal A Família Católica, 20 edição. janeiro 2015Jornal A Família Católica, 20 edição. janeiro 2015
Jornal A Família Católica, 20 edição. janeiro 2015Thiago Guerino
 

En vedette (19)

A família católica, 30 edição, novembro 2015
A família católica, 30 edição, novembro 2015A família católica, 30 edição, novembro 2015
A família católica, 30 edição, novembro 2015
 
Jornal A Família Católica, 19 edição. dezembro 2014
Jornal A Família Católica, 19 edição. dezembro 2014Jornal A Família Católica, 19 edição. dezembro 2014
Jornal A Família Católica, 19 edição. dezembro 2014
 
A família católica, 33 edição. fevereiro 2016
A família católica, 33 edição. fevereiro 2016A família católica, 33 edição. fevereiro 2016
A família católica, 33 edição. fevereiro 2016
 
Jornal A Família Católica, 17 edição. outubro 2014
Jornal A Família Católica, 17 edição. outubro 2014Jornal A Família Católica, 17 edição. outubro 2014
Jornal A Família Católica, 17 edição. outubro 2014
 
Jornal A Família Católica, 5 edição. outubro 2013
Jornal A Família Católica, 5 edição. outubro 2013Jornal A Família Católica, 5 edição. outubro 2013
Jornal A Família Católica, 5 edição. outubro 2013
 
Jornal A Família Católica, 11 edição, abril 2014
Jornal A Família Católica, 11 edição, abril 2014Jornal A Família Católica, 11 edição, abril 2014
Jornal A Família Católica, 11 edição, abril 2014
 
Jornal A Família Católica, 15 edição, agosto 2014
Jornal A Família Católica, 15 edição, agosto 2014Jornal A Família Católica, 15 edição, agosto 2014
Jornal A Família Católica, 15 edição, agosto 2014
 
Jornal A Família Católica, 12 edição, maio 2014
Jornal A Família Católica, 12 edição, maio 2014Jornal A Família Católica, 12 edição, maio 2014
Jornal A Família Católica, 12 edição, maio 2014
 
Jornal A Família Católica, 16 edição, setembro 2014
Jornal A Família Católica, 16 edição, setembro 2014Jornal A Família Católica, 16 edição, setembro 2014
Jornal A Família Católica, 16 edição, setembro 2014
 
Jornal A Família Católica, 10 edição março 2014
Jornal A Família Católica, 10 edição março 2014Jornal A Família Católica, 10 edição março 2014
Jornal A Família Católica, 10 edição março 2014
 
Jornal A Família Católica, 1 edição, junho 2013
Jornal A Família Católica, 1 edição, junho 2013Jornal A Família Católica, 1 edição, junho 2013
Jornal A Família Católica, 1 edição, junho 2013
 
Jornal A Família Católica, 25 edição. junho 2015
Jornal A Família Católica, 25 edição. junho 2015Jornal A Família Católica, 25 edição. junho 2015
Jornal A Família Católica, 25 edição. junho 2015
 
A família católica%2c 35 edição.
A família católica%2c 35 edição.A família católica%2c 35 edição.
A família católica%2c 35 edição.
 
Jornal A Família Católica, 13 edição, junho 2014
Jornal A Família Católica, 13 edição, junho 2014Jornal A Família Católica, 13 edição, junho 2014
Jornal A Família Católica, 13 edição, junho 2014
 
Jornal A Família Católica, 7 edição. dezembro 2013
Jornal A Família Católica, 7 edição. dezembro 2013Jornal A Família Católica, 7 edição. dezembro 2013
Jornal A Família Católica, 7 edição. dezembro 2013
 
Jornal A Família Católica, 22 edição. março 2015
Jornal A Família Católica, 22 edição. março 2015Jornal A Família Católica, 22 edição. março 2015
Jornal A Família Católica, 22 edição. março 2015
 
Jornal A Família Católica, 2 edição, julho 2013
Jornal A Família Católica, 2 edição, julho 2013Jornal A Família Católica, 2 edição, julho 2013
Jornal A Família Católica, 2 edição, julho 2013
 
Jornal A Família Católica, 26 edição. julho 2015
Jornal A Família Católica, 26 edição. julho 2015Jornal A Família Católica, 26 edição. julho 2015
Jornal A Família Católica, 26 edição. julho 2015
 
Jornal A Família Católica, 20 edição. janeiro 2015
Jornal A Família Católica, 20 edição. janeiro 2015Jornal A Família Católica, 20 edição. janeiro 2015
Jornal A Família Católica, 20 edição. janeiro 2015
 

Dernier

Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfBaralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfJacquelineGomes57
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).natzarimdonorte
 
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaDenisRocha28
 
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaSessuana Polanski
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a CrençaSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a CrençaRicardo Azevedo
 
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptxFormação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptxVivianeGomes635254
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19PIB Penha
 
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .natzarimdonorte
 
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuaisG6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuaisFilipeDuartedeBem
 
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAMATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAInsituto Propósitos de Ensino
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusVini Master
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfnatzarimdonorte
 
TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................CarlosJnior997101
 
Oração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos RefugiadosOração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos RefugiadosNilson Almeida
 
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxDIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxRoseLucia2
 

Dernier (17)

Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdfBaralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
Baralho Cigano Significado+das+cartas+slides.pdf
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
 
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
 
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina EspíritaMediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
 
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a CrençaSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 131 - O Mundo e a Crença
 
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptxFormação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
Formação de Formadores III - Documentos Concílio.pptx
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
 
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
 
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuaisG6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE  de efeitos intelectuais
G6 - AULA 7.pdf ESDE G6 - MEDIUNIDADE de efeitos intelectuais
 
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIAMATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
 
TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................TEMPERAMENTOS.pdf.......................
TEMPERAMENTOS.pdf.......................
 
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmoAprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
 
Oração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos RefugiadosOração Pelos Cristãos Refugiados
Oração Pelos Cristãos Refugiados
 
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxDIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
 

Jornal A Família Católica, 9 edição fevereiro 2014

  • 1. Falta aos cônjuges modernos, mesmos católicos a confiança em Deus. Temos o direito de exprobrar-lhes a falta de gene- rosidade e de esperança. O tremendo egoísmo burguês dessorou os corações. O filho já não é "mais um criado" das antigas participações de nasci- mento do interior do Brasil. O filho é hoje economicamente encarado, "um herdeiro". Vê-se no filho a nascer mais um leito, mais um prato, mais uma men- salidade de colégio. Pior ainda, talvez: "mais um trabalho". A própria mãe é quem teme e se queixa. As queixas mais lamen- táveis para lábios maternos: está envelhecendo; não pode mais frequentar a sociedade; não tem mais tempo para nada; as senhoras antigas podiam ter muitos filhos, mas hoje não! É a linguagem do egoísmo gélido e desalmado. E isto é tanto pior quanto são os aquinhoamentos da fortuna que mais se quei- xam. Outros experimentam reais dificuldades. Cresce-lhes a famí- lia e não se lhes aumentam os meios. A continuar assim, te- mem chegar à penúria. A uns e outros lembramos que a generosidade divina não se deixa vencer. Retrai-se diante dos que retraem. Mas não terá limites com os que põem no Pai toda a sua confiança. "Quando Deus dá a boca, dá o prato", diziam os nossos antigos, muito mais cristãos do que nós. E o Livro Sagrado afirma na palavra do Salmista: "Nunca vi o justo abandonado, nem a sua des- cendência a mendigar o p ã o " ( S l . 3 6 , 3 5 ) . As dificuldades econômicas ou pessoais com uma família numerosa são largamente com- pensadas. Os que querem filhos bem educados só têm que de- Confiança em deus Mons. Alvaro negromonte SANTOS E FESTAS DO MÊS: 01– Santo Inácio de Antio- quia; 02– Purificação de Nossa Senhora; 05– Santa Águeda; 09– São Cirilo; 10– Santa Escolástica; 14– São Valentim; 22– Cátedra de São Pedro; 23– São Pedro Damião. doutor da Igreja; 27– São Gabriel de Nossa Senhora das Dores; N E S T A E D I Ç Ã O : Matrimônio 1 Quarta-feira de cinzas 2 Virtudes do lar 3 Crise da Igreja 4 Fevereiro/ 2014Edição 9 A Família Católica C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S sejá-los numerosos. É a família numerosa o melhor ambiente para uma boa educação. Importa, porém, não confundir a boa edu- cação, formadora de homens fortes, viris e santos, com as facili- dades que servem apenas para fazer comodistas, gozadores e maricas. Os bons cristãos não se satisfa- zem com não pecar pelo escânda- lo infundado que venha a provo- car seu procedimento correto. Querem dar bom exemplo: que seu procedimento brilhe como a luz do Evangelho, posta sobre o alqueire. Os seus muitos filhos serão estímulo à covardia de uns, à falta de confiança de outros. Mais. Para os bons cristãos o matrimônio é um Sacramento: coisa sagrada, fonte eficaz das graças divinas, figura da mística e real união entre Cristo e a Igreja. Ao administrar-se este sacramen- to, a Igreja expressou aos cônju- ges seus sentimentos a este respeito. Está na benção nupcial que a esposa seja “fecunda em prole” e "como a vide abundan- te"; que os filhos "estejam em redor da mesa, como rebentos de oliveira"; e nisto estão as ben- çãos de Deus: "assim será aben- çoado o homem que teme o Se- nhor". A estes ensinamentos cristãos refere-se a Encíclica Casti Connubbi: "Daí se vê facilmente quão grande dom da bondade divina e quão precioso fruto do matrimô- nio sejam os filhos, germinados da força onipotente de Deus e com a cooperação dos cônjuges". E, mais expressi- vamente ainda: "Os cônjuges verão nos filhos, recebidos com ânimo pronto e reconhecido das mãos divinas, um tesouro que lhes foi confiado por Deus, não para dele servir- se em sua própria vantagem nem da pátria terrena, mas para restituí-lo de- pois, com juros, no dia da prestação final das contas". É, sem dúvida, a perfeição cristã. E a perfeição não se impõe. Mas se aconselha. E tem-se o direito de esperar dos bons cristãos, p r i n c i p a l m e n t e quando o mundo tanto precisa de bons exemplos e de ação regene- radora. Fonte: Noivos e esposos
  • 2. A F a m í l i a C a t ó l i c aE d i ç ã o 9 procissão na qual os penitentes iam des- calços; retornando, eram lançados solene- mente fora da Igreja pelo Bispo que lhes dizia: “Os expulsamos do recinto da Igreja por vossos pecados e crimes, como Adão, o primeiro homem foi expulso do paraíso por sua desobediência.” Cantava em con- tinuação o clero alguns responsórios reti- rados do Gênesis, em que se recordavam as palavras do Senhor, que condenavam o homem ao suor e ao trabalho nesta terra já maldita. Fechava em seguida as portas da Igreja. E os pecadores não deviam pas- sar seus portais até chegar a Quinta feira Santa, onde receberiam com solenidade a absolvição. Extensão do rito litúrgico. Depois do século XI começou a cair em desuso a penitencia pública; em troca, o costume de impor as cinzas a todos os fiéis neste dia, chegou a generalizar-se e foi classificado entre as cerimônias essen- ciais da Liturgia romana. Antigamente, se aproximavam descalços para receber este aviso do nada do homem, e ainda em pleno século XII o mesmo Papa saía de Santa Anastásia até Santa Sabina onde se celebrava a Estação e ia descalço, como os Cardeais de seu cortejo. A Igreja cedeu nesta severidade exterior, sem deixar de ter grande estima dos sentimentos que tão imponente rito deve produzir em nos- sas almas. Como acabamos de insinuar, a estação em Roma se celebra hoje em Santa Sabi- na, sobre o Monte Aventino. Baixo os aus- pícios desta santa mártir se inicia a peni- tência quaresmal. Começam as sagradas cerimônias pela benção da cinza. Procedem dos ramos bentos do ano anterior no domingo antes da Páscoa. A benção que recebem neste novo estado tem por finalidade fazer-nos mais dignos do mistério de contrição e humildade que vai significar. O ano litúrgico—Dom Guéranger Convite do profeta Fervia ontem o mundo nos prazeres, e os mesmos cristãos se entregavam a expansões permitidas; mas já de madru- gada ressoou em nossos ouvidos a trom- beta sagrada que nos fala o Profeta. Anuncia a solene abertura do jejum qua- resmal, o tempo de expiação, a proximi- dade mais iminente dos grandes aniver- sários de nossa Redenção. Avante, pois, cristãos, preparemo-nos a combater as batalhas do Senhor. Armadura espiritual. Nesta luta, contudo, do espírito contra a carne, temos de estar armados, e é aqui que a Igreja nos convoca em seus tem- plos para treinar-nos nos exercícios, na esgrima da milícia espiritual. São Paulo nos deu já a conhecer em pormenor as partes de nossa defesa: “Cingi vossos lombos com a verdade, revestida a cou- raça da justiça, e calçados os pés pron- tos para anunciar o Evangelho da paz. Levando em todo momento o escudo da fé e a esperança de poupar-vos pelo elmo que protege a cabeça”. O Príncipe dos Apóstolos vem por sua parte a dizer- nos: “Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamen- to”. A Igreja nos recorda hoje estes ensi- namentos apostólicos, mas acrescenta por sua parte outros não menos elo- quentes, fazendo-nos subir até o dia da prevaricação, que fez necessário os combates à que vamos nos entregar, às expiações que vamos de passar. Inimigos com quem temos que lutar. Duas classes de inimigos nos enfrentam decididos: as paixões em nosso coração e os demônios por de fora. O orgulho acarretou esta desordem. O homem se negou a obedecer a Deus. Deus perdo- ou, com a dura condição de que teria que morrer. Disse-lhe, pois: “Sois pó, homem, e ao pó retornarás”. Ai! Como esquecemos este saudável aviso? Hou- vera bastado somente ele para fortale- cer-nos contra nós mesmos persuadidos do nosso nada, não nos houvéramos atrevido a quebrar a lei de Deus. Se agora queremos perseverar no bem, em que a graça de Deus nos restabeleceu, humilhemo-nos, aceitemos a sentença e consideremos a vida como um caminho mais ou menos curto que acaba na tum- ba. Com esta perspectiva, se renova tudo, tudo se explica. A bondade imensa de Deus que se dignou amar a seres condenados à morte nos apresenta ain- da mais admirável; nossa insolência e nossa ingratidão contra quem desafia- mos nos breves instantes de nossa exis- tência nos parece cada vez mais para ser sentida, e a reparação que podemos fazer e que Deus se digna aceitar, mais posta em razão e salutar. Imposição da cinza. Este é o motivo pelo qual decidiu a Igreja, quando julgou oportuno antecipar de quatro dias o jejum quaresmal, a iniciar este santo tempo, assinalando com cinza a frente culpável dos seus filhos e repe- tindo a cada um as palavras do Senhor que nos condenam à morte. O uso, con- tudo, como sinal de humilhação e peni- tência, é muito anterior a presente insti- tuição e a vemos praticada na antiga aliança. Jó mesmo, no seio da gentilida- de, cobria de cinza sua carne ferida pela mão de Deus, e implorava deste modo sua misericórdia. Mais tarde o salmista na contrição viva de seu coração, mes- clava cinza com o pão que comia, e aná- logos exemplos abundam nos livros his- tóricos e nos Profetas do Antigo Testa- mento. E é que vivamente sentiam então já a relação que há entre esse pó de um ser materialmente queimado e o homem pecador, cujo corpo há de ser reduzido a pó, ao fogo da divina justiça. Para salvar então a alma, acudia o pecador a cinza e reconhecendo sua triste fraternidade com ela se sentia mais resguardado da cólera daquEle que resiste aos soberbos e tem desejo de perdoar aos humildes. Penitentes públicos O uso litúrgico da cinza na quarta feira da Quinquagésima, não parece haver-se dado no começo a todos os fiéis, senão aos culpados de pecados cometidos na vida pública da Igreja. Antes da Missa se apresentavam no templo onde o povo estava reunido. Os sacerdotes ouviam a confissão dos seus pecados, e depois os cobriam de cilícios e derramavam cinzas sobre suas cabeças. Depois desta ceri- mônia, clero e povo, se prostravam em terra e rezavam em voz alta os sete sal- mos penitenciais. Tinha lugar depois a QUARTA-FEIRA DE CINZAS O ANO LITÚRGICO—DOM PROSPERO GUERANGER
  • 3. É virtude evangélica, sem dúvida. Olhe- mos para Nossa Senhora. Todo o início do Evangelho de São Lucas gira em torno dEla; é Ela que obtém de seu Filho o mi- lagre das bodas de Caná. Mas, depois, só volta a aparecer uma única vez durante a missão do Salvador. Todo o resto do tem- po, Maria desaparece, cedendo o lugar às santas mulheres que cuidam do Se- nhor e dos Apóstolos. Apaga-se até à hora trágica da Cruz, em que volta para junto de seu Filho que vai morrer. E que grande modelo desse saber pas- sar despercebido é São José! O Evange- lho assinala a sua presença quando o Menino e sua Mãe precisam dos seus serviços. Fora disso, nem é mencionado. Quanto a Jesus, o Filho de Deus que se abaixou até à nossa condição de criatu- ras, lembremo-nos de como se furta às ovações das multidões. Não quer que se fale das curas que realiza. Apaga-se dian- te de seu Pai, de quem é apenas o envia- do. (...) O amor próprio afirma-se, põe-se em evidência, instala-se, avoca tudo para si. E os outros? Dos outros só conhecemos aquilo que nos devem ou aquilo que de- les podemos tirar. Daí surgem os conflitos que arruínam o bom entendimento entre os homens. “Por que devo ser passado para trás? Por acaso serei menos capaz do que aquele outro?”, pensará este.“ Tenho as mes- mas necessidades que aquele, e pelo menos os mesmos méritos”, opinará outro. (...) E quase se chega à conclusão de que a humildade não pode ser tida por virtude, pois, se a puséssemos em prática, con- duziria ao aniquilamento total da perso- nalidade. Ora, aí está algo que revela uma extre- ma confusão de ideias. O Evangelho– como teremos ocasião de repetir– é uma escola de grandeza e de audácia. Longe de nos aniquilar, obriga-nos, pelo contrário, a fazer render ao máximo todas as nossa qualidades naturais, a pôr-nos na primeira fila à hora de agir; mas, depois de termos agido o melhor que tenhamos podido, obriga-nos tam- bém a não nos darmos importância. Esse é o primeiro aspecto da virtude do saber “apagar-se”. Aliás, a palavra já exprime o que que- remos dizer. O professor não teria nada P á g i n a 3 A F a m í l i a C a t ó l i c a que apagar do quadro-negro se antes não tivesse escrito na ardósia algumas letras ou números. Só posso apagar-me depois de ter agido; só posso desaparecer depois de me ter mostrado. A humildade não consiste em esconder- se para não fazer nada, mas em não nos admirarmos a nós próprios depois de ter- mos feito o máximo e o melhor que tenha- mos podido. Mais ainda: se queremos ter sucesso em algum trabalho, é preciso que não tenhamos nada em vista além desse trabalho, sem buscarmos aplausos. Se queremos falar utilmente, é necessário pensarmos unicamente no que dizemos, sem nos escutarmos a nós mesmos. Não se pode ser ao mesmo tempo espectador e ator; não podemos ir até à janela para nos vermos passar. (...) A pequena virtude do saber passar des- percebido não só não nos diminui, como apresenta um outro aspecto que a relacio- na com a caridade. O discípulo de Jesus Cristo, além de não se admirar a si mes- mo, alegra-se em reconhecer o bem que os outros fazem, especialmente o que os outros fazem melhor do que ele. Ninguém o ouvirá vangloriar-se, antes será ele quem primeiro louvará com satisfação o sucesso dos outros. Assim como desapa- rece por detrás do seu trabalho bem feito, também se apaga com toda a simplicida- de por detrás das qualidades e dos méri- tos dos seus semelhantes. São Paulo não hesita em fazer desta disposição um pre- ceito universal: Que cada um de vós, com toda a humildade, considere os outros superiores a si (Rom 12,10). Não nos assustemos. O Apóstolo não nos pede que neguemos a evidência. Não é necessário fecharmos os olhos diante das nossas próprias qualidades; não há dúvi- da de que somos mais talentosos ou mais virtuosos do que muitos outros, sob vários pontos de vista. Mas não é menos verda- de que mesmo aqueles que com toda a razão consideramos inferiores a nós, tem aptidões e virtudes que nós não possuí- mos, pelo menos no mesmo grau. (...) Mais, um passo e chegaremos à perfei- ção. Já que os outros tem méritos e direi- tos como nós, por que havemos de exigir que se curvem sempre diante de todas as nossas vontades? Há momentos em que um chefe de famí- lia tem de impor a sua decisão, sob pena de estar traindo o seu dever. Mas, nesses casos, não é a sua opinião ou o seu gosto que ele faz prevalecer: está exigindo o respeito a uma lei superior, a que ele pró- prio se submete em primeiro lugar. Fora destes casos, em que a autoridade tem o dever de exercer as suas responsabilida- des, sempre o melhor meio de assegurar o bom relacionamento no lar é que cada um se proponha tornar a vida amável aos outros. Ninguém quererá negar esta evidência. Se a mãe mereceu ser chamada a rainha do lar, é menos porque todos lhe obede- cem do que por apagar-se continuamente a serviço de todos. Não disse Jesus Cristo que o maior de todos é aquele que serve os outros? A mãe é a alma do lar porque cuida de tudo: deita-se por último para por em ordem o que ficou desarrumado, e é a primeira a levantar-se para que não falte nada a ninguém; nunca se queixa dos seus sofrimentos, nunca procura um louvor; não se preocupa com o que mais lhe conviria; sabe o que agrada ao marido e aos filhos, desdobra-se para trazer con- tentes todos aqueles a quem ama. Pois bem! Seria injusto que a mãe fosse a única a ocultar-se. Todos devem imitá-la e, fazendo-o contribuem para o bem-estar da família. Lares infelizes são aqueles em que predominam as duas horrorosas leis do “cada um por si” e do “primeiro eu”. Cristo substituiu este reino do egoísmo pelo do amor, que implica esquecimento de si mesmo. Nos lares cristãos, inverte-se a ordem egoísta: “primeiro vem os outros, depois eu”. Encontramos a nossa felicidade em tornar felizes os outros. Em vez de nos apoderarmos da cadeira mais confortável ou de estarmos à espreita do melhor bife, cada um se empenha em oferecê-los aos outros e se alegra em dar-lhes prazer. Os esposos sempre vivem em perfeita harmonia quando, antes de exprimirem um desejo, o marido e a mulher, cada um por sua conta, se perguntam interiormen- te: O que é que ela prefere? De que é que ele gostaria? E os filhos, não devem eles pensar que o pai e a mãe renunciam inúmeras vezes às suas comodidades para lhes darem uma satisfação? Os pais alegram-se com a felicidade dos filhos. E os filhos, por sua vez, não devem deixar passar nenhuma ocasião de adivinhar as preferências dos pais, e fazê-lo discretamente, sem que eles o percebam. Não hão de dizer: “Ninguém pensa em mim, só eu é que me sacrifico”. Numa família em que todos procuram passar despercebidos, ninguém se sacrifica. Não há necessidade de pen- sarmos em nós mesmo, por que os outros o fazem, antes de que nós o façamos. (...) “Mas isso seria o paraíso na terra!”, dirá alguém. Não há dúvida de que sim, e desejo de todo o coração que se faça a experiência. A PEQUENA VIRTUDE DO PASSAR DESPERCEBIDO AS PEQUENAS VIRTUDES DO LAR—GEORGES CHEVROT
  • 4. DOUTRINA O QUE É A FÉ? A Fé é uma virtude sobrenatural pela qual, apoiados sobre a autoridade de Deus mesmo, atraídos e ajudados por Sua Graça, tomamos por absolutamen- te verdadeiro tudo o que ele revelou. ESTA CRISE É UMA CRISE DE FÉ? A Fé cristã parece em vias de desapare- cer da Europa. As verdades fundamen- tais, como a fé em Deus, a Divindade de Jesus Cristo, o Céu, o Purgatório e o Inferno, são cada vez menos aceitas. O mais inquietante é que esses artigos de Fé são negados mesmo por pessoas que se dizem católicas e frequentam regularmente a igreja. A CRISE (DA IGREJA) É TAMBÉM UMA CRISE MORAL? A crise dos costumes acompanha a crise de Fé. Embora São Paulo lembre aos cristãos que devem, pela sua ma- neira de viver, brilhar em meio a uma geração corrupta assim como as estre- las brilham no Universo ( Fil 2,15), pode -se dizer que o gênero de vida dos cris- tãos atuais não difere em nada daquele dos filhos deste mundo, daquele dos incrédulos. Sua Fé fraca e esvaziada em sua substância não tem mais força para influenciar sua vida ainda menos para transformá-la. QUAL A LIGAÇÃO NORMAL ENTRE A FÉ E A MORAL? O homem enfraquecido pelo pecado original tem a tendência de se abando- nar a suas paixões, perdendo assim o domínio de si. A fé cristã, ao contrário, mostra-lhe o que Deus espera dele e como se deve conduzir a vida conforme Sua vontade. O homem sabe pela Fé o que ele pode esperar se observar os dez Mandamentos de Deus, mas tam- bém as penas com as quais Deus puni- rá se ele se desviar. A Fé e os Sacra- mentos dão-lhe a força para vencer suas más inclinações e para se entre- gar todo inteiro ao Bem e ao amor de Deus. QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS MORAIS DE UMA CRISE DE FÉ? Se a Fé desaparece, o homem não se vê mais chamado à perfeição moral e à vida eterna ao lado de Deus. Entregar-se-á sempre mais aos prazeres desregrados desta vida. A ATUAL CRISE DOS COSTUMES TAMBÉM ATINGE OS CATÓLICOS? É o que nós experimentamos hoje. Fideli- dade, pureza, justiça, espírito de sacrifício etc. não são mais, até entre os cristãos, valores incontestáveis. Um casamento em três acaba hoje em divórcio depois de cinco ou de dez anos; é sabido que a se- gunda união depois do divórcio é deman- dada por um número cada vez maior de católicos. A revista Herderkorrespondenz de março de 1984 dava a conhecer que, no Tirol católico, 84% da população rejeita o ensinamento da Igreja sobre a contra- cepção e que, dentre as pessoas de 18 a 30 anos, a plena adesão é quase nula (1,8%). No Valais, 81,5% dos católicos acham que as pessoas divorciadas e reca- sadas devem poder comungar. (Instituto Link, 1990) Na França, em 2003, um quarto dos católicos praticantes declara que, para eles, “a ideia de pecado não mais significa grande coisa”. Edição: Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES h p:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br Entre em contato conosco pelo e-mail: jornalafamiliacatolica@gmail.com CATECISMO CATÓLICO DA CRISE NA IGREJA Pe. Matthias Gaudron NÃO HÁ TAMBÉM UMA CRISE NO CLERO? A falta de vocação sacerdotal e religiosa, tanto quanto as defecções, manifesta uma crise profunda no clero. Muitos pa- dres perderam a Fé; eles não estão mais em condições de comunica-la aos ho- mens e de transmitir-lhes entusiasmo por ela. QUAL É A REAL LIGAÇÃO ENTRE A CRISE DE FÉ E A CRISE DO CLERO? A crise do clero é a causa da crise de Fé entre os fiéis. Se a Fé dos católicos que assistem regularmente à missa dominical está num estado tão lamentável, a causa só pode vir de uma pregação defeituosa. Se os padres ensinassem regularmente a Fé Católica, a situação seria inteiramente outra. Os homens não perderam sozinhos a Fé; ela lhes foi arrancada no catecismo e do alto do púlpito. Quando, no sermão, durante anos e anos, as Verdades da Fé são postas em xeque, relativizadas ou até negadas abertamente, como se sur- preender se os simples fiéis perdem a Fé? Os mais jovens até mesmo nunca a conheceram. A CRISE DO CLERO É TAMBÉM UMA CRI- SE MORAL? A crise é antes de tudo uma crise de Fé, mas um clero cuja Fé é fraca não tem evidentemente mais a força de guardar o celibato, pois isso só é possível àquele que está animado de fé viva e de um grande amor de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não é um mistério para ninguém que grande número de padres mantenha hoje relações pecaminosas com uma mulher, de modo mais ou menos público; ouve-se regularmente que um padre abandonou seu posto, confessando que não guardava mais o celibato a anos. Nesse aspecto, a situação do clero do Terceiro Mundo, cujo número está em crescimento, não é também melhor.